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EMPODEREENF”: construção de aplicativo para educação permanente de enfermeiros sobre violência psicológica contra a mulher

RESUMO

Objetivo:

construir um protótipo de aplicativo móvel sobre violência psicológica contra a mulher para facilitar a educação permanente de enfermeiros.

Método:

pesquisa metodológica aplicada de desenvolvimento tecnológico, baseada no método Design Instrucional Contextualizado.

Resultados:

o conteúdo do protótipo foi embasado pelos objetivos da aprendizagem elaborados por meio de uma revisão narrativa, os quais nortearam uma revisão integrativa para compilação das informações. O protótipo intitula-se “EmpodereEnf”, e é composto por tela inicial, trazendo o enfermeiro como público-alvo, e, logo em seguida, oferta nove moblets gerais de acesso às informações como: conceitos, causas, manifestações e consequências da violência psicológica; meios para identificação e abordagem na consulta de enfermagem e educação em saúde; notificação compulsória e encaminhamento; exemplos de casos de violência psicológica e referências.

Considerações finais:

o protótipo constitui possibilidade para futuras intervenções de enfrentamento e instrumento de trabalho do enfermeiro frente à violência psicológica contra a mulher.

Descritores:
Tecnologia Educacional; Violência Doméstica; Educação Continuada em Enfermagem; Enfermagem de Atenção Primária; Saúde da Mulher

ABSTRACT

Objective:

to construct a prototype of a mobile application on psychological violence against women to facilitate nurses’ continuing education.

Method:

an applied methodological research of technological development, based on the Contextualized Instructional Design method.

Results:

the prototype content was based on the learning objectives developed through a narrative review, which guided an integrative review to compile the information. The prototype is called “EmpodereEnf”, and is composed of an initial screen, bringing nurses as a target audience, and, soon after, offering nine general moblets for access to information such as: concepts, causes, manifestations and consequences of psychological violence; means for identification and approach in nursing consultation and health education; compulsory notification and referral; examples of cases of psychological violence and references.

Final considerations:

the prototype is a possibility for future coping interventions and a work tool for nurses in the face of psychological violence against women.

Descriptors:
Educational Technology; Domestic violence; Education; Nursing; Continuing; Primary Care Nursing; Women’s Health

RESUMEN

Objetivo:

construir un prototipo de aplicación móvil sobre violencia psicológica contra la mujer para facilitar la formación continua de enfermeras.

Método:

investigación metodológica aplicada del desarrollo tecnológico, basada en el método del Diseño Instruccional Contextualizado.

Resultados:

el contenido del prototipo se basó en los objetivos de aprendizaje desarrollados a través de una revisión narrativa, que orientó una revisión integradora para recopilar la información. El prototipo se llama “EmpodereEnf”, y consta de una pantalla inicial, con el enfermero como público objetivo, y, seguidamente, ofrece nueve moblets generales para acceder a información como: conceptos, causas, manifestaciones y consecuencias de la violencia psicológica; medios de identificación y abordaje en la consulta de enfermería y educación en salud; notificación y remisión obligatorias; ejemplos de casos de violencia psicológica y referencias.

Consideraciones finales:

el prototipo constituye una posibilidad para futuras intervenciones de afrontamiento y una herramienta de trabajo para las enfermeras frente a la violencia psicológica contra la mujer.

Descriptores:
Tecnología Educativa; Violencia Doméstica; Educación Continua en Enfermería; Enfermería de Atención Primaria; Salud de la Mujer

INTRODUÇÃO

A violência contra a mulher é um problema de saúde pública ocasionado pela desigualdade entre gêneros, que faz com que a mulher se coloque em posição de subalternidade, enquanto o homem assume a posição de poder dentro de uma relação. De acordo com a Lei Maria da Penha, esse agravo é tipificado em violência física, psicológica, patrimonial, moral e sexual(11 Presidência da República (BR). Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha). Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher e dá outras providências[Internet]. 2006[cited 2019 May 30]. Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm
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).

Dentre as tipologias mencionadas, destaca-se a violência psicológica, caracterizada por condutas que causam danos emocionais à vítima, a qual, muitas vezes, não se identifica como tal. A maioria dos casos resulta de forças desiguais entre o ser masculino e o ser feminino, em que o primeiro domina o outro, fazendo uso de forças simbólicas, como humilhações e chantagens(11 Presidência da República (BR). Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha). Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher e dá outras providências[Internet]. 2006[cited 2019 May 30]. Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm
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2 Bordieu P. O poder simbólico. 15. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil; 2011.
-33 Leite FMC, Amorim MHC, Wehrmeister FC, Gigante DP. Violência contra a mulher em Vitória, Espírito Santo, Brasil. Rev Saúde Pública. 2017;51:33. https://doi.org/10.1590/s1518-8787.2017051006815
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).

Embora seja um fenômeno invisibilizado, Leite et al.(33 Leite FMC, Amorim MHC, Wehrmeister FC, Gigante DP. Violência contra a mulher em Vitória, Espírito Santo, Brasil. Rev Saúde Pública. 2017;51:33. https://doi.org/10.1590/s1518-8787.2017051006815
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), em seu estudo com 991 usuárias de unidades de saúde, destacam a violência psicológica como a mais prevalente, com 25,3% dos dados. Nesse sentido, destaca-se que a principal problemática da violência psicológica é o fato de esta preceder e ocorrer concomitantemente com outras formas de violência, pois os danos emocionais causados por ela impedem que a vítima se desvencilhe do agressor(11 Presidência da República (BR). Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha). Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher e dá outras providências[Internet]. 2006[cited 2019 May 30]. Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm
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,44 Alcântara PPT, Araujo AF, Pinto AGA, Moreira MRL, Marinho MNASB, Silva JPX, et al. Perfil da mulher vítima de violência de gênero: um estudo documental. Rev E-ciência. 2018;06(01):11-6. https://doi.org/10.19095/rec.v6i1.321
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).

Tendo em vista que a violência psicológica ocasiona danos à saúde da mulher(11 Presidência da República (BR). Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha). Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher e dá outras providências[Internet]. 2006[cited 2019 May 30]. Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm
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), reforça-se a importância da sua identificação precoce dentro da rede de enfrentamento à violência, com destaque para Atenção Primária à Saúde (APS), uma vez que se trata da porta de entrada do Sistema Único de Saúde(55 Portela GZ. Atenção Primária à Saúde: um ensaio sobre conceitos aplicados aos estudos nacionais. Physis. 2017;27(2):255-76. https://doi.org/10.1590/s0103-73312017000200005
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). Dentro da APS, especial destaque deve ser dado ao enfermeiro, tanto pela sua formação, alicerçada na ciência humanística(66 Figueiroa MN, Menezes MLN, Monteiro EMLM, Andrade ARL, Fraga DPF, Oliveira MV. A formação relacionada com a sexualidade humana na percepção de estudantes de enfermagem. Rev Enferm Ref [Internet]. 2017[cited 2019 May 30];4(15):21-30. Available from: https://www.redalyc.org/journal/3882/388255693004/html/
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), quanto pelo seu trabalho na APS, norteado pelas necessidades de saúde, as quais não se limitam às doenças, mas abrangem também as fragilidades do contexto social e, portanto, as singularidades e vulnerabilidades do indivíduo(77 Ferreira SRS, Périco LAD, Dias VRF. Rev Bras Enferm. 2018;71(Suppl 1):704-9. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0471
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).

Desta forma, reflete-se sobre o papel desse profissional na identificação das vulnerabilidades femininas à violência, de forma a protagonizar as ações de empoderamento da vítima para reconhecimento e libertação de sua condição. No entanto, destaca-se que enfermeiros apresentam dificuldades para reconhecimento da violência contra a mulher, devido à sua complexidade, que faz a vítima não se reconhecer como tal, condição comum na violência psicológica(88 Machado MES, Rodrigues LSA, Fernandes ETBS, Silva JM, Silva DO, Oliveira JF. Perception of health professionalsabout violence against women: a descriptive study. O Braz J Nurs. 2017;16(1):209-17. https://doi.org/10.17665/1676-4285.20175596
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-99 Murillo Pilar, San-Sebastián Miguel, Vives-Cases Carmen, Goicolea Isabel. Factores asociados a la respuesta a la violencia del compañero íntimo em atención primaria de salud em España. Gac Sanit. 2018;32(5):433-8. https://doi.org/10.1016/j.gaceta.2017.03.003
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), bem como por se tratar de um fenômeno estruturalmente enraizado na sociedade através de preceitos machistas(1010 d‘Oliveira AFPL, Schraiber LB, Hanada H, Durand J. Atenção integral à saúde de mulheres em situação de violência de gênero: uma alternativa para a atenção primária em saúde. Ciênc Saúde Coletiva. 2009;14(4):1037-50. https://doi.org/10.1590/S1413-81232009000400011
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), além de ser pouco abordado na graduação em enfermagem(1111 Zanatta EA, Hermes TC, Kruger JH, Duarte PL, Vendruscolo C. Interfaces da violência com a formação em enfermagem: um diálogo possível e necessário. Esc Anna Nery. 2018;22(4):e20170404. https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2017-0404
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).

Diante de tal complexidade, fica evidente a necessidade de educação permanente pautada na discussão sobre gênero(1212 Silveira MS, Cogo ALP. The contributions of digital technologies in the teaching of nursing skills: an integrative review. Rev Gaúcha Enferm. 2017;38(2):e66204. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2017.02.66204
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), para que o enfermeiro se torne sensível ao reconhecimento da violência psicológica. Tendo em vista que a educação permanente se destaca como processo de ensino-aprendizagem que viabiliza a superação pessoal e profissional(1313 Slomp JH, Feuerwerker LCM, Land MGP. Educação em saúde ou projeto terapêutico compartilhado? O cuidado extravasa a dimensão pedagógica. Ciên Saúde Coletiva. 2015;20(2):537-46. https://doi.org/10.1590/1413-81232015202.00512014
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), é válido que a mesma seja implementada através de instrumentos que a potencializem, na qual vale destacar as tecnologias digitais, que são oportunas, por permitirem conectar pessoas a informações em tempo rápido e hábil(1414 Salvador PTO, Mariz CMS, Vítor AF, Ferreira JMA, Fernandes MID, Martins JCA, et al. Validation of virtual learning object to support the teaching of nursing care systematization. Rev Bras Enferm. 2018;71(1):11-9. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0537
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).

No contexto das tecnologias digitais, os aplicativos móveis se destacam, por estarem aderidos ao cotidiano da população, através de aparelhos disponíveis 24 horas por dia, em qualquer ambiente, o que contribui para disseminação de informações, permitindo modelos de trabalho eficazes(1515 Tibes CMS, Dias JD, Zem-Mascarenhas SH. Aplicativos móveis desenvolvidos para a área da saúde no Brasil: revisão integrativa da literatura. Rev Mineira Enferm. 2014;18(2). https://doi.org/10.5935/1415-2762.20140035
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), sendo, portanto, pertinentes no contexto da educação permanente sobre violência.

Diante do exposto, ao reconhecer a relevância da APS e do enfermeiro no enfrentamento da violência psicológica contra a mulher, bem como as fragilidades desse profissional frente à temática, percebe-se a educação permanente como meio para minimizá-las e potencializar a atuação do enfermeiro nesse contexto. Para tanto, o aplicativo móvel se apresenta como importante ferramenta na otimização do aprendizado e promoção da autonomia deste profissional.

OBJETIVO

Construir um protótipo de aplicativo móvel sobre violência psicológica contra a mulher para facilitar a educação permanente de enfermeiros.

MÉTODO

Aspectos éticos

Por se tratar de um estudo metodológico elaborado com base em revisão de literatura, prescindiu a análise ética, já que não se trata de uma pesquisa envolvendo seres humanos.

Referencial teórico metodológico

A construção do protótipo foi subsidiada pelo método de Design Instrucional Contextualizado (DIC) de Filatro(1616 Filatro A. Design instrucional na prática. 2ª. ed. São Paulo: Senac; 2008.), o qual mostrou-se coerente e completo para operacionalização do objetivo deste estudo. Os atributos que levaram à escolha do DIC foram: i) permitir a elaboração de materiais específicos sobre determinado assunto; e ii) viabilizar que o conteúdo possa ser adaptável conforme o contexto, não sendo algo fixo, o que se mostrou importante, uma vez que não se intencionou elaborar um protocolo fixo, mas sim um material que instigasse o senso crítico do enfermeiro frente a possíveis atendimentos de mulheres em situação de violência psicológica.

Esse método se divide em cinco etapas, que são i) análise; ii) design; iii) desenvolvimento; iv) implementação; e v) avaliação(1616 Filatro A. Design instrucional na prática. 2ª. ed. São Paulo: Senac; 2008.). No entanto, tendo em vista que o estudo objetivou a criação de um protótipo de aplicativo, só foram contempladas as primeiras quatro etapas. Durante a etapa de análise(1717 Barra DCC, Paim SMS, Sasso GTMD, Colla GW. Métodos para desenvolvimento de aplicativos móveis em saúde: revisão integrativa da literatura. Texto Contexto Enferm. 2017;26(4):e2260017. https://doi.org/10.1590/0104-07072017002260017
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), realizaram-se: o levantamento das necessidades de aprendizagem do enfermeiro e definição dos objetivos educacionais (elaborados por meio da revisão narrativa); a coleta do referencial bibliográfico e definição dos conteúdos (obtidos por meio da revisão integrativa); e a criação de um diagrama para disposição do conteúdo. Já no design(1717 Barra DCC, Paim SMS, Sasso GTMD, Colla GW. Métodos para desenvolvimento de aplicativos móveis em saúde: revisão integrativa da literatura. Texto Contexto Enferm. 2017;26(4):e2260017. https://doi.org/10.1590/0104-07072017002260017
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), deu-se início à produção do conteúdo, realizando-se a definição dos tópicos e a redação dos módulos, bem como a criação do layout.

Sobre o desenvolvimento(1717 Barra DCC, Paim SMS, Sasso GTMD, Colla GW. Métodos para desenvolvimento de aplicativos móveis em saúde: revisão integrativa da literatura. Texto Contexto Enferm. 2017;26(4):e2260017. https://doi.org/10.1590/0104-07072017002260017
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), tratou-se da seleção das ferramentas do aplicativo, a definição da estrutura de navegação e o planejamento da configuração de ambientes. Para tanto, optou-se pelo uso de quatro interfaces de tela, que são acessadas através de moblets, que funcionam como botões de acesso para otimizar a interatividade. Sobre as interfaces de tela, a primeira (1) diz respeito à apresentação do aplicativo (contendo um moblet para acesso a próxima interface); a segunda (2) contém a apresentação dos nove moblets gerais, que servem para que o usuário conheça os títulos de cada módulo e acesse o seu conteúdo; a terceira (3) surge após o usuário clicar no moblet com conteúdo de seu interesse, possuindo moblets que organizam os subtópicos do assunto geral; e a quarta (4) interface apresenta o conteúdo propriamente dito. Para sair das interfaces 1 e 2, o usuário deve utilizar o recurso de sair do celular. Já nas interfaces 3 e 4, dispõe-se de uma seta e uma sinalização em X, respectivamente, que direcionam à interface anterior.

Além disso, durante a fase supracitada, definiu-se o sistema Android, para inserção do aplicativo, e a loja virtual Google Play, para download. Por fim, a fase de implementação(1717 Barra DCC, Paim SMS, Sasso GTMD, Colla GW. Métodos para desenvolvimento de aplicativos móveis em saúde: revisão integrativa da literatura. Texto Contexto Enferm. 2017;26(4):e2260017. https://doi.org/10.1590/0104-07072017002260017
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), realizada por um profissional de ciências da computação, consistiu em transcrever a diagramação e conteúdo do aplicativo para a linguagem computacional do sistema Android, sendo programado o download para uso do aplicativo, mesmo que o aparelho esteja off-line.

Tipo de estudo

Trata-se de uma pesquisa metodológica aplicada de desenvolvimento tecnológico, cuja essência se volta à elaboração de protótipo para aplicativo móvel(1818 Polit DF, Beck CT. Fundamentos de Pesquisa em enfermagem: avaliação de evidências para as práticas da enfermagem. 7th ed. Porto Alegre: Artmed; 2011.).

Procedimentos metodológicos

Na primeira etapa, a análise, conforme método DIC, este estudo utilizou as revisões narrativa e integrativa. Justificou-se a utilização desses dois tipos, devido à primeira permitir a discussão e atualização do estado da arte de determinado assunto em curto período de tempo(1919 Rother ET. Sistematic Literature Review x Narrativa Review. Acta Paul Enferm. 2007;20(2). https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000200001
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), o que permitiu levantar as necessidades de aprendizagem do enfermeiro sobre violência contra a mulher, enquanto que a segunda, dotada de maior rigor metodológico, sintetiza pesquisas disponíveis sobre determinada temática e orienta a fundamentação científica da prática em saúde(1919 Rother ET. Sistematic Literature Review x Narrativa Review. Acta Paul Enferm. 2007;20(2). https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000200001
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).

Apesar de a revisão narrativa, conforme Rother(1919 Rother ET. Sistematic Literature Review x Narrativa Review. Acta Paul Enferm. 2007;20(2). https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000200001
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), não possuir metodologia fixa a ser seguida, destaca-se que a mesma foi realizada no período de novembro a dezembro de 2018, por meio do acesso às bases de dados Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde, Medical Literature Analysis and Retrieval System Online e biblioteca Scientific Electronic Library Online (SciELO), com os seguintes descritores: “Violência contra a mulher”, “Atenção Primária à Saúde” e “Enfermagem”. A busca da revisão narrativa resultou em 116 artigos, dos quais incluíram-se os que apresentaram as dificuldades do enfermeiro frente à violência contra a mulher, excluindo-se os estudos repetidos e duplicados, totalizando 16 artigos ao final, que fomentaram os objetivos de aprendizagem do protótipo.

A revisão integrativa foi realizada de forma pareada e durou de dezembro de 2018 a maio de 2019, tendo como questão norteadora: como ocorre a atuação do enfermeiro frente a assistência à saúde da mulher vítima de violência psicológica dentro da APS? Foi elaborada pelo mnemônico Population, Variables and Outcomes (PVO). Foram utilizadas as seguintes estratégias de busca: “Violence Against Women AND Primary Care Nursing”, “Violence Against Women AND “Women‘s Health” e “Violence Against Women AND Primary Care Nursing AND Women‘s Health”. As bases de dados utilizadas foram Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), Base de Dados de Enfermagem (BDENF) e a biblioteca virtual SciELO. A amostra da revisão integrativa obtida foi de 1.359 artigos, que passaram por filtragem de ano (2008 a 2018), tomando por base o período pós-sancionamento da Lei Maria da Penha no Brasil, disponibilidade e idioma (português, inglês e espanhol), restando 716 literaturas.

Após leitura de título e resumo, foram incluídas publicações sobre a atuação do enfermeiro frente à violência contra a mulher (297 publicações), das quais excluíram-se revisões de literatura, monografias, dissertações, estudos repetidos/duplicados, bem como artigos que versavam sobre realidades culturais divergentes do Brasil, restando 122 artigos. Após leitura completa, 98 artigos contemplavam os objetivos desta revisão. A coleta de dados foi embasada por um formulário incluindo questões, como autor, ano de publicação, abordagem do estudo e resultados. A partir das informações extraídas, realizou-se a síntese temática, pela qual emergiram três categorias, descritas nos resultados, que compuseram os moblets integrados no protótipo.

Nas fases de design e desenvolvimento do método DIC, definiu-se o conteúdo, realizando a redação das informações e a forma de disposição destas nas interfaces do protótipo. Na fase de implementação, houve transcrição do compilado para a linguagem Android.

Análise dos dados

Os resultados originados das fases deste estudo foram analisados de forma interpretativa e apresentados em quadros e figuras, para correlação com os objetivos educacionais do protótipo.

RESULTADOS

As etapas de análise, design, desenvolvimento e implementação aplicadas neste estudo se mostraram interdependentes e foram fundamentais para o alcance do objetivo do protótipo enquanto tecnologia educacional, sendo dispostas a seguir.

Etapa de análise

Nessa etapa, a identificação das lacunas educacionais por meio da revisão narrativa revelou o desconhecimento dos enfermeiros sobre violência contra a mulher, falhas de encaminhamentos da vítima, falta de tempo e sensibilização para disponibilizar um atendimento adequado à vítima e para realizar a notificação compulsória. Mediante tais lacunas, foi possível traçar os seguintes objetivos de aprendizagem do protótipo: i) sensibilizar o enfermeiro quanto à complexidade da violência; ii) destacar a importância do reconhecimento da violência psicológica, para prevenção das demais formas de violência contra a mulher; iii) instruir sobre os meios para reconhecimento e manejo da violência psicológica; e iv) orientar sobre a educação em saúde e empoderamento da mulher.

Os objetivos de aprendizagem do protótipo nortearam a extração e análise dos dados da revisão integrativa, a partir da qual se chegou às seguintes categorias, as quais originaram os moblets de conteúdo: 1) Contextualização da violência psicológica; 2) Identificação e abordagem da violência psicológica pelo enfermeiro; e 3) Notificação compulsória e encaminhamentos.

Ressalta-se que o quantitativo de 98 artigos da revisão integrativa foi indispensável para a construção do conteúdo do protótipo, no entanto, diante desse amplo quantitativo, dispõe-se o quadro sinóptico abaixo (Quadro 1), com a integração dos estudos com resultados similares.

Quadro 1
Compilação e caracterização dos estudos semelhantes da revisão integrativa, Crato, Ceará, Brasil, 2020

Etapas de design e desenvolvimento

O protótipo foi intitulado “EmpodereEnf”, visando representar o empoderamento do enfermeiro frente à sua autodesconstrução de preceitos pessoais, possibilitando sua sensibilização para estímulo ao empoderamento das mulheres. A logomarca foi elaborada nessa mesma perspectiva, com uma mulher expondo engrenagens (pensamentos) que se conectam, apresentada na Figura 1, junto à primeira interface de acesso, a qual apresenta a finalidade do protótipo.

Figura 1
Telas com logomarca e apresentação do “EmpodereEnf”, Crato, Ceará, Brasil, 2020

O conteúdo originado nas categorias da revisão integrativa foi disposto de forma clara e objetiva através de nove moblets gerais (I a IX), sendo estes apresentados na Figura 2 a seguir.

Figura 2
Interface de tela 2 com moblets dos conteúdos, Crato, Ceará, Brasil, 2020

Fonte:”EmpodereEnf”

A respeito da interatividade do usuário com o aplicativo, cabe destacar os nove (I a IX) moblets como botões em formato de caixas de textos que apresentam cada tópico e, ao serem clicados, direcionam a uma nova interface de tela com outros moblets específicos e organizativos (que representam os subtópicos de cada moblet geral). Esse recurso foi utilizado visando melhor distribuição do conteúdo para minimizar o excesso de informações em uma única tela.

O moblet I, “Violência psicológica”, é contemplado pelo conteúdo originado da categoria 1 da revisão integrativa, e dá acesso à interface 3, que possui cinco moblets específicos, que, por sua vez, permitem acesso à interface 4 com o conteúdo propriamente dito, o qual apresenta discussões sobre desigualdade de gênero na origem da violência; valorização da subjetividade da mulher; reconhecimento do uso de práticas coercitivas pelo parceiro como manifestações da violência psicológica; repercussões da violência psicológica para a saúde; características da mulher e parceiro que o enfermeiro pode utilizar para suspeição de violência psicológica e ciclo da violência.

Os moblets II-VI são compostos pelos resultados da categoria 2 da revisão integrativa. O moblet II, “Identificação e abordagem”, apresenta o vínculo que o enfermeiro deve ter com a vítima para otimizar a identificação da violência. O moblet III, “Requisitos básicos para o manejo da violência psicológica”, apresenta o embasamento que esse profissional deve possuir no Código de Ética e na Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher para conduzir suas ações, sugerindo requisitos de um profissional atento aos sinais de violência contra a mulher.

O moblet IV, “Momentos propícios a se trabalhar a violência psicológica contra a mulher”, dá origem a oito moblets específicos, os quais, quando clicados, apresentam a exposição de oito momentos adequados para a abordagem da violência psicológica durante as consultas de enfermagem, bem como fornece dicas de atividades grupais para trabalho na perspectiva da igualdade de gênero. Com relação ao moblet V, “Formas de questionamento sobre a violência psicológica”, originam-se dois moblets específicos, compostos por perguntas indiretas (sutis) e diretas que devem ser realizadas na consulta de enfermagem.

O moblet VI, “Conteúdos que devem ser abordados”, permite acesso a seis outros moblets específicos, os quais estimulam a integração dos seguintes conteúdos nas consultas de enfermagem e em ações educativas: reflexão sobre as origens da violência contra a mulher; identificação da rede de suporte social e como recorrê-la; reconhecimento da relação violência-saúde; valorização do relato para notificação; e registro de enfermagem e compartilhamento de informações sobre rede intersetorial de serviços.

O moblet VII, “Notificação compulsória e encaminhamento”, originado da categoria 3 da revisão integrativa, viabiliza o acesso a quatro moblets específicos, os quais apresentam o estímulo à realização da notificação compulsória mediante casos de suspeição ou confirmação da violência, encaminhamento para demais pontos de atenção da rede de atenção à vítima de violência após criação do vínculo com a mulher e discussão do caso com a equipe de saúde.

No moblet VIII, “Exemplificando casos de violência psicológica contra a mulher”, foram construídas oito situações de violência psicológica dispostas em oito moblets específicos. As situações servem para exemplificar algumas formas de manifestação da violência psicológica, as quais foram embasadas na leitura dos artigos da revisão integrativa. E o moblet IX, “Referências”, diz respeito à apresentação das referências para posterior consulta, se assim o enfermeiro desejar.

Etapa de implementação

Nessa etapa, realizou-se apenas a transcrição do conteúdo e design para o formato Android, o qual se adequa a loja virtual Google Play.

DISCUSSÃO

A revisão narrativa permitiu identificar as dificuldades enfrentadas pelo enfermeiro no que se refere ao desconhecimento da violência contra a mulher, em parte, como resultado da abordagem essencialmente biológica da saúde da mulher na graduação, o que limita uma perspectiva ampliada, quando diante de um problema social como a violência(2020 Visentin F, Vieira LB, Trevisan I, Lorenzini E, Franco SE. Women‘sprimary care nursing in situations of gender violence. Invest Educ Enferm. 2015;33(3):556-64. https://doi.org/10.17533/udea.iee.v33n3a20
https://doi.org/10.17533/udea.iee.v33n3a...
). Diante disso, o profissional tem dificuldade em identificar a violência contra a mulher como objeto de trabalho, principalmente quando as repercussões do fenômeno não são facilmente visualizadas, como no caso da violência psicológica(22 Bordieu P. O poder simbólico. 15. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil; 2011.,2020 Visentin F, Vieira LB, Trevisan I, Lorenzini E, Franco SE. Women‘sprimary care nursing in situations of gender violence. Invest Educ Enferm. 2015;33(3):556-64. https://doi.org/10.17533/udea.iee.v33n3a20
https://doi.org/10.17533/udea.iee.v33n3a...
), fazendo urgir a importância da elaboração de estratégias que potencializem sua atuação frente ao agravo, como aplicativos que contemplem conhecimentos sobre este fenômeno.

Nesse sentido, a clareza e a objetividade com a qual o conteúdo sobre violência psicológica foi projetado no protótipo são justificadas, por facilitar a aprendizagem, convergindo com o que já existe na literatura(2121 Mota NP, Vieira CMA, Nascimento MNR, Bezerra AM, Quirino GS, Félix NDC. Mobile application for the teaching of the International Classification for Nursing Practice. Rev Bras Enferm. 2019;72(4):1020-7. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0751
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0...
). Para além disso, a integração de informações de estudos científicos obtidos na revisão integrativa mostra relevância, por conferir segurança e confiabilidade para sua utilização(2222 Echer IC. Elaboração de manuais de orientação para o cuidado em saúde. Rev Latino-Am Enfermagem. 2005;3(5):754-7. https://doi.org/10.1590/S0104-11692005000500022
https://doi.org/10.1590/S0104-1169200500...
). No que se refere à técnica de desenvolvimento e construção do protótipo, ressalta-se que a mesma condiz com a prototipação do universo da engenharia de software, a qual diz respeito a um processo destinado à construção de um modelo posteriormente desenvolvido em produto final(2323 Pressman RS. Engenharia de software. McGraw Hill Brasil, 2011.).

Assim, a construção do protótipo “EmpodereEnf” objetiva facilitar a aprendizagem de enfermeiros para o manejo da mulher vítima de violência psicológica, discutindo-se as desigualdades de gênero e a subjetividade da mulher, o que se mostrou indispensável, conforme a literatura disponível(2424 Guimarães MC, Pedroza RLS. Violência contra a mulher: problematizando definições teóricas, filosóficas e jurídicas. Psicol Soc. 2015;27(2):256-66. https://doi.org/10.1590/1807-03102015v27n2p256
https://doi.org/10.1590/1807-03102015v27...

25 Marques SS, Riquinho DL, Santos MC, Vieira LB. Strategies for identification and coping with the violence situation by intimate partners of pregnant women. Rev Gaúcha Enferm. 2017;38(3):e67593. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2017.03.67593
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2017.0...

26 Narvaz MG, Koller SH. Mulheres vítimas de violência doméstica: compreendendo subjetividades assujeitadas. Psicol [Internet]. 2006 [cited 2019 Jun 05];37(1):7-13. Available from: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistapsico/article/view/1405/1105
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/...

27 Hasse M, Vieira EM. Como os profissionais de saúde atendem mulheres em situação de violência? uma análise triangulada de dados. Saúde Debate. 2014;38(102):482-93. https://doi.org/10.5935/0103-1104.20140045.
https://doi.org/10.5935/0103-1104.201400...

28 Rodrigues VP, Machado JC, Simões AV, Pires VMMM, Paiva MS, Diniz NMF. The practice of family health strategy workers when caring for women in gender violence situations. Texto Contexto Enferm. 2014;23(3):735-43. https://doi.org/10.1590/0104-07072014001650013
https://doi.org/10.1590/0104-07072014001...
-2929 Cordeiro KCC, Santos RM, Gomes NP, Melo DS, Mota RS, Couto TM. Formação profissional e notificação da violência contra a mulher. Rev Baiana Enferm. 2015;29(3):209-17. https://doi.org/10.18471/rbe.v29i3.13029
https://doi.org/10.18471/rbe.v29i3.13029...
). Ao considerar a subjetividade feminina, o profissional de saúde pode ter uma visão ampliada do problema, ao contrário da dimensão objetiva, que fragmenta a atuação do enfermeiro, ao basear-se apenas em sinais e sintomas, invisíveis na violência psicológica.

Ao conhecer as singularidades da mulher, é possível que o enfermeiro se sensibilize quanto às formas simbólicas da violência, nas quais as práticas coercitivas apontadas no protótipo se expressam pela manipulação empregada nos ciclos de relação abusiva(2727 Hasse M, Vieira EM. Como os profissionais de saúde atendem mulheres em situação de violência? uma análise triangulada de dados. Saúde Debate. 2014;38(102):482-93. https://doi.org/10.5935/0103-1104.20140045.
https://doi.org/10.5935/0103-1104.201400...
). Essa relação, por ser natural na cultura machista, tende a invisibilizar as repercussões que a violência tem sobre a vida da mulher(1010 d‘Oliveira AFPL, Schraiber LB, Hanada H, Durand J. Atenção integral à saúde de mulheres em situação de violência de gênero: uma alternativa para a atenção primária em saúde. Ciênc Saúde Coletiva. 2009;14(4):1037-50. https://doi.org/10.1590/S1413-81232009000400011
https://doi.org/10.1590/S1413-8123200900...
,2727 Hasse M, Vieira EM. Como os profissionais de saúde atendem mulheres em situação de violência? uma análise triangulada de dados. Saúde Debate. 2014;38(102):482-93. https://doi.org/10.5935/0103-1104.20140045.
https://doi.org/10.5935/0103-1104.201400...
-2828 Rodrigues VP, Machado JC, Simões AV, Pires VMMM, Paiva MS, Diniz NMF. The practice of family health strategy workers when caring for women in gender violence situations. Texto Contexto Enferm. 2014;23(3):735-43. https://doi.org/10.1590/0104-07072014001650013
https://doi.org/10.1590/0104-07072014001...
). Portanto, através do moblet I, buscou-se tornar visível ao enfermeiro os conceitos, as manifestações, as consequências deste agravo à saúde da vítima, as características da mulher e do agressor e o ciclo de violência, intencionando-se incitar o senso crítico do profissional com relação ao reconhecimento do agravo e importância em se dispor tempo para o trabalho junto à vítima(2020 Visentin F, Vieira LB, Trevisan I, Lorenzini E, Franco SE. Women‘sprimary care nursing in situations of gender violence. Invest Educ Enferm. 2015;33(3):556-64. https://doi.org/10.17533/udea.iee.v33n3a20
https://doi.org/10.17533/udea.iee.v33n3a...
,2929 Cordeiro KCC, Santos RM, Gomes NP, Melo DS, Mota RS, Couto TM. Formação profissional e notificação da violência contra a mulher. Rev Baiana Enferm. 2015;29(3):209-17. https://doi.org/10.18471/rbe.v29i3.13029
https://doi.org/10.18471/rbe.v29i3.13029...
).

Assim, é necessário considerar as vivências do profissional para sensibilização pessoal, para que o enfermeiro possa atuar livre de juízos de valor amparados pelo senso patriarcal(3030 Kim J, Motsei M. “Women enjoy punishment”: attitudes and experiences of gender-based violence among PHC nurses in rural South Africa. Soc Sci Med. 2002;54(8):1243-54. https://doi.org/10.1016/S0277-9536(01)00093-4
https://doi.org/10.1016/S0277-9536(01)00...
-3131 Cann K, Withnell S, Shakespeare J, Doll H, Thomas J. Domestic violence: a comparative survey of levels of detection, knowledge, and attitudes in health care workers. Public Health. 2001;115(2):89-95. https://doi.org/10.1038/sj.ph.1900749
https://doi.org/10.1038/sj.ph.1900749...
). Para uma abordagem sem julgamentos à mulher em situação de violência, é necessário fazê-la com empatia, diálogo e escuta ativa, o que potencializará o vínculo e, assim, o reconhecimento dos menores sinais de violência psicológica, como disposto nos moblets II e III. Destaca-se que as tecnologias leves supracitadas são instrumentos essenciais para que o enfermeiro identifique a violência, ainda que a mulher não a verbalize, atentando-se a detalhes na fala e expressão facial da vítima que denunciam o sofrimento, além de proporcionarem confiança, o que estimula o relato da vítima(2020 Visentin F, Vieira LB, Trevisan I, Lorenzini E, Franco SE. Women‘sprimary care nursing in situations of gender violence. Invest Educ Enferm. 2015;33(3):556-64. https://doi.org/10.17533/udea.iee.v33n3a20
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).

Ressalta-se, ainda, a importância da apresentação de momentos durante a assistência de enfermagem, que são propícios para abordagem da violência psicológica, bem como o estímulo a formações de grupos para educação em saúde sobre o fenômeno, ambos dispostos no moblet IV. Dessa forma, pode-se estimular o entendimento de que o assunto deve ser considerado durante o cuidado de enfermagem, incentivando a otimização de consultas de rotina para integração da abordagem à violência psicológica, partindo de uma perspectiva integralizada da saúde(2020 Visentin F, Vieira LB, Trevisan I, Lorenzini E, Franco SE. Women‘sprimary care nursing in situations of gender violence. Invest Educ Enferm. 2015;33(3):556-64. https://doi.org/10.17533/udea.iee.v33n3a20
https://doi.org/10.17533/udea.iee.v33n3a...
,2929 Cordeiro KCC, Santos RM, Gomes NP, Melo DS, Mota RS, Couto TM. Formação profissional e notificação da violência contra a mulher. Rev Baiana Enferm. 2015;29(3):209-17. https://doi.org/10.18471/rbe.v29i3.13029
https://doi.org/10.18471/rbe.v29i3.13029...

30 Kim J, Motsei M. “Women enjoy punishment”: attitudes and experiences of gender-based violence among PHC nurses in rural South Africa. Soc Sci Med. 2002;54(8):1243-54. https://doi.org/10.1016/S0277-9536(01)00093-4
https://doi.org/10.1016/S0277-9536(01)00...
-3131 Cann K, Withnell S, Shakespeare J, Doll H, Thomas J. Domestic violence: a comparative survey of levels of detection, knowledge, and attitudes in health care workers. Public Health. 2001;115(2):89-95. https://doi.org/10.1038/sj.ph.1900749
https://doi.org/10.1038/sj.ph.1900749...
).

No contexto da consulta de enfermagem, é importante explanar sobre exemplos de perguntas que este profissional pode realizar na prática, para promover desinibição frente ao assunto e garantir maior aproximação com a mulher, as quais estão propostas no moblet V. Nessa perspectiva, alguns autores(1010 d‘Oliveira AFPL, Schraiber LB, Hanada H, Durand J. Atenção integral à saúde de mulheres em situação de violência de gênero: uma alternativa para a atenção primária em saúde. Ciênc Saúde Coletiva. 2009;14(4):1037-50. https://doi.org/10.1590/S1413-81232009000400011
https://doi.org/10.1590/S1413-8123200900...
,3232 Acosta DF, Gomes VLO, Gomes GC, Fonseca AD. Ethical and legal aspects in nursing care for victims of domestic violence. Texto Contexto Enferm. 2017;26(3):e6770015. https://doi.org/10.1590/0104-07072017006770015
https://doi.org/10.1590/0104-07072017006...
) destacam que raramente a mulher se reconhece como vítima e, dessa forma, não verbaliza a violência. Esse silenciamento requer, então, que o enfermeiro interprete os sinais mais remotos e investigue cautelosamente a ocorrência do agravo, evitando constrangimentos que possam afastar a mulher em situação de violência(1010 d‘Oliveira AFPL, Schraiber LB, Hanada H, Durand J. Atenção integral à saúde de mulheres em situação de violência de gênero: uma alternativa para a atenção primária em saúde. Ciênc Saúde Coletiva. 2009;14(4):1037-50. https://doi.org/10.1590/S1413-81232009000400011
https://doi.org/10.1590/S1413-8123200900...
,3232 Acosta DF, Gomes VLO, Gomes GC, Fonseca AD. Ethical and legal aspects in nursing care for victims of domestic violence. Texto Contexto Enferm. 2017;26(3):e6770015. https://doi.org/10.1590/0104-07072017006770015
https://doi.org/10.1590/0104-07072017006...
).

Ainda, destaca-se a descrição de conteúdos no moblet VI, que devem ser trabalhados em ações educativas como potencialidades do protótipo, tendo em vista que a literatura(3333 Kessler M, Thumé E, Duro SMS, Tomasi E, Siqueira FCV, Silveira DS, et al. Health education and promotion actions among teams of the National Primary Care Access and Quality Improvement Program, Rio Grande do Sul state, Brazil. Epidemiol Serv Saúde. 2018;27(2). https://doi.org/10.5123/s1679-49742018000200019
https://doi.org/10.5123/s1679-4974201800...
-3434 Albuquerque Netto L, Moura MAV, Queiroz ABA, Leite FMC, Silva GF, et al. Isolation of women in situation of violence by intimate partner: a social network condition. Esc Anna Nery. 2017;21(1):e20170007. https://doi.org/10.5935/1414-8145.20170007
https://doi.org/10.5935/1414-8145.201700...
) aponta que o enfermeiro tende a direcionar a educação em saúde apenas para aspectos reprodutivos e sexuais, limitando a promoção da saúde da vítima, que deveria ser pautada na libertação da opressão de gênero.

Outro ponto de destaque, que se encontra no moblet VII, é a notificação dos casos, umas das atribuições do enfermeiro. De acordo com a Lei 10.778(3535 Presidência da República (BR). Lei 10.778, de 24 de novembro de 2003. Estabelece a notificação compulsória, no território nacional, do caso de violência contra a mulher que for atendida em serviços de saúde públicos ou privados [Internet]. 2003[cited 2019 May 30]. Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.778.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/lei...
), a notificação compulsória é relevante para visibilização da violência e elaboração de políticas de enfrentamento, o que é potencializado no protótipo através da disposição do modelo da ficha de notificação e esclarecimento de dúvidas quanto ao seu preenchimento. Muitas vezes, após assistência e notificação, procede-se ao encaminhamento de vítimas, e esse tema também se faz presente através do moblet VII. O encaminhamento só deverá ser feito após criação e manutenção do vínculo com a mulher, posto que a condução imediata poderá levar à falta de confiança e distanciamento da vítima da unidade de saúde(3636 Gomes NP, Erdmann AL. Conjugal violence in the perspective of “Family Health Strategy” professionals: a public health problem and the need to provide care for the women. Rev Latino-Am Enfermagem. 2014;22(1):76-84. https://doi.org/10.1590/0104-1169.3062.2397
https://doi.org/10.1590/0104-1169.3062.2...
).

Ainda, para garantir maior aproximação com a temática, a exposição de situações-exemplos de violência psicológica, bem como a disponibilização das referências utilizadas, ofertadas no protótipo através dos moblets VIII e IX, respectivamente, viabilizam ao enfermeiro vislumbrar alguns casos e estudos que são essenciais para assimilação do conteúdo. No contexto da educação permanente, destaca-se que casos expostos, aliados à crescente utilização de tecnologias móveis com o sistema Android pelos profissionais de saúde, pode convergir para o real aproveitamento do protótipo, favorecendo o estímulo ao protagonismo do enfermeiro enquanto educando(2121 Mota NP, Vieira CMA, Nascimento MNR, Bezerra AM, Quirino GS, Félix NDC. Mobile application for the teaching of the International Classification for Nursing Practice. Rev Bras Enferm. 2019;72(4):1020-7. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0751
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0...

22 Echer IC. Elaboração de manuais de orientação para o cuidado em saúde. Rev Latino-Am Enfermagem. 2005;3(5):754-7. https://doi.org/10.1590/S0104-11692005000500022
https://doi.org/10.1590/S0104-1169200500...

23 Pressman RS. Engenharia de software. McGraw Hill Brasil, 2011.

24 Guimarães MC, Pedroza RLS. Violência contra a mulher: problematizando definições teóricas, filosóficas e jurídicas. Psicol Soc. 2015;27(2):256-66. https://doi.org/10.1590/1807-03102015v27n2p256
https://doi.org/10.1590/1807-03102015v27...

25 Marques SS, Riquinho DL, Santos MC, Vieira LB. Strategies for identification and coping with the violence situation by intimate partners of pregnant women. Rev Gaúcha Enferm. 2017;38(3):e67593. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2017.03.67593
https://doi.org/10.1590/1983-1447.2017.0...

26 Narvaz MG, Koller SH. Mulheres vítimas de violência doméstica: compreendendo subjetividades assujeitadas. Psicol [Internet]. 2006 [cited 2019 Jun 05];37(1):7-13. Available from: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistapsico/article/view/1405/1105
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/...

27 Hasse M, Vieira EM. Como os profissionais de saúde atendem mulheres em situação de violência? uma análise triangulada de dados. Saúde Debate. 2014;38(102):482-93. https://doi.org/10.5935/0103-1104.20140045.
https://doi.org/10.5935/0103-1104.201400...

28 Rodrigues VP, Machado JC, Simões AV, Pires VMMM, Paiva MS, Diniz NMF. The practice of family health strategy workers when caring for women in gender violence situations. Texto Contexto Enferm. 2014;23(3):735-43. https://doi.org/10.1590/0104-07072014001650013
https://doi.org/10.1590/0104-07072014001...

29 Cordeiro KCC, Santos RM, Gomes NP, Melo DS, Mota RS, Couto TM. Formação profissional e notificação da violência contra a mulher. Rev Baiana Enferm. 2015;29(3):209-17. https://doi.org/10.18471/rbe.v29i3.13029
https://doi.org/10.18471/rbe.v29i3.13029...

30 Kim J, Motsei M. “Women enjoy punishment”: attitudes and experiences of gender-based violence among PHC nurses in rural South Africa. Soc Sci Med. 2002;54(8):1243-54. https://doi.org/10.1016/S0277-9536(01)00093-4
https://doi.org/10.1016/S0277-9536(01)00...

31 Cann K, Withnell S, Shakespeare J, Doll H, Thomas J. Domestic violence: a comparative survey of levels of detection, knowledge, and attitudes in health care workers. Public Health. 2001;115(2):89-95. https://doi.org/10.1038/sj.ph.1900749
https://doi.org/10.1038/sj.ph.1900749...

32 Acosta DF, Gomes VLO, Gomes GC, Fonseca AD. Ethical and legal aspects in nursing care for victims of domestic violence. Texto Contexto Enferm. 2017;26(3):e6770015. https://doi.org/10.1590/0104-07072017006770015
https://doi.org/10.1590/0104-07072017006...

33 Kessler M, Thumé E, Duro SMS, Tomasi E, Siqueira FCV, Silveira DS, et al. Health education and promotion actions among teams of the National Primary Care Access and Quality Improvement Program, Rio Grande do Sul state, Brazil. Epidemiol Serv Saúde. 2018;27(2). https://doi.org/10.5123/s1679-49742018000200019
https://doi.org/10.5123/s1679-4974201800...

34 Albuquerque Netto L, Moura MAV, Queiroz ABA, Leite FMC, Silva GF, et al. Isolation of women in situation of violence by intimate partner: a social network condition. Esc Anna Nery. 2017;21(1):e20170007. https://doi.org/10.5935/1414-8145.20170007
https://doi.org/10.5935/1414-8145.201700...

35 Presidência da República (BR). Lei 10.778, de 24 de novembro de 2003. Estabelece a notificação compulsória, no território nacional, do caso de violência contra a mulher que for atendida em serviços de saúde públicos ou privados [Internet]. 2003[cited 2019 May 30]. Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.778.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/lei...

36 Gomes NP, Erdmann AL. Conjugal violence in the perspective of “Family Health Strategy” professionals: a public health problem and the need to provide care for the women. Rev Latino-Am Enfermagem. 2014;22(1):76-84. https://doi.org/10.1590/0104-1169.3062.2397
https://doi.org/10.1590/0104-1169.3062.2...
-3737 Souza JF, Gonçalves FB, Queiroz VAR, Queiroz RS. Avaliação de um aplicativo para auxilio à tomada de decisão de mobilizar pacientes críticos. Rev Saúde.com [Internet]. 2015 [cited 2018 Oct 20];11(1):59-68. Available from: https://periodicos2.uesb.br/index.php/rsc/article/view/344
https://periodicos2.uesb.br/index.php/rs...
).

É válido mencionar que o uso de recursos tecnológicos para o manejo de mulheres em situação de violência é relevante no que se refere à contribuição para a estruturação de uma sociedade mais justa, por criar novo conhecimento e possibilidades sociais(1515 Tibes CMS, Dias JD, Zem-Mascarenhas SH. Aplicativos móveis desenvolvidos para a área da saúde no Brasil: revisão integrativa da literatura. Rev Mineira Enferm. 2014;18(2). https://doi.org/10.5935/1415-2762.20140035
https://doi.org/10.5935/1415-2762.201400...
). Assim, reflete-se sobre a necessidade de integração de tecnologias, como o “EmpodereEnf”, na prática do enfermeiro, para ampliar possibilidades de atuação frente à violência psicológica contra a mulher, estimulando a transição da assistência biologicista para a da dimensão social, através do senso crítico.

Limitações do estudo

O baixo quantitativo de artigos que versam diretamente sobre violência psicológica contra a mulher configurou-se como uma limitação, sendo que se julgou necessário a leitura reflexiva de artigos que abordavam de forma genérica a violência contra a mulher. Ainda, considera-se como limitação o fato de o protótipo não ter passado pela etapa de avaliação, o que abre precedentes para realização desta etapa em estudos vindouros.

Contribuições para a enfermagem, saúde ou política pública

Ante a essa perspectiva, acredita-se que o avanço no conhecimento que este estudo proporciona se refere ao compilado de informações focalizadas especificamente na violência psicológica, de maneira a possibilitar ampliação acerca desse fenômeno por meio de uma tecnologia de fácil acesso. Como a violência psicológica precede e se sobrepõe às demais formas de violência contra a mulher, é natural que os estudos a abordem de forma inespecífica. No entanto, este estudo considera que a abordagem focada nesse tipo de violência, além de lhe dar visibilidade, poderá suscitar reflexões para as formas mais visíveis, partindo-se, assim, do estímulo ao desenvolvimento do senso crítico do enfermeiro, o que lhe permitirá lidar com situações inesperadas e multifacetadas, como aquelas envolvidas na violência psicológica contra a mulher.

Este estudo vislumbra benefícios para o âmbito assistencial e acadêmico do enfermeiro, pautados na utilização do protótipo para otimização da assistência à mulher vítima de violência psicológica. O protótipo possui conteúdo que se dispõe como facilitador na aprendizagem de enfermeiros, podendo contribuir para uma assistência holística à vítima de violência, o que poderá fomentar o empoderamento da mulher no rompimento de relações abusivas. Além disso, contribui também para o âmbito científico no que se refere à utilização de evidências científicas identificadas pelas revisões bibliográficas, e possui relevância social quando parte do princípio da (des)construção de preceitos sociais machistas, para garantia do direito à qualidade de vida das mulheres.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A construção do “EmpodereEnf” se mostra relevante, uma vez que o protótipo pode ser considerado um instrumento valioso na APS, por atuar na sensibilização do enfermeiro quanto à violência psicológica contra a mulher e otimizar a prevenção e manejo desta e das demais formas de violência que surgem após a violência psicológica. Posteriormente, pretende-se realizar a validação de conteúdo e aparência com expertises na área de violência contra a mulher e computação, bem como a implementação com o público-alvo, garantindo-se maior confiabilidade para sua aplicação na prática do enfermeiro.

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Editado por

EDITOR CHEFE: Dulce Barbosa
EDITOR ASSOCIADO: Álvaro Sousa

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Out 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    28 Jun 2020
  • Aceito
    12 Jul 2022
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