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Anayde Corrêa de Carvalho: vida e contributos para a Escola de Enfermagem da Bahia

RESUMO

Objetivos:

analisar a trajetória de vida de Anayde Corrêa de Carvalho e seus contributos para a enfermagem baiana.

Métodos:

história oral de vida e pesquisa documental, com análise de conteúdo temática.

Resultados:

evidenciaram-se três categorias: Trajetória Pessoal de Anayde Corrêa de Carvalho; A Escola de Enfermagem da Bahia; e Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo e Associação Brasileira de Enfermagem.

Considerações Finais:

este estudo possibilitou analisar a história de vida de uma enfermeira ética e comprometida, que se dedicou à educação e à pesquisa em enfermagem e contribuiu de forma significativa para construção da imagem e desenvolvimento desta profissão na Bahia.

Descritores:
Enfermagem; História da Enfermagem; Biografia; História do Século XX; Pesquisa Qualitativa

ABSTRACT

Objectives:

to analyze the life and career of Anayde Corrêa de Carvalho and her contributions to nursing in Bahia.

Methods:

oral history of her life and documentary research, with thematic content analysis.

Results:

three categories were found: Personal Trajectory of Anayde Corrêa de Carvalho; The School of Nursing of Bahia; and School of Nursing of the University of São Paulo and Brazilian Nursing Association.

Final Considerations:

this study made it possible to analyze the life of an ethical and committed nurse, who dedicated herself to nursing education and research and contributed significantly to the construction of the image and development of nursing as a profession in Bahia.

Descriptors:
Nursing; History of Nursing; Biography; History, 20th Century; Qualitative Research

RESUMEN

Objetivos:

analizar la trayectoria de vida de Anayde Corrêa de Carvalho y sus contribuciones a la enfermería en Bahia.

Métodos:

historia oral de vida e investigación documental, con análisis de contenido temático.

Resultados:

se evidenciaron tres categorías: Trayectoria Personal de Anayde Corrêa de Carvalho; La Escuela de Enfermería de Bahía; y la Escuela de Enfermería de la Universidad de Sao Paulo y la Asociación Brasileña de Enfermería.

Consideraciones Finales:

este estudio permitió analizar la historia de vida de una enfermera ética y comprometida, que se dedicó a la educación e investigación de enfermería y contribuyó significativamente a la construcción de la imagen y el desarrollo de la profesión en Bahía.

Descriptores:
Enfermería; Historia de la Enfermería; Biografía; Historia del Siglo XX; Investigación Cualitativa

INTRODUÇÃO

O presente estudo teve como objeto a trajetória de Anayde Corrêa de Carvalho na enfermagem brasileira e sua participação como docente na gestão da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (EEUFBA), no período de 1949 a 1952. Essa escolha pautou-se na contribuição dessa profissional para o crescimento e fortalecimento da enfermagem brasileira, situando-a num contexto onde se fez necessária a sua participação em lutas e conquistas da profissão, nas décadas de 1950 a 1980, servindo de referência na busca de novas diretrizes consentâneas com as aspirações e exigências da sociedade.

Anayde Corrêa de Carvalho graduou-se como enfermeira em 1949, pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EEUSP). Foi a terceira diretora da EEUFBA e participou do período de implantação e consolidação dessa Escola(11 Oguisso T. Trajetória profissional de Amália e Anayde Corrêa de Carvalho. In: Oguisso T, Freitas GF, González JS. Enfermagem: história, cultura dos cuidados e métodos. Rio de Janeiro: Águia Dourada;2016. 316 p.). Tornou-se uma profissional reconhecida por seus pares, em virtude de sua efetiva atuação como docente, pesquisadora e na Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn).

Em 20 de julho de 2016, Anayde Corrêa de Carvalho comemorou seu centenário de vida com trabalhos significativos em prol da enfermagem. Além disso, as trajetórias de vida ou biografias têm sido utilizadas no ensino de enfermagem, com destaque para a História da Enfermagem, assim como na investigação de avanços sociais e políticos da enfermagem e até mesmo na criação de teorias(22 Padilha MI, Nelson S, Borenstein MS. As biografias como um dos caminhos na construção da identidade do profissional da enfermagem. Hist Cienc Saúde-Manguinhos. 2011;18(Suppl 1):241-252. doi: 10.1590/S0104-59702011000500013
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), identificando a coletividade em determinado momento histórico(33 Bloch ML. Apologia da história ou o ofício de historiador. Rio de Janeiro: Zahar; 2001. 159 p.).

Ao se destacar a trajetória acadêmica de Anayde Corrêa de Carvalho, explicita-se a relevância de sua liderança e contributos para a implementação da EEUFBA e no desenvolvimento do hospital universitário, fato este pouco conhecido na história da enfermagem baiana e nacional. Evidencia-se ainda sua contribuição e seu engajamento político no desenvolvimento da Enfermagem.

Ademais, este estudo se justifica por sua contribuição para o acervo do Núcleo de Memória da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (NUMEE), no âmbito das investigações da história institucional.

OBJETIVOS

Analisar a trajetória de vida de Anayde Corrêa de Carvalho e seus contributos para a enfermagem baiana.

MÉTODOS

Aspectos Éticos

Esta pesquisa está vinculada ao projeto de pesquisa Militância Política de Enfermeiras no Estado da Bahia, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da EEUFBA em 27 de maio de 2014.

A fim de possibilitar o processo de escolha sobre a identificação da participante, foram especificados os critérios de uso na entrevista por meio do Termo de Transferência de Direitos Autorais. Tais termos deixam evidentes as possibilidades e os limites para utilização posterior(44 Meihy JC, Holanda F. História oral: como fazer, como pensar. 2ª ed. 3ª reimpressão. São Paulo: Contexto; 2014. 175 p.). Além disso, a negociação entre a pesquisadora e a colaboradora foi estabelecida por meio de assinatura, em duas vias, do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), conforme preconiza a Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

A entrevista, após transcrição e transcriação, foi enviada à colaboradora por correio, para que realizasse o ato de conferência e validação e, posteriormente, o reconhecimento de firma do Termo de Transferência de Direitos Autorais em cartório, de modo a fornecer respaldo legal para uso e análise do material coletado.

Tipo de Estudo

Trata-se de um estudo descritivo, do campo da história, com domínio na História da Enfermagem, tendo como abordagem o método da história oral de vida e a pesquisa documental. A História da Enfermagem é indispensável para o entendimento da profissão, por meio da compreensão de contextos e seus significados dentro da cultura da profissão. Nesse sentido, faz-se necessário o entendimento dos contextos socioeconômico, cultural e político que influenciaram a história do cuidado no sentido de propiciar a libertação da enfermagem de heranças passadas e compreender o presente, buscando construções para o futuro baseadas nessas análises(55 Padilha MICS, Borenstein MS. História da Enfermagem: ensino, pesquisa e interdisciplinaridade. Esc Anna Nery. 2006; 10(3):532-8. doi: 10.1590/S1414-81452006000300024
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).

Procedimentos metodológicos

Cenário do estudo

Um dos critérios adotados para a escolha da EEUFBA como cenário da pesquisa foi sua grande representatividade na Bahia e no Brasil. Criada por meio do Decreto-Lei 8.779, de 22 de janeiro de 1946, foi a primeira Instituição de Ensino Superior a introduzir a Enfermagem moderna no Estado, à época denominada Escola de Enfermagem e Serviços Sociais(66 Fernandes JD (coord.). Memorial Escola de Enfermagem: 1946-1996. Salvador: Universidade Federal da Bahia; 2001. 410 p.).

Além disso, a EEUFBA também foi marcada pelo engajamento político de suas diretoras. Esse movimento perpassa pela dimensão da história oral de vida de suas dirigentes, em um período que envolveu diversas transformações políticas, ideológicas e econômicas no cenário mundial. A atuação de suas diretoras e docentes trouxe grande contribuição ao desenvolvimento da enfermagem baiana e brasileira, por permitir a estruturação de um currículo inovador para uma universidade do Nordeste brasileiro que, desde sua implantação, tornou-se referência para outras instituições de ensino de enfermagem no país(66 Fernandes JD (coord.). Memorial Escola de Enfermagem: 1946-1996. Salvador: Universidade Federal da Bahia; 2001. 410 p.).

Coleta e organização dos dados

Para reconstruir a trajetória de vida de Anayde Corrêa de Carvalho, foram utilizadas a entrevista e a análise documental. A entrevista foi realizada em janeiro de 2015, na residência da biografada, em Ribeirão Preto (SP). Como técnica de coleta, adotou-se a aplicação de um roteiro de entrevista, tendo sido a versão final analisada e autorizada pela entrevistada, com doação ao NUMEE em 2016.

Como fontes documentais, foram utilizados documentos textuais e iconográficos do acervo da colaboradora, bem como outra entrevista realizada em 1994, e documentos para fins de reconstituição da história da EEUFBA pertencentes ao acervo do NUMEE (diário da estudante de enfermagem Maria Julieta Calmon Villas-Boas, relatórios, jornais, imagens), além de literatura sobre o contexto do país e da enfermagem à época. Os depoimentos foram identificados pela sigla “Dep” seguida do ano correspondente à entrevista.

Os dados foram organizados pela técnica de Análise de Conteúdo Temática. Definiram-se, a priori, eixos temáticos direcionadores da análise, de acordo com os objetivos do estudo(77 Franco ML. Análise de conteúdo. 4ª ed. Brasília: Liber Livro;2012.). De tais eixos emergiram as seguintes categorias: 1- Trajetória Pessoal de Anayde Corrêa de Carvalho; 2 - A Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia e 3 - Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo e Associação Brasileira de Enfermagem.

Análise dos dados

Para o desenvolvimento desse desenho metodológico qualitativo projetou-se a triangulação de dados, por meio da análise da narrativa da colaboradora – história oral de vida e análise documental. A partir do material coletado, os dados foram trabalhados segundo a técnica de Análise de Conteúdo Temática, que possui como ponto de partida “a mensagem seja ela verbal (oral ou escrita), gestual, silenciosa, figurativa, documental ou diretamente provocada”(77 Franco ML. Análise de conteúdo. 4ª ed. Brasília: Liber Livro;2012.). Dessa forma, o objeto do estudo esteve centrado no relato, e não no sujeito ou na realidade por ele vivenciada.

As narrativas foram categorizadas por Unidades de Contexto temáticas, de acordo com três fases ou “polos cronológicos” que compõem a técnica de Análise de Conteúdo: pré-análise, a qual consiste na leitura flutuante e composição do corpus, escolha de documentos, formulação de hipóteses, referenciação dos índices e elaboração de indicadores; definição das categorias de análise; e tratamento e interpretação dos resultados(77 Franco ML. Análise de conteúdo. 4ª ed. Brasília: Liber Livro;2012.).

As categorias de análise foram aglutinadas e seus significados aproximados. Além disso, elaborou-se um quadro descritivo, que permitiu a construção dos traços biográficos, em ordem cronológica de acontecimentos da história de vida da entrevistada, alinhados com os respectivos eixos temáticos, estabelecendo-se uma matriz para a análise dos resultados.

RESULTADOS

Trajetória Pessoal de Anayde Corrêa de Carvalho

Anayde Corrêa de Carvalho nasceu em Ribeirão Preto-São Paulo, em uma fazenda da família, no dia 20 de julho de 1916. O pai, Pedro Corrêa de Carvalho, descendente de portugueses, produtor de café e algodão, casou-se com Elza Morandini de Carvalho, descendente de alemães e ítalo-austríacos, e tiveram sete filhos(11 Oguisso T. Trajetória profissional de Amália e Anayde Corrêa de Carvalho. In: Oguisso T, Freitas GF, González JS. Enfermagem: história, cultura dos cuidados e métodos. Rio de Janeiro: Águia Dourada;2016. 316 p.,88 Oguisso T, Campos PF, Santiago ES, Luchesi LB. Anayde Corrêa de Carvalho: legado histórico para a enfermagem brasileira. Cult Cuidados. 2013;17(37):30-41. doi: 10.7184/cuid.2013.37.04
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).

Anayde e suas irmãs estudaram no Colégio Santa Úrsula, mantido pela Congregação Francesa das Ursulinas e responsável pela educação das filhas da elite cafeeira(11 Oguisso T. Trajetória profissional de Amália e Anayde Corrêa de Carvalho. In: Oguisso T, Freitas GF, González JS. Enfermagem: história, cultura dos cuidados e métodos. Rio de Janeiro: Águia Dourada;2016. 316 p.,99 Furtado AC. História de uma instituição escolar católica: o colégio Nossa Senhora Auxiliadora de Ribeirão Preto no cenário do interior paulista (1918-1944). Cad Hist Educ [Internet]. 2015[cited 2020 Mar 13];14(2):483-503. Available from: http://www.seer.ufu.br/index.php/che/article/view/32550/17823
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). Estudou também no Colégio Metodista, fundado por missionárias norte-americanas e que funcionava em regime de coeducação - educação conjunta, destinada a homens e mulheres, que rompia com os conceitos adotados pelos colégios da época(99 Furtado AC. História de uma instituição escolar católica: o colégio Nossa Senhora Auxiliadora de Ribeirão Preto no cenário do interior paulista (1918-1944). Cad Hist Educ [Internet]. 2015[cited 2020 Mar 13];14(2):483-503. Available from: http://www.seer.ufu.br/index.php/che/article/view/32550/17823
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). Neste colégio, aprendera inglês e, em outra instituição, estudou a língua alemã.

Após concluir o curso normal, Anayde Corrêa de Carvalho lecionou como professora primária no Colégio Santa Úrsula(11 Oguisso T. Trajetória profissional de Amália e Anayde Corrêa de Carvalho. In: Oguisso T, Freitas GF, González JS. Enfermagem: história, cultura dos cuidados e métodos. Rio de Janeiro: Águia Dourada;2016. 316 p.,88 Oguisso T, Campos PF, Santiago ES, Luchesi LB. Anayde Corrêa de Carvalho: legado histórico para a enfermagem brasileira. Cult Cuidados. 2013;17(37):30-41. doi: 10.7184/cuid.2013.37.04
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), profissão esta que garantia a inserção de mulheres no mercado de trabalho, para além das atividades domésticas e do cuidado dos filhos.

A escolha da carreira de enfermagem teve influência do pai e da irmã Amália Corrêa de Carvalho, aluna da primeira turma da EEUSP(11 Oguisso T. Trajetória profissional de Amália e Anayde Corrêa de Carvalho. In: Oguisso T, Freitas GF, González JS. Enfermagem: história, cultura dos cuidados e métodos. Rio de Janeiro: Águia Dourada;2016. 316 p.):

Tínhamos estímulo para avançarmos na vida e não ficarmos paradas. Era tanto estímulo que nós tínhamos aulas de inglês e francês particular [...] o meu pai queria que nós todas estudássemos. [...]. [...] O estudo era em primeiro lugar. Porque o meu pai dizia que casamento era bom para o homem e para a mulher não prestava. [...]. [...] Fica em casa, estuda, trabalha, vai ensinar. (Dep. 2015)

Durante sua passagem como discente da EEUSP, a disciplina e os valores morais demonstrados podem ter influenciado a então diretora, Edith de Magalhães Fraenkel, a mais tarde indicá-la ao cargo de professora na instituição. Anayde Corrêa de Carvalho terminou o curso de enfermagem em fevereiro de 1949, mas a colação de grau só pôde ser realizada em outubro do mesmo ano(11 Oguisso T. Trajetória profissional de Amália e Anayde Corrêa de Carvalho. In: Oguisso T, Freitas GF, González JS. Enfermagem: história, cultura dos cuidados e métodos. Rio de Janeiro: Águia Dourada;2016. 316 p.), pois algumas colegas precisavam cumprir o tempo de formação para colar grau(1010 Carvalho AC. Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo: resumo histórico, 1942-1980. Rev Esc Enferm USP. 1980;14(Suppl1):1-271. doi: 10.1590/0080-62341980014esp00001
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).

Durante sete meses, devido à ausência de verbas para a contratação de docentes na EEUSP, Anayde Corrêa de Carvalho foi encaminhada à Chefe de Enfermagem do Hospital das Clínicas de São Paulo, Clarice Della Torre Ferrarini, para assumir atividades no hospital. Trabalhou no berçário e, depois, como enfermeira-chefe na 2ª Clínica Cirúrgica do Hospital(1010 Carvalho AC. Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo: resumo histórico, 1942-1980. Rev Esc Enferm USP. 1980;14(Suppl1):1-271. doi: 10.1590/0080-62341980014esp00001
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).

Em outubro de 1949, foi convencida por Edith de Magalhães Fraenkel a ir para Salvador, Bahia, juntamente com Jandira Alves Coelho e Wanda Alves Batista, em consideração ao pedido do reitor da UFBA, Dr. Edgard Santos. A EEUFBA vivia um período de transição após a saída da diretora Haydée Guanais Dourado. O confronto de ideias e propósitos entre a diretora e o reitor para a implantação do currículo de enfermagem levou Haydée Guanais Dourado ao afastamento do cargo e, com isso, o grupo de professoras que compuseram o quadro inicial docente da EEUFBA solicitou retorno às suas instituições de origem(1111 Oliveira NL, Ribeiro JC, Costa HOG, Melo CMM, Silva GTR. 100 anos de Haydée Guanais Dourado: contributos para a enfermagem brasileira. Rev Baiana Enferm. 2016;30(2):1-12. doi: 10.18471/rbe.30i2.15041
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).

Anayde Corrêa de Carvalho permaneceu na EEUFBA até que uma ex-aluna da instituição pudesse assumir a direção, retornando a São Paulo em fevereiro de 1952. Em setembro do mesmo ano foi para os Estados Unidos da América (EUA) com bolsa de estudos da Fundação Kellogg para cursar o bacharelado em Ciências da Educação de Enfermagem, no Teachers College, da Universidade de Columbia, em Nova York. Finalizou este curso em junho de 1954, quando retornou à EEUSP como docente. Em suas palavras, ela valorizava a disciplina e o respeito no processo de formação:

[...] professor-aluno, era mais disciplinado que hoje. Havia mais respeito com o professor, que era uma pessoa um pouquinho superior aos alunos. A gente acatava com mais boa vontade o que o professor dizia. Não havia problema muito grande de disciplina. Uma ou outra aluna [era] mais rebelde [...]. [...] A gente considerava que ele sabia mais. Tinha de considerar. (Dep. 1994, NUMEE)

A Escola de Enfermagem da Bahia

Fazendo uma autoavaliação retrospectiva, Anayde Corrêa de Carvalho considerava uma temeridade enviar recém-formadas para dirigir uma Escola inteira, mas reconhece a demonstração de confiança da diretora para com as enfermeiras que havia formado. Julgava-se inexperiente para enfrentar o desafio de dirigir uma escola e, ao receber a notícia de que iria para Salvador, reagiu:

Eu falei assim: mas Dona Edith, eu acabei de me formar! Eu não tenho muita experiência [...]. Não tem importância não! A senhora tem vontade. Então vai! A Dona Edith era uma pessoa extraordinária nesse ponto de vista. Porque ela não forçava, mas tinha tanta boa vontade, tanta delicadeza com a gente, que acabávamos fazendo o que ela desejava, mesmo que não concordássemos [...] eu achava é que eu não estava preparada para ser diretora de uma escola, uma vez que eu era recém-formada também. (Dep. 2015)

Apesar do medo do desconhecido, adotou uma postura de respeito à sua superior. Depreende-se da entrevista que a educação rígida recebida da mãe, de descendência alemã, contribuiu para determinar seu posicionamento na sociedade, reverberando em seu modo de agir e na construção de sua identidade pessoal e profissional.

Além da Escola, atuaria também no Hospital das Clínicas, inaugurado em novembro de 1948. Durante o processo de construção do hospital, era também erguida a Escola de Enfermagem. Edgar Santos almejava um hospital moderno, para atender às demandas acadêmicas dos cursos de Medicina e Enfermagem da Universidade.

O reitor reconhecia a “necessidade da criação de uma escola modelar, que desse sentido novo atraente à profissão de Enfermagem e que se impusesse perante a comunidade pelo preparo técnico e padrões éticos dos corpos docente e discente”(1212 Santos RF. Vidas paralelas. 2ª ed. Salvador: EDUFBA; 2008. 148 p.). Para isso, era importante manter o convênio com a EEUSP e promover a articulação de bolsas com as fundações Rockfeller e Kellogg, a fim de incentivar os estudos das futuras professoras da Escola de Enfermagem da Bahia.

Em 20 de outubro de 1949, Jandira Alves Coelho e Anayde Corrêa de Carvalho chegaram à Bahia acompanhadas de quatro enfermeiras-professoras (Wanda Alves Batista, Maria Virgínia Chagas Gonçalves, Odete Barros de Andrade e Alvina Arruda Cruz – designada para chefiar a enfermagem do Hospital das Clínicas) e de outra professora, Corina Berlinck, que assumiria a Maternidade Climério de Oliveira(66 Fernandes JD (coord.). Memorial Escola de Enfermagem: 1946-1996. Salvador: Universidade Federal da Bahia; 2001. 410 p.,1010 Carvalho AC. Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo: resumo histórico, 1942-1980. Rev Esc Enferm USP. 1980;14(Suppl1):1-271. doi: 10.1590/0080-62341980014esp00001
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). No primeiro momento residiram no Hospital das Clínicas, até 30 de outubro de 1950, quando foram transferidas para o prédio recém-construído da Escola. Foram recebidas pelo Reitor Edgard Santos, pelo diretor da Escola de Medicina, José Olímpio, e pela diretora Haydée Guanais Dourado.

Inicialmente, a saída de Haydée Guanais provocou um sentimento de hostilidade por parte das discentes em relação ao novo grupo de paulistas que assumira a EEUFBA:

Ao chegarmos fomos muito bem recebidas pelo reitor, claro! Ele foi quem nos procurou [...] nos atendeu [...] e nos recebeu muito bem! Mas, a cara feia das outras era [...] nossa! Tivemos que enfrentar! Uma delas me mostrou a história de uma sessão que tinha havido na assembleia da Universidade, a qual reclamava do reitor, visto que ele não podia fazer isto, dizendo que a Bahia, que teve uma pessoa tão importante como fulana de tal, agora precisar de paulista para vir dirigir a Escola de Enfermagem! (Dep. 2015)

No entanto, Anayde Corrêa de Carvalho manteve-se firme à missão delegada por Edith de Magalhães Fraenkel:

[...] eu praticamente não sentia muito essa coisa! Elas diziam que existiam! As alunas, por exemplo - uma diretora paulista e, por que não, baiana? Mas eu estava pouco ligando com isso. A diretora era a diretora, pronto e acabou! [...]. [...]. Eu achava assim: nós somos todos brasileiros e ponto final! (Dep. 2015)

Notou maior resistência das alunas da segunda turma, visto que a primeira permaneceu por um ano na EEUSP para concluir os estágios que não dispunham de professores e campos de prática na EEUFBA. Tal necessidade foi percebida por Jandira Alves Coelho logo que assumiu a direção da EEUFBA, encaminhando as discentes para complementação do curso em São Paulo(66 Fernandes JD (coord.). Memorial Escola de Enfermagem: 1946-1996. Salvador: Universidade Federal da Bahia; 2001. 410 p.). A segunda turma permaneceu apenas 10 meses. Segundo Anayde, o trabalho docente e de direção na Bahia era intenso:

Mas nós praticamente éramos pau para toda obra. Se precisássemos ensinar, ensinávamos aquilo que era preciso! Porque como a escola estava começando, não havia muitas disciplinas. Apenas as primeiras disciplinas. Nós fazíamos o que fosse preciso. Porque éramos poucas mesmo! Depois o Hospital das Clínicas de São Paulo mandou algumas professoras. (Dep. 2015)

Em outra entrevista, ela reafirma sua preocupação por ser recém-formada, mas reconhece que, aos poucos, foi gostando e entusiasmando-se com a tarefa, pois além de ocupar a vice-direção, e posteriormente, a direção, ministrava aulas, o que considerava muito gratificante. A diretora e a vice-diretora encontraram a EEUFBA organizada, com padrões comparados à EEUSP, sendo este um aspecto que facilitou o andamento do projeto:

Nós achamos a Escola da Bahia muito bem organizada. Tudo muito bem planejado. A Escola estava em andamento fácil de seguir. O currículo muito bom e considerada uma das melhores escolas do país, já naquele período. O pessoal já estava fazendo [o curso] em quatro anos. (Dep. 1994, NUMEE)

O diário de Maria Julieta Calmon Villas-Boas, aluna da primeira turma da EEUFBA, reitera o depoimento de Anayde Corrêa de Carvalho e demonstra que a nova diretoria foi, gradativamente, se tornando parte da realidade estudantil:

Hoje nossa Escola é uma realidade. Tivemos lutas, muito trabalho, mas o que conseguimos em harmonia e compreensão entre nós, assim como o desenvolvimento intelectual e científico, foi maravilhoso. (Diário Villas-Boas MJ, NUMEE)

O vínculo formado com a família Calmon Villas-Boas foi fundamental no relacionamento com as outras alunas e no apoio à sua gestão. Oriundas de uma família em que diversos membros atuaram na vida política, econômica e literária brasileira, Maria Julieta Calmon e Thereza Calmon compreendiam o momento difícil vivido pela escola e a relevância de suas contribuições para manter o entusiasmo das alunas e prepará-las como líderes, a fim de iniciar o trabalho da enfermeira na Bahia.

Em novembro de 1950, as alunas da primeira turma retornaram à Bahia para a formatura, realizada em 9 de dezembro do mesmo ano. Na data da formatura houve a inauguração do novo prédio da EEUFBA e o encerramento do IV Congresso Nacional de Enfermagem (CNE), marcado pela participação estrangeira, com destaque para as representantes do Conselho Internacional de Enfermeiras (CIE)(1313 Mancia JR, Padilha MICS, Ramos FRS, Cordova FP, Amaral NV. Congresso Brasileiro de Enfermagem: sessenta anos de história. Rev Bras Enferm. 2009;62(3):471-9. doi: 10.1590/S0034-71672009000300023
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), e pela criação da Comissão Executiva do Congresso(1414 Carvalho AC. Associação Brasileira de Enfermagem 1926-1976: documentário. 2ª ed. Brasília: ABEn; 2008. 574 p.). Daisy Caroline Bridges, membro executiva do CIE, esteve no congresso e participou das discussões com a diretoria da ABED sobre o planejamento do X Congresso Internacional a ser realizado no Brasil em 1953. Em 1951, representantes da Associação Brasileira de Enfermeiras Diplomadas participaram da reunião do Grande Conselho, em Bruxelas, com indicação para que este evento acontecesse em julho, em virtude do clima, sendo o primeiro no Hemisfério Sul(1414 Carvalho AC. Associação Brasileira de Enfermagem 1926-1976: documentário. 2ª ed. Brasília: ABEn; 2008. 574 p.-1515 Bridges DC. A history of the International Council of Nurses 1899-1964: the first sixty-five years. England: Pitman Medical Publishing; 1967.).

A experiência adquirida por Anayde Corrêa de Carvalho no I Congresso Nacional de Enfermagem, em 1947, na condição de discente da EEUSP, facilitou a recepção das congressistas e a organização do evento em parceria com a ABEn Nacional e a ABEn-BA:

A Presidente executiva era a D. Maria Rosa. O nosso trabalho foi muito grande para assumir a Escola para poder receber o pessoal do Congresso. Grande parte das congressistas ficou hospedada na Escola. Preparar o ambiente, fazer todo aquele trabalho serviçal. Neste 4º Congresso, além das tarefas domésticas, eu contribuí muito na parte cultural. (Dep. 1994, NUMEE)

A Maria Rosa [Souza Pinheiro] era diretora [...]. A Maria Rosa foi para lá e nos ajudou muito na organização do Congresso. (Dep. 2015)

Em junho de 1951, Anayde Corrêa de Carvalho enfrentaria um novo desafio com o afastamento da Professora Jandira Alves Coelho, ao assumir por oito meses a direção da EEUFBA - tempo suficiente para definição e concretização de objetivos por ela traçados em sua gestão: “[...] melhorar as condições de ensino; incentivar as supervisoras ao estudo; proporcionar às alunas o seu progresso intelectual; conseguir campos de treinamento para as alunas”(66 Fernandes JD (coord.). Memorial Escola de Enfermagem: 1946-1996. Salvador: Universidade Federal da Bahia; 2001. 410 p.).

Além disso, destaca-se a organização de reuniões semanais no Hospital das Clínicas, para realização de estudos clínicos e debate sobre temas pertinentes a ambas as instituições (Escola e Hospital). Anayde Corrêa de Carvalho valorizava a qualificação do corpo docente e empenhou-se para promover a participação das professoras em Congressos, assim como para capacitar auxiliares de enfermagem, chegando a pensar na criação de um curso específico com a finalidade de melhorar o nível das categorias auxiliares no hospital(66 Fernandes JD (coord.). Memorial Escola de Enfermagem: 1946-1996. Salvador: Universidade Federal da Bahia; 2001. 410 p.). Tal projeto, consoante com a Lei 775/49, que trouxe amparo legal sobre os requisitos mínimos para o ensino de Enfermagem a nível de 1º grau(1414 Carvalho AC. Associação Brasileira de Enfermagem 1926-1976: documentário. 2ª ed. Brasília: ABEn; 2008. 574 p.), foi elaborado e enviado ao Reitor. Paralelamente, a chefia de enfermagem do Hospital promoveu um treinamento em serviço destinado a atendentes, a fim de melhorar a qualidade do atendimento prestado(66 Fernandes JD (coord.). Memorial Escola de Enfermagem: 1946-1996. Salvador: Universidade Federal da Bahia; 2001. 410 p.).

Durante sua gestão como diretora, a Escola de Enfermagem passou a ter assento no Conselho Universitário, sendo incorporada à Universidade da Bahia, conforme previsto no art. 3º do primeiro Estatuto da Universidade (Decreto 22.637/47). Esta era uma posição defendida também pela direção anterior, que buscava maior autonomia para a instituição.

Anayde Corrêa de Carvalho deu continuidade à proposta do “currículo vivo”, implementado por Haydée Guanais Dourado, cujos objetivos eram o reconhecimento e o fortalecimento da enfermeira na Bahia. Para a ex-diretora, a excelência do ensino da enfermagem na EEUFBA perpassava pela necessidade de coordenar o currículo em tempo integral do discente ao docente(1111 Oliveira NL, Ribeiro JC, Costa HOG, Melo CMM, Silva GTR. 100 anos de Haydée Guanais Dourado: contributos para a enfermagem brasileira. Rev Baiana Enferm. 2016;30(2):1-12. doi: 10.18471/rbe.30i2.15041
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):

D. Edith chegou e nos chamou comunicando [as alunas da 1º turma] que iríamos logo [para a EEUSP], pois a Escola [EEUFBA] precisava de nós, já formadas para preparar os serviços para as outras classes. (Diário Villas Boas MJ, NUMEE)

No entanto, discordava do modelo de integração docente-assistencial proposto pelo reitor e pela ex-direção da Escola. Acreditava que os dois métodos funcionariam melhor de forma desarticulada, em espaços de construção diferentes, a fim de poder dedicar-se a um ou a outro por inteiro, sem prejudicá-los:

Disso eu não gostei. Eu acho que a integração não depende da docente ser enfermeira- chefe. Pode haver com cada um no seu lugar. [...] Se a gente for misturar, a parte docente sempre sai prejudicada. No meu caso, era prejudicada porque eu rodava o Hospital, depois quando ia fazer a supervisão das alunas, o tempo já tinha passado. Então as alunas foram prejudicadas. Mas a gente tinha que fazer também, logo no princípio. Não foi tudo péssimo, porque a gente rodava e, num instante, via todo mundo. O Hospital estava começando e tinha poucos pacientes. (Dep. 1994, NUMEE)

Com o prazo cumprido, em fevereiro de 1952, Anayde Corrêa de Carvalho solicitou seu retorno a São Paulo, passando a direção da EEUFBA para a Professora Nilza Marques Maurício Garcia, sua vice-diretora.

Figura 1
Anayde Corrêa de Carvalho na Escola de Enfermagem, em companhia do então Ministro da Educação e Saúde, Ernesto Simões Filho, e do Reitor Prof. Edgar Santos, Salvador, Bahia, Brasil,1951

Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo e Associação Brasileira de Enfermagem

Após deixar a EEUFBA, Anayde Corrêa de Carvalho retornou à EEUSP e assumiu a disciplina Fundamentos de Enfermagem. A época coincidia com o período de descoberta do modo de transmissão e tratamento da poliomielite, o que abria possibilidades para elaboração e registro de duas vacinas capazes de prevenir a contaminação pelo vírus(1010 Carvalho AC. Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo: resumo histórico, 1942-1980. Rev Esc Enferm USP. 1980;14(Suppl1):1-271. doi: 10.1590/0080-62341980014esp00001
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). Mais uma vez, atendeu à solicitação de Edith de Magalhães Fraenkel para trabalhar na campanha e nela atuou até o fim da epidemia.

Em setembro do mesmo ano foi aos Estados Unidos da América (EUA) e retornou ao Brasil em 1954, quando assumiu as disciplinas de Administração Aplicada à Enfermagem e Enfermagem Médica. Atuou também nos cursos de graduação e pós-graduação, de 1954 a 1962, como coordenadora das disciplinas ligadas à Administração Aplicada à Enfermagem.

Em 1969, foi designada representante da EEUSP no Trabalho sobre a Reforma da USP. De 1970 a 1977, foi escalada para a seção de alunos e assessorou a Diretora Maria Rosa Sousa Pinheiro em matérias de currículo.

Durante sua longa trajetória na ABEn, atuou como membro de várias diretorias e nos cargos de Coordenação da Comissão de Documentação e Estudos, da Comissão de Reforma dos Estatutos da ABEn, de Editora da Revista Brasileira de Enfermagem e Presidente da ABEn-Seção São Paulo.

Sobre o período de 1956 a 1958, ao eleger-se presidente da ABEn – Seção São Paulo, Anayde Corrêa de Carvalho destaca:

[...] de 56 a 58 fui Presidente da ABEn de São Paulo e procurei defender a classe, sindicato, discussão de projetos de lei para tentativa de melhora das relações entre enfermeiras, práticos e auxiliares. Essas reuniões eram realizadas na USP, tendo Maria Rosa como coordenadora. (Dep. 1994, NUMEE)

De 1959 a 1964, após ser eleita Coordenadora da Comissão de Reforma do Estatuto e Regimento Interno da ABEn Nacional, teve como tarefa principal promover a assembleia geral e realizar modificações no estatuto. Concomitantemente, entre 1965 a 1968, atuou como editora da Revista Brasileira de Enfermagem (REBEn):

[...] trabalhei como Editora da Revista Brasileira de Enfermagem, com muita satisfação, mas resultou numa grande frustração. Com o excesso de trabalho na Graduação e na Pós-Graduação, a revisão dos artigos da Revista passou para segundo plano, dando motivos a queixas das associadas, mais que justificadas. (Dep. 1994, NUMEE)

Aposentou-se em 1976, após finalizar o documentário da ABEn, mas continuou atuando, tornando-se, inclusive, a primeira coordenadora do Centro de Estudos e Pesquisa em Enfermagem (CEPEn), cujos objetivos eram incentivar o desenvolvimento e divulgação da pesquisa em enfermagem e preservar os documentos históricos da profissão, tornando-se um grande centro de representação político-científica e histórica. Foi um trabalho pioneiro, idealizado por Haydée Guanais Dourado e aprovado, em 1971, na Assembleia de Delegados do XXIII Congresso Brasileiro de Enfermagem(1616 Leite JL, Paim L. A trajetória do Centro de Estudos e Pesquisas em Enfermagem: Jornal da Associação Brasileira de Enfermagem [Internet]. 2006 [cited 2016 May 3];48(2):18-20. Available from: http://www.abennacional.org.br/home/download/atrajetoriadocentro_de_estudos_e_pesquisas_em_enfermagem.pdf
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). Em 1986, Anayde Corrêa de Carvalho desligou-se da ABEn, deixando um grande legado para esta entidade e para a Enfermagem.

DISCUSSÃO

A formação familiar e o ensino de base de Anayde Corrêa de Carvalho colaboraram para sua formação e atuação profissional, visto que o pensamento de valorizar a educação feminina se contrapunha aos ideais femininos determinados pela sociedade da época.

No início do século XX, a conjuntura do município de Ribeirão Preto era moldada pela supremacia cafeeira. Dessa forma, foram criados na região estabelecimentos de ensino públicos e privados, bem como entidades, associações e congregações religiosas, que marcaram significativamente a educação de mulheres(99 Furtado AC. História de uma instituição escolar católica: o colégio Nossa Senhora Auxiliadora de Ribeirão Preto no cenário do interior paulista (1918-1944). Cad Hist Educ [Internet]. 2015[cited 2020 Mar 13];14(2):483-503. Available from: http://www.seer.ufu.br/index.php/che/article/view/32550/17823
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). Muitas mulheres, cujos estudos secundários ocorreram em colégios católicos, não seguiram o padrão de esposa e mãe comuns à época, mas buscaram o caminho da profissionalização como professoras, dada a carência, no âmbito do magistério, de qualificação profissional específica(1717 Martins PC. Práticas e representações femininas do Catolicismo à cultura letrada: o modelo civilizatório europeu sobre o Brasil, no início do século XX. Rev Bras Hist Relig ANPUH. 2010;3(8):183-210. doi: 10.4025/rbhranpuh.v3i8.30354
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).

O ensino de línguas estrangeiras fazia parte do currículo dessas escolas destinadas a mulheres ribeirão-pretanas pertencentes às oligarquias da época. Tais instituições eram marcadas pela qualidade no ensino, tinham a disciplina como ponto fundamental e permitiam inovações no currículo da educação feminina(99 Furtado AC. História de uma instituição escolar católica: o colégio Nossa Senhora Auxiliadora de Ribeirão Preto no cenário do interior paulista (1918-1944). Cad Hist Educ [Internet]. 2015[cited 2020 Mar 13];14(2):483-503. Available from: http://www.seer.ufu.br/index.php/che/article/view/32550/17823
http://www.seer.ufu.br/index.php/che/art...
).

O nível de escolaridade de Anayde Corrêa de Carvalho foi um elemento facilitador para seu acesso à profissão na EEUSP, visto que esta escola recebia incentivo financeiro do Estado ao comissionar professoras primárias para cursar Enfermagem. Buscava-se admitir alunas com nível de escolaridade superior, a fim de manter um alto padrão de qualidade e ensino(1818 Campos PF. Memorial de Maria de Lourdes Almeida: história e enfermagem no Brasil pós-1930. Hist Cienc Saude-Manguinhos. 2013;20(2):609-25. doi: 10.1590/s0104-59702013000200014
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-1919 Campos PF, Oguisso T. A Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo e a reconfiguração da identidade profissional da enfermagem Brasileira. Rev Bras Enferm. 2008;61(6):892-8. doi: 10.1590/S0034-71672008000600017
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).

Essa estratégia também foi adotada na EEUFBA, quando Haydée Guanais Dourado solicitou ao então Secretário de Educação e Saúde do Estado, Dr. Anísio Teixeira, que comissionasse suas professoras primárias para compor a segunda turma da EEUFBA. Nesse encontro, ela descobriu a admiração do educador pelo colégio em que estudou, o qual se prontificou a ministrar aulas para as professoras de enfermagem e autorizou a seleção de professoras para o curso de enfermagem. O êxito experimentado por Haydée Guanais Dourado na EEUSP a motivou a reproduzir este modelo na Bahia(1111 Oliveira NL, Ribeiro JC, Costa HOG, Melo CMM, Silva GTR. 100 anos de Haydée Guanais Dourado: contributos para a enfermagem brasileira. Rev Baiana Enferm. 2016;30(2):1-12. doi: 10.18471/rbe.30i2.15041
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,2020 Barreira IA, Baptista SS. Haydée Guanais Dourado: carisma e personalidade a serviço de um ideal. Rev Bras Enferm. 2002;55(3):275-92. doi: 10.1590/S0034-71672002000300007
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).

Ao Anayde Corrêa de Carvalho chegar à Bahia, em 1949, havia apenas 23 escolas de Enfermagem em funcionamento no Brasil, das quais dez estavam concentradas nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo e apenas a EEUFBA na Bahia(2121 Ministério da Saúde (BR). Enfermagem (leis, decretos e portarias). 2ª edição revista e aumentada. Serviço Especial de Saúde Pública. Rio de Janeiro: 1959.). Tratava-se de um número muito pequeno em relação à demanda do país, o que ampliou a responsabilidade da instituição na interiorização da enfermagem no Brasil nesse período.

No primeiro grupo docente que compôs a EEUFBA, seis eram da segunda turma de graduadas da EEUSP (1947): Maria Cleide Teixeira Barroso (a única que permaneceu na Bahia), Maria Perales Aires, Isabel Maria de Mesquita, Jacy de Souza Moraes, Olga Verderese e Celina Jaeger Birnfeld. Essas professoras compuseram “o primeiro grupo de bolsistas do SESP, oriundas de vários estados do Brasil, às quais caberia replicar o aprendizado em seus locais de origem”(1818 Campos PF. Memorial de Maria de Lourdes Almeida: história e enfermagem no Brasil pós-1930. Hist Cienc Saude-Manguinhos. 2013;20(2):609-25. doi: 10.1590/s0104-59702013000200014
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).

Havia grande preocupação com a construção da imagem da enfermeira na Bahia. A EEUFBA foi a primeira Escola Pública de Enfermagem do Norte-Nordeste brasileiro e a formação da sua primeira turma já explicitava aos profissionais médicos e à população a qualidade exigida na profissão emergente(1111 Oliveira NL, Ribeiro JC, Costa HOG, Melo CMM, Silva GTR. 100 anos de Haydée Guanais Dourado: contributos para a enfermagem brasileira. Rev Baiana Enferm. 2016;30(2):1-12. doi: 10.18471/rbe.30i2.15041
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). As primeiras oito alunas da EEUFBA foram entrevistadas e avaliadas quanto a traços de personalidade, nível de conhecimento cultural e intelectual e pertenciam, em sua maioria, a famílias com representação econômica e social no Estado. A primeira turma foi escolhida “a dedo”(2020 Barreira IA, Baptista SS. Haydée Guanais Dourado: carisma e personalidade a serviço de um ideal. Rev Bras Enferm. 2002;55(3):275-92. doi: 10.1590/S0034-71672002000300007
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), pois seria o exemplo do ideal da enfermagem para as turmas seguintes.

A percepção de Anayde Corrêa de Carvalho quanto aos critérios de seleção era diferente. Para ela, o “status”, os contatos com personalidades influentes da sociedade baiana e o prestígio da família não eram importantes, pois almejava alunas que tivessem real interesse em cursar enfermagem. Nesse sentido, ela avaliava a responsabilidade no cuidado do paciente, se a candidata estava apta a se aperfeiçoar técnica e cientificamente e se tinha ou não o “perfil” para a profissão.

O propósito principal era manter a qualidade do curso, conservando o projeto de currículo inovador implantado por Haydée Guanais Dourado e os passos dados por Jandira Alves Coelho, moldando-os de acordo com a sua personalidade.

O relatório de atividades da EEUFBA de 1951 reafirma o comprometimento profissional de Anayde Corrêa de Carvalho no período em que esteve à frente da direção da Escola, ao registrar a impossibilidade de desenvolver os campos de prática em Salvador pela ausência de um Serviço de Enfermagem de Saúde Pública na Secretaria de Saúde do Estado. Houve uma tentativa de preparar o campo com os pacientes que frequentavam o ambulatório do Hospital das Clínicas, mas percebeu-se que isso não seria possível, pois não poderiam desenvolver a prática de Higiene Materna e Infantil e dos exames periódicos de saúde por não se enquadrarem nos moldes do hospital.

Nesse período, fortalecia-se a relação profissional com as professoras neo-diplomadas. A professora Nilza Garcia assumiu a vice-direção da escola em conjunto com Anayde Corrêa de Carvalho até o seu retorno a São Paulo, tornando-se então a quarta diretora da EEUFBA. Segundo Anayde Corrêa de Carvalho, as alunas da primeira turma mostraram-se grandes aliadas para a continuidade do propósito de conferir maior visibilidade e valorização da Escola de Enfermagem da Bahia.

O seu retorno a São Paulo só ocorreu um ano e dois meses após a formatura da primeira turma, o que evidencia seu compromisso com o que fora pactuado entre a Escola de Enfermagem da Bahia e a Escola de Enfermagem da USP. O convênio com a EEUSP chegava ao fim.

No que concerne à ABEn, Anayde Corrêa de Carvalho dedicou-se, durante cinco anos, à construção do documentário de 50 Anos da instituição(11 Oguisso T. Trajetória profissional de Amália e Anayde Corrêa de Carvalho. In: Oguisso T, Freitas GF, González JS. Enfermagem: história, cultura dos cuidados e métodos. Rio de Janeiro: Águia Dourada;2016. 316 p.). As viagens realizadas para coleta de dados e entrevistas foram custeadas por ela, que reconhecia o baixo caixa da ABEn para financiar a pesquisa e se dedicou com afinco a este projeto, a ponto de abdicar do processo seletivo para doutorado oferecido aos docentes da EEUSP em 1971.

O livro “Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), Documentário 1926-1976”, é considerado um legado para a História da Enfermagem Brasileira por diferentes pesquisadores. Trata-se da obra mais completa e fidedigna sobre a ABEn, tanto pelo volume de informações como pelo registro minucioso de meio século da associação. Por sua importância e, após esgotada a primeira edição de 1976, recebeu uma segunda edição atualizada em 2008, contudo, o conteúdo permaneceu o mesmo(88 Oguisso T, Campos PF, Santiago ES, Luchesi LB. Anayde Corrêa de Carvalho: legado histórico para a enfermagem brasileira. Cult Cuidados. 2013;17(37):30-41. doi: 10.7184/cuid.2013.37.04
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,1414 Carvalho AC. Associação Brasileira de Enfermagem 1926-1976: documentário. 2ª ed. Brasília: ABEn; 2008. 574 p.). O livro é considerado um patrimônio, um legado a ser passado para as próximas gerações de enfermeiros que lutam pela Enfermagem e pela memória da ABEn e da profissão(1414 Carvalho AC. Associação Brasileira de Enfermagem 1926-1976: documentário. 2ª ed. Brasília: ABEn; 2008. 574 p.).

Nesse sentido, Anayde Corrêa de Carvalho enfatizou a importância do avanço científico e da arte da Enfermagem, mas fez questão de assinalar que a humanização deve sempre ser o norte que direciona a profissão. Para ela, o paciente precisa ser o centro do cuidado e não apenas um objeto de estudo(88 Oguisso T, Campos PF, Santiago ES, Luchesi LB. Anayde Corrêa de Carvalho: legado histórico para a enfermagem brasileira. Cult Cuidados. 2013;17(37):30-41. doi: 10.7184/cuid.2013.37.04
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).

Reconhecia-se como uma mulher simples, que não se envaidece pelos trabalhos desenvolvidos ou pelas importantes posições ocupadas durante sua trajetória de vida:

[...] a enfermagem é servir aos outros. [...] não é querer status. É querer bem para os outros. (Dep. 1994, NUMEE)

Apesar de sua grande contribuição para a enfermagem brasileira, Anayde Corrêa de Carvalho foi uma pessoa mais de bastidores do que holofotes. Isso fez com que seu nome, por vezes, passasse despercebido na História da Enfermagem Brasileira(88 Oguisso T, Campos PF, Santiago ES, Luchesi LB. Anayde Corrêa de Carvalho: legado histórico para a enfermagem brasileira. Cult Cuidados. 2013;17(37):30-41. doi: 10.7184/cuid.2013.37.04
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).

Figura 2
Anayde Corrêa de Carvalho, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil, 2015

Limitações do Estudo

Tem-se como limitações os poucos estudos realizados no âmbito da EEUFBA e a presença de estudos prévios sobre a biografada. Nesse sentido, buscou-se preencher lacunas e alcançar visões não discutidas anteriormente. Além disso, a metodologia utilizada requereu maior tempo entre a execução da entrevista e as devolutivas realizadas com a entrevistada, o que ampliou o tempo para sua possível publicação.

Contribuições para a área da Enfermagem, Saúde ou Política Pública

Os resultados deste estudo possibilitaram a reflexão sobre a trajetória de mulheres que nasceram na primeira década do século XX e venceram paradigmas imputados às mulheres de seu tempo. A trajetória profissional de Anayde Corrêa de Carvalho, na condição de diretora da Escola de Enfermagem da Bahia, evidenciou importantes desafios: início e consolidação da visibilidade social da enfermeira na Bahia; implementação e consolidação de um currículo inovador na ambiência da Universidade; e, na região Nordeste do Brasil, a conquista de espaços de liderança na Universidade e no Hospital Universitário. Assim, o estudo permitiu compreender a importância de preservar a memória de Enfermeiras e docentes que foram líderes na profissão e contribuíram tanto para a valorização da imagem da enfermeira na Bahia e no Brasil como para o reconhecimento da formação proporcionada pela Escola de Enfermagem da UFBA.

Além disso, o aprofundamento da pesquisa da trajetória de vida permitiu ampliar o conhecimento sobre os desafios vividos e o legado deixado por essas profissionais para manter esta história viva.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A trajetória pessoal e profissional de Anayde Corrêa de Carvalho expressa a importância de uma enfermeira que contribuiu para o reconhecimento e desenvolvimento da Enfermagem. Sempre dedicada aos estudos, foi uma enfermeira séria, comprometida e com postura ética − atributos que a tornaram uma referência para a profissão.

Na condição de diretora da EEUFBA cumpriu os objetivos traçados em sua gestão e designados por Edith de Magalhães Fraenkel ao ser encaminhada à Bahia: manutenção da qualidade do ensino, continuidade do propósito de conferir maior visibilidade e valorização à Escola de Enfermagem da Bahia e preparação dos campos de treinamento para as alunas.

A relevância de seus trabalhos na EEUSP e os cargos por ela assumidos na ABEn, especialmente a elaboração do Documentário da ABEn (1926-1976), permitiram importantes contribuições que marcam a História da Enfermagem Brasileira.

O presente estudo permitiu identificar a lucidez e garra dessa enfermeira, bem como seu imenso esforço na luta por um espaço político-social que alicerça o presente e viabiliza o futuro da enfermagem brasileira. Anayde Corrêa de Carvalho deixou sua missão terrena em fevereiro de 2019, aos 102 anos, mas seu legado permanece em evolução.

AGRADECIMENTO

À professora Dra. Taka Oguisso, por nos viabilizar e proporcionar o encontro com Anayde Corrêa de Carvalho, na residência da biografada, em Ribeirão Preto. Agradecemos a confiança dispensada, as bibliografias indicadas e a oportunidade desse mergulho na história da enfermagem.

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Editado por

EDITOR CHEFE: Dulce Barbosa
EDITOR ASSOCIADO: Antonio José de Almeida Filho

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Mar 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    27 Abr 2020
  • Aceito
    12 Ago 2020
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