Acessibilidade / Reportar erro

Fatores associados à qualidade de vida de pessoas idosas com dor crônica

RESUMO

Objetivo:

Analisar os fatores associados à qualidade de vida (QV) em idosos com dor crônica.

Método:

Estudo transversal realizado com 239 idosos em atendimento ambulatorial no estado de Goiás, Brasil. O World Health Organization Quality of Life – Old (WHOQOL-OLD) contém seis domínios e foi aplicado para avaliar a qualidade de vida. Foram utilizadas regressão linear simples e múltipla na análise estatística.

Resultados:

Os fatores associados ao domínio Funcionamento dos sentidos foram idade (β = − 0,52), tempo de convívio (β = − 14,35; − 17,86; − 15,57) e intensidade da dor (β = − 1,70). Ao domínio Autonomia associaram-se a depressão (β = − 5,99) e a dor no tórax (β = − 6,17). A Participação social relacionou-se à escolaridade (β = − 0,64), diabetes mellitus (β = − 8,15), depressão (β = − 14,53), intensidade da dor (β = − 1,43) e à dor em MMII (β = − 5,94). Às Atividades passadas, presentes e futuras associou-se a depressão (β = − 6,94). O domínio Morte e morrer foi associado à hipertensão (β = − 8,40), enquanto o domínio Intimidade foi relacionado à depressão (β = − 5,99) e dor na cabeça/face (β = − 3,19).

Conclusão:

O tempo de convívio com a dor crônica e a localização dessa experiência, assim como a depressão, diabetes e HAS foram fatores que influenciaram com maior magnitude os domínios de QV dos idosos.

Descritores:
Dor Crônica; Qualidade de Vida; Idoso; Saúde do Idoso; Enfermagem Geriátrica

ABSTRACT

Objective:

To analyze the factors associated with quality of life of the older adults with chronic pain.

Method:

Cross-sectional study conducted with 239 older adults in outpatient care in the state of Goiás, Brazil. The World Health Organization Quality of Life–Old (WHOQOL-OLD) instrument contains six domains and was applied to assess quality of life. Simple and multiple linear regressions were used in the statistical analysis.

Results:

The factors associated with Sensory Abilities were age (β = - 0.52), time spent together (β = - 14.35; - 17.86; - 15.57), and pain intensity (β = - 1, 70). Autonomy was associated with depression (β = - 5.99) and chest pain (β = - 6.17). Social participation related to schooling (β = - 0.64), diabetes mellitus (β = - 8.15), depression (β = - 14.53), pain intensity (β = - 1.43), and lower limb pain (β = - 5.94). Past, present and future activities related to depression (β = - 6.94). Death and dying related to hypertension (β = - 8.40), while Intimacy to depression (β = - 5.99) and headache/face pain (β = - 3.19).

Conclusion:

The time experiencing chronic pain and the location of this experience, as well as depression, diabetes and systemic arterial hypertension were factors that had greater influence on the older adult’s Quality of Life domains.

Descriptors:
Chronic Pain; Quality of Life; Aged; Health Services for the Aged; Geriatric Nursing

RESUMEN

Objetivo:

Analizar los factores asociados a la calidad de vida (CV) de ancianos con dolor crónico.

Método:

Estudio transversal en el cual participaron 239 ancianos en atención ambulatoria en el estado de Goiás, Brasil. Para evaluar la calidad de vida, se aplicó el World Health Organization Quality of Life – Old (WHOQOL-OLD), que presenta seis dominios. Para el análisis estadístico, se utilizó la regresión lineal simple y múltiple.

Resultados:

Los factores asociados con el dominio Funcionamiento sensorial fueron la edad (β = − 0,52), el tiempo de convivencia (β = − 14,35; − 17,86; − 15,57) y la intensidad del dolor (β = − 1,70). El dominio Autonomía se asoció con la depresión (β = − 5,99) y el dolor torácico (β = − 6,17). La Participación social se relacionó con el nivel de estudios (β = − 0,64), diabetes mellitus (β = − 8,15), depresión (β = − 14,53), intensidad del dolor (β = − 1,43) y dolor en miembros inferiores (β = − 5,94). Las actividades pasadas, presentes y futuras se vincularon con la depresión (β = − 6,94). El dominio Muerte y morir se asoció con la hipertensión (β = − 8,40), mientras que el dominio Intimidad se relacionó con la depresión (β = − 5,99) y el dolor de cabeza/en la cara (β = − 3,19).

Conclusión:

El tiempo de convivencia con el dolor crónico y el local de esa experiencia, así como la depresión, diabetes y HAS, fueron los factores que más influyeron en los dominios de CV de los ancianos.

Descriptores:
Dolor Crónico; Calidad de Vida; Anciano; Salud del Anciano; Enfermería Geriátrica

INTRODUÇÃO

O envelhecimento frequentemente vem acompanhado pela dor crônica(11 Pereira LV, Vasconcelos PP, Souza LAF, Pereira GA, Nakatani AYK, Bachion MM. Prevalência, intensidade de dor crônica e autopercepção de saúde entre idosos: estudo de base populacional. Rev Latino-Am Enferm. 2014;22(4):662-9. https://doi.org/10.1590/0104-1169.3591.2465
https://doi.org/10.1590/0104-1169.3591.2...
-22 Ruan X, Wu H, Kaye AD. The global burden of pain and disability. Anesth Analg. 2017;124(1):370-1. https://doi.org/10.1213/ANE.0000000000001711
https://doi.org/10.1213/ANE.000000000000...
), que impõe significativa carga social e econômica(33 Dueñas M, Ojeda B, Salazar A, Mico JA, Failde I. A review of chronic pain impact on patients, their social environment and the health care system. J Pain Res. 2016;9(1):457-67. https://doi.org/10.2147/JPR.S105892
https://doi.org/10.2147/JPR.S105892...
) por causa do aumento nos custos do tratamento(44 Lazkani A, Delespierre T, Bauduceau B, Pasquier F, Bertin P, Berrut G, et al. Healthcare costs associated with elderly chronic pain patients in primary care. Eur J Clin Pharmacol. 2015;71(1):939-47. https://doi.org/10.1007/s00228-015-1871-6
https://doi.org/10.1007/s00228-015-1871-...
) e dos prejuízos na qualidade de vida (QV)(55 Bernfort L, Gerdle B, Rahmqvist M, Husberg M, Levin LA. Severity of chronic pain in an elderly population in Sweden impact on costs and quality of life. Pain. 2015;156(3):521-7. https://doi.org/10.1097/01.j.pain.0000460336.31600.01
https://doi.org/10.1097/01.j.pain.000046...
), elevando a morbimortalidade.

No contexto da dor crônica, a QV é frequentemente prejudicada nos domínios físico e psicológico(66 Niv D, Kreitler S. Pain and quality of life. Pain Pract. 2001;1(2):150-61. https://doi.org/10.1046/j.1533-2500.2001.01016.x
https://doi.org/10.1046/j.1533-2500.2001...
-77 Morete MC, Solano JPC, Boff MS, Filho WJ, Ashmawi HA. Resilience, depression, and quality of life in elderly individuals with chronic pain followed up in an outpatient clinic in the city of São Paulo, Brazil. J Pain Res. 2018;11(1):2561-6. https://doi.org/10.2147/JPR.S166625
https://doi.org/10.2147/JPR.S166625...
), mental, emocional, social, vitalidade e dor(77 Morete MC, Solano JPC, Boff MS, Filho WJ, Ashmawi HA. Resilience, depression, and quality of life in elderly individuals with chronic pain followed up in an outpatient clinic in the city of São Paulo, Brazil. J Pain Res. 2018;11(1):2561-6. https://doi.org/10.2147/JPR.S166625
https://doi.org/10.2147/JPR.S166625...
), apontando aumento de quase duas vezes nas chances de QV ruim em idosos com dor crônica quando comparados com idosos sem dor crônica(88 Wang C, Pu R, Ghose B, Tang S. Chronic musculoskeletal pain, self-reported health and quality of life among older populations in South Africa and Uganda. Int J Environ Res Public Health. 2018;15(12):2806. https://doi.org/10.3390/ijerph15122806
https://doi.org/10.3390/ijerph15122806...
). Isso afeta diretamente a saúde dos idosos com imposição de sofrimento muitas vezes desnecessário.

Alguns fatores gerais associados à QV de idosos com dor crônica têm sido evidenciados, como a intensidade da experiência dolorosa(99 Nasution IK, Lubis NDA, Amelia S, Hocin K. The correlation of pain intensity and quality of life in chronic LBP patients in Adam Malik general hospital. IOP Conf Ser Earth and Environ Sci. 2018;125(1):e012183. https://doi.org/10.1088/1755-1315/125/1/012183
https://doi.org/10.1088/1755-1315/125/1/...
), a depressão(1010 Sivertsen H, Bjorklof GH, Engedal K, Selbaek G, Helvik AS. Depression and quality of life in older persons: a review. Dement Geriatr Cogn Disord. 2015;40(1):311-39. https://doi.org/10.1159/000437299
https://doi.org/10.1159/000437299...
), a idade(88 Wang C, Pu R, Ghose B, Tang S. Chronic musculoskeletal pain, self-reported health and quality of life among older populations in South Africa and Uganda. Int J Environ Res Public Health. 2018;15(12):2806. https://doi.org/10.3390/ijerph15122806
https://doi.org/10.3390/ijerph15122806...
), a incapacidade e o tempo de convívio com a dor(1111 Hong JH, Kim HD, Shin HH, Huh B. Assessment of depression, anxiety, sleep disturbance, and quality of life in patients with chronic low back pain in Korea. Korean J Anesthesiol. 2014;66(6):444-50. https://doi.org/10.4097/kjae.2014.66.6.444
https://doi.org/10.4097/kjae.2014.66.6.4...
). Entretanto, ainda há poucas investigações com foco nos fatores que podem influenciar a percepção de QV de pessoas idosas, considerando os domínios que compõem esse construto. Os resultados podem contribuir para direcionar futuras pesquisas, com delineamentos suficientemente robustos para elaborar evidências científicas de alto nível que permitam confirmar a relação causa-efeito, aumentando a possibilidade de construir um modelo preditivo de QV ruim para a população de pessoas idosas com dor crônica. Conhecer os fatores associados aos domínios também amplia a acurácia do diagnóstico, planejamento e avaliação das estratégias de assistência utilizadas para garantir uma boa QV para esses idosos.

OBJETIVO

Analisar os fatores associados à qualidade de vida em idosos com dor crônica.

MÉTODOS

Aspectos éticos

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás, respeitando os princípios da Resolução do Conselho Nacional de Saúde 466/12.

Desenho, local e período do estudo

Trata-se de estudo do tipo corte transversal, analítico, desenhado conforme recomendações do Strengthening the reporting of observational studies in epidemiology (Strobe)(1212 Malta M, Cardoso LO, Bastos FI, Magnanini MMF, Silva CMFP. Iniciativa STROBE: subsídios para a comunicação de estudos observacionais. Rev Saude Publica. 2010;44(3):559-65. https://doi.org/10.1590/S0034-89102010000300021
https://doi.org/10.1590/S0034-8910201000...
), a partir de recorte de um projeto maior intitulado “Adaptação transcultural, propriedades psicométricas da versão brasileira do Chronic pain coping inventory e avaliação dos fatores relacionados ao tempo de dor crônica em população adulta ambulatorial”. Foi desenvolvido entre os meses de novembro de 2016 e dezembro de 2017, nas salas de espera dos ambulatórios de neurologia, ortopedia, fisiatria e reumatologia de um hospital-escola federal, em uma metrópole da região Centro-Oeste do Brasil.

Amostra e critérios de inclusão e exclusão

Uma subamostra de idosos do projeto maior foi utilizada (n = 239). Realizou-se cálculo amostral para detectar associações entre as variáveis dependentes e independentes. Foram comparadas as médias dos desfechos (escores dos domínios de QV) entre as variáveis independentes, considerando nível de confiança de 95%, poder estatístico de 80% e diferença de média de 5% para quaisquer variáveis independentes investigadas no estudo em todos os domínios da QV utilizando o World Health Organization Quality of Life – Old (WHOQOL-OLD), sendo acrescidos 20% de taxa de recusa sobre a amostra mínima, o que totalizou um amostra necessária de 218 participantes(1313 Charan J, Biswas T. How to calculate sample size for different study designs in medical research? Indian J Psychol Med. 2013;35(2):121-6. https://doi.org/10.4103/0253-7176.116232
https://doi.org/10.4103/0253-7176.116232...
-1414 Dell RB, Holleran S, Ramakrishnan R. Sample size determination. ILAR J. 2002;43(4):207-13. https://doi.org/10.1093/ilar.43.4.207
https://doi.org/10.1093/ilar.43.4.207...
). A amostragem foi realizada por conveniência: os pacientes eram abordados sequencialmente após chegarem ao ambulatório e eram convidados a participar do estudo. Foram incluídos idosos de ambos os sexos, capazes de responder às questões de pesquisa e com dor crônica autorreferida. Foram excluídos idosos que não verbalizavam, que precisavam de auxílio para fornecer as informações ou que alcançaram escore ≤ 13 no Miniexame do Estado Mental (Meem)(1515 Folstein MF, Folstein SE, McHugh PR. "Mini-mental state": a practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician. J Psychiatr Res. 1975;12(3):189-98. https://doi.org/10.1016/0022-3956(75)90026-6
https://doi.org/10.1016/0022-3956(75)900...
). O ponto de corte estabelecido considerou que o prejuízo cognitivo, aliado à ausência de escolaridade, poderia enviesar as medidas propostas no estudo. Para os indivíduos com baixa e média escolaridade (1 a 8 anos de estudo) o ponto de corte foi 18; e para aquele com escolaridade > 8 anos de estudo, 26(1616 Bertolucci PHF, Brucki SMD, Campacci SR, Juliano Y. O mini-exame do estado mental em uma população geral: impacto da escolaridade. Arq Neuropsiquiatr. 1994;52(1):1-7. https://doi.org/10.1590/S0004-282X1994000100001
https://doi.org/10.1590/S0004-282X199400...
).

Protocolo do estudo

Os instrumentos utilizados na pesquisa foram: o questionário de caracterização sociodemográfica, o Meem, o Brief Pain Inventory (BPI) e o WHOQOL-OLD.

As variáveis do estudo foram: desfecho – domínios de QV (Funcionamento dos sentidos, Autonomia, Atividades passadas, presentes e futuras, Participação social, Morte e morrer e Intimidade); exposição – sexo, idade, estado conjugal, anos de estudo, renda, comorbidades autorreferidas com diagnóstico médico confirmado, tempo de convívio, intensidade e localização da dor crônica. A dor crônica foi considerada como aquela existente há seis meses ou mais(1717 Merskey H, Bogduk N, (Eds.). Classification of chronic pain descriptions of chronic pain syndromes and definitions of pain terms. Seattle: IASP Press; 1994.).

Para dimensionar a intensidade da dor foi utilizada a média das respostas dos idosos em quatro itens: BPI 3, BPI 4, BPI 5 e BPI 6, mediante uso de escala numérica de 0 a 10, sendo 0 = sem dor e 10 = pior dor possível(1818 Cleeland CS. The brief pain inventory: user guide. Houston: Anderson Cancer Center; 2009.). Esse instrumento também avalia a interferência da dor na vida diária por meio de uma escala de 0 a 10 (na qual 0 significa “sem interferência” e 10 “interferência total”) que possui duas subdimensões (afetiva e atividade). Fazem parte do instrumento, além disso, um diagrama corporal de locais de dor, uma pergunta aberta sobre o tratamento para a dor e o alívio proporcionado pelo tratamento(1818 Cleeland CS. The brief pain inventory: user guide. Houston: Anderson Cancer Center; 2009.). Neste estudo, o instrumento foi utilizado apenas para medir a intensidade da dor, que foi representada por meio de escala numérica nas categorias leve (1-4), moderada (5-6), forte (7-9) e pior dor possível (10).

O módulo do WHOQOL-OLD é específico para mensurar a QV de idosos, com validade para a população brasileira(1919 Chachamovich E, Trentini CM, Fleck MPA, Schmidt S, Power M. Desenvolvimento do instrumento WHOQOL-OLD. In: Fleck MPA, editor. A avaliação de qualidade de vida: guia para profissionais da saúde. Porte Alegre: Artmed; 2008. p. 102-11.). Possui seis domínios distintos (Funcionamento dos sentidos, Autonomia, Atividades passadas, presentes e futuras, Participação social, Morte e morrer e Intimidade), com 24 itens. As respostas são do tipo Likert e variam de 1 a 5, em que o valor 1 é atribuído a palavras como nunca, muito ruim ou muito insatisfeito e o valor 5 é conferido às palavras extremamente, muito satisfeito e muito boa. O escore por domínio pode variar de 0 a 100 pontos, sendo calculado com base na sintaxe da WHO(1919 Chachamovich E, Trentini CM, Fleck MPA, Schmidt S, Power M. Desenvolvimento do instrumento WHOQOL-OLD. In: Fleck MPA, editor. A avaliação de qualidade de vida: guia para profissionais da saúde. Porte Alegre: Artmed; 2008. p. 102-11.-2020 World Health Organization. The WHOQOL-OLD module: manual. Copenhagen: WHO; 2006.). Escores maiores indicam melhor QV(2020 World Health Organization. The WHOQOL-OLD module: manual. Copenhagen: WHO; 2006.).

Os dados foram obtidos por meio de entrevistas individuais face a face, conduzidas por observadores devidamente treinados. Os indivíduos eram abordados após realizarem o registro na secretaria dos ambulatórios; os que atendiam aos critérios de inclusão eram convidados a participar da pesquisa e, em lugar apropriado, recebiam orientações quanto aos objetivos da investigação. Ao concordarem, assinavam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) em duas vias e, em seguida, os instrumentos de coleta de dados lhes eram aplicados.

Análise dos dados

Os dados foram digitados em dupla entrada no programa Excel®. Para verificar inconsistências, foram sobrepostos os bancos por meio do software Microsoft Excel 2016. Dados não recuperáveis foram registrados no banco como missing. A análise dos dados foi feita no programa Stata, versão 15.0. Inicialmente, foi realizado o teste de Kolmogorov-Smirnov com correção de Lilliefors para verificar a normalidade e as variáveis com p-valor>0,05 foram consideradas com distribuição normal(2121 Ghasemi A, Zahediasl S. Normality tests for statistical analysis: a guide for non-statisticians. Int J Endocrinol Metab. 2012;10(2):486-9. https://doi.org/10.5812/ijem.3505
https://doi.org/10.5812/ijem.3505...
). Em seguida, foi feita a análise descritiva das variáveis sociodemográficas relacionadas à morbidade e à dor, expressas em frequência absoluta (n) e relativa (%), mediana, intervalo interquartil (IIQ) e valores de mínimo e máximo(2222 Spriestersbach A, Rohrig B, Prel JB, Gerhold-Ay A, Blettner M. Descriptive statistics: the specification of statistical measures and their presentation in tables and graphs: part 7 of a series on evaluation of scientific publications. Dtsch Arztebl Int. 2009;106(36):578-83. https://doi.org/10.3238/arztebl.2009.0578
https://doi.org/10.3238/arztebl.2009.057...
). Os domínios do WHOQOL-OLD foram ponderados com base em suas respectivas sintaxes e expressos em valores de média e desvio-padrão (DP).

Análises bivariadas e múltiplas foram utilizadas para averiguar os fatores associados aos domínios da QV. Na análise bivariada realizou-se regressão linear simples para verificar associação entre as variáveis independentes e os domínios (variáveis dependentes). A seguir, variáveis com p-valor ≤ 0,20 na análise bivariada foram incluídas no modelo de regressão linear múltipla para ajuste das variáveis confundidoras(2323 Schneider A, Hommel G, Blettner M. Linear regression analysis: part 14 of a series on evaluation of scientific publications. Dtsch Arztebl Int. 2010;107(44):776-82. https://doi.org/10.3238/arztebl.2010.0776
https://doi.org/10.3238/arztebl.2010.077...
). O método de entrada das variáveis foi feito em etapa única. A magnitude das associações foi apresentada em coeficiente de regressão não ajustado (β) com respectivos IC 95%. Os modelos foram avaliados e validados quanto aos seguintes pressupostos da regressão linear: (i) multicolinearidade pelo fator de inflação de variância (FIV) – considerou-se ausência de multicolinearidade FIV médio < 5,0(2424 Kim JH. Multicollinearity and misleading statistical results. Korean J Anesthesiol. 2019;72(6):558-69. https://doi.org/10.4097/kja.19087
https://doi.org/10.4097/kja.19087...
); normalidade dos resíduos pelo teste K-S, adotando valores de p do teste > 0,05(2121 Ghasemi A, Zahediasl S. Normality tests for statistical analysis: a guide for non-statisticians. Int J Endocrinol Metab. 2012;10(2):486-9. https://doi.org/10.5812/ijem.3505
https://doi.org/10.5812/ijem.3505...
); (iii) homocedasticidade, avaliada pelo teste de Breusch-Pagan/Cook-Weisberg – a homocedasticidade dos modelos foi confirmada quando valor de p > 0,05(2525 Daye ZJ, Chen J, Li H. High-dimensional heteroscedastic regression with an application to eQTL Data Analysis. Biometrics. 2012;68(1):316-26. https://doi.org/10.1111/j.1541-0420.2011.01652.x
https://doi.org/10.1111/j.1541-0420.2011...
); e (iv) linearidade analisada pela visualização gráfica(2626 Kroll MH, Emancipator K. A theoretical evaluation of linearity. Clin Chem [Internet]. 1993 [cited 2020 Sep 9];39(3):405-13. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/8448849/
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/8448849/...
).

Em todas as análises, valores de p < 0,05 foram considerados estatisticamente significativos.

RESULTADOS

As características sociodemográficas, econômicas, comorbidades e características da dor crônica estão descritas na Tabela 1. Houve prevalência de mulheres (70,3%) e da faixa etária de 60 a 69 anos (66,5%).

Tabela 1
Distribuição dos idosos com dor crônica (N = 239) de acordo com as características sociodemográficas, econômicas, comorbidades e características da dor crônica, Goiânia, Brasil 2016-2017

No WHOQOL-OLD, os domínios Autonomia (M = 61,8) e Participação Social (M = 63,5) alcançaram o menor escore médio. O escore médio total da QV foi de 66,5 (Tabela 2).

Tabela 2
Medidas descritivas dos domínios do WHOQOL-OLD, Goiânia, Brasil 2016-2017

Na Tabela 3 foram apresentados os resultados da análise de regressão múltipla dos fatores associados a cada domínio de QV, ou seja, aqueles que alcançaram valor de p < 0,20 na análise bivariada. Observa-se que, dentre os dois domínios com menores escores médios na QV, a Autonomia foi influenciada pela depressão e pela dor localizada no tórax, explicando 16,4% da QV dessa amostra; o domínio Participação Social foi influenciado negativamente pelo diabetes mellitus (DM), depressão, maior intensidade de dor e dor localizada na cabeça e face, explicando 22,4% da QV. Outros fatores associados negativamente ao domínio Funcionamento dos Sentidos incluíram o tempo de dor e a intensidade dessa experiência. Hipertensão arterial sistêmica (HAS) também influenciou negativamente o domínio Morte e morrer; e depressão e dor localizada na cabeça e face afetaram o domínio Intimidade.

Tabela 3
Regressão múltipla por domínio dos potenciais fatores associados à percepção de Qualidade de Vida de idosos com dor crônica - Goiânia, Brasil 2016-2017

DISCUSSÃO

Os resultados evidenciam que os domínios Autonomia e Participação social apresentam os menores escores médios quando comparados aos demais, o que indica maior influência negativa na QV das pessoas idosas com dor crônica, corroborando os achados de outros estudos(2727 Ferretti F, Castanha AC, Padoan ER, Lutinski J, Silva MR. Quality of life in the elderly with and without chronic pain. BrJP. 2018;1(2):111-5. https://doi.org/10.5935/2595-0118.20180022
https://doi.org/10.5935/2595-0118.201800...
-2828 Paiva FTF, Lima LR, Funez MI, Volpe CRG, Funguetto SS, Stiva MM. The influence of pain on elderly diabetics' quality of life. Rev Enferm UERJ. 2019;27:e31517. https://doi.org/10.12957/reuerj.2019.31517
https://doi.org/10.12957/reuerj.2019.315...
). Adicionalmente, estes foram os domínios que mais explicaram a QV nesta amostra.

Na análise múltipla, os fatores associados negativamente ao domínio Autonomia da QV incluíram depressão, maior intensidade da dor e dor localizada no tórax. No domínio Participação social houve associação negativa com escolaridade, DM, depressão, intensidade da dor e dor localizada nos MMII. Nesse sentido, vale ressaltar que, entre idosos, foi evidenciada associação de depressão com autonomia(2929 Gonçalves FB, Araújo APS, Júnior JRAN, Oliveira DV. Qualidade de vida e indicativos de depressão em idosas praticantes de exercícios físicos em academias da terceira idade da cidade de Maringá (PR). Saude Pesqui. 2015;8(3):557-67. https://doi.org/10.17765/2176-9206.2015v8n3p557-567
https://doi.org/10.17765/2176-9206.2015v...
). Outro estudo(3030 Kuss K, Laekeman M. Activating physiotherapy for chronic pain in elderly patients: recommendations, barriers and resources. Schmerz. 2015;29(4):402-10. https://doi.org/10.1007/s00482-015-0037-x
https://doi.org/10.1007/s00482-015-0037-...
) mostrou que há perda de autonomia entre idosos com dor crônica, o que leva os autores a defenderem que a depressão em idosos com dor crônica deve ser diagnosticada e tratada o mais rápido possível para evitar maiores perdas na QV. A maior preocupação é o fato de essas morbidades (depressão e dor crônica) estarem sendo vivenciadas concomitantemente pelos participantes deste estudo. Sabe-se que a gênese da dor crônica e da depressão está relacionada a mecanismos comuns, como a ativação de centros específicos no sistema nervoso central(3131 Zis P, Daskalaki A, Bountouni I, Sykioti P, Varrassi G, Paladini A. Depression and chronic pain in the elderly: links and management challenges. Clin Interv Aging. 2017;12:709-20. https://doi.org/10.2147/CIA.S113576
https://doi.org/10.2147/CIA.S113576...
). Nesse sentido, idosos com dor crônica podem ser mais propensos a desenvolver depressão e vice-versa. Perdas na autonomia levam a relações interpessoais disfuncionais, afastamento das atividades de recreação e lazer, ausência de cuidados com a saúde de forma geral e isolamento social(1010 Sivertsen H, Bjorklof GH, Engedal K, Selbaek G, Helvik AS. Depression and quality of life in older persons: a review. Dement Geriatr Cogn Disord. 2015;40(1):311-39. https://doi.org/10.1159/000437299
https://doi.org/10.1159/000437299...
,1919 Chachamovich E, Trentini CM, Fleck MPA, Schmidt S, Power M. Desenvolvimento do instrumento WHOQOL-OLD. In: Fleck MPA, editor. A avaliação de qualidade de vida: guia para profissionais da saúde. Porte Alegre: Artmed; 2008. p. 102-11.,3232 Boyle G. The role of autonomy in explaining mental ill-health and depression among older people in long-term care settings. Ageing Soc. 2005;25(5):731-48. https://doi.org/10.1017/S0144686X05003703
https://doi.org/10.1017/S0144686X0500370...
), o que pode influenciar negativamente a QV dessas pessoas.

Adicionalmente, a dor no tórax influencia os baixos escores encontrados no domínio Autonomia. Não foram encontradas pesquisas investigando a localização da dor como fator associado ao domínio Autonomia em idosos com dor crônica, o que limitou a comparação dos achados. No entanto, vale lembrar que 84,1% dos participantes deste estudo relataram dor de intensidade moderada/pior dor possível, clinicamente significativa e razão de perdas importantes na vida das pessoas, evidenciando associação relevante com a QV ruim(99 Nasution IK, Lubis NDA, Amelia S, Hocin K. The correlation of pain intensity and quality of life in chronic LBP patients in Adam Malik general hospital. IOP Conf Ser Earth and Environ Sci. 2018;125(1):e012183. https://doi.org/10.1088/1755-1315/125/1/012183
https://doi.org/10.1088/1755-1315/125/1/...
,3333 Geelen CC, Kindermans HP, Bergh JP, Verbunt JA. Perceived physical activity decline as a mediator in the relationship between pain catastrophizing, disability, and quality of life in patients with painful diabetic neuropathy. Pain Pract. 2016;17(3):320-8. https://doi.org/10.1111/papr.12449
https://doi.org/10.1111/papr.12449...
). Há de se considerar que o indivíduo que sofre dor crônica tende ao isolamento e evita participar de atividades diárias e comunitárias(3434 Karayannis NV, Baumann I, Sturgeon JA, Melloh M, Mackey SC. The impact of social isolation on pain interference: a longitudinal study. Ann Behav Med. 2019;53(1):65-74. https://doi.org/10.1093/abm/kay017
https://doi.org/10.1093/abm/kay017...
).

Dores no tórax podem estar associadas a doenças cardiovasculares, como as síndromes coronarianas(3535 GBD 2017 Disease and Injury Incidence and Prevalence Collaborators. Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 354 diseases and injuries for 195 countries and territories, 1990-2017: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2017. Lancet. 2018;392(10159):1789-858. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32279-7
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32...
-3636 Vargas RA, Riegel F, Oliveira Junior N, Siqueira DS, Crossetti MGO. Qualidade de vida de pacientes pós-infarto do miocárdio: revisão integrativa da literatura. Rev Enferm UFPE. 2017;11(7):2803-9. https://doi.org/10.5205/reuol.10939-97553-1-RV.1107201721
https://doi.org/10.5205/reuol.10939-9755...
). Por vezes, o estigma que acompanha a dor localizada nesse local pode levar o idoso a se retrair em suas atividades, por medo de maiores prejuízos a sua saúde. Perdas na autonomia também podem estar associadas a alterações cardiovasculares que geram incapacidade(3535 GBD 2017 Disease and Injury Incidence and Prevalence Collaborators. Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 354 diseases and injuries for 195 countries and territories, 1990-2017: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2017. Lancet. 2018;392(10159):1789-858. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32279-7
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32...
) e podem prejudicar a tomada de decisão, a liberdade e as atividades que eles gostariam de fazer ao longo da vida, impactando diretamente a QV.

A depressão esteve negativamente associada ao domínio Participação social, assim como a escolaridade, o DM, a intensidade da dor e a dor localizada nos MMII. Ferretti et al.(2727 Ferretti F, Castanha AC, Padoan ER, Lutinski J, Silva MR. Quality of life in the elderly with and without chronic pain. BrJP. 2018;1(2):111-5. https://doi.org/10.5935/2595-0118.20180022
https://doi.org/10.5935/2595-0118.201800...
) mostraram uma diferença no escore médio do domínio Participação social (3,73 ± 0,59) entre idosos com e sem dor crônica (3,96 ± 0,56)(2727 Ferretti F, Castanha AC, Padoan ER, Lutinski J, Silva MR. Quality of life in the elderly with and without chronic pain. BrJP. 2018;1(2):111-5. https://doi.org/10.5935/2595-0118.20180022
https://doi.org/10.5935/2595-0118.201800...
). Estudo de revisão identificou a depressão como fator de diminuição na participação social entre idosos(3737 Pinto JM, Neri AL. Trajectories of social participation in old age: a systematic literature review. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2017;20(2):260-73. https://doi.org/10.1590/1981-22562017020.160077
https://doi.org/10.1590/1981-22562017020...
), afastamento social e abandono de atividades na comunidade(1010 Sivertsen H, Bjorklof GH, Engedal K, Selbaek G, Helvik AS. Depression and quality of life in older persons: a review. Dement Geriatr Cogn Disord. 2015;40(1):311-39. https://doi.org/10.1159/000437299
https://doi.org/10.1159/000437299...
). Nessa faceta, aspectos culturais, recursos disponíveis, hábitos e crenças(3737 Pinto JM, Neri AL. Trajectories of social participation in old age: a systematic literature review. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2017;20(2):260-73. https://doi.org/10.1590/1981-22562017020.160077
https://doi.org/10.1590/1981-22562017020...
) são avaliados, o que também pode explicar associação negativa a morbidades tipo DM e HAS, uma vez que hábitos e crenças errôneas aumentam a probabilidade de ocorrência e o adequado tratamento dessas comorbidades. Pesquisa recente conduzida com idosos da comunidade com DM e com ou sem dor crônica evidenciou que aqueles que tinham dor crônica possuíam escore médio menor (59,84 ± 19,01) no domínio Participação social quando comparados aos que não tinham dor crônica (61,83 ± 20,95)(2828 Paiva FTF, Lima LR, Funez MI, Volpe CRG, Funguetto SS, Stiva MM. The influence of pain on elderly diabetics' quality of life. Rev Enferm UERJ. 2019;27:e31517. https://doi.org/10.12957/reuerj.2019.31517
https://doi.org/10.12957/reuerj.2019.315...
).

A intensidade da dor também foi fator associado a esse domínio. Nesse sentido, vale lembrar que o diabetes está relacionado a neuropatias, especialmente as sensitivo-motoras, complicações físicas e dores de elevada intensidade que geram incapacidade(3535 GBD 2017 Disease and Injury Incidence and Prevalence Collaborators. Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 354 diseases and injuries for 195 countries and territories, 1990-2017: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2017. Lancet. 2018;392(10159):1789-858. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32279-7
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32...
). A dor nos membros inferiores prevaleceu entre idosos da comunidade com dor crônica(11 Pereira LV, Vasconcelos PP, Souza LAF, Pereira GA, Nakatani AYK, Bachion MM. Prevalência, intensidade de dor crônica e autopercepção de saúde entre idosos: estudo de base populacional. Rev Latino-Am Enferm. 2014;22(4):662-9. https://doi.org/10.1590/0104-1169.3591.2465
https://doi.org/10.1590/0104-1169.3591.2...
), indicando possível relação com a incapacidade(22 Ruan X, Wu H, Kaye AD. The global burden of pain and disability. Anesth Analg. 2017;124(1):370-1. https://doi.org/10.1213/ANE.0000000000001711
https://doi.org/10.1213/ANE.000000000000...
,3838 Aguiar BM, Silva PO, Vieira MA, Costa FM, Carneiro JA. Evaluation of functional disability and associated factores in the elderly. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2019;22(2):e180163. https://doi.org/10.1590/1981-22562019022.180163
https://doi.org/10.1590/1981-22562019022...
), o que afeta as atividade funcionais, sociais, físicas e psicológicas(3838 Aguiar BM, Silva PO, Vieira MA, Costa FM, Carneiro JA. Evaluation of functional disability and associated factores in the elderly. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2019;22(2):e180163. https://doi.org/10.1590/1981-22562019022.180163
https://doi.org/10.1590/1981-22562019022...
). Direta ou indiretamente, a dor crônica reduz a mobilidade, impõe limitações no deslocamento e na realização de atividades básicas e instrumentais da vida diária afetando a participação social(11 Pereira LV, Vasconcelos PP, Souza LAF, Pereira GA, Nakatani AYK, Bachion MM. Prevalência, intensidade de dor crônica e autopercepção de saúde entre idosos: estudo de base populacional. Rev Latino-Am Enferm. 2014;22(4):662-9. https://doi.org/10.1590/0104-1169.3591.2465
https://doi.org/10.1590/0104-1169.3591.2...
-22 Ruan X, Wu H, Kaye AD. The global burden of pain and disability. Anesth Analg. 2017;124(1):370-1. https://doi.org/10.1213/ANE.0000000000001711
https://doi.org/10.1213/ANE.000000000000...
,3434 Karayannis NV, Baumann I, Sturgeon JA, Melloh M, Mackey SC. The impact of social isolation on pain interference: a longitudinal study. Ann Behav Med. 2019;53(1):65-74. https://doi.org/10.1093/abm/kay017
https://doi.org/10.1093/abm/kay017...
). Concorda-se com as colocações de autores que mostram que a dor de intensidade elevada contribui com o isolamento, piora as atividades profissionais e de lazer, além de alterar o convívio familiar(99 Nasution IK, Lubis NDA, Amelia S, Hocin K. The correlation of pain intensity and quality of life in chronic LBP patients in Adam Malik general hospital. IOP Conf Ser Earth and Environ Sci. 2018;125(1):e012183. https://doi.org/10.1088/1755-1315/125/1/012183
https://doi.org/10.1088/1755-1315/125/1/...
,2727 Ferretti F, Castanha AC, Padoan ER, Lutinski J, Silva MR. Quality of life in the elderly with and without chronic pain. BrJP. 2018;1(2):111-5. https://doi.org/10.5935/2595-0118.20180022
https://doi.org/10.5935/2595-0118.201800...
,3434 Karayannis NV, Baumann I, Sturgeon JA, Melloh M, Mackey SC. The impact of social isolation on pain interference: a longitudinal study. Ann Behav Med. 2019;53(1):65-74. https://doi.org/10.1093/abm/kay017
https://doi.org/10.1093/abm/kay017...
).

Não foram encontrados estudos com amostras de idosos com dor crônica que investigaram associação entre escolaridade e o domínio Participação social. Contudo, pesquisas que avaliaram a QV de pessoas em geral mostraram resultado divergente(3939 Alberte JSP, Ruscalleda RMI, Guariento ME. Qualidade de vida e variáveis associadas ao envelhecimento patológico. Rev Soc Bras Clin Med [Internet]. 2015 [cited 2020 Jan 23];13(1):32-9. Available from: http://files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2015/v13n1/a4766.pdf
http://files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2...
-4040 Inouye K, Pedrazzani ES. Nível de instrução, status socioeconômico e avaliação de algumas dimensões da qualidade de vida de octogenários. Rev Latino-Am Enfermagem. 2007;15(1):742-7. https://doi.org/10.1590/S0104-11692007000700005
https://doi.org/10.1590/S0104-1169200700...
), ou seja, a maior escolaridade pareceu aumentar a chance de melhor QV. Nesse sentido, os autores entendem que novas pesquisas devem ser realizadas para confirmar os achados deste estudo ou refutá-los.

Achado interessante foi a associação negativa entre o domínio Funcionamento dos sentidos e o fator tempo de convívio com a dor (acima de 1 ano) e maior intensidade dessa dor sugere a necessidade de avaliar sistematicamente os longevos com dor crônica, pois eles podem sofrer prejuízos na QV e quiçá em sua capacidade cognitiva, uma vez que a dor crônica, independentemente de sua localização e etiologia, pode causar anormalidades cerebrais e contribuir na redução do volume da massa cinzenta(4141 Fritz HC, McAuley JH, Wittfeld K, Hegenscheid K, Schmidt CO, Langner S, et al. Chronic back pain is associated with decreased prefrontal and anterior insular gray matter: results from a population-based cohort study. J Pain. 2016;17(1):111-8. https://doi.org/10.1016/j.jpain.2015.10.003
https://doi.org/10.1016/j.jpain.2015.10....
), exacerbando as perdas cognitivas e a dor. Um estudo conduzido em idosos com dor crônica na coluna mostrou correlação negativa (r = − 0,326; p = 0,026) entre a duração da dor (acima de 3 meses) e a QV(1111 Hong JH, Kim HD, Shin HH, Huh B. Assessment of depression, anxiety, sleep disturbance, and quality of life in patients with chronic low back pain in Korea. Korean J Anesthesiol. 2014;66(6):444-50. https://doi.org/10.4097/kjae.2014.66.6.444
https://doi.org/10.4097/kjae.2014.66.6.4...
).

Além disso, no envelhecimento ocorrem perdas na visão, audição, gustação(4242 Neumann L, Schauren BC, Adami FS. Taste sensitivity of adults and elderly persons. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2016;19(5):797-808. https://doi.org/10.1590/1809-98232016019.150218
https://doi.org/10.1590/1809-98232016019...

43 Ottaviano G, Frasson G, Nardello E, Martini A. Olfaction deterioration in cognitive disorders in the elderly. Aging Clin Exp Res. 2016;28(1):37-45. https://doi.org/10.1007/s40520-015-0380-x
https://doi.org/10.1007/s40520-015-0380-...
-4444 Costa-Guarisco LP, Dalpubel D, Labanca L, Chagas MHN. Perception of hearing loss: use of the subjective faces scale to screen hearing among the elderly. Cienc Saude Colet. 2017;22(11):3579-88. https://doi.org/10.1590/1413-812320172211.277872016
https://doi.org/10.1590/1413-81232017221...
) e outras habilidades sensoriais. Pesquisa anterior(4545 Lemos BO, Cunha AMR, Cesarino CB, Martins MRI. The impact of chronic pain on functionality and quality of life of the elderly. BrJP. 2019;2(3):237-41. https://doi.org/10.5935/2595-0118.20190042
https://doi.org/10.5935/2595-0118.201900...
) evidenciou que o escore médio do domínio Funcionamento dos sentidos foi mais baixo (40,0) que o do presente estudo e, nesse sentido, acredita-se que a divergência possa estar na intensidade média da dor que, em nosso estudo, foi menos elevada.

No domínio Intimidade, que aborda o relacionamento íntimo e pessoal do idoso(1919 Chachamovich E, Trentini CM, Fleck MPA, Schmidt S, Power M. Desenvolvimento do instrumento WHOQOL-OLD. In: Fleck MPA, editor. A avaliação de qualidade de vida: guia para profissionais da saúde. Porte Alegre: Artmed; 2008. p. 102-11.), os fatores negativamente associados foram a depressão e a dor na cabeça. Idosos com depressão apresentam tendência ao isolamento, o que prejudica os vínculos pessoais(4646 Ahangar AA, Hosseini SR, Kheirkhah F, Karimi M, Saadat P, Bijani A, et al. Association between chronic pain and depression among the elderly of Amirkola City, Northern Iran. Elderly Health J[Internet]. 2017 [cited 2018 Dec 29];3(2):74-9. Available from: http://ehj.ssu.ac.ir/article-1-99-en.pdf
http://ehj.ssu.ac.ir/article-1-99-en.pdf...
). Não foram encontrados estudos que investigaram os fatores associados a esse domínio em idosos com dor crônica. No entanto, o estudo que comparou os escores atribuídos por idosos no domínio Intimidade mostrou que o escore médio entre aqueles com depressão foi menor (11,0 ± 1,9) do que entre os idosos sem depressão (14,4 ± 1,7)(4747 Gonçalves VC, Andrade KL. Prevalência de depressão em idosos atendidos em ambulatório de geriatria da região nordeste do Brasil (São Luís-MA). Rev Bras Geriatr Gerontol. 2010;13(2):289-99. https://doi.org/10.1590/S1809-98232010000200013
https://doi.org/10.1590/S1809-9823201000...
), apontando influência na qualidade de vida.

Dor na cabeça/facial tem alta prevalência em pessoas idosas e afeta cerca de 65,0% dessa população(4848 Starling AJ. Diagnosis and management of headache in older adults. Mayo Clin Proc. 2018;93(2):252-62. https://doi.org/10.1016/j.mayocp.2017.12.002
https://doi.org/10.1016/j.mayocp.2017.12...
), além de ser um dos fatores responsáveis pelos anos de incapacidade vividos(3535 GBD 2017 Disease and Injury Incidence and Prevalence Collaborators. Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 354 diseases and injuries for 195 countries and territories, 1990-2017: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2017. Lancet. 2018;392(10159):1789-858. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32279-7
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32...
). Investigações na área de dor localizada na cabeça e dores crâniofaciais apontam o isolamento como consequência psicossocial, possivelmente justificado pela baixa autoestima, irritabilidade, desconforto físico, hostilidade e sentimento de desamparo, aspectos associados a estímulos ambientais que antes não geravam dor e que passam então a ser referidos como causa de dor (iluminação e ruídos, por exemplo)(3535 GBD 2017 Disease and Injury Incidence and Prevalence Collaborators. Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 354 diseases and injuries for 195 countries and territories, 1990-2017: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2017. Lancet. 2018;392(10159):1789-858. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32279-7
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32...
,4848 Starling AJ. Diagnosis and management of headache in older adults. Mayo Clin Proc. 2018;93(2):252-62. https://doi.org/10.1016/j.mayocp.2017.12.002
https://doi.org/10.1016/j.mayocp.2017.12...
).

No domínio Atividades passadas, presentes e futuras constatou-se associação negativa com a depressão. Fleck(1919 Chachamovich E, Trentini CM, Fleck MPA, Schmidt S, Power M. Desenvolvimento do instrumento WHOQOL-OLD. In: Fleck MPA, editor. A avaliação de qualidade de vida: guia para profissionais da saúde. Porte Alegre: Artmed; 2008. p. 102-11.) mostra que nesse domínio são abordadas questões voltadas à satisfação pessoal, ao reconhecimento e às realizações, caminhando na direção das colocações de Silvertsen et al.(1010 Sivertsen H, Bjorklof GH, Engedal K, Selbaek G, Helvik AS. Depression and quality of life in older persons: a review. Dement Geriatr Cogn Disord. 2015;40(1):311-39. https://doi.org/10.1159/000437299
https://doi.org/10.1159/000437299...
). Ou seja, os idosos, em geral, possuem aspirações diversas ao longo da vida, gostam de ser reconhecidos pelos seus feitos e possuem orgulho de suas conquistas e realizações. Quando em estado depressivo, perdem as expectativas, frustram-se, isolam-se e mantêm uma visão negativa, tornando-se melancólicos e tristes, o que interfere diretamente na qualidade de vida.

Finalmente, a HAS esteve associada negativamente ao domínio Morte e morrer. Não foram encontrados estudos semelhantes comparando estes dados. Entretanto, sabe-se que a HAS gera alterações funcionais e estruturais em órgãos-alvo, e que ela prevalece na população idosa, comprometendo a QV e reduzindo a expectativa de vida dessa população(4949 Francisco PMSB, Segri NJ, Borim FSA, Malta DC. Prevalence of concomitant hypertension and diabetes in Brazilian older adults: individual and contextual inequalities. Cienc Saude Coletiva. 2018;23(11):3829-40. https://doi.org/10.1590/1413-812320182311.29662016
https://doi.org/10.1590/1413-81232018231...
). A HAS gera prejuízos no processo de envelhecimento, o que possivelmente justifica os escores atribuídos no domínio Morte e morrer. Borges et al.(5050 Borges JES, Camelier AA, Oliveira LVF, Brandão GS. Quality of life of elderly hypertensive and diabetics of the community: an observational study. J Physiother Res. 2019;9(1):74-84. https://doi.org/10.17267/2238-2704rpf.v9i1.2249
https://doi.org/10.17267/2238-2704rpf.v9...
) evidenciaram escore médio baixo (12,4) nesse domínio ao investigarem amostra de idosos com HAS.

Limitações do estudo

Uma limitação deste estudo está relacionada ao momento de abordagem dos idosos para coletar os dados, uma vez que poderiam estar ansiosos por aguardarem consultas médicas. Outra limitação pode estar ligada ao fato de a amostragem ter sido obtida por conveniência. Além disso, podem ter sido excluídos participantes com incapacidades severas que os impossibilitassem de frequentar os serviços nos quais o estudo foi realizado. No entanto, os achados foram obtidos por meio de uma amostra calculada de forma probabilística. São resultados inovadores, com potencial de contribuir no cuidado ao idoso com dor crônica.

Contribuições para a enfermagem

Esta pesquisa examina, por domínio, os fatores associados à QV de idosos com dor crônica, visando contribuir para diagnosticar, planejar e implementar estratégias de assistência de enfermagem que colaborem para promover a QV nessa população. Conhecer os fatores que influenciam esse construto pode ajudar a elaborar uma proposta de modelo preditivo de QV, direcionando a ação do enfermeiro para a prevenção de prejuízos e sofrimento desnecessário.

CONCLUSÕES

Os achados deste estudo mostram que as características da dor crônica, especialmente o tempo de convívio com a dor e a localização dessa experiência, bem como a depressão e o diabetes, são os fatores que influenciam com maior magnitude os domínios Funcionamento dos sentidos, Autonomia, Participação social, Intimidade e Atividades passadas, presentes e futuras. Esse resultado mostra a importância do manejo adequado das comorbidades, que frequentemente são subdiagnosticadas e subtratadas em idosos e/ou erroneamente entendidas como próprias da senilidade, como a dor crônica.

Adicionalmente, a hipertensão arterial sistêmica também influencia fortemente o domínio Morte e morrer, indicando a importância da prevenção e tratamento contínuo e supervisionado dessa comorbidade em idosos com dor crônica.

Os fatores investigados em cada domínio não conseguiram explicar totalmente a qualidade de vida de idosos com dor crônica. No entanto, foi possível identificar que os domínios Autonomia e Participação social, os que mais explicam o construto, são fortemente influenciados por fatores como depressão, localização da dor e diabetes.

REFERENCES

  • 1
    Pereira LV, Vasconcelos PP, Souza LAF, Pereira GA, Nakatani AYK, Bachion MM. Prevalência, intensidade de dor crônica e autopercepção de saúde entre idosos: estudo de base populacional. Rev Latino-Am Enferm. 2014;22(4):662-9. https://doi.org/10.1590/0104-1169.3591.2465
    » https://doi.org/10.1590/0104-1169.3591.2465
  • 2
    Ruan X, Wu H, Kaye AD. The global burden of pain and disability. Anesth Analg. 2017;124(1):370-1. https://doi.org/10.1213/ANE.0000000000001711
    » https://doi.org/10.1213/ANE.0000000000001711
  • 3
    Dueñas M, Ojeda B, Salazar A, Mico JA, Failde I. A review of chronic pain impact on patients, their social environment and the health care system. J Pain Res. 2016;9(1):457-67. https://doi.org/10.2147/JPR.S105892
    » https://doi.org/10.2147/JPR.S105892
  • 4
    Lazkani A, Delespierre T, Bauduceau B, Pasquier F, Bertin P, Berrut G, et al. Healthcare costs associated with elderly chronic pain patients in primary care. Eur J Clin Pharmacol. 2015;71(1):939-47. https://doi.org/10.1007/s00228-015-1871-6
    » https://doi.org/10.1007/s00228-015-1871-6
  • 5
    Bernfort L, Gerdle B, Rahmqvist M, Husberg M, Levin LA. Severity of chronic pain in an elderly population in Sweden impact on costs and quality of life. Pain. 2015;156(3):521-7. https://doi.org/10.1097/01.j.pain.0000460336.31600.01
    » https://doi.org/10.1097/01.j.pain.0000460336.31600.01
  • 6
    Niv D, Kreitler S. Pain and quality of life. Pain Pract. 2001;1(2):150-61. https://doi.org/10.1046/j.1533-2500.2001.01016.x
    » https://doi.org/10.1046/j.1533-2500.2001.01016.x
  • 7
    Morete MC, Solano JPC, Boff MS, Filho WJ, Ashmawi HA. Resilience, depression, and quality of life in elderly individuals with chronic pain followed up in an outpatient clinic in the city of São Paulo, Brazil. J Pain Res. 2018;11(1):2561-6. https://doi.org/10.2147/JPR.S166625
    » https://doi.org/10.2147/JPR.S166625
  • 8
    Wang C, Pu R, Ghose B, Tang S. Chronic musculoskeletal pain, self-reported health and quality of life among older populations in South Africa and Uganda. Int J Environ Res Public Health. 2018;15(12):2806. https://doi.org/10.3390/ijerph15122806
    » https://doi.org/10.3390/ijerph15122806
  • 9
    Nasution IK, Lubis NDA, Amelia S, Hocin K. The correlation of pain intensity and quality of life in chronic LBP patients in Adam Malik general hospital. IOP Conf Ser Earth and Environ Sci. 2018;125(1):e012183. https://doi.org/10.1088/1755-1315/125/1/012183
    » https://doi.org/10.1088/1755-1315/125/1/012183
  • 10
    Sivertsen H, Bjorklof GH, Engedal K, Selbaek G, Helvik AS. Depression and quality of life in older persons: a review. Dement Geriatr Cogn Disord. 2015;40(1):311-39. https://doi.org/10.1159/000437299
    » https://doi.org/10.1159/000437299
  • 11
    Hong JH, Kim HD, Shin HH, Huh B. Assessment of depression, anxiety, sleep disturbance, and quality of life in patients with chronic low back pain in Korea. Korean J Anesthesiol. 2014;66(6):444-50. https://doi.org/10.4097/kjae.2014.66.6.444
    » https://doi.org/10.4097/kjae.2014.66.6.444
  • 12
    Malta M, Cardoso LO, Bastos FI, Magnanini MMF, Silva CMFP. Iniciativa STROBE: subsídios para a comunicação de estudos observacionais. Rev Saude Publica. 2010;44(3):559-65. https://doi.org/10.1590/S0034-89102010000300021
    » https://doi.org/10.1590/S0034-89102010000300021
  • 13
    Charan J, Biswas T. How to calculate sample size for different study designs in medical research? Indian J Psychol Med. 2013;35(2):121-6. https://doi.org/10.4103/0253-7176.116232
    » https://doi.org/10.4103/0253-7176.116232
  • 14
    Dell RB, Holleran S, Ramakrishnan R. Sample size determination. ILAR J. 2002;43(4):207-13. https://doi.org/10.1093/ilar.43.4.207
    » https://doi.org/10.1093/ilar.43.4.207
  • 15
    Folstein MF, Folstein SE, McHugh PR. "Mini-mental state": a practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician. J Psychiatr Res. 1975;12(3):189-98. https://doi.org/10.1016/0022-3956(75)90026-6
    » https://doi.org/10.1016/0022-3956(75)90026-6
  • 16
    Bertolucci PHF, Brucki SMD, Campacci SR, Juliano Y. O mini-exame do estado mental em uma população geral: impacto da escolaridade. Arq Neuropsiquiatr. 1994;52(1):1-7. https://doi.org/10.1590/S0004-282X1994000100001
    » https://doi.org/10.1590/S0004-282X1994000100001
  • 17
    Merskey H, Bogduk N, (Eds.). Classification of chronic pain descriptions of chronic pain syndromes and definitions of pain terms. Seattle: IASP Press; 1994.
  • 18
    Cleeland CS. The brief pain inventory: user guide. Houston: Anderson Cancer Center; 2009.
  • 19
    Chachamovich E, Trentini CM, Fleck MPA, Schmidt S, Power M. Desenvolvimento do instrumento WHOQOL-OLD. In: Fleck MPA, editor. A avaliação de qualidade de vida: guia para profissionais da saúde. Porte Alegre: Artmed; 2008. p. 102-11.
  • 20
    World Health Organization. The WHOQOL-OLD module: manual. Copenhagen: WHO; 2006.
  • 21
    Ghasemi A, Zahediasl S. Normality tests for statistical analysis: a guide for non-statisticians. Int J Endocrinol Metab. 2012;10(2):486-9. https://doi.org/10.5812/ijem.3505
    » https://doi.org/10.5812/ijem.3505
  • 22
    Spriestersbach A, Rohrig B, Prel JB, Gerhold-Ay A, Blettner M. Descriptive statistics: the specification of statistical measures and their presentation in tables and graphs: part 7 of a series on evaluation of scientific publications. Dtsch Arztebl Int. 2009;106(36):578-83. https://doi.org/10.3238/arztebl.2009.0578
    » https://doi.org/10.3238/arztebl.2009.0578
  • 23
    Schneider A, Hommel G, Blettner M. Linear regression analysis: part 14 of a series on evaluation of scientific publications. Dtsch Arztebl Int. 2010;107(44):776-82. https://doi.org/10.3238/arztebl.2010.0776
    » https://doi.org/10.3238/arztebl.2010.0776
  • 24
    Kim JH. Multicollinearity and misleading statistical results. Korean J Anesthesiol. 2019;72(6):558-69. https://doi.org/10.4097/kja.19087
    » https://doi.org/10.4097/kja.19087
  • 25
    Daye ZJ, Chen J, Li H. High-dimensional heteroscedastic regression with an application to eQTL Data Analysis. Biometrics. 2012;68(1):316-26. https://doi.org/10.1111/j.1541-0420.2011.01652.x
    » https://doi.org/10.1111/j.1541-0420.2011.01652.x
  • 26
    Kroll MH, Emancipator K. A theoretical evaluation of linearity. Clin Chem [Internet]. 1993 [cited 2020 Sep 9];39(3):405-13. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/8448849/
    » https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/8448849/
  • 27
    Ferretti F, Castanha AC, Padoan ER, Lutinski J, Silva MR. Quality of life in the elderly with and without chronic pain. BrJP. 2018;1(2):111-5. https://doi.org/10.5935/2595-0118.20180022
    » https://doi.org/10.5935/2595-0118.20180022
  • 28
    Paiva FTF, Lima LR, Funez MI, Volpe CRG, Funguetto SS, Stiva MM. The influence of pain on elderly diabetics' quality of life. Rev Enferm UERJ. 2019;27:e31517. https://doi.org/10.12957/reuerj.2019.31517
    » https://doi.org/10.12957/reuerj.2019.31517
  • 29
    Gonçalves FB, Araújo APS, Júnior JRAN, Oliveira DV. Qualidade de vida e indicativos de depressão em idosas praticantes de exercícios físicos em academias da terceira idade da cidade de Maringá (PR). Saude Pesqui. 2015;8(3):557-67. https://doi.org/10.17765/2176-9206.2015v8n3p557-567
    » https://doi.org/10.17765/2176-9206.2015v8n3p557-567
  • 30
    Kuss K, Laekeman M. Activating physiotherapy for chronic pain in elderly patients: recommendations, barriers and resources. Schmerz. 2015;29(4):402-10. https://doi.org/10.1007/s00482-015-0037-x
    » https://doi.org/10.1007/s00482-015-0037-x
  • 31
    Zis P, Daskalaki A, Bountouni I, Sykioti P, Varrassi G, Paladini A. Depression and chronic pain in the elderly: links and management challenges. Clin Interv Aging. 2017;12:709-20. https://doi.org/10.2147/CIA.S113576
    » https://doi.org/10.2147/CIA.S113576
  • 32
    Boyle G. The role of autonomy in explaining mental ill-health and depression among older people in long-term care settings. Ageing Soc. 2005;25(5):731-48. https://doi.org/10.1017/S0144686X05003703
    » https://doi.org/10.1017/S0144686X05003703
  • 33
    Geelen CC, Kindermans HP, Bergh JP, Verbunt JA. Perceived physical activity decline as a mediator in the relationship between pain catastrophizing, disability, and quality of life in patients with painful diabetic neuropathy. Pain Pract. 2016;17(3):320-8. https://doi.org/10.1111/papr.12449
    » https://doi.org/10.1111/papr.12449
  • 34
    Karayannis NV, Baumann I, Sturgeon JA, Melloh M, Mackey SC. The impact of social isolation on pain interference: a longitudinal study. Ann Behav Med. 2019;53(1):65-74. https://doi.org/10.1093/abm/kay017
    » https://doi.org/10.1093/abm/kay017
  • 35
    GBD 2017 Disease and Injury Incidence and Prevalence Collaborators. Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 354 diseases and injuries for 195 countries and territories, 1990-2017: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2017. Lancet. 2018;392(10159):1789-858. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32279-7
    » https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32279-7
  • 36
    Vargas RA, Riegel F, Oliveira Junior N, Siqueira DS, Crossetti MGO. Qualidade de vida de pacientes pós-infarto do miocárdio: revisão integrativa da literatura. Rev Enferm UFPE. 2017;11(7):2803-9. https://doi.org/10.5205/reuol.10939-97553-1-RV.1107201721
    » https://doi.org/10.5205/reuol.10939-97553-1-RV.1107201721
  • 37
    Pinto JM, Neri AL. Trajectories of social participation in old age: a systematic literature review. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2017;20(2):260-73. https://doi.org/10.1590/1981-22562017020.160077
    » https://doi.org/10.1590/1981-22562017020.160077
  • 38
    Aguiar BM, Silva PO, Vieira MA, Costa FM, Carneiro JA. Evaluation of functional disability and associated factores in the elderly. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2019;22(2):e180163. https://doi.org/10.1590/1981-22562019022.180163
    » https://doi.org/10.1590/1981-22562019022.180163
  • 39
    Alberte JSP, Ruscalleda RMI, Guariento ME. Qualidade de vida e variáveis associadas ao envelhecimento patológico. Rev Soc Bras Clin Med [Internet]. 2015 [cited 2020 Jan 23];13(1):32-9. Available from: http://files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2015/v13n1/a4766.pdf
    » http://files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2015/v13n1/a4766.pdf
  • 40
    Inouye K, Pedrazzani ES. Nível de instrução, status socioeconômico e avaliação de algumas dimensões da qualidade de vida de octogenários. Rev Latino-Am Enfermagem. 2007;15(1):742-7. https://doi.org/10.1590/S0104-11692007000700005
    » https://doi.org/10.1590/S0104-11692007000700005
  • 41
    Fritz HC, McAuley JH, Wittfeld K, Hegenscheid K, Schmidt CO, Langner S, et al. Chronic back pain is associated with decreased prefrontal and anterior insular gray matter: results from a population-based cohort study. J Pain. 2016;17(1):111-8. https://doi.org/10.1016/j.jpain.2015.10.003
    » https://doi.org/10.1016/j.jpain.2015.10.003
  • 42
    Neumann L, Schauren BC, Adami FS. Taste sensitivity of adults and elderly persons. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2016;19(5):797-808. https://doi.org/10.1590/1809-98232016019.150218
    » https://doi.org/10.1590/1809-98232016019.150218
  • 43
    Ottaviano G, Frasson G, Nardello E, Martini A. Olfaction deterioration in cognitive disorders in the elderly. Aging Clin Exp Res. 2016;28(1):37-45. https://doi.org/10.1007/s40520-015-0380-x
    » https://doi.org/10.1007/s40520-015-0380-x
  • 44
    Costa-Guarisco LP, Dalpubel D, Labanca L, Chagas MHN. Perception of hearing loss: use of the subjective faces scale to screen hearing among the elderly. Cienc Saude Colet. 2017;22(11):3579-88. https://doi.org/10.1590/1413-812320172211.277872016
    » https://doi.org/10.1590/1413-812320172211.277872016
  • 45
    Lemos BO, Cunha AMR, Cesarino CB, Martins MRI. The impact of chronic pain on functionality and quality of life of the elderly. BrJP. 2019;2(3):237-41. https://doi.org/10.5935/2595-0118.20190042
    » https://doi.org/10.5935/2595-0118.20190042
  • 46
    Ahangar AA, Hosseini SR, Kheirkhah F, Karimi M, Saadat P, Bijani A, et al. Association between chronic pain and depression among the elderly of Amirkola City, Northern Iran. Elderly Health J[Internet]. 2017 [cited 2018 Dec 29];3(2):74-9. Available from: http://ehj.ssu.ac.ir/article-1-99-en.pdf
    » http://ehj.ssu.ac.ir/article-1-99-en.pdf
  • 47
    Gonçalves VC, Andrade KL. Prevalência de depressão em idosos atendidos em ambulatório de geriatria da região nordeste do Brasil (São Luís-MA). Rev Bras Geriatr Gerontol. 2010;13(2):289-99. https://doi.org/10.1590/S1809-98232010000200013
    » https://doi.org/10.1590/S1809-98232010000200013
  • 48
    Starling AJ. Diagnosis and management of headache in older adults. Mayo Clin Proc. 2018;93(2):252-62. https://doi.org/10.1016/j.mayocp.2017.12.002
    » https://doi.org/10.1016/j.mayocp.2017.12.002
  • 49
    Francisco PMSB, Segri NJ, Borim FSA, Malta DC. Prevalence of concomitant hypertension and diabetes in Brazilian older adults: individual and contextual inequalities. Cienc Saude Coletiva. 2018;23(11):3829-40. https://doi.org/10.1590/1413-812320182311.29662016
    » https://doi.org/10.1590/1413-812320182311.29662016
  • 50
    Borges JES, Camelier AA, Oliveira LVF, Brandão GS. Quality of life of elderly hypertensive and diabetics of the community: an observational study. J Physiother Res. 2019;9(1):74-84. https://doi.org/10.17267/2238-2704rpf.v9i1.2249
    » https://doi.org/10.17267/2238-2704rpf.v9i1.2249

Editado por

EDITOR CHEFE: Antonio José de Almeida Filho
EDITOR ASSOCIADO: Álvaro Sousa

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Maio 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    28 Jun 2020
  • Aceito
    20 Out 2020
Associação Brasileira de Enfermagem SGA Norte Quadra 603 Conj. "B" - Av. L2 Norte 70830-102 Brasília, DF, Brasil, Tel.: (55 61) 3226-0653, Fax: (55 61) 3225-4473 - Brasília - DF - Brazil
E-mail: reben@abennacional.org.br