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Adesão às precauções universais: uma análise do comportamento de equipe de enfermagem

Resumos

A possibilidade de aquisição do vírus de imunodeficiência humana (HIV) por profissionais de saúde tornou mais preocupante a questão dos riscos ocupacionais. As precauções universais (PU) surgiram como tentativa de aumentar a segurança do profissional de saúde. No entanto, existe certa resistência por parte dos profissionais de saúde em adotar as medidas de proteção. Os objetivos deste estudo são: 1. obter um indicador da adesão da equipe de enfermagem de um hospital geral de São Paulo às precauções universais, 2. identificar a percepção dos riscos e os conhecimentos que os profissionais possuem sobre as PU; e 3. apresentar e discutir hipóteses explicativas do comportamento de não-adesão.

Precauções Universais (PU); Adesão às PU; AIDS; HIV; Riscos Ocupacionais; Reencape de Agulhas


Problems regarding to occupational risk became more apprehensive with the possibility of occupational exposure to HIV by healthcare workers. Universal precautions (UP) emerges as an attempt to increase security of healthcare workers. Nonetheless, the compliance with universal precautions was found to be considerably less than optimal. The purpose of the present paper is: 1. to measure the compliance with universal precautions at a general hospital in São Paulo; 2. to identify the risk perception and Knowledge about UP of nursing staff, and 3. to discuss alternative hypothesis to explain noncompliance.

Universal Precautions (UP); Compliance With UP; AIDS; HIV; Occupational Risks and Needles Recapping


ARTIGOS

Adesão às precauções universais: uma análise do comportamento de equipe de enfermagem1 1 A versão preliminar deste trabalho foi apresentada no 46º Congresso Brasileiro de Enfermagem, Porto Alegre, e no 4º Congresso Brasileiro de Controle de Infecção Hospitalar, Recife. Agradecemos o parecerista anônimo da Revista Brasileira de Enfermagem pelas proveitosas recomendações para melhoria da versão preliminar deste estudo. Agradecemos também a colaboração do Prof. Dr. Fernando Garcia, que conosco discutiu a metodologia estatística empregada neste trabalho. 2 Segundo Sumner 24, o custo relacionado a acidentes ocupacionais envolvendo pacientes com hepatite B nos Estados Unidos varia de U$50,00 a U$300,00 por profissional acidentado, apenas considerando o uso de testes sorológicos e a administração de imunoglobulina. 3 A metodologia estatística empregada neste trabalho está exposta em Vieira [26] e [27]. 4 Winickoff et alli [29] consideram que este é o índice de não-adesão satisfatório. Além dos argumentos apresentados pelos autores, podemos afirmar que para nossa pesquisa este valor é razoável, considerando-se as características da equipe de enfermagem: cerca de 90% de nossa amostra recebeu treinamento em PU, o que constitui razão suficiente para não esperarmos um índice de não-adesão de 10%. 5 No caso dos profissionais que consideram seu conhecimento completo podemos considerar que o índice esperado de acerto é de 100%, mesmo porque todos os profissionais relataram terem recebido treinamento prévio em PU. Neste caso, a diferença entre o índice observado e o esperado é de 11,8%. Essa diferença é significativamente diferente de zero o módulo do valor Z calculado (-2,14) é maior que o valor crítico.

Maria Meimei BrevidelliI; Ruth E. AssayagII; Gilberto Turcato Jr.III

IEnfermeira da UTI do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e mestranda da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo

IIEnfermeira-chefe da CCIH do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

IIIMédico-chefe da CCIH do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e professor responsável pela disciplina de doenças infecciosas e parasitárias da Escola Paulista de Medicina, respectivamente

RESUMO

A possibilidade de aquisição do vírus de imunodeficiência humana (HIV) por profissionais de saúde tornou mais preocupante a questão dos riscos ocupacionais. As precauções universais (PU) surgiram como tentativa de aumentar a segurança do profissional de saúde. No entanto, existe certa resistência por parte dos profissionais de saúde em adotar as medidas de proteção. Os objetivos deste estudo são: 1. obter um indicador da adesão da equipe de enfermagem de um hospital geral de São Paulo às precauções universais, 2. identificar a percepção dos riscos e os conhecimentos que os profissionais possuem sobre as PU; e 3. apresentar e discutir hipóteses explicativas do comportamento de não-adesão.

Unitermos: Precauções Universais (PU) - Adesão às PU - AIDS - HIV - Riscos Ocupacionais - Reencape de Agulhas.

ABSTRACT

Problems regarding to occupational risk became more apprehensive with the possibility of occupational exposure to HIV by healthcare workers. Universal precautions (UP) emerges as an attempt to increase security of healthcare workers. Nonetheless, the compliance with universal precautions was found to be considerably less than optimal. The purpose of the present paper is: 1. to measure the compliance with universal precautions at a general hospital in São Paulo; 2. to identify the risk perception and Knowledge about UP of nursing staff, and 3. to discuss alternative hypothesis to explain noncompliance.

Keywords: Universal Precautions (UP) - Compliance With UP - AIDS - HIV - Occupational Risks and Needles Recapping.

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ANEXO 1 ANEXO 1

  • 01. ASSOCIATION FOR PRACTITIONERS IN INFECTION CONTROL. APIC position paper: Prevention of device-mediated blood-borne infections to health care workers. Am J Infect Control. v.21. p. 76-78, 1993.
  • 02. BARAFF, L.J. e TALAN, D.A Compliance with universal precautions in a university hospital emergency department. Ann Emerg Med, v. 18, n.6, p.654-657, 1989.
  • 03. BECKER, M.H. et al. Noncompliance with universal precautions policy: why do physicians and nurses recap needles? Am J Infect Control, v. 18, p.232-9,1990.
  • 04. CENTER FOR DISEASE CONTROL. Recommendations for Prevention of HIV Transmission in Health-Care Settings. MMWR, v.36, supplement 2, p.3-18, 1987.
  • 05. CENTER FOR DISEASE CONTROL. Update: human immunodeficiency virus infections in: health-care workers exposed to blood of infected patients. MMWR, v.36, n.19, p.285-289,1987.
  • 06. COURINGTON, K.R. et al. Universal precautions are not universally followed. Arch Surg. v.126, p.93,96, 1991.
  • 07. DECKER, M.D. The OSHA bloodborne hazard standard. Infect Control Hosp Epidemiol, v.13, p.407-417,1992.
  • 08. DE VRIES, J.E. et al. AIDS prevention: improving nurses compliance with glove wearing through performance feed-back. J Appl Behav Anal, v.24, p.705-711,1991.
  • 09. FAHEY, B.J. et al. Frequency of nonparenteral occupational exposures to blood and body fluids before and after universal precautions training. Am J Med, v.90, p.145-153, 1991.
  • 10. GERSHON, R.M. e Vlahov, D. HIV infection risk to health-care workers. Am Ind Hyg Assoc J. v.51, n.12, p.802-806, 1990.
  • 11. HAMMOND, J.S. et al. HIV, trauma and infection control: universal precautions are universally ignored. J Trauma, v.30, N.5, P.555-561,1990.
  • 12. HOPKINS, C.C. Implementation of universal blood and boby fluid precautions. Infect Dis Clin Nth Am, v.3, n.4, p.747-762,1989.
  • 13. KACZMAREK, R.G. et al. Glove use by healthcare workers: results of a tristate investigarion. Am J Infect Control, v.19, p.2228-32,1991.
  • 14. KAZANOWSKI, M.K. A nursing department's response to risks associated with human immunodeficiency virus. Nurs Outlook, v.40, n.1, p.42-44,1992.
  • 15. KELEN, G.D. et al. Human immunodeficiency virus infection in emergency department patients. JAMA, v.262, n.4, p.516-522,1989.
  • 16. KLEIN, R.S. e Friedland, G.H. Transmission of human immunodeficiency virus type 1 (HIV-1) by exposure to blood: defining the risk. Ann Inter Med. v.113, n.10, p.729-730, 1990.
  • 17. LINNEMANN, C.C. et al. Effect of educational programs, rigid sharp containers and universal precautions on reported needlestick injuries in healthcare workers. Infect Control Hosp. Epidemiol, v.12, p.214-249,1991.
  • 18. LYNCH, P. et al. Rethinking the Role of Isolation Practices in the Prevention of Nosocomial Infections. Ann Int Med, v. 107, p.243-246,1987.
  • 19. MAYER, J.A. et al. Increasing handwashing in a intensive care unit. Infect Control, v.7, N.5,P.259-262,1986.
  • 20. MENDELSON, M.H. HIV infection in healthcare workers: risk and prevention. Mt Sinai J Med. v.57, n.4,p.216-220,1990.
  • 21. PUGLIESE, G. Occupational safety and health administration moves blood-borne pathogen compliance to the front burner. Am J Infect Control, v.20, n.4, p.167-169,1992.
  • 22. SETO, W.H. et al. Brief report: reduction in the frequency of needle recapping by effective education: a need for conceptual alteration. Infect Control Hosp Epidemiol, v.11,p.194-196,1990.
  • 23. ______. et al. Social power and motivation for the compliance of nurses and housekeeping staff with infection control policie. Am J infect Control, v.19, n.1,p.42-44,1991.
  • 24. SUMNER, W. Needlecaps to prevent needlestick injuries. Infect Control, v.6, n.12, p.495-497,1985.
  • 25.TIERNEY, W.M. et al. Delayed feedback of physician performance versus immediate remainders to perform preventive care. Med. Care, v.24, n.8,p.659-666,1989.
  • 26. VIEIRA, S. Introdução à Bioestatística. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1981.
  • 27. ______. Metodologia Científica para Área de Saúde. São Paulo: Editora da Unicamp - Sarvier, 1984.
  • 28. WILLY, M.E. et al. Adverse exposures and universal precautions practices among a group of highly exposed health professionals. Infect Control Hosp. Epidemiol, v.11,n.7,p.351-356,1990.
  • 29. WINICKOFF, R.N. et al. Improving Phsician Performance Trough Peer Comparison Feedback. Med Care, v.22, n.6, p.527-534,1984.
  • 30. YASSI, A. e McGill, M. Determinants of blood and fluid exposure in a large teaching hospital: hazards of the intermittent intravenous procedure. Am J Infect Control, v.19,p.129-135, 1991.

ANEXO 1

  • 1
    A versão preliminar deste trabalho foi apresentada no 46º Congresso Brasileiro de Enfermagem, Porto Alegre, e no 4º Congresso Brasileiro de Controle de Infecção Hospitalar, Recife. Agradecemos o parecerista anônimo da Revista Brasileira de Enfermagem pelas proveitosas recomendações para melhoria da versão preliminar deste estudo. Agradecemos também a colaboração do Prof. Dr. Fernando Garcia, que conosco discutiu a metodologia estatística empregada neste trabalho.
    2 Segundo Sumner
    24, o custo relacionado a acidentes ocupacionais envolvendo pacientes com hepatite B nos Estados Unidos varia de U$50,00 a U$300,00 por profissional acidentado, apenas considerando o uso de testes sorológicos e a administração de imunoglobulina.
    3 A metodologia estatística empregada neste trabalho está exposta em Vieira [26] e [27].
    4 Winickoff et alli [29] consideram que este é o índice de não-adesão satisfatório. Além dos argumentos apresentados pelos autores, podemos afirmar que para nossa pesquisa este valor é razoável, considerando-se as características da equipe de enfermagem: cerca de 90% de nossa amostra recebeu treinamento em PU, o que constitui razão suficiente para não esperarmos um índice de não-adesão de 10%.
    5 No caso dos profissionais que consideram seu conhecimento completo podemos considerar que o índice esperado de acerto é de 100%, mesmo porque todos os profissionais relataram terem recebido treinamento prévio em PU. Neste caso, a diferença entre o índice observado e o esperado é de 11,8%. Essa diferença é significativamente diferente de zero o módulo do valor Z calculado (-2,14) é maior que o valor crítico.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      06 Fev 2015
    • Data do Fascículo
      Set 1995
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