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EXPERIÊNCIAS DO TEMPO FUTURO ATRAVÉS DA FICÇÃO CIENTÍFICA: ANÁLISE DAS MUDANÇAS DE PERCEPÇÃO DO PORVIR DA GUERRA FRIA AO SÉCULO XXI* * O presente artigo é resultado das pesquisas e discussões feitas no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), unidade de Divinópolis, através do projeto "O futuro não é mais como era antigamente": representações do futuro em livros e filmes de ficção científica (da Guerra Fria ao século XXI). Para a coleta das fontes, foi fundamental o trabalho das alunas Aline Pereira Lopes, atualmente cursando História na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Emanuele Tadeu Pozzolini, estudante do curso técnico de Produção de Moda do Cefet-MG de Divi nópolis. Além disso, foi importante a bolsa de Iniciação Científica Júnior concedida ao projeto pela Fundação de Aparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig). Todas as obras e todos os documentos utilizados na pesquisa e na elaboração do artigo são citados nas notas e na bibliografia.

EXPERIENCES OF THE FUTURE TIME THROUGH SCIENCE FICTION: ANALYSIS OF THE CHANGES OF PERCEPTION OF THE FUTURE FROM THE COLD WAR TO THE 21ST CENTURY

Resumo

A partir das reflexões sobre o conceito de presentismo, de François Hartog, este artigo busca identificar os sinais do surgimento de um "regime moderno de historicidade" em obras de ficção científica produzidas entre o início da Guerra Fria e 2017. Defendemos que, gradativamente, filmes e livros do gênero foram apresentando futuros cada vez mais diversos e distópicos, reflexo do presente multidirecional e da crise do tempo defendidos pelo historiador francês. Nosso trabalho divide-se em três períodos: Guerra Fria, anos 1980-1990 e século XXI. Em cada um deles, procuramos perceber, ao mesmo tempo, as visões predominantes sobre o porvir, os contextos do presente que justificam essas visões e a diversidade delas. No total, foram analisadas 109 obras sobre o futuro, classificadas por períodos de produção e por representação de futuro preponderante expressa no trabalho.

Palavras-Chave:
Presentismo; futuro; ficção científica; François Hartog; representações

Abstract

From the reflections on the concept of presentism, by François Hartog, this article intends to identify the signs of the emergence of a "modern regime of historicity" in works of science fiction produced between the beginning of the Cold War and 2017. We defend that, gradually, science fiction films and books presented increasingly diverse and dystopian futures, reflecting the multidirectional present and the crisis of time defended by the French historian. Our work is divided in three periods: Cold War, years 1980-1990 and 21st century. In each of them we try to perceive, at the same time, the prevailing visions about the future, the contexts of the present that justify these visions and their diversity. In total, 109 works on the future were analyzed, classified by periods of production and by future representation expressed in the work.

Keywords:
Presentism; future; science fiction; François Hartog; representations

Introdução

Conforme argumenta Georges Minois, "predizer é próprio do homem. É uma dimensão fundamental de sua existência" (MINOIS, 2016MINOIS, Georges. História do futuro: dos profetas à prospectiva. Tradução Mariana Ecchalar. São Paulo: Editora Unesp , 2016., p. 1). Desde os profetas e adivinhos da Antiguidade, passando pelos milenaristas da Idade Média, os utopistas do mundo moderno, os teóricos sociais como Marx, e os recentes prognósticos de economistas, astrólogos e esotéricos; percebe-se a necessidade constante do ser humano em, não apenas conhecer o futuro, mas também tentar dominá-lo, de forma a conter o imprevisível.

No terreno dos estudos históricos, o campo da história do futuro ainda é relativamente recente, o que deixa em aberto um imenso domínio a ser explorado. A obra mais densa e completa, nesse sentido, é o trabalho do já citado historiador francês Georges Minois, História do Futuro (2016)MINOIS, Georges. História do futuro: dos profetas à prospectiva. Tradução Mariana Ecchalar. São Paulo: Editora Unesp , 2016.. Minois fez um avultoso trabalho de síntese, no qual traçou as diversas formas de prever o futuro, desde as grandes civilizações do mundo antigo até o final do século XX. Em seu trabalho de pesquisa, buscou dar conta tanto dos agentes das previsões quanto dos seus métodos e conteúdos.

Trabalho semelhante, porém de menos fôlego documental, foi feito por David A. Wilson, em seu A História do Futuro (2002)WILSON, David. A história do futuro: o que há de verdade nas mais famosas profecias e previsões. Tradução Geni Hirata. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.. O objetivo é o mesmo de Minois, mas com foco no mundo anglo-saxônico, apesar de hora ou outra sair desse recorte espacial. Não é um trabalho acadêmico, mas fornece importantes informações sobre as representações do futuro, sobretudo a partir do final da Idade Média.

Na teoria da história, dois autores são fundamentais no que tange aos conceitos de "espaço de experiência", "horizonte de expectativa", "regimes de historicidade" e "presentismo": Reinhart Koselleck e François Hartog. Para o primeiro, a experiência é o passado atual, aquele no qual acontecimentos foram incorporados e podem ser lembrados; já a expectativa é o futuro presente, ou seja, é o que ainda não ocorreu, não foi experimentado pelo homem e, por isso, apenas pode ser previsto (KOSELLECK, 2006KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Tradução Wilma Patrícia Maas, Carlos Almeida Pereira. Rio de Janeiro: Contraponto: Editora PUC-Rio, 2006., p. 309-310). Para Koselleck, no mundo ocidental, o cristianismo por muito tempo impôs a esperança de um futuro escatológico, no qual o fiel se preparava para o fim dos tempos, quando o "salvador" voltaria para punir os pecadores e salvar os justos. Além disso, as sociedades da Idade Média e do início da Idade Moderna, marcadas pelo predomínio do mundo camponês, viviam transformações lentas, com mudanças tão vagarosas que faziam com que o futuro fosse visto como mera continuidade do presente (KOSELLECK, 2006KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Tradução Wilma Patrícia Maas, Carlos Almeida Pereira. Rio de Janeiro: Contraponto: Editora PUC-Rio, 2006., p. 314). Com isso, a representação dominante quanto ao porvir era a de que ele seria uma reprodução do hoje e do ontem, o que só poderia ser alterado pela grande ruptura ocasionada pelo evento religioso.

Com as diversas transformações que marcaram os séculos XVI e XVII, tais como o desenvolvimento da técnica, o descobrimento do globo terrestre e de novas populações e a dissolução do mundo feudal pela indústria e pelo capital, começa a se destacar o conceito de progresso. As mudanças sociais e políticas, por seu turno, se tornaram mais rápidas, levando à ruptura entre o tempo religioso e o tempo do mundo. Segundo Koselleck (2006, p. 319)KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Tradução Wilma Patrícia Maas, Carlos Almeida Pereira. Rio de Janeiro: Contraponto: Editora PUC-Rio, 2006., esta nova ideia de um futuro portador de progresso parte do pressuposto de que se "a história inteira é única, também o futuro deve ser único, portanto diferente do passado". Em outras palavras, a experiência, ou seja, o passado atual, se distancia da expectativa, o futuro presente.

Hartog, por sua vez, partindo das teorizações de Koselleck, trabalha o conceito de regime de historicidade: "uma maneira de engrenar passado, presente e futuro ou de compor um misto das três categorias" (HARTOG, 2013HARTOG, François. Regimes de historicidade: presentismo e experiências do tempo.Tradução Andréa Souza de Menezes, Bruna Beffart, Camila Rocha de Moraes, Maria Cristina de Alencar Silva, Maria Helena Martins. Belo Horizonte: Autêntica, 2013., p. 11). Em linhas gerais, toda sociedade é governada por um regime de historicidade, por um discurso sobre o tempo que dá sentido e localização a seus membros (REIS, 2012REIS, José Carlos. Teoria e história: tempo histórico, história do pensamento histórico ocidental e pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012., p. 45). O autor analisa as duas formas de experiência do tempo delimitadas por Koselleck ("espaço de experiência" e "horizonte de expectativa") e acrescenta uma terceira, o presentismo. Segundo Hartog, as últimas décadas do século XX acompanharam uma crise no tempo, na qual as antigas formas de lidar com passado e futuro não mais atendiam aos anseios da sociedade. Destacou-se, portanto, um "regime moderno de historicidade", marcado pela "experiência contemporânea de um presente perpétuo, inacessível e quase imóvel que busca, apesar de tudo, produzir para si mesmo o seu próprio tempo histórico" (HARTOG, 2013HARTOG, François. Regimes de historicidade: presentismo e experiências do tempo.Tradução Andréa Souza de Menezes, Bruna Beffart, Camila Rocha de Moraes, Maria Cristina de Alencar Silva, Maria Helena Martins. Belo Horizonte: Autêntica, 2013., p. 39). À vista disso, passado e futuro perdem seu caráter modelador das experiências temporais, em virtude de uma hegemonia do presente.

Cabe destacar que alguns autores apontaram certas deficiências na teorização de François Hartog. Fernando Nicolazzi fez um esforço de análise destas críticas em artigo publicado em 2010NICOLAZZI, Fernando. A História entre tempos: François Hartog e a conjuntura historiográfica contemporânea. História: Questões e Debates, Curitiba, v. 53, n. 2, p. 229-257, 2010. ISSN 2447-826. Disponível em:<https://bit.ly/2luS6mJ>. Acesso em: 22 jul. 2019. doi: http://dx.doi.org/10.5380/his.v0i53.15808.
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. Nesta reflexão, talvez o ponto destacado como o mais problemático da argumentação de Hartog seja o fato de não haver uma ponderação a respeito das articulações das escalas entre o indivíduo e a sociedade ampla que o cerca. Isso porque, ao selecionar alguns autores para chegar às suas conclusões, Hartog acaba abrindo uma brecha para o questionamento da validade e da representatividade destes exemplos para a discussão de uma categoria generalizante (NICOLAZZI, 2010NICOLAZZI, Fernando. A História entre tempos: François Hartog e a conjuntura historiográfica contemporânea. História: Questões e Debates, Curitiba, v. 53, n. 2, p. 229-257, 2010. ISSN 2447-826. Disponível em:<https://bit.ly/2luS6mJ>. Acesso em: 22 jul. 2019. doi: http://dx.doi.org/10.5380/his.v0i53.15808.
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, p. 252). Perspectiva semelhante também é apontada por Mateus Pereira e Valdei de Araújo. Para eles, o que chama a atenção de alguns críticos é o fato da categoria "presentismo" permitir ao autor "falar em uma perspectiva global sobre séculos inteiros com uma quantidade muito limitada e homogênea de provas" (PEREIRA; ARAÚJO, 2016PEREIRA, Mateus Henrique de Faria & ARAÚJO, Valdei Lopes de. Reconfigurações do tempo histórico: presentismo, atualismo e solidão na modernidade digital. Revista UFMG, Belo Horizonte, v. 23, n. 1/2, p. 270-297, 2016. ISSN 2316-770X. Disponível em:<https://bit.ly/2lE4CAc>. Acesso em: 22 jul. 2019. doi: https://doi.org/10.35699/2316-770X.2016.2770.
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, p. 278).

Já João Paulo Pimenta, em resenha do livro Regimes de historicidade, afirma que Hartog, apesar de tentar renunciar ao eurocentrismo, na maioria dos exemplos e das fontes utilizadas limita-se aos casos da França e da Europa (PIMENTA, 2015PIMENTA, João Paulo. História do presentismo, história presentista? A propósito de Regimes de historicidade, de François Hartog. Revista de História. São Paulo, n. 172, p. 399-404, 2015. ISSN 2316-9141. Disponível em:<https://bit.ly/2lXdeSN>. Acesso em: 22 jul. 2019. doi: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2015.98813.
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). Pimenta também acusa Hartog de "manipular seu instrumento de perquirição da realidade, acreditando em sua serventia e, desse modo, procurando dela convencer o leitor" (PIMENTA, 2015PIMENTA, João Paulo. História do presentismo, história presentista? A propósito de Regimes de historicidade, de François Hartog. Revista de História. São Paulo, n. 172, p. 399-404, 2015. ISSN 2316-9141. Disponível em:<https://bit.ly/2lXdeSN>. Acesso em: 22 jul. 2019. doi: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2015.98813.
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, p. 402), além de não deixar claras as diferenças entre a modernidade koselleckiana e o seu "regime moderno de historicidade" (PIMENTA, 2015PIMENTA, João Paulo. História do presentismo, história presentista? A propósito de Regimes de historicidade, de François Hartog. Revista de História. São Paulo, n. 172, p. 399-404, 2015. ISSN 2316-9141. Disponível em:<https://bit.ly/2lXdeSN>. Acesso em: 22 jul. 2019. doi: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2015.98813.
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, p. 403). Ainda conforme Pimenta, conceber que, com a progressão da aceleração do tempo, "a modernidade teria se dissolvido com a superação de supostos limites ao distanciamento entre experiência e expectativa implica uma concepção excessivamente determinista do fenômeno" (PIMENTA, 2015PIMENTA, João Paulo. História do presentismo, história presentista? A propósito de Regimes de historicidade, de François Hartog. Revista de História. São Paulo, n. 172, p. 399-404, 2015. ISSN 2316-9141. Disponível em:<https://bit.ly/2lXdeSN>. Acesso em: 22 jul. 2019. doi: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2015.98813.
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, p. 404).

Consciente dessas ponderações e de outras que possam ser feitas sobre as teorias de Hartog, ainda consideramos algumas hipóteses do autor, sobretudo no que tange às representações do futuro, válidas para a análise que este artigo se propõe a fazer. Para o historiador francês, um dos claros sinais do presentismo seria a descrença no progresso, a desilusão com relação ao porvir. Conforme Francine Iegelski (2016)IEGELSKI, Francine. Resfriamento das sociedades quentes? - Crítica da modernidade, História Intelectual, História Política. Revista de História, São Paulo, n. 175, p. 385-414, 2016.ISSN 2316-9141. Disponível em: <https://bit.ly/2lS1Pnc>. Acesso em: 22 jul. 2019. doi: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2016.109305.
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, no regime de historicidade presentista, o futuro teria perdido o poder de inteligibilidade que havia ganhado no regime de historicidade moderno. Além disso, o presente apontaria para várias direções, gerando, consequentemente, uma grande diversidade de representações do amanhã. Diante dessas conclusões, a ficção científica pode ser uma fonte riquíssima para pensar as argumentações de Hartog e aquecer o debate em torno de seus conceitos.

Gênero literário criado no século XIX, atrelado à ascensão do "horizonte de expectativa" como regime de historicidade dominante, a ficção científica sempre teve como um dos seus principais temas a busca pela previsão das etapas posteriores da evolução do homem. Nas palavras de Isaac Asimov (1984, p. 16)ASIMOV, Isaac. No mundo da ficção científica. Tradução Thomaz Newlands Neto. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1984., um dos mais famosos escritores de ficção científica do século XX, o gênero trabalha com "ambientes sociais não existentes na atualidade e que jamais existiram em épocas anteriores", mas que "podem ser concebivelmente derivados do nosso próprio meio social". Assim, a ficção científica fornece um valoroso material de pesquisa para se entender como o presente pode agir como um motor a partir do qual se deslocam as diferentes representações sobre o futuro. Além disso, as produções literárias e cinematográficas desse tipo permitem a percepção e a compreensão das mutações dessas representações ao longo tempo.

Com o advento do cinema, no século XX, a ficção científica ganhou um apelo popular ainda maior do que tinha nos oitocentos, o que permitiu uma verdadeira proliferação de filmes e livros sobre o futuro. Sendo assim, seria possível averiguar o advento do presentismo e os sinais da "crise do tempo" de Hartog através da ficção científica? Por outro lado, como os filmes e livros futurísticos poderiam nos indicar alterações na forma de pensar o amanhã através de seus contextos históricos de produção? Nosso artigo pretende responder a estas perguntas partindo, principalmente, mas não apenas, de uma análise quantitativa das representações sobre o futuro nesse gênero, da Guerra Fria ao século XX.

Através da análise de obras literárias e cinematográficas dos séculos XX e XXI, procuramos demonstrar como o presente foi determinante para as visões futurísticas dos principais autores de ficção científica no período estudado. Nossa tese é que, por conta das mudanças históricas ocorridas a partir de meados do século XX, as expectativas quanto ao futuro ganharam um tom cada vez mais pessimista e diversificado, marca de uma crise do futuro, ou seja, de uma descrença quanto a suas potencialidades. Essa é a principal característica do "regime moderno de historicidade", ou seja, uma desilusão quanto ao amanhã e, por isso, um apego a um eterno presente.

Algumas palavras sobre a seleção das fontes utilizadas em nossa pesquisa são importantes. Partimos do conceito de ficção científica de Asimov (1984, p. 20)ASIMOV, Isaac. No mundo da ficção científica. Tradução Thomaz Newlands Neto. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1984.: "ramo da literatura que trata das respostas do homem às mudanças ocorridas ao nível da ciência e da tecnologia". No entanto, para fins deste estudo, interessam as obras que trabalham especificamente com o futuro, sejam futuros relativamente distantes, como o da franquia Mad Max, sejam imediatos, como Colossus 1980 (1970). Dessa forma, excluímos alguns filmes do gênero que foram sucesso de bilheteria - como E.T.:O Extraterrestre (1982) e Jurassic Park (1993), por exemplo -, mas que não trabalham com imagens futuristas da sociedade. Também não utilizamos a franquia Star Wars, pois, apesar de trazer temas como espaço e desenvolvimento tecnológico, ela não deixa claro o tempo no qual se desenvolve o enredo. 1 1 A famosa frase do início de cada filme da franquia, "há muito tempo atrás, numa galáxia muito, muito distante", dá a entender que os eventos estariam ocorrendo no passado e não no presente nem no futuro. Por outro lado, a escolha de temas relacionados ao porvir fez com que, em algumas ocasiões, utilizássemos obras não necessariamente ligadas à ficção científica propriamente dita. É o caso de Ensaio sobre a cegueira (1995), de José Saramago, que, apesar de não ser uma obra frequentemente associada ao gênero estudado, traz temas pertinentes, como a projeção de um futuro e a narrativa de uma epidemia global.

Por fim, estamos lidando com um gênero da literatura e do cinema que produziu uma quantidade gigantesca de obras. Tentamos coletar o maior número de fontes possível para chegar às conclusões defendidas neste artigo. Contudo, ainda assim admitimos que várias produções não foram incluídas na análise, não por omissão, mas pela impossibilidade de processar, em um único artigo, todo o material produzido em cerca de sete décadas. Acreditamos, no entanto, que utilizamos alguns dos principais trabalhos lançados no período estudado.

O futuro na ficção científica da Guerra Fria

A ficção científica, desde suas origens, oscilou entre futuros positivos e distopias. No século XIX, várias obras de Júlio Verne, como Da Terra à Lua (1865) ou Vinte mil léguas submarinas (1870), por exemplo, exaltavam os valores da ciência e da técnica. Por outro lado, cientistas sociais, como Marx, buscavam prever as novas etapas da humanidade, que iriam acabar com o sofrimento daqueles que ainda estavam fora do conforto proporcionado pelas novas máquinas. Conforme Minois (2016, p. 568)MINOIS, Georges. História do futuro: dos profetas à prospectiva. Tradução Mariana Ecchalar. São Paulo: Editora Unesp , 2016., todo mundo falava do futuro e quase todo mundo o encarava com otimismo. Quase todo mundo, pois já nos oitocentos havia futuros como o de Mary Shelley em O último homem (1826), cujo cenário é um porvir devastado por uma praga, ou ainda o famoso A máquina do tempo (1895), de H. G. Wells, no qual a divisão social do trabalho teria levado a um evolucionismo, ou regressionismo, em que burgueses e operários tornaram-se presas e caçadores, respectivamente. Portanto, mesmo que houvesse o predomínio de uma visão de futuro esperançosa, já podiam ser percebidas brechas para uma percepção do amanhã como ameaça.

No entreguerras, a proliferação dos regimes totalitários e os traumas pós-Primeira Guerra Mundial, sobretudo na Europa, atingiram fortemente o otimismo, trazendo os cenários das distopias totalitárias na ficção científica. Obras como Nós (1924), de Yevgeny Ivanovich, Admirável Mundo Novo (1932), de Aldous Huxley, Cântico (1938), de Ayn Rand e 1984 (1949), de George Orwell, ainda deixavam entrever a esperança em um futuro tecnológico positivo, porém a evolução da ciência serviria aos propósitos dominadores do Estado Total, que limitaria o espaço de ação do indivíduo.

A razão fracassara ou fora desvirtuada a serviço da tirania; a ordem tornara-se sinônimo de controle coletivo sufocante; o progresso tecnológico produzira o gás asfixiante que afeta o sistema nervoso e a bomba atômica; a liberdade tornara-se uma palavra vazia, estéril, sem sentido. Quando Orwell escreveu 1984, o futuro havia se tornado um lugar muito sombrio. (WILSON, 2002WILSON, David. A história do futuro: o que há de verdade nas mais famosas profecias e previsões. Tradução Geni Hirata. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002., p. 207)

As distopias totalitárias eram reflexos diretos de regimes políticos como o nazismo na Alemanha e o stalinismo na União Soviética. 2 2 Nos Estados Unidos, o otimismo tecnológico, típico do século XIX, ainda podia ser visto, mesmo após a "Grande Depressão". Em 1939, a Feira Mundial de Nova York apresentou o tema "Construindo o mundo de amanhã" e foi marcada pela exaltação do futuro. "O centro das atrações da Feira Mundial era a exposição 'Futurama', exibida no pavilhão da General Motors, que atraía cerca de trinta mil pessoas por dia ao mundo imaginário de 1960" (WILSON, 2002, p. 209). Esta crescente desilusão com relação ao futuro, nas primeiras décadas do século XX, pode ser um sinal de que a crise no tempo, defendida por Hartog, teria começado muito antes do que ele propõe. Porém, é a partir da Guerra Fria que os sinais dessa desilusão ficaram mais claros e evidentes. Os anos 1950 trouxeram novos temas para as distopias e a descrença com relação ao progresso se tornou patente, sobretudo diante das novas armas de destruição em massa. Todavia, ainda havia brechas para o otimismo, ligadas, principalmente, a algumas obras que trabalhavam com o futuro espacial.

Partindo dessas considerações, do período do mundo bipolar, em especial os anos entre as décadas de 1950 e a primeira metade da década de 1980, analisamos oito livros sobre o futuro - Eu, Robô, de Isaac Asimov (1950); Os herdeiros do poder, de Harold Mead (1957); Plano sete, de Mordecai Roshwald (1959); Nove amanhãs, de Isaac Asimov (1959); Um cântico para Leibowitz, de Walter Michael Miller Jr. (1960); Bomba H sobre Los Angeles, de Robert Moore Williams (1961)WILLIAMS, Robert Moore. Bomba H sobre Los Angeles. Tradução Eurico Fonseca. Lisboa: Livros do Brasil, 1961.; F de foguete, de Ray Bradbury (1962); e Laranja mecânica, de Anthony Burgess (1962) - e 26 filmes - O dia em que a Terra parou (1951), Duck and cover (1951), O fim do mundo (1951), Godzila (1954), O planeta proibido (1956), A hora final (1959), La jetée (1962), Dr. Fantástico (1964), Mortos que matam (1964), The war game (1965), Planeta dos Macacos (1968), 2001: uma odisseia no espaço (1968), A noite dos mortos vivos (1968), De volta ao Planeta dos Macacos (1970), Colossus 1980 (1970), O enigma de Andrômeda (1971), Laranja mecânica (1971), THX 1138 (1971), A última esperança da Terra (1971), Solaris (1972), No mundo de 2020 (1973), O menino e seu cachorro (1975), Fuga do século XXIII (1976), Herança nuclear (1983), O dia seguinte (1983), Catástrofe nuclear (1984) -, além da primeira temporada da série Jornada nas estrelas (1966). Nossa análise centrou-se na identificação do tipo de porvir predominante representado em cada obra ou no elemento desencadeador que teria levado a determinado futuro. Como resultado, os temas das obras desse período estão sintetizados no Gráfico 1.

Gráfico 1
Temas das obras sobre o futuro no período da Guerra Fria

O Gráfico 1 apresenta oito temas, que aparecem 41 vezes nas 35 obras analisadas. Apesar da maioria dos trabalhos ter sido alocada, de acordo com seu tema preponderante, em uma única categoria, não foi possível fazê-lo com sete obras: Herdeiros do Poder (alocado nas categorias "Epidemia" e "Totalitarismo"), Planeta dos Macacos e De volta ao Planeta dos Macacos (alocados nas categorias "Holocausto nuclear/Radioatividade" e "Odisseia espacial"), 2001: Uma Odisseia no Espaço (alocado nas categorias "Odisseia espacial" e "Supremacia das máquinas/Inteligência artificial/Tecnologia"), Colossus 1980 (alocado nas categorias "Holocausto nuclear/Radioatividade" e "Supremacia das máquinas/Inteligência artificial/Tecnologia"), THX 1138 (alocado nas categorias "Supremacia das máquinas/Inteligência artificial/Tecnologia" e "Totalitarismo") e Fuga do século XXIII (alocado nas categorias "Holocausto nuclear/Radioatividade", "Supremacia das máquinas/Inteligência artificial/Tecnologia" e "Totalitarismo"). No caso de Laranja mecânica, mesmo com a análise do filme e do livro, ambos foram considerados apenas uma vez, na categoria "Violência", pois o enredo é praticamente o mesmo nas duas obras. O mesmo ocorreu com Planeta dos Macacos e sua sequência, já que a premissa sobre a crise global que levaria à supremacia dos macacos é uniforme nos dois filmes.

O tema mais frequente nas produções das décadas de 1950, 1960, 1970 e na primeira metade da década de 1980 é um possível holocausto nuclear ou as consequências da radiação, somando 17 ocorrências. Nesta categoria estão os livros Plano Sete, Um cântico para Leibowitz e Bomba H sobre Los Angeles, bem como os filmes Duckand cover, Godzila, A hora final, La jetée, Dr. Fantástico, The war game, Planeta dos Macacos e De volta ao Planeta dos Macacos, A noite dos mortos vivos, Colossus 1980, O menino e seu cachorro, Fuga do século XXIII, Herança nuclear, O dia seguinte e Catástrofe nuclear. A década com maior ocorrência de temas relacionados à bomba atômica e à radioatividade foi a de 1960 (sete obras), não por acaso o período no qual ocorreu a crise dos mísseis de Cuba (1962), deixando em maior evidência os riscos de um conflito entre Estados Unidos e União Soviética. Também é importante apontar os três filmes produzidos na década de 1980, quando a corrida armamentista volta com força, com a chegada de Ronald Reagan à presidência dos Estados Unidos.

O predomínio do tema "Holocausto nuclear/Radioatividade" nos filmes de ficção científica do período da Guerra Fria justifica-se pelo fato de gerações inteiras terem sido criadas à sombra de batalhas nucleares globais que, segundo Eric Hobsbawm (1995, p. 224)HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX. Tradução Marcos Santarrita. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995., acreditava-se firmemente, podiam estourar a qualquer momento, e devastar a humanidade. Este crescente medo diante de uma Terceira Guerra Mundial e de suas consequências destrutivas para a humanidade colocou nos horizontes de expectativa daquele contexto histórico a ideia de exterminismo, tal como professada pelo historiador Edward Thompson. Pare ele, o conceito de exterminismo pode ser definido como "aquelas características de uma sociedade - expressas, em diferentes graus, em sua economia, em sua política e em sua ideologia - que a impelem em uma direção cujo resultado deve ser o extermínio de multidões" (THOMPSON, 1985THOMPSON, Edward. Notas sobre o exterminismo, o estágio final da civilização. In: THOMPSON, Edward (org.). Exterminismo e Guerra Fria. Tradução Denise Bottmann. São Paulo: Brasiliense, 1985., p. 43). O fim da civilização seria, portanto, o resultado de uma série de ações e atitudes políticas, como a acumulação e o aperfeiçoamento dos meios de extermínio e a estruturação de sociedades inteiras dirigidas para este fim, típicas do cenário da Guerra Fria.

Nessa perspectiva, as bombas nucleares ou a radioatividade davam brecha para a criação de diferentes cenários futuristas baseados na aniquilação da humanidade. Elas poderiam criar monstros (Godzila), exércitos de zumbis (A noite dos mortos vivos) ou promover uma inversão da evolução de humanos e macacos (O Planeta dos Macacos e De volta ao Planeta dos Macacos). O cinema também mostrou um mundo destruído após a tragédia (O menino e seu cachorro), as questões políticas em torno das ogivas nucleares (Dr. Fantástico) e as consequências da radiação, imediatamente após o lançamento de uma bomba (Herança nuclear, O dia seguinte e Catástrofe nuclear). Isso para citar apenas alguns dos assuntos explorados.

A literatura refletia igualmente essas questões, como no livro Plano Sete, escrito pelo israelita Mordecai Roshwald. Através de um diário, o protagonista, X-127, narra sua vivência dentro do "Plano-7", o setor mais protegido de um abrigo subterrâneo, no qual se alocava a força militar responsável por controlar o arsenal nuclear de uma potência. Toda a narrativa mostra a apreensão do personagem principal em meio a um conflito que, passo a passo, vai conduzindo ao Armagedom. Já em Um cântico para Leibowitz, escrito em 1960 pelo estadunidense Walter Michael Miller Jr., a vida pós-guerra nuclear, a "simplificação", ainda é possível, porém em um mundo completamente alterado. Após o desastre global, um monastério, em meio ao deserto, trabalha para preservar os poucos resquícios que sobraram do conhecimento escrito. Em três momentos históricos diferentes, cada um centrado em um monge (Fiat homo, Fiat lux e Fiat voluntas tua), o livro vai mostrando como a humanidade foi gradativamente conseguindo se reerguer após a "simplificação". Porém, no último ato do livro, quando a civilização havia retomado os seus padrões tecnológicos, outra guerra arrasa novamente o globo. Além de uma crítica à corrida armamentista, Miller Jr. mostra o homem como um ser fadado a se autodestruir.

Apesar do futuro apocalíptico ter praticamente dominado as representações do porvir entre os anos 1950 e 1980, ainda havia alguns otimistas que viam no espaço a solução para os problemas da "raça humana". A corrida espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética havia alimentado a esperança de que novos mundos fossem conhecidos, explorados e conquistados. Dessa forma, das obras analisadas, o tema "Odisseia espacial" aparece por seis vezes nos filmes O fim do mundo, O planeta proibido, Planeta dos Macacos e De volta ao Planeta dos Macacos, 2001: uma odisseia no espaço, O enigma de Andrômeda e Solaris, além de estar presente no livro F de foguete e na série Jornada nas estrelas, totalizando oito ocorrências.

Jornada nas estrelas, que teve sua primeira temporada em 1966, é o exemplo mais bem acabado das odisseias espaciais, que mostravam o desejo do homem de alcançar outros planetas e encontrar novas civilizações. A premissa já existia no cinema desde Viagem à Lua, escrito e dirigido por Georges Méliès, em 1902, porém o tema proliferou durante a Guerra Fria atingindo principalmente o público infanto-juvenil.

Em terceiro lugar no número de ocorrências está o tema "Supremacia das máquinas/Inteligência artificial/Tecnologia", usado para caracterizar os filmes que trabalham com temas como supercomputadores, a rebelião destes contra os seres humanos e os dilemas em torno de robôs, ciborgues, androides etc. Nessa categoria encontramos seis ocorrências, sendo quatro filmes (2001: uma odisseia no espaço, Colossus 1980, THX 1138 e Fuga do século XXIII) e dois livros (Eu, Robô e Nove amanhãs). O computador ainda era uma invenção relativamente recente, mas os autores e produtores de ficção científica já faziam alertas sobre as consequências dos possíveis excessos e abusos no uso desse novo tipo de tecnologia.

Como exemplo dessa representação de futuro, podemos destacar o filme Colossus 1980, que aloca em um único discurso os temores diante da corrida armamentista e da onipresença crescente dos computadores. O enredo se passa em torno do duelo entre as duas potências da Guerra Fria, que colocam seu arsenal de destruição em massa sob a responsabilidade de dois computadores. Entretanto, estes conseguem se comunicar e, a partir daí, se unem para tornar a humanidade refém de suas próprias armas.

Os demais temas aparecem com menor frequência nas obras estudadas. "Epidemia" aparece três vezes, no livro Herdeiros do poder e nos filmes Mortos que matam e A última esperança da Terra (ambos inspirados no mesmo livro: Eu sou a lenda, de Richard Matheson). Não se trata de uma forma original de ver o futuro, pois o medo de um vírus, bactéria ou algum outro patógeno destruidor já pode ser percebido em obras como A peste escarlate, de Jack London, publicada em 1912. No livro Herdeiros do poder, o tema está associado à questão do mundo bipolar, apesar de não deixar claro se a doença devastadora do livro seria o resultado de uma arma biológica.

O tema "Totalitarismo" está presente nos filmes THX 1138 e Fuga do século XXIII e no livro Herdeiros do poder. Nesse ponto, devemos levar em consideração o campo de produção cultural da ficção científica que, apesar de ter seus vínculos com o momento de produção da obra, possui suas repetições, permanências, heranças e estilos consolidados. O caso do tema "Totalitarismo" é um bom exemplo de um tipo de narrativa que se solidifica na ficção científica do entreguerras e se reproduz ao longo deste e dos demais períodos estudados.

Por fim, temos "Violência" e "Crise ambiental", que aparecem apenas uma vez cada. Foram visões do futuro mantidas em categorias separadas, pois, apesar de raros no período enfocado, se tornarão mais frequentes nas décadas seguintes. Com relação ao eixo violência, temos o filme e o livro Laranja mecânica, que também poderiam ser alocados na categoria "Totalitarismo", no entanto sua questão central é a delinquência juvenil. Já o tema ambiental aparece no filme No mundo de 2020, no qual a distopia gira em torno de um planeta superpovoado e com carência de recursos. Também apresenta uma ocorrência o tema invasão alienígena, do filme O dia em que a Terra parou, que, porém, transita entre a questão central dos invasores do espaço e uma crítica à corrida armamentista da época. Este último foi alocado na categoria "Outros".

Em síntese, o período apresenta uma preponderância dos temas ligados ao conflito entre União Soviética e Estados Unidos, "Holocausto nuclear/radioatividade" e "Odisseia espacial". São representações sobre o futuro tão comuns no período analisado que aparecem, inclusive, em obras cujo conceito principal é outro, como no livro Herdeiros do poder, que indiretamente trabalha com um mundo bipolar; na crítica à corrida armamentista de O dia em que a Terra parou; ou ainda nos contos de Nove amanhãs, que envolvem desde a questão espacial até a nuclear, esta última presente no conto "Os abutres bondosos".

Se é a partir de um ponto de vista presente que se representa o passado e o futuro (REIS, 2012REIS, José Carlos. Teoria e história: tempo histórico, história do pensamento histórico ocidental e pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012., p. 30), o mundo bipolar marcou de forma acentuada os cenários futuristas, impondo a crença de que o futuro necessariamente passaria pela resolução ou não da crise política que se vivenciava no presente. Segundo Reis (2012, p. 54)REIS, José Carlos. Teoria e história: tempo histórico, história do pensamento histórico ocidental e pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012., em maio de 1968, gritou-se "Esquecer o futuro", "Tudo agora!", em clara oposição ao caráter positivo da marcha para o futuro. O porvir não foi esquecido pela ficção científica. Porém o gênero deixou bem claro o caráter de risco intrínseco ao progresso, ao mostrar futuros muito distantes do ideal de modernização que caracterizou as sociedades movidas até então pelo regime de historicidade do "horizonte de expectativa".

Além disto, outras formas de ver o amanhã, paralelas aos temas predominantes ligados à Guerra Fria, já sinalizavam acrescente proliferação de representações de futuro diferentes, principalmente os negativos, que caracterizam o período posterior. A diversidade de futuros possíveis crescerá em consonância com a diversidade de possibilidades do presente que se verá durante e após a crise da União Soviética.

Anos 1980 e 1990: a proliferação de futuros possíveis

Nos anos 1980, o clima da Guerra Fria ainda estava presente, como já destacamos ao nos referirmos aos filmes Herança nuclear, O dia seguinte e Catástrofe nuclear, que representam um reaquecimento das hostilidades entre União Soviética e Estados Unidos, sobretudo nos primeiros anos dessa década. Todavia, a partir de 1980, notamos uma diversidade maior de futuros, que fica mais forte, principalmente, com a queda da União Soviética e a consequente hegemonia do capitalismo. Dialogando com Hartog, José Carlos Reis enfatiza a importância da queda do Muro de Berlim, que marca um corte no tempo, no qual o futuro se tornou imprevisível.

Vivemos em uma ordem do tempo desorientada, entre dois abismos: de um lado, um passado que não foi abolido e esquecido, mas que não orienta mais o presente e nem permite imaginar o futuro; de outro, um futuro sem a menor imagem/figura antecipada. Vivemos em uma "brecha temporal": o tempo histórico parece parado! (REIS, 2012REIS, José Carlos. Teoria e história: tempo histórico, história do pensamento histórico ocidental e pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012., p. 45)

Outra característica deste período é que o futuro se tornou ainda mais negativo. A gradual descrença diante do progresso, que, como vimos, começa muito antes do esfacelamento da União Soviética, fica evidente nas obras produzidas a partir dos anos 1980. Se, por um lado, esse período não traz a novidade da desilusão com o futuro, ao contrário do que parece querer indicar Hartog, por outro, ele consolida a percepção do porvir não mais como promessa, mas como ameaça, "sob a forma de catástrofes, de um tempo de catástrofes que nós mesmos provocamos" (HARTOG, 2013HARTOG, François. Regimes de historicidade: presentismo e experiências do tempo.Tradução Andréa Souza de Menezes, Bruna Beffart, Camila Rocha de Moraes, Maria Cristina de Alencar Silva, Maria Helena Martins. Belo Horizonte: Autêntica, 2013., p. 15).

Desse período, foram analisados dois livros, Neuromancer (1984), de William Gibson, e Ensaio sobre a cegueira (1995), de José Saramago. Com relação aos filmes, foram estudadas 19 obras: Mad Max (1979), Mad Max 2: a caçada continua (1981), Blade Runner: o caçador de androides (1982), O exterminador do futuro (1984), Brazil (1985), Mad Max 3: além da Cúpula do Trovão (1985), Robocop (1987), Akira (1988), 3 3 Mesmo que Hartog tenha pouco desenvolvido a questão das sociedades não-ocidentais na formulação de seu conceito de presentismo, optamos por usar fontes japonesas, como Godzila, Akira e Ghost in the Shell, por considerar que este país sofreu um processo de ocidentalização suficiente para refletir em suas visões sobre o futuro. Conforme Célia Sakurai, a partir de meados do século XIX, os japoneses vivenciaram ondas culturais de ocidentalização, depois de nacionalismo extremo e, a partir do final da Segunda Guerra Mundial, um retorno a valores inspirados no Ocidente (SAKURAI, 2016, p. 203). Assim, os temas da ficção científica japonesa e as projeções de futuro são muito próximas daquelas produzidas no Ocidente, apesar das obras manterem características técnicas e estéticas específicas. De volta para o futuro 2 (1989), O vingador do futuro (1990), O exterminador do futuro 2: o dia do julgamento (1991), O demolidor (1993), Waterworld (1995), Ghost in the Shell (1995), Doze macacos (1996), Gattaca (1997), O mensageiro (1997), O homem bicentenário (1999) e Matrix (1999). O Gráfico 2 mostra a classificação das obras quanto ao tema nas décadas de 1980 e 1990.

Gráfico 2
Temas das obras sobre o futuro nas décadas de 1980 e 1990

No total, temos 23 ocorrências. Novamente, algumas obras apareceram em mais de uma categoria. Mad Max 3: além da Cúpula do Trovão pode ser categorizado como "Crise ambiental" e "Holocausto nuclear/Radioatividade". Já o primeiro filme da série foi alocado apenas na categoria "Violência", recorrente nos demais filmes e, por isso, contabilizado apenas uma vez. O segundo filme foi contabilizado na categoria "Crise ambiental", o que não foi explorado no início da trilogia. Blade Runner: o caçador de androides foi alocado tanto na categoria "Supremacia das máquinas/Inteligência artificial" como na categoria "Crise ambiental", assim como Robocop está presente nas categorias "Supremacia das máquinas/Inteligência artificial/Tecnologia" e "Violência". O filme O exterminador do futuro e sua sequência, O exterminador do futuro 2: o dia do julgamento, foram contabilizados uma única vez na categoria "Supremacia das máquinas/Inteligência artificial/Tecnologia".

A primeira constatação possível a partir do Gráfico 2 é com relação à diminuição dos temas relacionados ao holocausto nuclear e à conquista do espaço. O delinear do fim da Guerra Fria trouxe também a crise das projeções sobre o porvir característicos daquele período. Não há mais sentido em uma busca acelerada pelo acesso aos mistérios do espaço e o medo de uma guerra total devastadora também perde gradualmente o seu fundamento. Dessa forma, das obras analisadas, apenas Mad Max 3: além da cúpula do trovão deixa subentendido que a crise global derivaria de um confronto nuclear. Outros filmes, como Akira, por exemplo, até fazem alusão a uma Terceira Guerra Mundial, mas não deixam explícita a questão do conflito atômico. Por outro lado, esta lista poderia ser ampliada se não tivéssemos deliberadamente alocado os filmes Herança nuclear, O dia seguinte e Catástrofe nuclear no período anterior. Contudo, consideramos que esses filmes representam os último suspiros da Guerra Fria, o que justifica nossa atitude. Já com relação ao tema "Odisseia espacial", apenas o filme O vingador do futuro pode ser inserido nesta categoria.

A crise das representações sobre o futuro ligadas às armas nucleares não significaram, no entanto, um alívio. Ao contrário, o pessimismo encontrou um novo cenário na ideia de dominação das máquinas e no movimento cyberpunk, que associaram, de forma intensa, a distopia às tecnologias. Sete obras cinematográficas recorrem ao tema da supremacia das máquinas ou aos dilemas associados à inteligência artificial e à tecnologia: Blade Runner: o caçador de androides, O exterminador do futuro e O exterminador do futuro 2: o dia do julgamento, Robocop, Ghost in the Shell, O homem bicentenário e Matrix. Além desses, temos também o livro Neuromancer. A percepção negativa de um futuro associado à tecnologia é um dos fortes sintomas da crise de confiança no progresso e em suas realizações (REIS, 2012REIS, José Carlos. Teoria e história: tempo histórico, história do pensamento histórico ocidental e pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012., p. 54). Cabe citar a análise feita por David A. Wilson (2002, p. 222-223)WILSON, David. A história do futuro: o que há de verdade nas mais famosas profecias e previsões. Tradução Geni Hirata. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. sobre o filme Blade Runner: o caçador de androides, um verdadeiro "pesadelo tecnológico. (...) O filme representa um alerta sombrio sobre as consequências de um mundo guiado pela tecnologia".

O mesmo poderia ser dito da franquia O exterminador do futuro, na qual o supercomputador Skynet pode ser tomado como símbolo dos perigos de uma máquina inteligente se voltar contra a humanidade. Na verdade, a inteligência artificial de O exterminador do futuro é muito parecida com os computadores de Colossus 1980, chegando, inclusive, a sugerir o uso de armas nucleares contra a humanidade, apesar de estas não serem as protagonistas da crise global do filme: a grande questão é a tecnologia sob sua forma ameaçadora que, ao invés de servir à humanidade, a domina.

Outro tema que ganha força neste período, associado às inquietações do presente, é uma iminente crise ambiental. Com cada vez mais visibilidade a partir dos movimentos ligados à contracultura dos anos 1960 e 1970, o alerta em torno das consequências negativas derivadas da atuação do homem sobre a natureza vai ficando mais presente na ficção científica. Como chama a atenção Anthony Giddens (1991, p. 184)GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. Tradução Raul Fiker. São Paulo: Editora Unesp, 1991., "a preocupação com os danos ao meio ambiente está agora difundida, e é foco de atenção para os governos em todo o mundo". Dessa forma, os filmes analisados sobre o assunto apresentam, em suas entrelinhas, um chamado à prevenção. No total, cinco filmes trabalharam com a questão ambiental: Mad Max 2: a caçada continua e Mad Max 3: além da Cúpula do Trovão, Blade Runner: o caçador de androides, Waterworld e O mensageiro.

Cada um buscou explorar a crise dos recursos naturais de uma forma diferente: Mad Max 2 aborda o fim das reservas de petróleo e da violência intrínseca a tal evento; Mad Max 3 continua o tema do petróleo, mas acrescenta a questão do holocausto nuclear e deixa indícios de uma crise hídrica; Blade Runner mostra um mundo marcado pela superpopulação, poluição e carência de recursos; Waterworld trata do derretimento das calotas polares e uma consequente inundação global; e, por fim, O Mensageiro mostra um mundo desértico, muito parecido com o cenário de Mad Max.

Outros temas aparecem de forma mais dispersa. "Epidemia" aparece no filme Doze macacos e no livro Ensaio sobre a cegueira. No século XXI, a questão se tornará mais frequente na ficção científica, mas cabe destacar que os anos 1980 e 1990 foram o período mais dramático do vírus da AIDS.

"Totalitarismo" aparece apenas uma vez, de forma tangencial, em O demolidor. Já Gattaca traz, pela primeira vez nos filmes analisados até aqui, o tema da eugenia moderna e da genética. A obra trabalha com um futuro no qual gerações inteiras são moldadas em laboratório, de forma a criar seres fisicamente e mentalmente perfeitos. Trata-se de outra temática que ficará mais frequente no século XXI.

A questão da violência aparece duas vezes: na trilogia Mad Max e no filme Robocop. Além destes, de forma inversa, está presente em O demolidor, que apresenta um futuro isento de qualquer manifestação dessa ordem. Robocop situa seu enredo em uma Detroit dominada pelo banditismo, reflexo dos Estados Unidos que viam sua taxa de crime em visível ascensão, insegurança pública e violência imprevisível de "jovens anômicos" (HOBSBAWM, 1995HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX. Tradução Marcos Santarrita. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995., p. 410).

Por fim, na categoria "Outros" foram inseridos os filmes Brazil, que tem o foco em um Estado excessivamente burocratizado; Akira, um futuro apocalíptico com "superseres"; e De volta para o futuro 2 e O homem bicentenário, que são os únicos filmes analisados com futuros claramente positivos.

Os anos 1980 e 1990, portanto, não trazem apenas a crise das representações de futuro características da Guerra Fria. Vemos também a consolidação do temor do progresso tecnológico, marcado não mais pela ameaça das armas nucleares, mas pela rebelião de máquinas e computadores.

Por outro lado, destaca-se o crescimento das possibilidades de futuro: enquanto existem oito possibilidades/temas de futuro no período da Guerra Fria, percebemos onze no período seguinte, mesmo com um número menor de obras analisadas. Ainda que seja uma diferença pequena, ela é significativa se pensarmos esse momento como intermediário entre os primeiros sinais do presentismo, após a Segunda Guerra Mundial, e sua consolidação no século XXI. Sendo assim, podemos sintetizar o final dos anos 1990 na afirmação de Georges Minois (2016, p. 671)MINOIS, Georges. História do futuro: dos profetas à prospectiva. Tradução Mariana Ecchalar. São Paulo: Editora Unesp , 2016.:

Eis como estamos às vésperas do ano 2000. A situação é original, inédita, sem precedentes. Os homens nunca tiveram a sua disposição tantos meios de predizer, e nunca estiveram tão inseguros quanto ao futuro. Entramos no terceiro milênio sob o mais espesso nevoeiro. O horizonte nunca esteve tão encoberto.

Longe de resolver o problema da dispersão de futuros, o novo milênio iria aprofundá-lo. A ficção científica vai continuar explorando os temas tradicionais sobre o porvir e acrescentará novos, ligados às mudanças tecnológicas das últimas décadas. Uma constante, no entanto, pode ser notada: o futuro ainda será um espaço de pessimismo.

A consolidação do presentismo na ficção científica do século XXI

No século XXI, o cinema produziu uma quantidade gigantesca de filmes sobre o futuro. Além disso, o porvir continuou sendo tema de séries e obras literárias. Assim, nossa análise se baseou em um grande número de trabalhos. Foram 49 filmes: A.I.: inteligência artificial (2001), Equilibrium (2002), Minority report (2002), Extermínio (2002), Eu, Robô (2004), O dia depois de amanhã (2004), V de vingança (2005), A ilha (2005), Filhos da esperança (2006), Eu sou a lenda (2007), Sunshine: alerta solar (2007), Wall·E (2008), Avatar (2009), Star Trek (2009), A estrada (2009), 9: a salvação (2009), O livro de Eli (2010), Contágio (2011), O preço do amanhã (2011), 24 horas para sobreviver (2011), Planeta dos Macacos: a origem (2011), O abrigo (2011), Prometheus (2012), O vingador do futuro (2012), Oblivion (2013), Ela (2013), Depois da Terra (2013), Expresso do amanhã (2013), Elysium (2013), A hospedeira (2013), A colônia (2013), Guerra Mundial Z (2013), Jogos vorazes: em chamas (2013), Uma noite de crime (2013), Maze Runner: correr ou morrer (2014), Interestelar (2014), Divergente (2014), Robocop (2014), Mad Max: estrada da fúria (2015), Maze Runner: prova de fogo (2015), O exterminador do futuro: gênesis (2015), Tomorrowland (2015), Ex machina (2015), Passageiros (2016), Projeto Lázaro (2016), Tempestade (2017), Onde está segunda? (2017), Blade Runner: 2049 (2017) e Pequena grande vida (2017), sendo que oito destes são remakes. Também foram analisadas duas séries - The Walking dead (primeira temporada, 2010) e Black mirror (2011-2017) - e dois livros - A passagem (2010), de Justin Cronin, e Rio 2054 (2013), do brasileiro Jorge Lourenço. Desse total de 53 obras, elaboramos o Gráfico 3:

Gráfico 3
Temas das obras sobre o futuro no século XXI

Destacamos 64 ocorrências de temas ligados ao futuro nas 53 obras analisadas. Foi acrescentado um novo tema, "Internet/Redes sociais", que, apesar de poder ser inserido na categoria "Supremacia das máquinas/Inteligência artificial/Tecnologia", apresenta certas peculiaridades, por questionar diretamente as mudanças nas relações sociais decorrentes da vida conectada à rede mundial de computadores.

Como nos outros períodos, alguns filmes e séries podem ser colocados em categorias diversas. São eles: Avatar ("Odisseia espacial" e "Eugenia/Genética/Clonagem"), Prometheus ("Odisseia espacial" e "Eugenia/Genética/Clonagem"), Depois da Terra ("Odisseia espacial" e "Crise ambiental"), 9: a salvação ("Supremacia das máquinas/Inteligência artificial/Tecnologia" e "Totalitarismo"), Oblivion ("Supremacia das máquinas/Inteligência artificial/Tecnologia" e "Outros"), Robocop ("Supremacia das máquinas/Inteligência artificial/Tecnologia" e "Violência"), Blade Runner 2049 ("Supremacia das máquinas/Inteligência artificial/Tecnologia" e "Eugenia/Genética/Clonagem"), The walking dead ("Epidemia" e "Violência"), A estrada ("Crise ambiental" e "Violência"), 24 horas para sobreviver ("Violência" e "Outros") e Mad Max: estrada da fúria ("Crise ambiental" e "Violência").

O Gráfico 3 mostra que o tema "Crise ambiental" é o mais frequente entre as obras de ficção científica produzidas no século XXI. Trata-se de um assunto de abordagem crescente no período anterior que continua sua linha ascendente, quase dobrando a quantidade de produções. A estrada, O dia depois de amanhã, Wall·E, Depois da Terra, Expresso do amanhã, A colônia, Mad Max: estrada da fúria, Tempestade, Onde está segunda?, Elysium e Pequena grande vida mostram, de alguma maneira, as consequências catastróficas da intervenção ilimitada na natureza. Não mais necessitamos de armas nucleares para destruir a vida na Terra, basta continuar com a produção incessante de lixo (Wall·E), com a proliferação de gases que afetam o clima do planeta (O dia depois de amanhã, Expresso do amanhã, A colônia, Tempestade), com a contaminação dos recursos naturais (Mad Max: estrada da fúria) ou com o crescimento intenso da população (Onde está segunda? e Pequena grande vida). Mesmo quando o filme não deixa claro o motivo do desastre natural, como no caso de A estrada, fica implícito o apocalipse ambiental produzido pela ação humana.

Por outro lado, o medo de uma guerra total, ao menos com o uso de armas nucleares, continua muito menor, se comparado ao período da Guerra Fria. Não é por acaso que apenas duas produções exploraram a temática: O livro de Eli e O abrigo. Esse temor ainda está presente, porém de forma abrandada.

O remake Planeta dos Macacos: a origem é um ótimo exemplo da mudança de percepção de futuro que se verificou da Guerra Fria ao século XXI. Ao contrário de algumas refilmagens, que mantiveram o conteúdo quase integral dos primeiros filmes, como Mad Max: estrada da fúria e Star Trek, por exemplo, a franquia Planeta dos Macacos alterou profundamente o elemento que desencadearia a ascensão dos macacos, procurando dar conta das novas percepções com relação ao futuro. Sendo assim, a crise que levaria ao declínio da humanidade seria iniciada em um laboratório, através da liberação de um patógeno, responsável pelo extermínio de boa parte da população mundial. Não existe mais nenhuma menção à questão nuclear. Ao mesmo tempo, a inteligência adquirida pelos macacos não seria mais decorrência do processo evolutivo, como sugeriam os primeiros filmes, mas uma alteração genética produzida pelo homem, que daria origem ao primeiro macaco superinteligente: César.

O novo Planeta dos Macacos carrega consigo os receios de uma epidemia, quase sempre iniciada em um laboratório, que exporia a fragilidade humana. O tema também aparece em outras sete obras: Extermínio, Eu sou a lenda, Contágio, Guerra Mundial Z, The walking dead, Maze Runner: prova de fogo e A passagem. Muitos desses filmes mostram cidades abandonadas, repletas de zumbis, estes diferentes dos zumbis de A noite dos mortos vivos. Se antes a radioatividade traria de volta os mortos, hoje o vírus é o elemento impulsionador da maioria dos filmes com esse tema. Basta, para isso, observar dois exemplos: Guerra Mundial Z e a série The walking dead. As duas obras trabalham com a ideia de um elemento biológico que cria seres sedentos por carne humana.

Como hipótese, podemos supor que o temor de uma epidemia global ficou mais evidente a partir de 2001, quando os Estados Unidos se viram diante de uma ameaça de proliferação do antraz, disseminado por meio de ataques terroristas. Além disso, as recentes pesquisas genéticas, ao mesmo tempo que geram expectativas positivas, como a cura do câncer, criam apreensões sobre os seus resultados. Esse dilema também aparece nas obras sobre "Eugenia/Genética/Clonagem", como em Minority report, A ilha, Avatar, Projeto Lázaro, Prometheus, O vingador do futuro e Blade Runner: 2049. A ilha, a título de exemplo, analisa a clonagem sobre uma ótica crítica: um futuro no qual clones são usados para prolongar a vida de uma elite rica. No entanto, tais clones possuem sentimentos, reproduzindo o dilema da produção de vida pela ciência, recorrente na ficção científica desde Frankenstein (1818), de Mary Shelley.

A clonagem da ovelha Dolly (1996), os trabalhos do Projeto Genoma (1990-2003) e as pesquisas com células-tronco são eventos importantes que devem ter influído no desenvolvimento desse tipo de representação de futuro na ficção científica. É curioso como esses avanços na medicina, que podem trazer benefícios para a vida humana, acabaram gerando não imagens positivas sobre o porvir, mas, ao contrário, trouxeram novos medos. É mais um claro sinal da desilusão de nossos tempos com relação ao futuro enquanto espaço de progresso e refúgio das esperanças.

Pode-se dizer o mesmo com relação aos filmes sobre tecnologia. Ainda predomina o pessimismo a respeito das máquinas e da criação de inteligências artificiais que possam se sobrepor à inteligência humana. Oito filmes trazem essa questão: A.I.: inteligência artificial, Eu, Robô, 9: A salvação, Oblivion, Robocop, Blade Runner: 2049, Ex machina e O exterminador do futuro: gênesis. Além disso, o século XXI trouxe uma nova inquietação diante das tecnologias, decorrente da proliferação das redes sociais. Se em 9: a salvação, por exemplo, permanece o já consolidado medo do domínio das máquinas, em Ela e na série Black mirror predomina a crítica à sociedade aprisionada cada vez mais no mundo virtual.

A categoria "Internet/Redes sociais" preocupa-se com os rumos tomados pelas relações sociais a partir da onipresença da internet, dos computadores e celulares. O filme Ela narra a história de um homem que se apaixona por um sistema operacional capaz de simular uma parceira idealizada, que, na teoria, poderia proporcionar um relacionamento isento de problemas e incompatibilidades. Já a série Black mirror, em cada um dos seus episódios, explora um ponto do "mundo conectado" para expor os seus perigos. Entre os temas recorrentes, podemos citar a substituição da vida real pela vida virtual, o fim da privacidade na internet e fora dela, a necessidade constante de aprovação nas redes sociais, a humilhação de pessoas através da multiplicação das câmeras de vídeo, entre outros.

Chama a atenção o retorno do tema "Totalitarismo", que havia perdido terreno após o fim da Segunda Guerra Mundial. Equilibrium, V de vingança, 9: a salvação, Jogos vorazes: em chamas, Divergente e Maze Runner: correr ou morrer retomam o tema do Estado dominador, controlador e vigilante. Geralmente são filmes que focam em um protagonista rebelde, na maioria das vezes um adolescente que questiona as estruturas políticas consolidadas. Prevalece a ideia de governos tiranos, que buscam segregar os indivíduos em benefício próprio.

Ainda temos a frequência do tema "Violência" (A estrada, The walking dead, 24 horas para sobreviver, Uma noite de crime, Robocop e Mad Max: estrada da fúria). Em quase todas as produções, a violência é decorrente de um fator inicial, que libera o que há de pior no ser humano, como em The walking dead, na qual, após uma epidemia, grupos humanos remanescentes passam a se confrontar em busca da sobrevivência. O mesmo pode ser visto em A estrada, que apenas substitui o tema "Epidemia" por "Crise ambiental".

Já o tópico "Odisseia espacial", que aparece em sete produções (Sunshine: alerta solar, Avatar, Star Trek, Prometheus, Depois da Terra, Passageiros e Interestelar), representa a continuidade de um tópico que gera bilhões de dólares à ficção científica praticamente desde sua origem, no século XIX, mas que no século XXI passou a ser explorado de formas diferentes. Vemos filmes otimistas, como Star Trek, que exaltam a capacidade de expansão humana, e outros que encontram no espaço a solução para a sobrevivência da espécie, como em Interestelar. Já em Avatar, sobrepõe-se uma crítica da conquista, mostrada como violenta e destruidora.

A categoria "Outros" trouxe seis temas diferentes: infertilidade da humanidade (Filhos da esperança), desigualdade social (O preço do amanhã), apocalipse indefinido (24 horas para sobreviver), invasão alienígena (Oblivion e A hospedeira), otimismo tecnológico (Tomorrowland) e cenário pós-guerra civil (Rio 2054). Esse número contribui para que o século XXI seja aquele com o maior número de futuros possíveis, dentre os três períodos estudados.

Em primeiro lugar, a análise do século XXI permite notar um equilíbrio maior nas representações de futuro. Mesmo com a ligeira superioridade das obras sobre "Crise ambiental", percebemos uma relativa paridade em quase todos os demais temas. Apenas para se ter uma ideia, no período da Guerra Fria, o tema "Holocausto nucelar/Radioatividade" ocupou 41,46% das obras analisadas. Somado às obras sobre "Odisseia espacial", esse número eleva-se para 60,97%. Já nas décadas de 1980 e 1990, o tema mais frequente, "Supremacia das máquinas/Inteligência artificial/Tecnologia", representa 30,43% das obras analisadas. No século XXI, por sua vez, "Crise ambiental" é responsável por apenas 17,18% das ocorrências, enquanto outros temas também são bem recorrentes: "Supremacia das máquinas/Inteligência artificial/Tecnologia" e "Epidemia", 15,09% cada; "Odisseia espacial", "Eugenia/Genética/Clonagem" e "Outros", 10,93% cada; "Totalitarismo" e "Violência", 9,37% cada.

Por outro lado, se somarmos todas as formas de futuro possíveis presentes nas obras analisadas, encontramos um total de quinze variações, mostrando a consolidação da diversificação de futuros que percebemos nos períodos anteriores. Em outras palavras, há uma variedade de futuros conflitantes, cujo tom predominante é o pessimismo. Assim, estamos diante da consolidação do presentismo de Hartog, conforme descrito por Reis (2012, p. 54)REIS, José Carlos. Teoria e história: tempo histórico, história do pensamento histórico ocidental e pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012.: "Veloz, o presente torna-se eterno. Cada um está persuadido de que cada dia será seu último dia! E assim se quer apreciar cada hora, porque só o presente é felicidade. O passado e o futuro são desvalorizados em nome da vida e da arte".

Sendo assim, a única certeza que temos é a de que o futuro não é mais um lugar seguro. A devastação virá, só resta saber de que forma, como resume bem a frase dita no filme Pequena grande vida, pelo personagem Dr. Jorgen Asbjornsen:

O Homo sapiens irá, em breve, sumir da face da Terra. Agora, é uma certeza. Não importa como o fim virá. Desastre natural, doenças pandêmicas, ar irrespirável, água não potável, falta de comida, inverno nuclear, uma combinação de tudo. Muito em breve a Terra se purgará da vida humana e sabe Deus quantas mais espécies. (PEQUENA..., 2017PEQUENA grande vida. Direção: Alexander Payne. [S. l.]: Paramount, 2017. 1 DVD (136 min), son., color. Título original: Downsizing.)

Considerações finais

Nosso artigo procurou demonstrar que, do final da Segunda Guerra Mundial até os dias atuais, a ficção científica apresentou futuros cada vez mais diversificados e pessimistas que comprovam a hipótese de Hartog sobre a ascensão de um novo regime de historicidade, o presentismo. Em um presente cada vez mais incerto, torna-se possível mais de uma projeção de futuro. Podemos, portanto, falar de futuros múltiplos, uma vez que o presente é "multidirecional", capaz de caminhar em várias direções (HARTOG, 2013HARTOG, François. Regimes de historicidade: presentismo e experiências do tempo.Tradução Andréa Souza de Menezes, Bruna Beffart, Camila Rocha de Moraes, Maria Cristina de Alencar Silva, Maria Helena Martins. Belo Horizonte: Autêntica, 2013., p. 258). A diversificação dos futuros deixa, inegavelmente, aberturas também para perspectivas otimistas, que podem ser encontradas, inclusive, nas próprias obras distópicas; mas estas são minoritárias diante da grande quantidade de projeções negativas que este artigo procurou demonstrar através das fontes analisadas.

A multiplicação das direções do futuro, defendida aqui, já estava presente na Guerra Fria, apesar de que, naquele momento, os embates entre União Soviética e Estados Unidos tendessem a impor o medo de um holocausto nuclear e os sonhos da conquista do espaço nas representações de futuro. Ainda assim, já se podia visualizar outras possibilidades, como o domínio das máquinas, crises ambientais e epidemias, por exemplo.

Nos anos 1980 e 1990, essa diversificação do futuro tende a aumentar, inserindo novos temas, como a genética e a eugenia moderna, além de um número maior de temas na categoria "Outros". Por outro lado, há a decadência de temas ligados à Guerra Fria (holocausto nuclear e espaço) e um número maior de obras que trabalham com "Supremacia das máquinas/Inteligência artificial/Tecnologia" e "Crise ambiental".

Conforme Giddens (1991, p. 50)GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. Tradução Raul Fiker. São Paulo: Editora Unesp, 1991., uma das características da modernidade é que a equação entre conhecimento e certeza se revelou erroneamente interpretada. Isso fica muito claro na ficção científica dos anos 2000 e 2010. Não existe mais certeza sobre os resultados da ciência, nem sobre os caminhos da razão, nem sobre a política ou o meio ambiente, o que permitiu uma dispersão de possibilidades sobre o amanhã. O presente, cada vez mais incerto, multiplicou os futuros. Apesar de um leve predomínio do tema "Crise ambiental", as representações sobre o futuro ficam mais igualmente distribuídas e a categoria "Outros" mostra que o futuro nunca foi tão diversificado. Além do mais, continua a tendência de se pensar, na maioria das vezes, em futuros negativos, nos quais o progresso é tido como vilão.

Podemos questionar como é possível, afinal, uma sociedade ser presentista e, ao mesmo tempo, falar e representar, o tempo todo, o futuro. A descrença no futuro não significou uma negativa das previsões e antecipações, que, como citamos no início deste trabalho, são próprias do homem, ela apenas mostrou como o futuro perdeu o seu poder de nortear a realidade. Existe uma crescente dificuldade em achar soluções para o presente no futuro, ou seja, em encontrar saídas para os diversos problemas do hoje no porvir. Por isso, a ficção científica não deixa de tentar decifrar os enigmas do amanhã, mas os questiona através de um presente que, desde a Guerra Fria, tem mostrado horizontes cada vez mais assustadores e variáveis.

Desta forma, ainda que o conceito de Hartog seja passível de certas críticas, como já foi discutido, a análise da ficção científica ajuda a pensar a ideia de um futuro progressivamente multidirecional e isento de otimismo, expressa pelo historiador francês. Percebemos, portanto, através da ficção científica, a consolidação da crise do tempo que, da Guerra Fria até a atualidade, solapou a predominância do regime de historicidade fundamentado no "horizonte de expectativa", em prol de um novo regime de historicidade marcado por um eterno presente, que alterou de forma profunda as representações sobre o porvir. O que restou foi uma grande insegurança quanto ao futuro, marcada pelo pessimismo e pela diversidade.

Este trabalho fez um esforço de classificação, mas tem consciência de que toda classificação carrega consigo alguma subjetividade, ainda mais quando as fontes usadas são o cinema e a literatura. Procuramos encaixar cada obra de acordo com o seu futuro predominante, correndo o risco, porém, de cometer alguma omissão. Portanto, nossa classificação não pretende ser isenta de críticas. Ao contrário, acreditamos que qualquer questionamento que possa surgir deste artigo é desejável, no sentido de contribuir para o desenvolvimento de um debate que ainda tem muito a oferecer para a historiografia.

  • *
    O presente artigo é resultado das pesquisas e discussões feitas no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), unidade de Divinópolis, através do projeto "O futuro não é mais como era antigamente": representações do futuro em livros e filmes de ficção científica (da Guerra Fria ao século XXI). Para a coleta das fontes, foi fundamental o trabalho das alunas Aline Pereira Lopes, atualmente cursando História na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Emanuele Tadeu Pozzolini, estudante do curso técnico de Produção de Moda do Cefet-MG de Divi nópolis. Além disso, foi importante a bolsa de Iniciação Científica Júnior concedida ao projeto pela Fundação de Aparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig). Todas as obras e todos os documentos utilizados na pesquisa e na elaboração do artigo são citados nas notas e na bibliografia.
  • 1
    A famosa frase do início de cada filme da franquia, "há muito tempo atrás, numa galáxia muito, muito distante", dá a entender que os eventos estariam ocorrendo no passado e não no presente nem no futuro.
  • 2
    Nos Estados Unidos, o otimismo tecnológico, típico do século XIX, ainda podia ser visto, mesmo após a "Grande Depressão". Em 1939, a Feira Mundial de Nova York apresentou o tema "Construindo o mundo de amanhã" e foi marcada pela exaltação do futuro. "O centro das atrações da Feira Mundial era a exposição 'Futurama', exibida no pavilhão da General Motors, que atraía cerca de trinta mil pessoas por dia ao mundo imaginário de 1960" (WILSON, 2002WILSON, David. A história do futuro: o que há de verdade nas mais famosas profecias e previsões. Tradução Geni Hirata. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002., p. 209).
  • 3
    Mesmo que Hartog tenha pouco desenvolvido a questão das sociedades não-ocidentais na formulação de seu conceito de presentismo, optamos por usar fontes japonesas, como Godzila, Akira e Ghost in the Shell, por considerar que este país sofreu um processo de ocidentalização suficiente para refletir em suas visões sobre o futuro. Conforme Célia Sakurai, a partir de meados do século XIX, os japoneses vivenciaram ondas culturais de ocidentalização, depois de nacionalismo extremo e, a partir do final da Segunda Guerra Mundial, um retorno a valores inspirados no Ocidente (SAKURAI, 2016SAKURAI, Célia. Os japoneses. 2ª edição. São Paulo: Contexto, 2016., p. 203). Assim, os temas da ficção científica japonesa e as projeções de futuro são muito próximas daquelas produzidas no Ocidente, apesar das obras manterem características técnicas e estéticas específicas.

Referências bibliográficas

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    • CONTÁGIO. Direção: Steven Soderbergh. [S. l.]: Warner Bros., 2011. 1 DVD (106 min), son., color. Título original: Contagion.
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    • DE VOLTA ao Planeta dos Macacos. Direção: Ted Post. [S. l.]: APJAC, 1970. 1 DVD (95 min), son., color. Título original: Beneath the Planet of the Apes.
    • DE VOLTA para o futuro 2. Direção: Robert Zemeckis. [S. l.]: Universal, 1989.1 DVD (108 min), son., color. Título original: Back tothe Future Part II.
    • DIVERGENTE. Direção: Neil Burger. [S. l.]: Summit Entertainment, 2014.1 DVD (140 min), son., color. Título original: Divergent.
    • DOZE macacos. Direção: Terry Gilliam. [S. l.]: Universal, 1995. 1 DVD (129 min), son., color. Título original: Twelve Monkeys.
    • DR. FANTÁSTICO. Direção: Stanley Kubrick. [S. l.]: Hawk Films; Columbia, 1964. 1 vídeo (93 min), son., p & b. Título original: Dr. Strangelove or: how I learned to stop worrying and love the bomb. Disponível em: <https://youtu.be/PYUZBy0GsEQ>. Acesso em: 29 mar. 2018.
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    • DUCK and cover. Direção: Anthony Rizzo. [S. l.]: Archer, 1951. 1 vídeo (9 min), son., p & b.
    • ELA. Direção: Spike Jonze. [S. l.]: Warner Bros, 2013.1 DVD (126 min), son., color. Título original: Her.
    • ELYSIUM. Direção: Neill Blomkamp. [S. l.]: TriStar, 2013. 1 DVD (109 min), son., color. Título original: Elysium.
    • EQUILIBRIUM. Direção: Kurt Wimmer. [S. l.]: Dimension Films, 2002 1 DVD (107 min), son., color. Título original: Equilibrium.
    • EU, ROBÔ. Direção: Alex Proyas. [S. l.]: Twentieth Century Fox, 2004.1 DVD (114 min), son., color. Título original: I, Robot.
    • EU SOU a lenda. Direção: Francis Lawrence. [S. l.]: Warner Bros, 2007. 1 DVD (100 min), son., color. Título original: I am legend.
    • EX MACHINA. Direção: Alex Garland. [S. l.]: Universal, 2015. 1 DVD (108 min), son., color. Título original: Ex machina.
    • EXPRESSO do amanhã. Direção: Joon Ho Bong. [S. l.]: Play Arte Filmes, 2013. 1 DVD (126 min), son., color. Título original: Snowpiercer.
    • EXTERMÍNIO. Direção: Danny Boyle. [S. l.]: Twentieth Century Fox, 2002. 1 DVD (113 min), son., color. Título original: 28 Days later.
    • FILHOS da esperança. Direção: Alfonso Cuarón. [S. l.]: Universal, 2006. 1 DVD (109 min), Título original: Children of men.
    • FUGA do século XXIII. Direção: Michael Anderson. [S. l.]: Metro-Goldwyn-Mayer, 1976. 1 DVD (119 min), son., color. Título original: Logan's Run.
    • GATTACA. Direção: Andrew Niccol. [S. l.] Estados Unidos: Columbia Corporation, 1997.1 DVD (106 min), son., color. Título original: Gattaca.
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    • GHOST in the shell. Direção: Mamoru Oshii. [S. l.]: Metrodome Distribution, 1995. 1 DVD (83 min), son., color. Título original: Ghost in the shell.
    • GUERRA Mundial Z. Direção: Marc Foster. [S. l.]: Paramount, 2013. 1 DVD (116 min), son., color. Título original: World War Z.
    • HERANÇA nuclear. Direção: Lynne Littman. [S. l.]: Paramount, 1983. 1 DVD (90 min), son., color. Título original: Testament.
    • INTERESTELAR. Direção: Christopher Nolan. [S. l.]: Warner Bros., 2014. 1 DVD (169 min), son., color. Título original: Interstellar.
    • JOGOS vorazes: em chamas. Direção: Francis Lawrence. [S. l.]: Lionsgate, 2013. 1 DVD (146 min), son., color. Título original: The hunger games: catching fire.
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    • MAD MAX. Direção: George Miller. [S. l.]: Kennedy Miller, 1979. 1 DVD (88 min.), son., color. Título original: Mad Max.
    • MAD MAX 2: a caçada continua. Direção: George Miller. [S. l.]: Warner Bros., 1981, 1 DVD (95 min). Título original: Mad Max 2: the road warrior.
    • MAD MAX 3: além da cúpula do trovão. Direção: George Miller. [S. l.]: Warner Bros., 1985. 1 DVD (107 min), son., color. Título original: Mad Max beyond thunderdome.
    • MAD MAX: Estrada da Fúria. Direção: George Miller. [S. l.]: Warner Bros., 2015. 1 DVD (120 min), son., color.Título original: Mad Max: Fury Road.
    • MATRIX. Direção: Lilly Wachowski; Lana Wachowski. [S. l.]: Warner Bros., 1999. 1 DVD (136 min), son., color. Título original: Matrix.
    • MAZE Runner: correr ou morrer. Direção: Wes Ball. [S. l.]: Twentieth Century Fox, 2014. 1 DVD (113 min), son., color. Título original: The Maze Runner.
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    • O ABRIGO. Direção: Xavier Gens. [S. l.]: Anchor Bay Films, 2011. 1 DVD (122 min), son., color. Título original: The divide.
    • OBLIVION. Direção: Joseph Kosinski. [S. l.]: Universal, 2013. 1 DVD (124 min), son., color. Título original: Oblivion.
    • O DEMOLIDOR. Direção: Marco Brambilla. [S. l.]: Warner Bros.; Silver, 1993. 1 DVD (115 min), son., color. Título original: Demolition Man.
    • O DIA depois de amanhã. Direção: Roland Emmerich. [S. l.]: Twentieth Century Fox, 2004. 1 DVD (124 min), son., color. Título original: The day after tomorrow.
    • O DIA em que a terra parou. Direção: Robert Wise. [S. l.]: Twentieth Century Fox, 1951, 1 DVD (92 min), son., p & b. Título original: The day the Earth stood still.
    • O DIA seguinte. Direção: Nicholas Meyer. [S. l.]: ABC, 1983. 1 vídeo (126 min.), son., color. Título original: The day after. Disponível em: <https://youtu.be/jfJ3nz_5crc>. Acesso em: 29 mar. 2018.
      » https://youtu.be/jfJ3nz_5crc
    • O ENIGMA de Andrômeda. Direção: Robert Wise. [S. l.]: Universal, 1971. 1 DVD (130 min), son., color.Título original: The Andromeda Strain.
    • O EXTERMINADOR do futuro. Direção: James Cameron. [S. l.]: Orion, 1984. 1 DVD (108 min), son., color. Título original: The Terminator.
    • O EXTERMINADOR do futuro 2: o dia do julgamento. Direção: James Cameron. [S. l.]: TriStar, 1991. 1 DVD (137 min), son., color. Título original: Terminator 2: judgment day.
    • O EXTERMINADOR do futuro: Gênesis. Direção: Alan Taylor. [S. l.]: Paramount, 2015. 1 DVD (126 min), son., color. Título original: Terminator Genisys.
    • O FIM do mundo. Direção: Rudolph Maté. [S. l.]: Paramount, 1951. 1 vídeo (83 min), son., color. Título original: When Worlds collide. Disponível em: <https://dai.ly/x24k211>.Acesso em: 5 set. 2019.
      » https://dai.ly/x24k211
    • O HOMEM bicentenário. Direção: Chris Columbus. [S. l.]: Columbia, 1999.1 DVD (130 min), son., color. Título original: Bicentennial man.
    • O LIVRO de Eli. Direção: Albert; Allen Hughes. [S. l.]: Silver, 2010. 1 DVD (117 min), son., color. Título original: The Book of Eli.
    • O MENINO e seu cachorro. Direção: L. Q. Jones. Estados Unidos, 1975.1 DVD (91 min), son., color. Título original: A boy and his dog.
    • O MENSAGEIRO. Direção: Kevin Costner. [S. l.]: Warner Bros., 1997. 2 DVDs (178 min), son., color.Título original: The Postman.
    • ONDE está segunda? Direção: Tommy Wirkola. [S. l.]: Netflix, 2017. 1 vídeo (123 min), son., color. Título original: Whathappened to monday.
    • O PLANETA dos macacos. Direção: Franklin J. Schaffner. [S. l.]: Legendary, 1968. 1 DVD (112 min), son., color. Título original: Planet of the Apes.
    • O PLANETA proibido. Direção: Fred Mc Leod Wilcox. [S. l.]: Metro-Goldwyn-Mayer, 1956. 1 vídeo (98 min), son., color. Título original: Forbidden Planet. Disponível em:<https://ok.ru/video/306810980949>. Acesso em: 29 mar. 2018.
      » https://ok.ru/video/306810980949
    • O PREÇO do amanhã. Direção: Andrew Niccol. [S. l.]: TwentiethCentury Fox, 2011.1 DVD (109 min), son., color. Título original: In time.
    • O VINGADOR do futuro. Direção: Paul Verhoeven. [S. l.]: TriStar; Universal, 1990.1 DVD (113 min), son., color. Título original: Total Recall.
    • O VINGADOR do futuro. Direção: LenWiseman. [S. l.]: Columbia, 2012. 1 DVD (121 min), son., color.Título original: Total Recall.
    • PASSAGEIROS. Direção: Morten Tyldum. [S. l.]: Columbia, 2016. 1 DVD (116 min), son., color.Título original: Passengers.
    • PEQUENA grande vida. Direção: Alexander Payne. [S. l.]: Paramount, 2017. 1 DVD (136 min), son., color. Título original: Downsizing.
    • PLANETA dos Macacos: a origem. Direção: Rupert Wyatt. [S. l.]: Twentieth Century Fox, 2011. 1 DVD (105 min), son., color. Título original: Rise of the Planet of the Apes.
    • PROJETO Lázaro. Direção: Mateo Gil. [S. l.]: Filmax, 2016. 1 DVD (112 min), son., color. Título original: Realive.
    • PROMETHEUS. Direção: Ridley Scott. [S. l.]: Twentieth Century Fox, 2012. 1 DVD (124 min), son., color. Título original: Prometheus.
    • ROBOCOP. Direção: Paul Verhoeven. [S. l.]: Metro-Goldwyn-Mayer, 1987. 1 DVD (102 min), son., color. Título original: RoboCop.
    • ROBOCOP. Direção: José Padilha. [S. l.]: Metro-Goldwyn-Mayer, 2014. 1 DVD (121 min), son., color.Título original: RoboCop.
    • SOLARIS. Direção: Andrei Tarkovski. [S. l.]: Janus Films, 1972. 1 vídeo (166 min), son., color. Título original: Solyaris. Disponível em: <https://youtu.be/22kfl_P6-nM>. Acesso em: 29 mar. 2018.
      » https://youtu.be/22kfl_P6-nM
    • STAR Trek. Direção: J. J. Abrams. [S. l.]: Paramount, 2009. 1 DVD (127 min), son., color. Título original: Star Trek.
    • SUNSHINE: alerta solar. Direção: Danny Boyle. [S. l.]: Fox Searchlight, 2007.1 DVD (107 min), son., color. Título original: Sunshine.
    • TEMPESTADE. Direção: Dean Devlin. [S. l.]: Warner Bros, 2017.1 DVD (109 min), son., color. Título original: Geostorm.
    • THE WALKING dead (Temporada 1). Produtores: Jolly Dale; Caleb Womble; Paul Gadd; Heather Bellson. [S. l.]: AMC, 2010. 3 DVDs (300 min), son., color. Título original: The walking dead.
    • THE WAR game. Direção: Peter Watkins. Londres: BBC, 1965. 1 DVD (48 min), son., p & b.
    • THX 1138. Direção: George Lucas. [S. l.]: Warner Bros., 1971. 1 DVD (95 min), son., color. Título original: THX 1138.
    • TOMORROWLAND. Direção: Brad Bird. [S. l.]: Walt Disney, 2015.1 DVD (130 min), son., color. Título original: Tomorrowland.
    • UMA noite de crime. Direção: James De Monaco. [S. l.]: Universal, 2013. 1 DVD (86 min), son., color. Título original: The purge.
    • V DE vingança. Direção: James Mc Teigue. [S. l.]: Warner Bros, 2005. 1 DVD (132 min), son., color. Título original: V for Vendetta.
    • WALL·E. Direção: Andrew Stanton. [S. l.]: Walt Disney Studios, 2008. 1 DVD (98 min), son., color.Título original: Wall·E
    • WATERWORLD. Direção: Kevin Reynolds; Kevin Costner. [S. l.]: Universal, 1995. 1 DVD (136 min.), son., color. Título original: Waterworld.

    Editado por

    Editores responsáveis: Iris Kantor e Rafael de Bivar Marquese

    Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      09 Dez 2019
    • Data do Fascículo
      2019

    Histórico

    • Recebido
      10 Abr 2018
    • Aceito
      19 Set 2018
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