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A produção do conhecimento e o projeto éticopolítico do Serviço Social

Resumo

Este ensaio teórico tem por objeto a produção do conhecimento em serviço social e ressalta a sua importância na atual conjuntura. Foi escrito a partir da análise de contribuições de autores dessa área que refletem sobre esta temática e de autores marxistas que analisam o método e a produção do conhecimento a partir do materialismo histórico dialético. Para tanto, elege duas premissas. A primeira refere-se à produção do conhecimento como uma das expressões da atividade humana que, no movimento da realidade, busca a apreensão de particularidades enquanto expressões do concreto pensado. A segunda refere-se à defesa da necessária vinculação das pesquisas na área de serviço social ao significado social dessa profissão que, na contemporaneidade, baliza-se numa direção sustentada em seu projeto ético-político vigente e radicalmente atual.

Palavras-chave:
Produção do conhecimento; Serviço social; Projeto ético-político

Abstract

This theoretical essay has as its object the production of knowledge in social work and emphasizes its importance in the current conjuncture. It was written from the analysis of contributions by authors of this area that reflect on this theme and from Marxist authors who analyze the method and the production of knowledge from dialectical historical materialism. To do so, it chooses two premises. The first refers to the production of knowledge as one of the expressions of human activity that, in the movement of reality, seeks the apprehension of particularities as expressions of concrete thought. The second refers to the defense of the necessary linkage of research in the field of social work with the social meaning of this profession, which, in the contemporary era, bears itself in a direction sustained in its current and radically current political ethical project.

Keywords:
Production of knowledge; Social work; Ethical-political project

Introdução

Vivemos tempos de adensamento das estratégias de controle sociometabólico do capital, dentre as quais vinculam-se novas dimensões estruturais de controle sobre os processos de trabalho estabelecidas, entre outros aspectos, por meio da divisão sociotécnica do trabalho e sua necessária articulação com a sustentação ideológica que, nas palavras de Mészaros (2011Mészáros, I. (2011). Para além do capital: rumo a uma teoria da transição (P. Castanheira, & S. Lessa, Trans.). São Paulo, Brazil: Boitempo., p. 99), devem ser “fundidas de modo que possam caracterizar a condição [...] de hierarquia e subordinação como inalterável ditame da ‘própria natureza’”.

Materializado por meio do adensamento das formas de controle, de exploração/opressão e precarização do trabalho, das contrarreformas e de desmonte dos direitos sociais e civis que colocam em xeque a democracia no Brasil, especialmente após o Golpe de 20161 1 Sobre o Golpe de 2016 no Brasil ver Braz (2017). , esse ideário se impõe como um dever ser, absolutamente inquestionável; naturalizado. Para tanto, a socialização de valores conservadores, autoritários e preconceituosos tornam-se centrais.

As resistências a esse ideário requerem a apreensão de determinações sócio-históricas que aparecem desconectadas, mas que são particularidades da realidade sócio-histórica que não factíveis à empiria que as evidencia como naturais e que as dilui do próprio processo em que são materializadas. No campo da moralidade, sem a conexão processual necessária para apreendê-las, tais particularidades figuram como defesa de valores postos à priori, aos moldes do ideário conservador.

Nesse sentido, não por acaso dentre as tendências conservadoras e moralistas, depara-se com a desqualificação da ciência e da educação como um campo fértil e autônomo na produção do conhecimento. Nessa lógica, o conhecimento a ser estimulado é aquele que responde diretamente aos interesses de mercado.

Daí a razão principal da educação pública, gratuita e de qualidade sofrer uma série de contrarreformas que metamorfoseia a essencialidade da educação, particularmente no estudo em foco, à que constrói no âmbito da universidade. Sobre esta recaem diretamente os ditames impostos à luz dos interesses do Banco Mundial2 2 Sobre esses interesses e a contrarreforma da universidade ver a produção da Revista Universidade e Sociedade (2018). , tendo em vista o ensino superior inscrito no processo de mercadorização e mercantilização.

O acirramento do desmonte do campo de direitos no Brasil e, particularmente das universidades públicas, não somente na esfera do financiamento, da precarização do trabalho docente, mas também pelas tendências de desqualificação do conhecimento e da ciência que se fortaleceram e se tornaram ainda mais visíveis ao se depararem com um campo profícuo particularmente a partir do processo eleitoral durante o ano de 2018; urgem estratégias de enfrentamento, resistências e avanços para além da complexificação desse ideário. Assim, frente à realidade brasileira na atual conjuntura, o debate sobre a produção do conhecimento torna-se cada vez mais central.

A produção do conhecimento aqui é entendida em sua livre e autônoma aproximação ao movimento do real, captando suas particularidades, alicerçando o significado social do conhecimento à sua ineliminável relação orgânica com a educação e a formação de profissionais que, de fato, estejam à serviço da vida e da sociedade; na perspectiva de superar a lógica desumanizadora do capital, que se fundamenta na obtenção de lucros, do individualismo, da competição, da extração da energia humana, desumanizando o humano. E sistematizar reflexões sobre ela, na atual conjuntura, bem como analisá-la no âmbito do processo de formação profissional e o trabalho no serviço social na atual conjuntura torna-se o escopo deste artigo.

Para sustentação teórico-metodológica, buscou-se aproximar-se das produções teóricas que têm contribuído significativamente no campo de estudo em questão. Para tanto, foram desenhados dois eixos centrais: o primeiro sobre a produção do conhecimento à luz da realidade e o segundo sobre a produção do conhecimento e o projeto ético-político do serviço social.

Um dos pressupostos centrais neste artigo define-se pela produção do conhecimento enquanto uma das expressões da atividade humana3 3 A compreensão da produção do conhecimento enquanto expressão da atividade humana é corroborada no Serviço Social brasileiro por diversos autores, com destaque à produção de Jussara Ayres Bourguignon e Aglair Alencar Setubal. , assim como a pesquisa social como um processo de aproximação à realidade buscando a apreensão de suas particularidades enquanto concreto pensado. A este pressuposto agregam-se reflexões sobre o significado social da pesquisa no serviço social, o qual pauta-se numa direção sustentada em seu projeto ético-político vigente e radicalmente atual.

A produção do conhecimento à luz da realidade

Vários são os caminhos teórico-metodológicos que iluminam a produção do conhecimento e a pesquisa social nas ciências sociais e, particularmente no serviço social. Esses caminhos estão circunscritos em determinadas tradições ou matrizes teóricas compartilhadas por um conjunto de pensadores/as cujas ideias podem ter diferenças, contudo possuem elementos centrais que os articulam entre si, dentre eles não somente a concordância com determinada teoria social, mas também sustentados em uma dimensão político-ideológica que os situam em um determinado campo teórico-metodológico.

Entende-se por teoria social um modo de explicações, complexo e sistemático sobre a constituição e reprodução de um determinado objeto, fenômeno, ou seja do movimento da realidade. Para tanto, toda teoria social torna-se uma unidade de explicação da realidade por meio de sua constituição imanentemente articulada ao método.

Parte-se do pressuposto de que a apreensão da realidade se dá por meio de processos investigativos que explicitem e apreendam a dinâmica do real, levando-se em consideração sua complexidade e contradições. Pauta-se numa determinada tradição, ou seja, na perspectiva teórico-metodológica que compreende a análise da realidade enquanto concreto pensado à luz de suas particularidades, suas determinações históricas e do movimento dialético no qual ele se constrói e desconstrói. Tal é a perspectiva para a aproximação e compreensão do objeto de estudo.

Compreende-se como fundamental a teoria social de Marx que, segundo Paulo Netto (2009Paulo Netto, J. (2009). Introdução ao método da teoria social. Retrieved from: https://pcb.org.br/portal/docs/int-metodo-teoriasocial.pdf
https://pcb.org.br/portal/docs/int-metod...
), pressupõe o conhecimento teórico como o conhecimento do objeto tal qual ele é em si mesmo, na sua existência real e efetiva. A teoria é o movimento real do objeto transposto para o cérebro do pesquisador, é o real produzido e interpretado no plano ideal. Não se trata, portanto, da naturalização de aspectos do movimento da realidade social, mas, ao contrário, trata-se do processo de aproximação histórico-dialético com base em aspectos materiais, ou seja, um movimento mais fiel possível do objeto em si.

Por reprodução ideal do movimento real do objeto, entende-se o processo de aproximação no plano do pensamento aos elementos constitutivos do objeto nele mesmo, implicando na existência do real independentemente do pensamento do(a) pesquisador(a).

Esse movimento de aproximação ao objeto em si exige do(a) pesquisador(a) a capacidade de apreensão da essência do mesmo, que enquanto fenômeno ora se revela, ora se esconde no mundo da pseudoconcreticidade. Kosik (1976Kosik, K. (1976). Dialética do concreto (C. Neves, & A. Toríbio, Trans., 2nd ed.). São Paulo, Brazil: Paz e Terra., p. 11) contribui neste debate, ao afirmar, entre outros aspectos, que o real, a coisa em si se manifesta no plano da imediaticidade no “ambiente cotidiano” não de maneira imediata ao sujeito pesquisador. Para ele, o mundo da pseudoconcreticidade consiste no:

[...] complexo dos fenômenos que povoam o ambiente cotidiano e a atmosfera comum da vida humana, que, com sua regularidade, imediatismo e evidência, penetram na consciência dos indivíduos agentes, assumindo um aspecto independente e natural.

É fundamental ter clareza de que o conhecimento não funda o real, todavia o persegue em suas particularidades, apreendendo-o e reproduzindo-o mentalmente. Para tanto, é necessário ascender do abstrato ao concreto que, de acordo com Kosik (1976Kosik, K. (1976). Dialética do concreto (C. Neves, & A. Toríbio, Trans., 2nd ed.). São Paulo, Brazil: Paz e Terra.), é um movimento no pensamento e do pensamento.

O conhecimento se erige do/sobre o mundo real pressupondo um método que, partindo e adentrando o mundo da pseudoconcreticidade, da aparência, aproxime-se o máximo possível da essência do objeto nele mesmo. Esse processo se dá a partir do real enquanto ponto de partida e de chegada, vai além de regras preestabelecidas, definidoras do modo de fazer a pesquisa. É um caminho em movimento que propicia a reflexão e um olhar diferenciado, investigativo e criativo a partir da apreensão da totalidade e das contradições imanentes ao real enquanto concreto pensado.

Para a apreensão do real em sua totalidade imanente o(a) pesquisador(a) necessita extrair as suas categorias constitutivas, que são:

[...] formas de ser, determinações da existência”, elementos estruturais de complexos relativamente totais, reais, dinâmicos, cujas inter-relações dinâmicas dão lugar a complexos cada vez mais abrangentes, em sentido tanto extensivo quanto intensivo (LUKÁCS, 2012Lukács, G. (2012). Para uma ontologia do ser social I (C. N. Coutinho, L. Luft, M. Duayer, N. Schneider, & R. A. do Nascimento, Trans.). São Paulo, Brazil: Boitempo., p. 297).

Esse processo de extração de categorias deve ser iluminado pelo real em seu movimento, por meio da análise dos fatos e acontecimentos, das relações sociais, das condições objetivas dos sujeitos participantes da pesquisa, entre tantos outros elementos instituintes e instituídos pelo real em sua totalidade. Daí a necessidade de indagar permanentemente a realidade. Portanto, para a apreensão das categorias constitutivas do objeto do conhecimento faz-se mister caminhar da “caótica representação do todo” até a “rica totalidade da multiplicidade das determinações e das relações” (KOSIK, 1976Kosik, K. (1976). Dialética do concreto (C. Neves, & A. Toríbio, Trans., 2nd ed.). São Paulo, Brazil: Paz e Terra., p. 30). Acredita-se que, para tanto, o método materialista histórico dialético4 4 Sobre o método materialista histórico dialético ver obra de Karl Marx, especialmente: no livro: Ideologia Alemã escrito por Marx e Engels, onde contrapõem-se à tradição filosófica pós-hegeliana. Na Miséria da Filosofia, onde nos deparamos com alguns apontamentos metodológicos na abertura do segundo capítulo. Também no livro “O Capital”, com destaque a alguns prefácios e posfácios. Em Lukács também encontramos contribuições significativas sobre o método, principalmente no livro “Para uma ontologia do ser social I”, capítulo 4, sobre os princípios ontológicos fundamentais de Marx. Outra indicação importante para este debate é a produção de Florestan Fernandes, com destaque ao livro por ele organizado intitulado K. Marx, F. Engels: História, publicado em 1989. é o que permite de fato essa extração de categorias com base material, histórico-ontológica5 5 A ontologia no sentido lukacsiano se refere ao que existe realmente, a “coisa em si”, onde o ser humano assim o é enquanto ser em relação não só com os outros seres humanos, mas, também com a natureza, isto é, o ser humano e seu lugar no universo. , do abstrato ao concreto, passando das determinações mais simples às mais complexas, com vistas à totalidade concreta, ou seja, uma síntese de múltiplas determinações (MARX, 1989).

Captar as categorias do movimento do real, apreendendo as particularidades postas para além do mundo da pseudoconcreticidade torna-se um processo central na perspectiva aqui adotada para a produção do conhecimento e, em especial aos processos investigativos/interventivos imanentes à uma profissão como a do serviço social que, inscrito na divisão sociotécnica do trabalho, é demandado cotidianamente pelas expressões da questão social tornando-se central ao serviço social a captação das determinações sócio-históricas em sua concretude cotidiana, cuja base material é o chão dos sujeitos históricos.

A produção do conhecimento e o projeto ético político do serviço social

Perquirir o processo de produção do conhecimento que se constrói na trajetória sócio- histórica da profissão, na atual conjuntura, é desafiador. Trata-se de uma profissão que se objetiva no terreno fértil do cotidiano em que se situam os sujeitos históricos em suas vivências e experiências cotidianas concretas. Referimonos aqui tanto aos assistentes sociais, como os usuários dos serviços e políticas por eles viabilizadas e/ou gerenciadas. São sujeitos imersos no cotidiano no qual as ações humanas se materializam, muitas vezes, distantes de processos teleológicos que fundam e movimentam valores e finalidades. Mas, um cotidiano que, em sua unidade dialética, também se apresenta como possibilidade de superação dessa distância e que se inscrevem como campo da práxis humana.

Essa é uma profissão que tem o processo investigativo e de produção do conhecimento imanentemente articulado ao trabalho, pressupondo o conhecimento como “[...] válido e eficaz quando suas aquisições forem expedientes para a ação prática cujas experiências virão, por sua vez, enriquecer o conhecimento e lhe fornecer uma força sempre nova”. (LUKÁCS, 1967Lukács, G. (1967). Existencialismo ou marxismo? (J. C. Bruni, Trans.). São Paulo, Brazil: Senzala., p. 237).

Essa ação prática se materializa no cotidiano e, de acordo com Heller (2004Heller, A. (2004). O cotidiano e a história (C. N. Coutinho, & L. Konder, Trans., 7th ed.). São Paulo, Brazil: Paz e Terra., p. 20) a vida cotidiana:

[...] não está fora da história, mas no centro do acontecer histórico; é a verdadeira essência da substância social [...] a vida cotidiana é a vida do indivíduo. O indivíduo é sempre, simultaneamente, ser particular e ser genérico. No caso do homem, a particularidade expressa não apenas seu ser isolado, mas também seu ser individual.

A análise do ser individual, em uma dada realidade, em um determinado tempo/espaço, requer necessariamente o conhecimento das particularidades desse real, pois há uma relação imanente entre o universal, particular que se objetivam e materializam no singular, cujo movimento se dá mediante um campo complexo de mediações. Lukács (1978Lukács, G. (1978). As bases ontológicas do pensamento e da atividade do homem (C. N. Coutinho, Trans.). Revista Temas de Ciências Humanas, (4), 1-18., p. 88), analisando a dialética em Marx, denominando-a ciência autêntica, afirmou que a produção do conhecimento se dá num movimento que:

[...] extrai da própria realidade as condições estruturais e suas transformações históricas e, se formula leis, estas abraçam a universalidade do processo, mas de um modo tal que deste conjunto de leis pode-se retornar aos fatos singulares da vida. É precisamente esta dialética concretamente realizada de universal, particular e singular.

Para Marx (2002Marx, K. (2002). O capital: crítica da economia política. (Vol. 1, R. Sant’Anna, Trans. 20th ed.). Rio de Janeiro, Brazil: Civilização Brasileira., p. 21) é fundamental que em, “[...] cada caso particular, a observação empírica coloque necessariamente em relevo - empiricamente e sem qualquer especulação ou mistificação - a conexão entre estrutura social, política e produção”.

A análise das experiências e vivências concretas, do imediato, do concreto humano é entendida como um primeiro exercício de abstração, a partir do qual é possível estabelecer conexões e relações tendo em vista suas particularidades captadas numa totalidade e, para a qual retorna-se, num processo dialético.

A compreensão dessa realidade exige dos/as pesquisadores/as assistentes sociais, a apreensão tanto do ponto de vista social, com seus elementos gerais e suas particularidades como do ponto de vista dos fenômenos singulares e cotidianos. De acordo com Lefebvre (1991Lefebvre, H. (1991). Lógica formal, lógica dialética (C. N. Coutinho, Trans. 5th ed.). Rio de Janeiro, Brazil: Civilização Brasileira. , p. 112, 115):

Penetrar no real, portanto, é atingir pelo pensamento um conjunto cada vez mais amplo de relações, de detalhes, de elementos, de particularidades captadas numa totalidade. Esse conjunto, essa totalidade, por outro lado, jamais pode coincidir com a totalidade do real, com o mundo. O ato do pensamento destaca da totalidade do real, mediante um recorte real ou ideal, aquilo que é corretamente chamado de um objeto de pensamento [...] A razão dialética atinge não apenas o universal abstrato, mas o universal que compreende em si a riqueza do particular, isto é, o universal concreto.

Esse objeto de pensamento, o concreto pensado situa-se em uma dada conjuntura histórica, política e econômica na qual os sujeitos sociais encontram-se em movimento. É fundamental que haja, nos termos de Lukács (2012Lukács, G. (2012). Para uma ontologia do ser social I (C. N. Coutinho, L. Luft, M. Duayer, N. Schneider, & R. A. do Nascimento, Trans.). São Paulo, Brazil: Boitempo., p. 27), “[...] um espelhamento da realidade objetiva. Quando isso é negligenciado, resulta obrigatoriamente em permanente confusão entre realidade objetiva e seu espelhamento imediato, que “ considerado no plano ontológico “ é sempre subjetivo.”.

Nesta perspectiva analítica, a estreita vinculação entre epistemologia e ontologia revela-se, também, como práxis. Dessa maneira, a apreensão de mediações da realidade objetiva não se faz sem uma direção ético-política. Conhecer é, também, tomar uma posição política e, na atual conjuntura, dentre os desafios na produção do conhecimento na formação profissional trata-se do posicionamento contrário à lógica da mercantilização, da mercadorização6 6 Sobre mercadorização e mercantilização do ensino superior, ver também o relatório do Banco Mundial (2017) intitulado “Um ajuste justo: análise da eficiência e equidade dos gastos públicos no Brasil”, que desconsidera as particularidades e o significado do ensino público superior de qualidade e torna-se balizador do aprofundamento do desmonte das universidade públicas brasileiras. Fenômeno este não exclusivo do Brasil, pois atinge tantos outros países submetidos aos projetos de educação ditados não só pelo Banco Mundial, mas também por outras agências internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cujo escopo é a privatização e a formação de profissionais que atendam exclusivamente às requisições postas pelo mercado. e do produtivismo7 7 Sobre produtivismo acadêmico ver Cadernos de Pesquisa (2015), Fonseca (2001), Nascimento (2010) e Sguissardi (2010). ; e do fortalecimento de estratégias coletivas para que, de fato, tal produção vá para além desse ideário academicista do fetiche-conhecimento-mercadoria8 8 Sobre produção de artigos enquanto fetiche-conhecimento-mercadoria ler Trein e Rodrigues (2011). .

Essa objetivação do conhecimento, da direção ético-política e da ação profissional tem como base material também o modo de produção e reprodução no qual ela se insere, bem como aos projetos societários9 9 Sobre projetos societários e projeto profissional ver Paulo Netto (1999) e Pontes (1997). nos quais os projetos profissionais foram e são forjados.

Obviamente que este terreno do projeto societário se materializa no cotidiano profissional, sobretudo, por meio inclusive das requisições à profissão inscrita na divisão sociotécnica do trabalho. Entretanto, os projetos profissionais esmiúçam os valores éticos e marcos legais, chamando os/as profissionais ao comprometimento político em resposta às necessidades apontadas para a profissão, estabelecendo assim seus objetivos.

Neste sentido, o projeto profissional do serviço social requer, fundamentalmente, um projeto ético-político como uma estratégia central para caminhar no campo de objetivação da ética, para apreender as particularidades e contradições da realidade na qual se inscreve tal profissão e, somente aí estabelecer ações concretas. Neste projeto profissional há uma ineliminável direção ético-política, apontando seus princípios no sentido de agregar forças com o coletivo dos/das trabalhadores/as no processo de construção de uma nova ordem societária sem dominação-exploração de classe, etnia e gênero. O esforço para a consolidação desse projeto implica não somente na tomada de consciência do sujeito profissional, mas na compreensão que essa consciência se constrói em meio a determinações sócio-históricas, econômicas e políticas.

Os/as assistentes sociais que materializam os projetos profissionais são sujeitos históricos e se inscrevem em uma dada sociabilidade. Seu modo de agir e de pensar, intrinsecamente articulados, forja-se a partir da base material, de determinado ideário. Assim, não é possível descolar a ação da consciência desses sujeitos.

A articulação da produção de conhecimento ao movimento do real, com a apreensão crítica do sistema de dominação-exploração, exige a apreensão de elementos constitutivos do projeto ético-político profissional, na busca da superação do ideário conservador e reacionário na categoria profissional dos assistentes sociais que na atual conjuntura, vem encontrando possibilidades de se tornar ainda mais explícito, podendo inclusive perpetrar um sentido pragmático e que nega a dimensão ético-política da profissão em sua articulação indissociável com as dimensões teórico-metodológica e técnico-operativa do Serviço Social.

Tal indissociabilidade revela a necessária unidade teórico-prática constitutiva da peculiaridade dessa profissão e evidencia a importância da produção do conhecimento, sobretudo, com relação às demandas que lhe são postas pelo mercado de trabalho, bem como, no que tange ao conjunto de respostas historicamente construídas pelo conjunto dos profissionais a estas demandas. Revela, também, que o conhecimento só é alcançado na relação que teoriza a realidade e as ações desenvolvidas pelos profissionais, sustentando-se em uma dada direção.

No âmbito dessa relação, torna-se possível rever e reformular a análise teórica a partir de elementos implícitos na própria realidade. É preciso captar as particularidades para superar os prováveis “engessamentos” teóricos do movimento do real, superando as tendências teoricistas por um lado e a pragmáticas por outro.

A produção do conhecimento mais próxima possível da realidade e das determinações postas no cotidiano profissional levando em consideração suas particularidades à luz do projeto ético-político profissional do serviço social contribui diretamente neste processo, haja vista que, as reais demandas da população são captadas pelos profissionais por meio de um conducto que é a mediação. Sem este movimento, as ações profissionais não corresponderão ao movimento do real e se tornarão ações isoladas, fragmentadas, superficiais e, no máximo, se enquadrarão em ações reiterativas.

A mediação é uma categoria fundamental para a apreensão e conhecimento dos fenômenos que se manifestam na realidade de forma fragmentada, superficial e aparente. Como substância da própria realidade revela-se como constitutiva de um todo, ou seja, como um conjunto de conexões e articulações dialéticas, através das quais torna-se possível ir da aparência à essência, para então, retomar as manifestações fenomênicas em sua complexidade estrutural, viabilizando assim, condições para a apreensão mais próxima possível do real em sua totalidade, enquanto concreto pensado, como unidade no diverso. Para exemplificá-la, recorremos, aqui, à uma das críticas que Marx (2011Marx, K. (2011). Grundrisse: Manuscritos econômicos de 1857-1858: esboços da crítica da economia política (M. Duayer, & N. Schneider, Trans.). São Paulo, Brazil: Boitempo., p. 53) faz com relação aos resultados dos trabalhos da economia política, “O resultado a que chegamos não é que a produção, a distribuição, o intercâmbio e o consumo são idênticos, mas que todos eles são membros de uma totalidade, diferenças dentro de uma unidade.”.

Considera-se, a partir desse marco teórico, que a objetivação do trabalho profissional crítico pressupõe a centralidade da categoria mediação articulada ao movimento do real, cujo significado social da produção do conhecimento no serviço social sustenta-se à luz do projeto ético-político profissional10 10 Há uma vasta produção sobre o Projeto Ético-Político do Serviço Social, destacando-se Paulo Netto (1999) e Guerra (2015). numa direção que seja radicalmente comprometida com a construção de um novo ordenamento das relações sociais e que corrobore no processo coletivo de uma nova ordem societária. Evidentemente, não cabe a uma dada categoria profissional isoladamente a transformação dessa realidade, que só pode ser concretizada mediante o movimento coletivo dos/ as trabalhadores/as, todavia, é possível que as profissões caminhem nessa direção, rompendo com as perspectivas conservadoras, pragmáticas e teoricistas, e que de fato paute-se numa perspectiva crítica da realidade.

Direção esta na qual o projeto ético-político do serviço social constitui-se de elementos não só normativos, como a Lei de Regulamentação da Profissão e o Código de Ética mas também da adoção de uma posição clara da categoria profissional na resistência às forças conservadoras “constituindo uma direção social estratégica crítica e contestatória para a profissão” (GUERRA, 2015Guerra, Y. (2015). Sobre a possibilidade histórica do projeto ético-político profissional: a apreciação crítica que se faz necessária. In V. Forti, & Y. Guerra (Orgs.), Projeto ético-político do serviço social: Contribuições à sua crítica (pp. 39-70). Rio de Janeiro, Brazil: Lumen Juris., p. 44). Para tanto, é preciso que os/as profissionais se apropriem com densidade e criticidade da matriz teórica e da produção do conhecimento comprometida com a captação radical da realidade, contribuindo para o desvendamento do real e, assim subsidiá-los/as em seu cotidiano profissional à luz do projeto ético-político profissional que se apresenta ainda mais atual frente ao atual momento histórico-político e social brasileiro.

Iamamoto (1998Iamamoto, M. V. (1998). O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo, Brazil: Cortez., p. 195), preocupada em analisar a formação profissional no serviço social, fornece elementos essenciais para a apreensão crítica da realidade. Na direção sinalizada pela autora, entendemos que é fundamental romper os muros internos das profissões e possibilitar a compreensão da dinâmica social mais ampla, levando-se em consideração os elementos exógenos.

A formação profissional, assim como a produção do conhecimento no serviço social, deve ir para além da perspectiva teoricista vazia de base concreta e também da mecânica utilização de técnicas, da dimensão estritamente operacional e compreender de fato quem são os sujeitos sociais para os quais a ação profissional volta-se e quais são as condições que se objetivam em seu cotidiano dadas as condições históricas vivenciadas. É nessa direção que os conteúdos necessários à formação profissional do assistente social, conforme as Diretrizes Curriculares para os cursos de Serviço Social (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL, 1996), nos remetem ao conjunto de conhecimentos organizados em três núcleos de fundamentação, intrinsecamente, vinculados: teórico-metodológicos da vida social; particularidade da formação sócio histórica da sociedade brasileira e fundamentos do trabalho profissional. São núcleos que têm na produção do conhecimento um de seus pilares fundamentais, sobretudo, porque balizados por uma:

[...] uma concepção de ensino e aprendizagem calcada na dinâmica da vida social, o que estabelece os parâmetros para a inserção profissional na realidade sócio institucional [...] As mudanças verificadas nos padrões de acumulação e regulação social exigem um redimensionamento das formas de pensar/agir dos profissionais diante das novas demandas, possibilidades e das respostas dadas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL, 1996, grifo nosso).

Estamos, portanto, diante de uma perspectiva de ensino em que a produção do conhecimento sobre a realidade social torna-se requisito fundamental para a construção de uma trajetória profissional orientada por uma direção política e ética.

Considerações finais

Neste ensaio, fruto de estudos e da experiência docente, buscou-se refletir sobre a produção do conhecimento e o projeto ético-político do serviço social na atual conjuntura brasileira. Um dos pressupostos centrais para orientar a construção desse ensaio definiu-se pela produção do conhecimento enquanto uma das expressões da atividade humana, assim como a pesquisa social como um processo de aproximação à realidade buscando a apreensão de suas particularidades enquanto concreto pensado.

A produção do conhecimento e a formação profissional no presente momento no Brasil, encontra-se ameaçada pela contra-reforma universitária que, ao lado de outras, engrossa o caldo reformista no atual modelo neoliberal do Estado.

No âmbito das universidades, o que se verifica é a construção de um ideário pautado na equalização do público ao privado, atribuindo o conceito de eficácia organizacional para as instituições às quais deveria ser garantida a sua legitimidade e autonomia não só financeira como intelectual enquanto direito socialmente, politicamente e constitucionalmente conquistado. Essa lógica mercantilista leva ao sucateamento das universidades públicas e à precarização do trabalho docente. Além disso, frente a essa realidade, muitos pesquisadores/as sucumbiram à lógica produtivista entendendo-a como uma possibilidade de sobrevivência financeira das pesquisas. Implicações reais do ponto de vista financeiro que, ao responder a exigências de produtividade à luz dos critérios de aceleração da ciência impostos garantem inclusive dotação orçamentária aos programas de pós-graduação.

Diante disso, o que está em jogo é a perda do sentido da universidade enquanto um espaço que faz germinar o pensamento, que possibilita o cultivo da razão crítica, de um universo epistemológico e axiológico impulsionadores da produção de conhecimento, de pesquisas e do processo de construção de um projeto de formação profissional pautados numa direção crítica, particularmente no serviço social, fincado no seu projeto ético-político profissional.

Contudo, é fundamental apontar que a história é um processo e, em seu movimento há um campo contraditório no qual há resistências e enfrentamentos. Evidentemente que as estratégias de resistências no campo da produção do conhecimento livre e autônoma devem ser traçadas e materializadas coletivamente na luta contra a sua mercantilização, mercadorização, a sua coisificação enquanto fetiche-conhecimento-mercadoria, o que pressupõem o seu esvaziamento como instrumento essencial para mudança11 11 Ver Mészáros (2005). , o afastamento de seu sentido de bem público que contribui diretamente no espaço de formação crítica. Todavia, une-se às estratégias coletivas de resistência um elemento central: a busca do significado social da produção do conhecimento.

Para tanto, pressupõe-se a necessária defesa de pesquisas que de fato se comprometam com a aproximação ao movimento do real e de suas determinações, captando suas particularidades e, forneçam elementos para o conhecimento radical do sistema capitalista e contribuam para a luta contra essa forma de sociabilidade na busca de fato da emancipação humana.

Esse pressuposto cabe a todas as áreas do conhecimento e, em particular no caso em tela, ao serviço social, que tem a centralidade do seu significado social pautada por demandas materiais dos sujeitos históricos e, como um dos seus elementos constitutivos a pesquisa social e a produção do conhecimento que deve ser ser articulada à uma direção sustentada em seu projeto ético-político vigente e radicalmente atual.

A produção do conhecimento, particularmente no serviço social, deve apreender a dinâmica da totalidade, tendo em vista as mediações que se enovelam no cotidiano profissional. Para tanto, é preciso que se paute na análise crítica das determinações históricas e das condições objetivas que se materializam em dado espaçotempo, tendo em vista os/as profissionais e os/as usuários/as dos serviços enquanto sujeitos históricos.

Evidentemente, ao apontar uma direção social e a defesa de uma matriz teórico-metodológica materialista-histórica dialética pretende-se contribuir para a construção de pesquisas que caminhem no sentido de aprofundar a produção do conhecimento que de fato tenham significado social para além dos limites academicistas, teoricistas ou puramente pragmáticos descolados do movimento da realidade. Preconiza-se a matriz teórico-metodológica materialista-histórico-dialética como aquela que pressupõem a aproximação ao movimento do real enquanto concreto pensado, de suas particularidades e contradições, sendo capaz de captar as determinações complexas, caminhando na apreensão crítica do “individual na totalidade, no sentido da verdade concreta e universal” (LEFEBVRE, 1991Lefebvre, H. (1991). Lógica formal, lógica dialética (C. N. Coutinho, Trans. 5th ed.). Rio de Janeiro, Brazil: Civilização Brasileira. , p. 116). Nesse sentido, a aproximação do cotidiano dos sujeitos sociais, no campo da singularidade, requer perquirir incansavelmente e radicalmente em cada caso particular “[...] sem qualquer especulação ou mistificação [...] a conexão entre estrutura social, política e produção” (MARX; ENGELS, 1984Marx, K., & Engels, F. (1984). A ideologia alemã [The German ideology] (4th ed.). São Paulo, Brazil: Hucitec., p. 35).

Desse modo, faz-se premente a produção de pesquisas, especialmente no serviço social, na direção pautada no projeto ético-político, pois pensar a produção do conhecimento e sua direção social pressupõem o caminho da investigação que, tenha como escopo a totalidade do ser e suas múltiplas relações cotidianas e não como resposta aos interesses do mercado ou ao produtivismo.

Essa produção do conhecimento pautada numa perspectiva teórico-metodológica materialista históricodialética e na direção do projeto ético-político do serviço social possibilita a aproximação ao movimento do real, captando suas particularidades e contradições, alicerçando o seu significado social à sua ineliminável relação orgânica à educação e à formação de profissionais que de fato estejam à serviço da vida e da sociedade, contribuindo para a superação da lógica desumanizadora do capital, que se fundamenta na obtenção de lucros, do individualismo, da competição, da extração da energia humana, desumanizando o humano. A produção do conhecimento no serviço social, deve estar, portanto, comprometida com o movimento do real e com as necessidades concretas dos sujeitos sociais em seu cotidiano, pois só é possível transformar aquilo que se conhece.

Agradecimentos

À categoria profissional de assistentes sociais brasileiros que se encontram na resistência e na defesa do Projeto Ético-Político do Serviço Social, do Projeto de Formação Profissional (1996) e na defesa do Conjunto ABEPSS, CFESS/CRESS e ENESSO. Junt@s avançaremos!

References

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Notas

  • 1
    Sobre o Golpe de 2016 no Brasil ver Braz (2017).
  • 2
    Sobre esses interesses e a contrarreforma da universidade ver a produção da Revista Universidade e Sociedade (2018).
  • 3
    A compreensão da produção do conhecimento enquanto expressão da atividade humana é corroborada no Serviço Social brasileiro por diversos autores, com destaque à produção de Jussara Ayres Bourguignon e Aglair Alencar Setubal.
  • 4
    Sobre o método materialista histórico dialético ver obra de Karl Marx, especialmente: no livro: Ideologia Alemã escrito por Marx e Engels, onde contrapõem-se à tradição filosófica pós-hegeliana. Na Miséria da Filosofia, onde nos deparamos com alguns apontamentos metodológicos na abertura do segundo capítulo. Também no livro “O Capital”, com destaque a alguns prefácios e posfácios. Em Lukács também encontramos contribuições significativas sobre o método, principalmente no livro “Para uma ontologia do ser social I”, capítulo 4, sobre os princípios ontológicos fundamentais de Marx. Outra indicação importante para este debate é a produção de Florestan Fernandes, com destaque ao livro por ele organizado intitulado K. Marx, F. Engels: História, publicado em 1989.
  • 5
    A ontologia no sentido lukacsiano se refere ao que existe realmente, a “coisa em si”, onde o ser humano assim o é enquanto ser em relação não só com os outros seres humanos, mas, também com a natureza, isto é, o ser humano e seu lugar no universo.
  • 6
    Sobre mercadorização e mercantilização do ensino superior, ver também o relatório do Banco Mundial (2017) intitulado “Um ajuste justo: análise da eficiência e equidade dos gastos públicos no Brasil”, que desconsidera as particularidades e o significado do ensino público superior de qualidade e torna-se balizador do aprofundamento do desmonte das universidade públicas brasileiras. Fenômeno este não exclusivo do Brasil, pois atinge tantos outros países submetidos aos projetos de educação ditados não só pelo Banco Mundial, mas também por outras agências internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cujo escopo é a privatização e a formação de profissionais que atendam exclusivamente às requisições postas pelo mercado.
  • 7
    Sobre produtivismo acadêmico ver Cadernos de Pesquisa (2015), Fonseca (2001), Nascimento (2010) e Sguissardi (2010).
  • 8
    Sobre produção de artigos enquanto fetiche-conhecimento-mercadoria ler Trein e Rodrigues (2011).
  • 9
    Sobre projetos societários e projeto profissional ver Paulo Netto (1999) e Pontes (1997).
  • 10
    Há uma vasta produção sobre o Projeto Ético-Político do Serviço Social, destacando-se Paulo Netto (1999) e Guerra (2015).
  • 11
    Ver Mészáros (2005).
  • Agência financiadora

    Não se aplica.
  • Aprovação por Comitê de Ética e consentimento para participação

    Não se aplica.
  • Consentimento para publicação

    Não se aplica.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Fev 2020
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2020

Histórico

  • Recebido
    10 Maio 2019
  • Aceito
    16 Abr 2019
  • Revisado
    01 Out 2019
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