Acessibilidade / Reportar erro

Influência organizacional na ocorrência de acidentes de trabalho com exposição a material biológico

Resumos

OBJETIVOS: analisar os acidentes de trabalho com exposição a materiais biológicos, ocorridos entre trabalhadores de enfermagem, e avaliar a influência da cultura organizacional sobre a ocorrência desses acidentes. MÉTODO: trata-se de estudo retrospectivo, analítico, realizado em duas etapas em um hospital de ensino integrante da Rede de Prevenção de Acidentes de Trabalho-Repat. Na primeira etapa foram analisadas as características dos acidentes de trabalho com exposição a material biológico registrados entre os trabalhadores de enfermagem do hospital estudado e registrados na banco de dados da Repat, durante sete anos. Na segunda etapa, foram analisadas as percepções sobre a cultura da instituição de 122 trabalhadores de enfermagem, alocados nos grupo-controle (trabalhadores não acidentados) e no grupo-caso (trabalhadores acidentados), ambos compostos por 13 enfermeiros e 48 auxiliares e/ou técnicos de enfermagem. RESULTADOS: 386 acidentes foram registrados, as lesões percutâneas ocorreram em 79% dos casos, as agulhas foram os materiais envolvidos em 69,7% dos acidentes e em 81,9% dos acidentes houve contato com sangue. Quanto à influência da cultura organizacional sobre a ocorrência de acidentes, os resultados obtidos na análise dos dois grupos não demonstraram diferenças significativas entre os escores médios, atribuídos pelos trabalhadores, para cada categoria de valor ou prática organizacional. CONCLUSÃO: conclui-se que os acidentes com exposição a material biológico precisam ser evitados, no entanto, não foi possível constatar a influência dos valores e práticas.

Acidentes de Trabalho; Riscos Ocupacionais; Cultura Organizacional; Enfermagem


OBJECTIVES: to analyze work accidents involving exposure to biological materials which took place among personnel working in nursing and to evaluate the influence of the organizational culture on the occurrence of these accidents. METHOD: a retrospective, analytical study, carried out in two stages in a hospital that was part of the Network for the Prevention of Work Accidents. The first stage involved the analysis of the characteristics of the work accidents involving exposure to biological materials as recorded over a seven-year period by the nursing staff in the hospital studied, and registered in the Network databank. The second stage involved the analysis of 122 nursing staff members' perception of the institutional culture, who were allocated to the control group (workers who had not had an accident) and the case group (workers who had had an accident). RESULTS: 386 accidents had been recorded: percutaneous lesions occurred in 79% of the cases, needles were the materials involved in 69.7% of the accidents, and in 81.9% of the accident there was contact with blood. Regarding the influence of the organizational culture on the occurrence of accidents, the results obtained through the analysis of the two groups did not demonstrate significant differences between the average scores attributed by the workers in each organizational value or practice category. It is concluded that accidents involving exposure to biological material need to be avoided, however, it was not possible to confirm the influence of organizational values or practices on workers' behavior concerning the occurrence of these accidents.

Work Accidents; Occupational Hazards; Organizational Culture; Nursing


OBJETIVOS: analizar los accidentes de trabajo con exposición a material biológico entre el personal de enfermería y evaluar la influencia de la cultura organizacional en la ocurrencia de accidentes de este tipo. MÉTODO: estudio retrospectivo, analítico, desarrollado en dos etapas en un Hospital de la Red para la Prevención de Accidentes. En la primera etapa, se analizaron las características de los accidentes de trabajo con exposición a material biológico entre el personal de enfermería del hospital, ocurridos a lo largo de siete años, registrado en la base de datos. En el segundo paso, se analizaron las percepciones sobre la cultura de la institución de 122 profesionales de enfermería asignados al grupo control (no lesionadas trabajadores) y al grupo de casos (los trabajadores lesionados). RESULTADOS: 386 accidentes fueron reportados; las lesiones percutáneas en el 79% de los casos, las agujas fueron los materiales que intervienen en el 69,7% de los accidentes y el 81,9% de los accidentes hubo contacto con sangre. En cuanto a la influencia de la cultura organizacional en la ocurrencia de accidentes, los resultados obtenidos del análisis de los dos grupos no mostraron diferencias significativas entre las puntuaciones medias asignadas por los empleados para cada categoría de la organización o en la práctica. La conclusión es que los accidentes con exposición a material biológico deben ser evitados. Sin embargo, no fue posible verificar la influencia de los valores de la organización y las prácticas sobre el comportamiento de los trabajadores ante la ocurrencia de accidentes de este tipo.

Accidentes de Trabajo; Riesgos Laborales; Cultura Organizacional; Enfermería


ARTIGO ORIGINAL

Influência organizacional na ocorrência de acidentes de trabalho com exposição a material biológico

Maria Helena Palucci MarzialeI; Fernanda Ludmilla Rossi RochaII; Maria Lúcia do Carmo Cruz RobazziI; Camila Maria CenziIII; Heloisa Ehmke Cardoso dos SantosIV; Marli Elisa Mendes TrovóV

IPhD, Professor Titular, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Brasil

IIPhD, Professor Doutor, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Brasil

IIIMestranda, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Brasil

IVAluna do curso de graduação em Enfermagem, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Brasil

VEnfermeira, Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Brasil

Endereço para correspondência

RESUMO

OBJETIVOS: analisar os acidentes de trabalho com exposição a materiais biológicos, ocorridos entre trabalhadores de enfermagem, e avaliar a influência da cultura organizacional sobre a ocorrência desses acidentes.

MÉTODO: estudo retrospectivo, analítico, realizado em duas etapas em um hospital de ensino integrante da Rede de Prevenção de Acidentes de Trabalho. Na primeira etapa foram analisadas as características dos acidentes de trabalho com exposição a material biológico registrados, no período de sete anos, entre os trabalhadores de enfermagem do hospital estudado e registrados no banco de dados da referida rede. Na segunda etapa, foram analisadas as percepções sobre a cultura da instituição de 122 trabalhadores de enfermagem, alocados nos grupo-controle (trabalhadores não acidentados) e no grupo-caso (trabalhadores acidentados).

RESULTADOS: 386 acidentes foram registrados, as lesões percutâneas ocorreram em 79% dos casos, as agulhas foram os materiais envolvidos em 69,7% dos acidentes e em 81,9% dos acidentes houve contato com sangue. Quanto à influência da cultura organizacional sobre a ocorrência de acidentes, os resultados obtidos na análise dos dois grupos não demonstraram diferenças significativas entre os escores médios, atribuídos pelos trabalhadores, para cada categoria de valor ou prática organizacional.

CONCLUSÃO: conclui-se que os acidentes com exposição a material biológico precisam ser evitados, no entanto, não foi possível constatar a influência dos valores e práticas organizacionais sobre o comportamento dos trabalhadores, frente à ocorrência desses acidentes.

Descritores: Acidentes de Trabalho; Riscos Ocupacionais; Cultura Organizacional; Enfermagem.

RESUMEN

OBJETIVOS: analizar los accidentes de trabajo con exposición a material biológico entre el personal de enfermería y evaluar la influencia de la cultura organizacional en la ocurrencia de accidentes de este tipo.

MÉTODO: estudio retrospectivo, analítico, desarrollado en dos etapas en un Hospital de la Red para la Prevención de Accidentes. En la primera etapa, se analizaron las características de los accidentes de trabajo con exposición a material biológico entre el personal de enfermería del hospital, ocurridos a lo largo de siete años, registrado en la base de datos. En el segundo paso, se analizaron las percepciones sobre la cultura de la institución de 122 profesionales de enfermería asignados al grupo control (no lesionadas trabajadores) y al grupo de casos (los trabajadores lesionados).

RESULTADOS: 386 accidentes fueron reportados; las lesiones percutáneas en el 79% de los casos, las agujas fueron los materiales que intervienen en el 69,7% de los accidentes y el 81,9% de los accidentes hubo contacto con sangre. En cuanto a la influencia de la cultura organizacional en la ocurrencia de accidentes, los resultados obtenidos del análisis de los dos grupos no mostraron diferencias significativas entre las puntuaciones medias asignadas por los empleados para cada categoría de la organización o en la práctica. La conclusión es que los accidentes con exposición a material biológico deben ser evitados. Sin embargo, no fue posible verificar la influencia de los valores de la organización y las prácticas sobre el comportamiento de los trabajadores ante la ocurrencia de accidentes de este tipo.

Descriptores: Accidentes de Trabajo; Riesgos Laborales; Cultura Organizacional; Enfermería.

Introdução

O trabalho no setor saúde é executado em locais onde existe constante exposição a fatores de risco que prejudicam aqueles que ali exercem seu trabalho. Entre os agravos que acometem a saúde dos profissionais desse setor, destacam-se os acidentes de trabalho (AT) que sobrevêm de maneira abrupta ou insidiosa no corpo dos trabalhadores, em decorrência do desgaste sofrido e provocado pela exposição às cargas de trabalho existentes nos serviços de saúde(1).

O problema dos Acidentes de Trabalho envolvendo a exposição de trabalhadores de saúde à materiais biológicos é uma preocupação mundial. Estima-se que os profissionais de saúde nos Estados Unidos sofrem 365.000 acidentes por ano - ou seja, 1.000 por dia(2).

O AT é definido como aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte, perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária. No trabalho em saúde, o AT pode ser decorrente de fatores relacionados às peculiaridades das atividades de assistência ao ser humano, destacando-se a violência ocupacional e os fatores físicos, químicos, biológicos, psicossociais, ergonômicos e organizacionais(3). Destaca-se, neste estudo, a exposição dos trabalhadores dos hospitais aos riscos biológicos, em razão do grande número de atividades laborais que expõem esses trabalhadores ao contato com o material biológico, o que pode desencadear doenças como a síndrome de imunodeficiência humana e hepatites(4).

Os agentes biológicos são representados por bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários e vírus que podem penetrar no organismo do hospedeiro por meio das vias respiratória, cutânea e digestiva e que, para produzir infecção, dependem de outros fatores como número suficiente e virulência desses microrganismos e, ainda, de encontrar um hospedeiro susceptível. São considerados fluidos biológicos de risco os seguintes materiais: sangue, líquido orgânico, contendo sangue, e líquidos orgânicos potencialmente infectantes, como sêmen, secreção vaginal, líquor e líquido sinovial, peritoneal, pericárdico e amniótico. O suor, lágrima, fezes, urina e saliva são líquidos biológicos sem risco de transmissão ocupacional do HIV(4).

Os acidentes com exposição a sangue comumente ocorrem por meio de lesão perfurocortante, que compreende a penetração, através da pele, de agulha ou material médico cirúrgico contaminados com patógenos, contato com mucosa ocular, oral ou pele com solução de continuidade, como dermatite ou ferida aberta, e contato de fluidos biológicos com pele íntegra(5-6). As consequências da exposição ocupacional a patógenos, transmitidos por material biológico, não estão somente relacionadas à infecção. A cada ano, milhares de trabalhadores de saúde são afetados por traumas psicológicos que perduram dias e até meses quando da espera pelos resultados dos exames sorológicos. Dentre outras consequências, estão as alterações das práticas sexuais, os efeitos colaterais das drogas profiláticas e a perda do emprego(5).

Para a prevenção da exposição a material biológico, recomenda-se o uso de equipamentos de proteção individual – EPI e a adoção de medidas de segurança, dentre os quais a lavagem das mãos antes e após contato com paciente, entre dois ou mais procedimentos realizados no mesmo paciente, após a retirada de luvas e após contato com equipamentos contaminados ou potencialmente contaminados, uso de luvas durante procedimentos que envolvam contato com sangue, fluidos corporais, secreções, excreções, mucosas, pele não íntegra e durante a manipulação de artigos contaminados, uso de máscaras, óculos e aventais em situações nas quais possam ocorrer respingos de sangue ou secreções e contato direto com paciente contaminado, nunca reencapar agulhas, transportar perfurocortantes cuidadosamente e descartá-los em recipientes rígidos e resistentes a perfurações, dispostos em locais adequados, visíveis e de fácil acesso(7).

No Brasil, o elevado número de acidentes de trabalho entre trabalhadores de saúde, o absenteísmo e os custos do tratamento profilático, para os acidentados, chamou a atenção do Ministério do Trabalho e Emprego que, atendendo as solicitações das entidades de classe, criou uma norma específica de Segurança e Saúde no Trabalho nos Estabelecimentos de Saúde, a Norma Regulamentadora - NR 32(8).

No intuito de intercambiar informações, efetuar pesquisas colaborativas e programar medidas preventivas à ocorrência de acidentes de trabalho com exposição a material biológico em hospitais, foi criada a Rede de Prevenção de Acidentes de Trabalho – REPAT(9), a qual conta com a participação de pesquisadores do Brasil e do exterior, alunos de graduação e pós-graduação e da equipe de saúde ocupacional, que atua em hospitais de vários estados brasileiros. O conteúdo do website foi elaborado a partir dos resultados das pesquisas nacionais e internacionais e nele está disponível um formulário para registro dos ATs, o qual possibilita a coleta de dados sobre a ocorrência e as causas dos acidentes, as condutas tomadas pelo hospital e as características dos trabalhadores acidentados, incluindo situação vacinal, exames sorológicos e o tratamento profilático realizado.

Além de serem ocasionados por diversos fatores de risco, existentes nos ambientes laborais, a ocorrência de AT também pode ser agravada por comportamentos negativos dos trabalhadores, como a não utilização de luvas durante procedimentos invasivos(10). Por sua vez, o comportamento dos trabalhadores, gestores e da própria instituição é determinado pela cultura organizacional, a qual agrega valores, crenças e diversas dimensões da empresa, como suas estratégias e objetivos e o modo de organização e gestão do trabalho adotado(11-12).

A cultura é a base da organização, representando valores e crenças comuns aos trabalhadores que se refletem nas tradições e nos hábitos organizacionais. A cultura organizacional representa um padrão de suposições básicas apreendidas por um grupo e transmitidas aos novos membros como a forma correta de agir(13).

Considerando a inter-relação entre a cultura organizacional e o comportamento dos trabalhadores, esse estudo foi realizado no intuito de analisar a influência dos valores e práticas de trabalho de uma instituição hospitalar sobre a ocorrência de acidentes ocupacionais com material biológico, entre trabalhadores de enfermagem, buscando respostas para a seguinte questão de investigação: a ocorrência de acidentes de trabalho com material biológico, entre profissionais de enfermagem, é influenciada pelos valores e as práticas que caracterizam a cultura da instituição de saúde?

Desse modo, os objetivos deste estudo foram analisar a ocorrência, as características e as causas dos acidentes de trabalho com exposição a materiais biológicos, ocorridos entre trabalhadores de enfermagem e avaliar a influência da cultura organizacional sobre a ocorrência de acidentes de trabalho com material biológico, entre trabalhadores de enfermagem.

Método

Estudo retrospectivo, analítico, realizado em duas etapas, em um hospital de ensino do interior do Estado de São Paulo, integrante da Rede de Prevenção de Acidentes de Trabalho – REPAT.

Etapa 1: análise dos acidentes de trabalho com exposição a material biológico

No período de setembro a dezembro de 2010, foi realizada consulta aos registros de acidentes de trabalho com exposição a material biológico, ocorridos entre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, no período de 2003 a 2009, no hospital, e registrados no banco de dados da REPAT. Os dados foram analisados de acordo com suas frequências, sendo apresentados em tabelas.

O quadro médio de funcionários no referido hospital é de 4.494 trabalhadores, dos quais 1.736 pertencentes à equipe de enfermagem.

Etapa 2: avaliação da cultura organizacional

Buscou-se investigar os valores e práticas organizacionais que caracterizam a cultura do hospital estudado, e identificar a relação entre a cultura organizacional e a ocorrência desses acidentes. Para tanto, foram analisadas as percepções sobre a cultura da instituição de dois grupos de trabalhadores de enfermagem. O grupo-controle foi composto por trabalhadores de enfermagem que não sofreram acidentes com materiais biológicos no período de 2003-2009, e o grupo-caso foi composto por trabalhadores de enfermagem que sofreram acidentes de trabalho no mesmo período e cujos dados foram analisados na primeira etapa desta pesquisa. Os dois grupos foram compostos por 61 trabalhadores (13 enfermeiros e 48 auxiliares e técnicos de enfermagem cada), selecionados pelo método de amostragem aleatória estratificada(14).

Todos os trabalhadores foram entrevistados em seus respectivos locais de trabalho e foram utilizados como critérios de inclusão: profissionais que não estavam afastados do trabalho no período de coleta de dados e que consentiram, voluntariamente, em participar do estudo, assinando o termo de consentimento livre e esclarecido. Esses dados foram coletados durante os meses de janeiro a abril de 2011, por meio de um instrumento composto por informações sobre os trabalhadores (idade, sexo, estado civil, escolaridade, local de trabalho) e pelo Instrumento Brasileiro para Avaliação da Cultura Organizacional – IBACO(15), o qual foi elaborado por pesquisadores brasileiros, a partir do modelo de Hofstede(10), com o objetivo de identificar valores e práticas que configuram a cultura de uma organização na perspectiva dos trabalhadores.

O instrumento IBACO(15), apresenta 55 afirmações relacionadas a quatro tipos de valores organizacionais: valores de profissionalismo cooperativo (VPC), valores de rigidez na estrutura hierárquica (VRH), valores de profissionalismo competitivo e individualista (VPI) e valores associados à satisfação e bem-estar dos empregados (VBE). Além disso, o instrumento apresenta 39 afirmações relacionadas a três categorias de práticas organizacionais: práticas de integração externa (PIE), práticas de recompensa e treinamento (PRT) e práticas de promoção do relacionamento interpessoal (PPR).

Os VPC estão relacionados à valorização de trabalhadores que executam tarefas com eficácia e competência, demonstrando espírito de colaboração, dedicação, profissionalismo e capacidade de iniciativa, contribuindo para o alcance das metas da organização. VRH são valores que definem a organização como um sistema de autoridade centralizada e autoritário, que dificulta o crescimento profissional e o reconhecimento do elemento humano. VPI dizem respeito à valorização da competência e do desempenho individuais na execução de tarefas para a obtenção dos resultados estabelecidos, desconsiderando o trabalho coletivo. VBE são direcionados à valorização do bem-estar, da satisfação e da motivação dos trabalhadores.

As PIE estão relacionadas a práticas de planejamento estratégico, tomada de decisões e atendimento ao cliente externo à organização. PRT estão ligadas aos sistemas de recompensa e treinamento e ao atendimento das necessidades dos clientes internos. PPR se referem a ações de promoção das relações interpessoais e satisfação dos trabalhadores, favorecendo a coesão interna. Para a análise dos dados, deve-se calcular a média dos escores atribuídos a cada fator pelos trabalhadores, de modo a obter o escore da organização como um todo. Os escores podem variar de um a cinco, sendo que quanto maior o resultado maior o grau em que o valor ou prática organizacional mensurada pelo fator encontra-se presente na organização avaliada (15).

Os dados coletados foram organizados em uma base de dados do programa Excel para Windows e transportados para o programa SPSS, versão 16.0, para o cálculo dos escores médios de cada categoria de valores e práticas que caracterizam a cultura da instituição estudada, sendo analisados por meio de estatística descritiva. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HCFMRP/USP, sob nº5154/2010. Foram seguidas as normalizações da Resolução 196, referente às normas éticas de pesquisas envolvendo seres humanos(16).

Resultados

Ocorrência de acidentes com material biológico

No período de 2003 a 2009, foram registrados 386 acidentes de trabalho com exposição a material biológico (ATMB) entre trabalhadores de enfermagem. Cabe destaque que os trabalhadores de enfermagem representam 32,4% da força de trabalho atuante no hospital estudado. Observa-se que a maioria dos registros relaciona-se à trabalhadores do sexo feminino (87,3%), com maior concentração na faixa de 20 a 49 anos (84,2%), entre casados (45,4%) e solteiros (38,4%). A categoria auxiliar de enfermagem registra 72,8% dos ATs, seguida pela categoria enfermeiros (20,5%) e técnicos de enfermagem (6,7%).

Os dados mostram que os acidentes ocorreram em vários setores do hospital, sendo os mais incidentes: pediatria (11,6%), centro cirúrgico (9,1%), clínica médica (8,5%), unidade de terapia intensiva (7,2%) e unidade especializada no tratamento de doenças infecciosas (6,2%) Lesões percutâneas ocorreram em 79% dos ATs, seguidas por exposição de mucosas (15,3%) e contato com a pele (5,7%). As lesões puntiformes com agulhas foram as mais frequentes entre os acidentes registrados (69,7%). Em 81,9% dos acidentes houve contato com sangue e em 5,9% houve contato com fluidos corporais. Em 5,4% dos ATMBs esse dado era desconhecido. Dos ATs, 72,5% os dedos das mãos foram as partes do corpo atingidas com maior frequência. Ressalta-se que, em 9,6% dos acidentes, os olhos foram as partes atingidas, o que remete à reflexão sobre o uso adequado de óculos de proteção, conforme recomenda a NR 32(7).

Valores e práticas que caracterizam a cultura organizacional

No período estudado, 61 trabalhadores que sofreram acidentes de trabalho com material biológico na instituição compuseram o grupo-caso deste estudo. Entre eles, verificou-se a predominância de mulheres (88,5%), de trabalhadores com idade entre 31 e 50 anos (68,8%) e casados (52,5%); 36 trabalhadores (59,1%) tinham concluído o nível médio e 51 (83,6%) referiram não ter outro vínculo empregatício

Entre os trabalhadores que não sofreram acidentes e que compuseram o grupo-controle (também composto por 61 trabalhadores de enfermagem), constatou-se que 82,0% pertenciam ao sexo feminino, 65,6% possuíam idade entre 31 e 50 anos, 50,8% eram casados, 32,8% tinham concluído o ensino superior e 75,4% não possuíam outro emprego. Esses 122 indivíduos responderam o IBACO(15).

Baseado nas respostas emitidas pelos trabalhadores de enfermagem do grupo-controle, verificou-se média de 2,59 para valores de profissionalismo cooperativo, 2,90 para valores relacionados à rigidez hierárquica e centralização de poder na instituição, 2,14 para valores de profissionalismo individual e competição no trabalho, 2,12 para valores relacionados ao bem-estar e à motivação dos trabalhadores. Em relação às práticas organizacionais, verificou-se média de 3,31 para práticas de integração externa, 1,91 para práticas de recompensa e treinamento e 2,60 para práticas relacionadas à promoção das relações interpessoais no hospital.

A percepção dos trabalhadores de enfermagem que sofreram acidentes de trabalho com material biológico (grupo-caso) demonstrou escores médios de 2,72 para valores de profissionalismo cooperativo, 2,80 para valores relacionados à rigidez hierárquica e centralização de poder na instituição, 2,17 para valores de profissionalismo individual e competição no trabalho, 2,13 para valores relacionados ao bem-estar e à motivação dos trabalhadores. Em relação às práticas organizacionais, verificou-se média de 3,52 para práticas de integração externa, 1,90 para práticas de recompensa e treinamento e 2,59 para práticas relacionadas à promoção das relações interpessoais na instituição. Assim, não houve diferença significativa entre os escores de cada grupo.

Discussão

Nos sete anos estudados, foram registrados 386 acidentes de trabalho com exposição a material biológico. Ressalta-se que esses acidentes não devem ocorrer por serem previníveis.

Dos ATMBs registrados, 74,2% ocorreram entre trabalhadores de enfermagem, principalmente entre auxiliares de enfermagem, nos diferentes setores do hospital. As lesões percutâneas ocorreram em 79% dos casos e as agulhas foram os materiais envolvidos em 69,7% dos acidentes. Na maioria dos acidentes, houve contato com sangue, indicando possibilidade de contaminação e a transmissão de doenças como Aids e hepatite B.

Esses resultados corroboram dados encontrados na literatura. Diversos estudos constataram que os acidentes com material biológico ocorrem predominantemente entre trabalhadores de enfermagem e envolvem contato com sangue e lesões percutâneas ocasionadas por agulhas, expondo os profissionais, sobretudo, ao risco de infecção ocupacional pelo vírus da hepatite B e HIV(17-21).

Para a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais entre profissionais da saúde, a NR 32 representa a principal normatização brasileira e possui três grandes eixos. O primeiro é a capacitação contínua dos trabalhadores, o segundo define os programas que tratam dos riscos e, por fim, o terceiro eixo determina as medidas de proteção contra os riscos ocupacionais(22).

Sobre a cultura da instituição, a análise dos escores médios, relacionados aos valores organizacionais do hospital estudado, demonstra que os trabalhadores de enfermagem de ambos os grupos perceberam a existência de rigidez hierárquica e centralização de poder na instituição; acreditaram haver competição entre os trabalhadores e dificuldade de desenvolvimento de práticas de trabalho em equipe; consideraram que bem-estar e motivação no trabalho são valores razoavelmente ou pouco considerados no hospital. Em relação às práticas organizacionais, satisfação no trabalho e promoção das relações interpessoais são práticas razoavelmente adotadas na instituição, na percepção dos trabalhadores, enquanto práticas de treinamento e recompensa dos trabalhadores são pouco enfatizadas no hospital na opinião dos trabalhadores.

Desse modo, os resultados desta investigação revelam que os valores e práticas que caracterizam a cultura do hospital apresentam elementos relacionados á uma estrutura organizacional rígida e hierarquizada, na qual há centralização de poder e, consequentemente, dificuldade de desenvolvimento do trabalho em equipe. Além disso, verifica-se a existência de individualismo e competição entre os trabalhadores de enfermagem; o desinteresse pelo bem-estar dos trabalhadores, desconsiderando suas necessidades, e a necessidade de melhorar o relacionamento interpessoal na instituição.

Esses elementos estão diretamente relacionados ao modelo tradicional de organização e gestão do trabalho adotado pelo hospital, pautando-se pela autoridade e caracterizado por estrutura hierarquizada e verticalizada, na qual predomina a ênfase na organização e nos processos de trabalho, com controle excessivo de procedimentos; a centralização do processo decisório e a fragmentação das atividades; a formalização da comunicação e das relações interpessoais e a desvalorização dos indivíduos, características ainda presentes em grande parte das instituições públicas de saúde do Brasil(23). Esses dados corroboram resultados de estudos desenvolvidos em 76 países(11), os quais possibilitaram a elaboração de pressupostos teóricos relacionados a diferentes dimensões da cultura organizacional. Essas dimensões são dinâmicas e interdependentes e representam as práticas e os valores que caracterizam a cultura das organizações. Dentre essas dimensões, destacam-se: culturas orientadas para processos versus orientação para resultados; orientação para o trabalho versus orientação para os trabalhadores e fraco controle do trabalho versus forte controle do trabalho nas organizações.

De acordo com esses autores, organizações orientadas para os processos e para o trabalho apresentam estruturas rígidas, centralização do poder, forte especialização no trabalho, formalização das relações e dificuldades de comunicação; há forte controle dos processos e dos trabalhadores, os quais sofrem pressão dos gerentes no desenvolvimento de suas tarefas, não participam dos processos decisórios e sentem que seus problemas pessoais não importam para a organização. Ao contrário, nas culturas organizacionais orientadas para os resultados e para o trabalhador, há diminuição dos níveis hierárquicos, compartilhamento das decisões e preocupação com as necessidades dos trabalhadores, por meio da valorização do bem-estar e da satisfação dos indivíduos.

Desde sua origem, a organização do trabalho em saúde e enfermagem está fundamentada na divisão social das atividades e na valorização da organização, dos processos, das normas e rotinas, o que tem ocasionado fragmentação da assistência. Nesse processo, os enfermeiros assumiram o papel de gerentes da equipe de enfermagem, controlando o trabalho de modo impessoal, num processo de dominação dos demais trabalhadores(24).

A divisão social do trabalho na enfermagem e a autoridade geram distanciamento e conflitos entre os trabalhadores(25), o que dificulta a cooperação entre os profissionais e o desenvolvimento de práticas de trabalho em equipe e interdisciplinaridade, verificados na instituição. Esse contexto de trabalho provoca insatisfação e desmotivação no trabalho e dificultam o crescimento profissional à medida que não valorizam as competências e habilidades individuais. Por outro lado, todos esses fatores prejudicam a qualidade da assistência prestada aos pacientes. Além disso, essas condições de trabalho podem contribuir para o adoecimento dos trabalhadores.

Condições desfavoráveis à liberdade dos indivíduos e controle do trabalho podem gerar insegurança, medo, desespero e sofrimento psíquico nos trabalhadores, desencadeando quadros de ansiedade, depressão e outros problemas psíquicos, como a síndrome do esgotamento profissional ou Burnout, resultantes da somatória de dificuldades enfrentadas diariamente e da interação desses fatores com aspectos individuais dos trabalhadores(26). Contudo, comparando-se os resultados dos grupos-caso e controle deste estudo, verifica-se que não foram constatadas diferenças significativas entre os escores médios atribuídos pelos sujeitos a cada categoria de valor ou prática organizacional. Esse fato demonstra que, apesar de refletir aspectos relacionados à organização e gestão do trabalho em saúde, não foi possível estabelecer relação direta entre os valores e práticas organizacionais sobre a ocorrência de acidentes de trabalho com material biológico neste contexto.

Conclusões

Apesar da legislação vigente no país e da existência das precauções-padrão, internacionalmente recomendadas, os acidentes de trabalho com exposição a material biológico entre trabalhadores de enfermagem ainda é uma realidade presente no hospital estudado e estratégias efetivas necessitam ser adotadas para preveni-los. A relação entre a cultura organizacional e o modelo de gestão e organização do trabalho adotado pela instituição de saúde mostram que os valores e práticas organizacionais permeiam a rigidez hierárquica e a desvalorização dos trabalhadores, fortalecendo a fragmentação do cuidado, o desenvolvimento de ações de interdisciplinaridade e o alcance da qualidade na atenção à saúde. Os resultados não indicaram relação direta entre a cultura organizacional e a ocorrência de acidentes ocupacionais na instituição, não sendo possível constatar a influência dos valores e práticas organizacionais sobre o comportamento dos trabalhadores frente à ocorrência de acidentes de trabalho com material biológico.

Este estudo fornece subsídios para reestruturação de processos e práticas de trabalho em ambiente hospitalar e resulta em avanços no conhecimento científico de enfermagem.

Referências

  • 1. Sêcco IAO, Robazzi MLCC, Shimizu DS, Rúbio MMS. Typical occupational accidents with employees of a university hospital in the south of Brazil: epidemiology and prevention. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2008 Oct;16(5):824-31.
  • 2.Centers for Disease Control and Prevention. Guideline for infection control in health care personal. Infect Control and Hospital Epidemiol. 2001;19(6):445.
  • 3
    Ministry for Social Security (BR).[Internet]. Law 8.213 of the 24th July 1991. Concerns Plans for Social Security Benefits and other forms of social security. Brasília (Federal District): Ministry for Social Security; 1991. [acesso 10 mai 2011]. Disponível em: http://www.previdenciasocial.gov.br .
  • 4. Secretary of State for Health São Paulo (BR). State Program for STD/AIDS. Program for Epidemiological Surveillance. SINABIO: Surveillance of Accidents involving Biological Material. Bol Epidemiol. [periódico na Internet]. October 2002; [acesso 12 jun 2011];1(1). Disponível em: www.cepis.ops-oms.org/bvsacd/cd49/SINABIO2002.pdf
  • 5. Fodel K. Needle Stick Prevention and sharps safety. Military Medical/NBC Technology Online Arch. [periódico na Internet]. 2008; [acesso 12 jun 2011]; 12(2). Disponível em: http://www.military-medical-technology.com/article.cfm?DocID=2369
  • 6.Martins MDS, Silva NAP, Correia TIG. Accidents at work and its impact on a hospital in Northern Portugal. Rev. Latino-Am. Enfermagem. abr 2012;20(2):217-25.
  • 7. Siegel JD, Rhinehart E, Jackson M, Chiarello L. Center for Diseases Control and Prevention CDC. Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee. Guideline for isolation precautions: preventing transmission of infectious agents in healthcare settings. [Internet]. 2007. [acesso 12 mai 2011]. Disponível em: http://www.cdc.gov/ncidod/dhqp/pdf/isolation2007.pdf
  • 8
    Ministry of Work and Labor (BR). Resolution 485 of 11th November 2005. NR32 – Health and Safety at Work in the Health Services. [Internet]. [acesso 10 mai 2011]. Disponível em: www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_32.pdf
  • 9
    [Network for the Prevention of Work Accidents with Exposure to Biological Material in University Hospitals (REPAT)] [Internet]. [Accessed 10 May 2011]. Available at: http://repat.eerp.usp.br
  • 10. Santos Zapparoli A, Marziale MHP, Robazzi MLCC. Practica segura del uso de guantes en la puncion venosa por los trabajadores de enfermería. Cienc Enferm. 2006 Dic;12(2):63-72.
  • 11. Hofstede G, Hofstede GJ, Minkov M. Cultures and organizations: software of the mind. Intercultural cooperation and its importance for survival. 3rd ed. New York: McGraw Hill; 2010.
  • 12. Enriquez E. A Organização em análise. Petrópolis: Vozes; 1997.
  • 13. Schein EH. Organizational culture and leadership. 4ª ed. San Francisco: Jossey-Bass; 2010.
  • 14. Scheaffer RL, Mendenhal W, Ott RL. Elementary Survey Sampling. 6th ed. Belmont: Duxbury Press; 2005. 480 p.
  • 15. Ferreira MC, Assmar EML, Estol KMF, Helena MCCC, Cisne MCF. Desenvolvimento de um instrumento brasileiro para avaliação da cultura organizacional. Estudos Psicol. 2002;7(2):271-80.
  • 16
    .Ministerio da Saúde (BR). Res. CNS n.o 196/96 e outras. Normas éticas de pesquisa envolvendo seres humanos. 3.ed. Brasília: Ministério da Saúde; 1997.
  • 17. Marziale MHP, Zapparolli AS, Felli VEA, Anabuki MH. Rede de Prevenção de Acidentes de Trabalho - REPAT: uma estratégia de ensino a distância. Rev Bras Enferm. 2010;63(1):250-6.
  • 18. Chiodi MB, Marziale MHP, Mondadori RM, Robazzi MLCC. Acidentes registrados no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Ribeirão Preto, São Paulo. Rev Gaúcha Enferm jun 2010;31(2):211-7.
  • 19. Marziale MHP, Rodrigues CM. A produção científica sobre os acidentes de trabalho com material perfurocortante entre trabalhadores de enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2002;10(4):571-7.
  • 20. Brevidelli MM, Cianciarullo TI. Compliance with standard-precautions among medical and nursing staff at a university hospital. Online Braz J Nurs. [periódico na Internet]; 2006; [acesso 11 ago 2011];5(1). Disponível em: http://www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/article/view/291/57
  • 21. Centers for Disease Control and Prevention CDC. Exposure to blood: what healthcare personnel need to know [Internet]. Atlanta, EUA. [acesso 7 abr 2011]. 2003. Disponível em: www.cdc.gov/ncidod/dnqp/bbp/exp_to_blood.pdf
  • 22
    Ministry of Health (BR). Secretary for Health Care. Programmed Strategic Actions Department. Exposure to biological materials. Brasília: Ministry of Health; 2006. 76 p.
  • 23. Pires JCS, Macedo KB. Cultura organizacional em organizações públicas no Brasil. Rev Admin Publica. jan/fev 2006;40(1):81-105.
  • 24. Kurcgant P. Administração em enfermagem. 2ª ed. São Paulo: EPU; 2005.
  • 25. Vaghetti HH, Padilha MIC de S, Lunardi WD Filho, Lunardi VL, Costa CFS da. Significados das hierarquias no trabalho em hospitais públicos brasileiros a partir de estudos empíricos. Acta Paul Enferm 2011;24(1):87-93.
  • 26
    Ministry of Health (BR). Pan-American Health Organization in Brazil. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Brasília: Ministry of Health; 2001.
  • 1
    La influencia de la organización en la ocurrencia de accidentes de trabajo con exposición a material biológico
  • 2
    .
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      01 Mar 2013
    • Data do Fascículo
      Fev 2013

    Histórico

    • Recebido
      08 Ago 2012
    • Aceito
      03 Out 2012
    Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto / Universidade de São Paulo Av. Bandeirantes, 3900, 14040-902 Ribeirão Preto SP Brazil, Tel.: +55 (16) 3315-3451 / 3315-4407 - Ribeirão Preto - SP - Brazil
    E-mail: rlae@eerp.usp.br