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Soroprevalência da Hepatite C e fatores associados em usuários de crack 1 1 Apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), processo nº 402759/2010-9.

Resumos

OBJETIVO:

investigar a soroprevalência da Hepatite C em usuários de crack do Estado do Piauí.

MÉTODO:

trata-se de um inquérito soroepidemiológico, desenvolvido nos Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas do Piauí, nos meses de dezembro de 2011 a maio de 2012. Aplicou-se formulário e coletou-se amostra sanguínea para pesquisa sorológica. Utilizou-se o teste exato de Fisher e de Mann-Whitney com nível de significância p<0,05.

RESULTADOS:

a prevalência do Anti-HCV foi de 05 (1,4%) e 04 (1,1%) para o RNA-HCV. Houve associação estatisticamente significativa entre Hepatite C (marcador sorológico RNA-HCV) e idade, residentes no domicílio, tempo de uso do crack, interrupção do uso do crack e hábito de compartilhar os cachimbos.

CONCLUSÃO:

os achados reforçam a necessidade de implementação de políticas de saúde voltadas para os usuários de crack, devido ao acelerado processo de deterioração física e psíquica à qual estão sujeitos.

Hepatite C; Prevalência; Fatores de Risco; Cocaína Crack


OBJECTIVE:

to investigate the seroprevalence of hepatitis C in crack users in Piauí.

METHOD:

seroepidemiological survey, undertaken in the Psycho-Social Care Centers for Drugs and Alcohol (CAPS AD) in Piauí in the period December 2011 to May 2012. A questionnaire was administered and blood samples were collected for serological research. Fisher's exact test and the Mann-Whitney test were used, with a level of significance of (p<0.05).

RESULTS:

the prevalence of Anti-HCV was 05 (1.4%) and 04 (1.1%) for the RNA-HCV. There was a statistically significant association between hepatitis C (serological marker RNA-HCV) and age, being resident at home, length of use of crack, interruption of the use of crack, and the habit of sharing the crack pipes.

CONCLUSION:

the findings support the need to implement health policies aimed at crack users, due to the accelerated process of physical and psychological deterioration to which these are subject.

Hepatitis C; Prevalence; Risk factors; Crack Cocaine


OBJETIVO:

investigar la seroprevalencia de la Hepatitis C en usuarios de crack del estado de Piauí. Método: se trata de una investigación seroepidemiológico, desarrollado en los Centros de Atención Psicosocial Alcohol y Drogas de Piauí entre diciembre del 2011 y mayo del 2012. Fue aplicado formulario y colectada muestra sanguínea para investigación serológica. Fue utilizado el test exacto de Fisher y de Mann-Whitney con nivel de significancia (p<0,05).

RESULTADOS:

la prevalencia del Anti-HCV correspondió a 05 (1,4%) y 04 (1,1%) para el RNA-HCV. Fue encontrada asociación estadísticamente significativa entre Hepatitis C (marcador serológico RNA-HCV) y edad, residentes en domicilio, tiempo de uso del crack, interrupción del uso del crack y hábito de compartir las pipas.

CONCLUSIÓN:

los hallazgos refuerzan la necesidad de implementación de las políticas de salud dirigidas a los usuarios de crack, debido al acelerado proceso de deterioro físico y psíquico a que están sujetos.

Hepatitis C; Prevalencia; Factores de Riesgo; Cocaína Crack


Introdução

As Hepatites virais constituem-se em grave problema de saúde pública. A Hepatite C possui distribuição universal, porém, sua prevalência difere de acordo com as características socioeconômicas e culturais de cada região. É interessante observar que algumas populações de risco apresentam prevalências superiores quando comparadas à população em geral. Nesse sentido, o consumo de crack relacionado ao Vírus da Hepatite C (HCV) começa a despertar o interesse da comunidade científica mundial, uma vez que os usuários apresentam comportamentos de risco, que podem torná-los mais suscetíveis à infecção.

No uso dependente, o usuário de crack enfrenta problemas de ordem orgânica, psicológica, social e legal. Com relação às de ordem orgânica, a Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca, especialmente, as infecciosas, como a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids), as Hepatites B e C e as endocardites bacterianas.

Apesar da história natural da Hepatite C não estar bem elucidada, é consenso que o vírus é transmitido pela exposição parenteral a sangue, transfusão e procedimentos médicos e odontológicos, podendo também ocorrer por meio de tatuagem e piercing ( 11. Nelson PK, Mathers BM, Cowie B, Hagan H, Jarlais DD, Horyniak D, et al. Global epidemiology of hepatitis B and hepatitis C in people who inject drugs: results of systematic reviews. Lancet. 2011; 378(9791):571-83. ).

O uso de drogas injetáveis é o modo dominante de transmissão do Vírus da Hepatite C (VHC) nos países desenvolvidos, sendo o compartilhamento de agulhas o principal fator de risco. Contudo, a infecção também pode ocorrer a partir de apetrechos usados para preparar drogas. A literatura( 22. Pekler VA, Robbins WA, Nyamathi A, Yashina TL, Leak B, Robins TA. Use of versant TMA and bDNA 3.0 assays to detect and quantify hepatitis C virus in semen. J Clin Lab. 2003;17(6):264-70.

3. Ferreiro MC, Dios PD, Scully C. Transmission of hepatitis C virus by saliva? Oral Dis. 2005;11(4):230-5.

4. Suzuki T, Omata K, Satoh T, Miyasaka T, Arai C, Maeda M, et al. Quantitative detection of hepatitis C virus (HCV) RNA in saliva and gingival crevicular fluid of HCV-infected patients. J Clin Microbiol. 2005;43(9):4413-7.
- 55. Menezes GBL, Pereira FA, Duarte CAB, Carmo TMA, Silva HP Filho, Zarife MA, et al . Hepatitis C virus quantification in serum and saliva of HCV-infected patients. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2012;107(5):680-3. ) aponta a presença do RNA-HCV em fluidos corporais como saliva, linfonodos periféricos, sêmen. Vale ressaltar que, apesar de o vírus ser encontrado em baixas titulações, essa forma de transmissão deve ser considerada. Corroborando esse entendimento da possibilidade de outras formas de transmissão, o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) apontou no relatório americano de saúde de 2012 que 45% das pessoas com Hepatite C não relataram qualquer risco de exposição conhecida( 66. Centers for Disease Control and Prevention (USA). Recommendations for the Identification of Chronic Hepatitis C Virus Infection Among Persons Born During 1945-1965. MMWR Recomm Rep. 2012 Aug;61(RR-4):1-32. Erratum in: MMWR Recomm Rep. 2012 Nov 2;61(43):886. ).

Ratificando, em estudo realizado em Porto Alegre( 77. Von Diemen L, De Boni R, Kessler F, Benzano D, Pechansky F. Risk behaviors for HCV- and HIV-seroprevalence among female crack users in Porto Alegre, Brazil. Arch Womens Ment Health. 2010;13(3):185-91. ) investigou-se a prevalência das Doenças Sexualmente Tramissíveis (DST) em mulheres usuárias de crack, encontrando prevalência de 37% para Human Imunodeficiency Vírus (HIV) e 27,7% para o HCV. Os autores sugerem que determinados hábitos podem manter esses pacientes em risco de transmissão e contágio por doenças infectocontagiosas, uma vez que o uso de injeções teve frequência rara na amostra.

Nessa perspectiva, há alguns questionamentos: a prevalência da Hepatite C é maior em usuários de crack que na população geral? Os usuários de crack apresentam quais fatores de risco para a Hepatite C?

Face às considerações levantadas, a gravidade da doença e a escassez de estudos nacionais que associem o uso de crack como comportamento de risco para adquirir a Hepatite C, considera-se o estudo de relevância, uma vez que irá permitir a obtenção de dados epidemiológicos locorregionais sobre a infecção nos usuários de crack, potencializando a compreensão dos fatores de risco, bem como poderá ser subsídio para o estabelecimento de políticas e estratégias de prevenção.

Com base no exposto, este estudo tem por objetivo investigar a soroprevalência da Hepatite C e fatores associados em usuários de crack dos CAPS AD do Estado do Piauí.

Metodologia

Trata-se de pesquisa realizada por meio de inquérito soroepidemiológico e corresponde a um recorte de pesquisa mais ampla intitulada "Soroprevalência de Hepatite B e C em usuários de crack dos CAPS AD do Piauí".

Foi desenvolvida nos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) do Piauí, localizados em quatro municípios (Teresina, Parnaíba, Picos e Piripiri). A população fonte do estudo foi composta por 2.971 usuários de crack, cadastrados nos quatro CAPS AD do Estado. No cálculo amostral, para o total de 353 participantes, levou-se em consideração erro tolerável de 5%, com nível de significância de 95% e mediante estratificação proporcional( 88. Callegari-jacques S. Bioestatística: princípios e aplicações. Porto Alegre: Artmed; 2003. ).

Foi considerado como critério de inclusão ser usuário de crack do CAPS AD, bem como aceitar participar da pesquisa. E o de exclusão foi o usuário não ter, no momento da coleta dos dados, condições de responder às questões de interesse da pesquisa, bem como a ausência do consentimento expresso do responsável em casos de usuários adolescentes.

A coleta de dados foi realizada no período de dezembro/2011 a maio/2012, e deu-se em quatro etapas, a saber:

-Aplicação de formulário, com perguntas fechadas e algumas semiabertas, o qual foi previamente testado com o objetivo de aperfeiçoá-lo, testar o desempenho dos pesquisadores de campo e promover ambientação;

-Observação da boca e nariz para verificação da presença de bolhas e/ou lesões;

-Coleta de sangue para pesquisa da situação sorológica dos usuários de crack para a Hepatite C;

-Armazenamento, processamento e análise das amostras.

Foi realizada a pesquisa dos marcadores sorológicos utilizando-se o ensaio imunoenzimático ELISA, descrito pelo Kit Bioeasy(r). O HCV ELISA Test Bioeasy é um ensaio imunoenzimático qualitativo indireto em fase sólida, para a detecção do anticorpo IgG contra HCV em soro ou plasma humano.

A única maneira de saber se a infecção é passada (cura espontânea) ou atual (aguda ou crônica) é realizando testes com aplicação da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) qualitativo, técnica de biologia molecular, para detectar diretamente o RNA viral (RNA-HCV). Dessa forma, nos casos de resultados reagentes para o Anti-HCV, automaticamente foi realizada a testagem para o RNA-HCV, utilizando o teste da Roche(r).

Os dados foram digitados e analisados com a utilização do aplicativo Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 19.0. Dentre os testes estatísticos, aplicou-se o de Mann-Whitney e o de Fisher. A escolha do teste partiu da verificação da distribuição não normal das variáveis numéricas. É importante ressaltar que as médias apresentadas nas tabelas de associação com teste de Mann-Whitney são referentes às análises descritivas das variáveis. A significância estatística foi fixada em p<0,05, com intervalo de confiança de 95%.

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Piauí (CAAE: 0091.0.45.000-11), bem como aos participantes foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Resultados

Dos 353 usuários de crack que participaram do estudo, 183 (51,8%) estavam na faixa etária de 20 a 30 anos, com média de 29,4 anos de idade e mínima e máxima variando de 15 a 65 anos. Quanto ao sexo, predominou o masculino, com 297 (84,1%), em relação à situação conjugal 242 (68,6%) eram solteiros/separados. Sobre a escolaridade, 165 (46,7%) possuíam o ensino fundamental incompleto. A média da renda familiar era de 1.668 reais, com variação entre 30 e 20.000 reais (dados não apresentados).

Sobre o padrão de consumo do crack (Tabela 1), a maioria dos usuários utilizou a droga por período superior a 37 meses, com frequência diária. Observou-se que pequena maioria relatou interromper o uso da substância após início do tratamento no CAPS AD. Os materiais mais utilizados para fabricação dos cachimbos foram: mesclado e latas. Uma pequena parcela da amostra usa droga injetável.

Tabela 1
Padrão de consumo do crack e droga injetável na amostra do estudo. Teresina, PI, Brasil, 2012 (N=353)

Segundo a Tabela 2, expressiva maioria se relaciona sexualmente somente com mulheres, possui um único parceiro, utiliza o preservativo frequentemente. Uma minoria relatou ter contraído DST. Sobre outros fatores preditores para infecção pelo HCV, houve predomínio de histórico de detenção e possuir tatuagem. Enquanto uma minoria realizou transfusão sanguínea, usa piercing e possui bolhas ou lesões na mucosa oral e nasal.

Tabela 2
Fatores preditores para infecção pelo vírus da hepatite C na amostra do estudo. Teresina, PI, Brasil, 2012 (N=353)

Na pesquisa dos marcadores sorológicos da Hepatite C (Tabela 3), 5 (1,4%) foram positivos para Anti-HCV e 4 (1,1%) para o RNA-HCV.

Tabela 3
Distribuição da prevalência dos marcadores sorológicos da hepatite C na amostra do estudo. Teresina, PI, Brasil, 2012 (N=353)

Na Tabela 4, houve associação estatisticamente significativa entre o RNA-HCV e idade (p=0,02), morar sozinho (p<0,01) e maior tempo de uso de crack (p=0,01).

Tabela 4
Associação entre o RNA-HCV e as variáveis: média de idade, residentes no domicilio, renda familiar, meses de uso de crack, número de parceiros nos últimos seis meses e tempo de detenção. Teresina, PI, Brasil, 2012 (N=353)

Observou-se associação estatisticamente significativa do RNA-HCV com continuidade de uso do crack e (p=0,01) e com o compartilhamento do cachimbo (p<0,01). As demais variáveis testadas não apresentaram associação estatística (Tabela 5).

Tabela 5
Associação entre o RNA-HCV e as variáveis: interrupção do uso do crack, compartilhamento do cachimbo, droga injetável, DST, detenção, tatuagem, piercing, bolhas e lesão na mucosa oral e lesão na mucosa nasal. Teresina, PI, Brasil, 2012 (N=353)

Discussão

A caracterização sociodemográfica da amostra apresentou resultado similar ao verificado na primeira investigação sobre o consumo de crack, realizado em São Paulo em 1994( 99. Nappo AS, Galduróz JCF, Noto AR. Uso do "crack" em São Paulo: fenômeno emergente? Rev ABP-APAL. 1994;16(2):75-83. ), onde se constatou a preponderância de homens, menores de 30 anos, desempregados, com baixa escolaridade, provenientes de famílias desestruturadas.

No tocante às características relacionadas ao padrão de consumo do crack, observou-se o consumo cada vez maior e em intervalos mais curtos, justificando o fato de 37,1% dos usuários de crack fazerem uso da droga mesmo estando em tratamento nos CAPS AD do Piauí. A tendência do crescimento da procura pelo crack também foi verificada no estudo( 1010. Vargens RW, Cruz MS, Santos MA. Comparison between crack and other drugs abusers in a specialized outpatient facility of a university hospital. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2011;19(spe):804-12. ), realizado com usuários de drogas na cidade do Rio de Janeiro, no período de 2007 a 2008.

Para fumar a pedra de crack, os usuários de crack utilizam um tipo de cachimbo, estruturas improvisadas como latas, tubos plásticos ou de papelão, papel alumínio, peças hidráulicas ou mesmo embalagens de produtos alimentícios( 1111. Oliveira LG, Nappo SA. Crack na cidade de São Paulo: acessibilidade, estratégias de mercado e formas de uso. Rev Psiquiatr Clín. 2008;35(6):212-8. ). Com relação aos materiais para confecção dos cachimbos, entre os usuários deste estudo, foi observada a preferência do mesclado, seguido por latas de cerveja e refrigerante. O mesclado, cigarros de crack misturados à maconha, seria um meio menos danoso, já que diminui a fissura e demais efeitos ansiogênicos do crack ( 1111. Oliveira LG, Nappo SA. Crack na cidade de São Paulo: acessibilidade, estratégias de mercado e formas de uso. Rev Psiquiatr Clín. 2008;35(6):212-8. ).

Na falta de insumos, os usuários consomem a droga em latas de alumínios encontradas, muitas vezes, no lixo. No Brasil, essa forma de uso tem sido bem documentada. Além do risco da presença de agentes infecciosos dessas latas encontradas na rua ou lixo, cabe destacar que o nível de alumínio elevado no tecido cerebral provoca alterações no funcionamento cognitivo e neurológico( 1212. Pechansky F, Kessler FHP, Von Diemen L, Bumaguin DB, Surratt HL, Inciardi JA. Brazilian female crack users show elevated serum aluminum levels. Rev Bras Psiquiatr. 2007;29(1):39-42. ).

É comum o compartilhamento dos cachimbos entre os usuários de crack, comportamento verificado pela maior parcela da população deste estudo. Dessa forma, os fumantes de crack apresentam possibilidades de contaminação infecciosa( 11. Nelson PK, Mathers BM, Cowie B, Hagan H, Jarlais DD, Horyniak D, et al. Global epidemiology of hepatitis B and hepatitis C in people who inject drugs: results of systematic reviews. Lancet. 2011; 378(9791):571-83. , 55. Menezes GBL, Pereira FA, Duarte CAB, Carmo TMA, Silva HP Filho, Zarife MA, et al . Hepatitis C virus quantification in serum and saliva of HCV-infected patients. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2012;107(5):680-3. ).

No tocante ao consumo de drogas injetáveis, observou-se o abandono dessa via devido, possivelmente, à percepção de risco, envolvendo essa prática e o contágio pelo HIV, doença infecciosa de maior comoção pública mundial. Apesar da diminuição dos Usuários de Drogas Injetáveis (UDIs), estima-se que 10 milhões de pessoas que injetam drogas se infectaram com o HCV em 2011( 11. Nelson PK, Mathers BM, Cowie B, Hagan H, Jarlais DD, Horyniak D, et al. Global epidemiology of hepatitis B and hepatitis C in people who inject drugs: results of systematic reviews. Lancet. 2011; 378(9791):571-83. ).

Até o momento, o papel dos comportamentos sexuais na transmissão do HCV permanece controverso. Contudo, muitos autores afirmam alguns fatores de risco para aquisição do HCV, incluindo fatores biológicos (HIV positivo e outras infecções sexualmente transmissíveis), práticas sexuais ásperas (sexo anal, uso de brinquedos sexuais), múltiplos parceiros( 1313. Stall R, Wei C, Raymond HF, McFarland W. Do rates of unprotected anal intercourse among HIV-positive MSM present a risk for hepatitis C transmission? Sex Transm Infect. 2011;87(5)439-41. ). Com relação ao crack, é evidenciado em estudos que práticas sexuais menos seguras estão frequentemente associadas ao abuso dessa substância, tais como o grande número de parceiros sexuais, sexo desprotegido, sexo em troca de drogas ou dinheiro.

O não uso do preservativo foi relatado por uma parte da população estudada. Frequência superior foi encontrada por pesquisadores( 1414. Nunes CLX, Andrade T, Galvão-Castro B, Bastos FI, Reingold A. Assessing risk behaviors and prevalence of sexually transmitted and blood-borne infections among female crack cocaine users in Salvador-Bahia, Brazil. Braz. J Infect Dis. 2007;11(6):561-6. ), em que 49,3% das usuárias de crack relataram que raramente o utilizam, apesar de estarem disponíveis nos serviços de saúde gratuitamente.

Devido à adesão irregular ao uso do preservativo, é compreensível o achado de 31,2% de incidência de DSTs nesta pesquisa. O uso de substâncias psicoativas pode tornar os drogaditos menos conscientes ou preocupados com DSTs(15). Em um estudo randomizado, a prevalência de anticorpos contra o HCV foi significativamente (p<0,001) maior no grupo de heterossexuais infectados por DSTs que no grupo-controle (sem DSTs), 5,3% versus 0,5%( 1616. Petersen EE, Clemens R, Bock HL, Friese K, Hess G. Hepatitis B and C in heterosexual patients with various sexually transmitted diseases. Infection. 1992;20(3):128-31. ). Uma possível justificativa é que, como há infecções sexualmente transmissíveis ulcerativas, a presença de úlceras como porta de entrada do organismo pode ter facilitado a contaminação do organismo pelo HCV.

Com relação aos problemas que envolvem a polícia ou justiça, o estudo verificou que a expressiva maioria dos usuários de crack já teve um episódio de detenção prisional. Esse dado é preocupante já que as taxas de prevalência de HCV em prisões e outras configurações fechadas são maiores do que na comunidade. Isso ocorre devido ao acesso limitado aos insumos, práticas de risco que são realizadas, como a aplicação de tatuagens e piercings não esterilizados, bem como práticas sexuais homossexuais, agressões sexuais e compartilhamento da parafernália de drogas não injetáveis e injetáveis. No estudo( 1717. Caiaffa WT, Zocratto KF, Osimani ML, Martínez PL, Radulich G, Latorre L, et al. Hepatitis C virus among non-injecting cocaine users (NICUs) in South America: can injectors be a bridge? Addiction. 2011;106(1):143-51. ) realizado na América do Sul, entre os monoinfectados HCV era significativamente maior a propensão para a prisão.

Na amostra estudada, 8,8% já haviam sido hemotransfundidos. Com a introdução, a partir de 1993, da pesquisa de Anti-HCV na rotina da vigilância sanitária, especialmente nos hemocentros, os índices de Hepatites pós-transfusional têm sido cada vez mais baixos, tornando as transfusões e os transplantes vias raras de transmissão. Entretanto, ainda há o risco de haver casos de Hepatite pós-transfusional em virtude da janela imunológica( 66. Centers for Disease Control and Prevention (USA). Recommendations for the Identification of Chronic Hepatitis C Virus Infection Among Persons Born During 1945-1965. MMWR Recomm Rep. 2012 Aug;61(RR-4):1-32. Erratum in: MMWR Recomm Rep. 2012 Nov 2;61(43):886. ).

Houve predomínio de usuários de crack tatuados, enquanto apenas pequena parcela possuía piercing. As pessoas com tatuagens múltiplas e/ou perfurações têm risco aumentado para HCV, devido à ausência de processos de esterilização, contudo, essa associação tem sido irregular entre os estudos.

É importante ressaltar que há vários casos, aproximadamente 15%, de Hepatite C, que são incompreensíveis na população em geral. Uma hipótese que poderia explicar as infecções pelo HCV entre os usuários de drogas não injetáveis foi proposta por pesquisadores do National Institutes of Health (NIH) dos EUA( 1818. Conry-Cantilena C, Van Raden M, Gibble J, Melpolder J, Shakil AO, Viladomiu L, et al. Routes of infection, viremia, and liver disease in blood donors found to have hepatitis C virus infection. N Engl J Med. 1996;334(26):1691-6. ), que identificaram o uso de crack como um fator de risco para HCV entre doadores voluntários de sangue. Eles argumentaram que o vírus pode ser transmitido através de instrumentos contaminados.

Essa transmissão se dá devido à existência de queimaduras e bolhas nas pontas dos dedos, boca e nariz, em virtude do aquecimento dos cachimbos. O sangue das feridas orais e nasais pode ser transferido através da parafernália do consumo do crack para a mucosa ulcerada do outro usuário( 1717. Caiaffa WT, Zocratto KF, Osimani ML, Martínez PL, Radulich G, Latorre L, et al. Hepatitis C virus among non-injecting cocaine users (NICUs) in South America: can injectors be a bridge? Addiction. 2011;106(1):143-51. ).

Existem inúmeros estudos sobre a presença de RNA-HCV na saliva( 22. Pekler VA, Robbins WA, Nyamathi A, Yashina TL, Leak B, Robins TA. Use of versant TMA and bDNA 3.0 assays to detect and quantify hepatitis C virus in semen. J Clin Lab. 2003;17(6):264-70.

3. Ferreiro MC, Dios PD, Scully C. Transmission of hepatitis C virus by saliva? Oral Dis. 2005;11(4):230-5.

4. Suzuki T, Omata K, Satoh T, Miyasaka T, Arai C, Maeda M, et al. Quantitative detection of hepatitis C virus (HCV) RNA in saliva and gingival crevicular fluid of HCV-infected patients. J Clin Microbiol. 2005;43(9):4413-7.
- 55. Menezes GBL, Pereira FA, Duarte CAB, Carmo TMA, Silva HP Filho, Zarife MA, et al . Hepatitis C virus quantification in serum and saliva of HCV-infected patients. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2012;107(5):680-3. ), mas seus resultados variam, refletindo a heterogeneidade das populações do estudo e da diversidade de técnicas de detecção empregadas. Contudo, estudos epidemiológicos sugerem que a capacidade infecciosa de partículas virais do HCV na saliva é baixa. Não há evidências de que o HCV é transmitido facilmente por beijar, espirrar, tossir, ou por compartilhar copos ou pratos( 1919. Zeremski M, Makeyeva J, Arasteh K, Des Jarlais DC, Talal AH. Hepatitis C virus-specific immune responses in noninjecting drug users. J Viral Hepat. 2012;9(8):554-9. ).

Apesar da presença de bolhas ou lesões na mucosa oral e nasal em uma parcela da amostra, a prevalência encontrada foi de 1,4% para o Anti-HCV e 1,1% para RNA-HCV. A prevalência da Hepatite C entre os usuários de crack foi similar ao estimado para o Brasil com 1 a 2%, bem como aos casos crônicos de Hepatite C que representam 1,5% da população( 2020. Ministério da Saúde (BR). Programa Nacional de Prevenção e Controle da Hepatite Viral. Manual de aconselhamento em hepatites virais. Brasília; 2005. ).

Em relação ao panorama brasileiro, é importante destacar que há escassez de informação sobre o HCV em usuários de crack. O resultado foi abaixo do encontrado entre usuárias de crack baianas, com 2,4%( 1414. Nunes CLX, Andrade T, Galvão-Castro B, Bastos FI, Reingold A. Assessing risk behaviors and prevalence of sexually transmitted and blood-borne infections among female crack cocaine users in Salvador-Bahia, Brazil. Braz. J Infect Dis. 2007;11(6):561-6. ), e semelhante entre adultos em Criciúma, em Santa Catarina, com 1,53%( 2121. Fagundes GD, Bonazza V, Ceretta LB, Back AJ, Betiol J. Detection of the hepatitis c virus in a population of adults. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2008;16(3):396-400. ).

Comparando as prevalências mundiais, observaram-se prevalências superiores ao estimado na população estudada. O estudo( 1717. Caiaffa WT, Zocratto KF, Osimani ML, Martínez PL, Radulich G, Latorre L, et al. Hepatitis C virus among non-injecting cocaine users (NICUs) in South America: can injectors be a bridge? Addiction. 2011;106(1):143-51. ) estimou em 8,8% a prevalência do HCV em Buenos Aires (Argentina) e Montevideo (Uruguai). No México, a prevalência de Hepatite C entre usuários de drogas não injetáveis foi de 4,1%( 2222. Campollo O, Roman S, Panduro A, Hernandez G, Diaz-Barriga L, Balanzario MC, et al. Non-injection drug use and hepatitis C among drug treatment clients in west central Mexico. Drug Alcohol Dependence. 2012;123(1-3):269-72. ). Contudo, foi inferior ao encontrado no Canadá (0,8%)( 2323. Public Health Agency of Canada. Evaluation of the hepatitis C prevention, support and research program 1999/2000-2005/2006. [Internet]. [acesso 13 out 2012].Canadá; 2009. Disponível em: http://www.phac-aspc.gc.ca/publicat/2008/er-re-hepc/er-re-hepc1-eng.php#ref..
Disponível em: http...
).

Sobre a associação da Hepatite C com a idade, esse achado foi concordante com outras investigações em usuários de drogas ilícitas( 1010. Vargens RW, Cruz MS, Santos MA. Comparison between crack and other drugs abusers in a specialized outpatient facility of a university hospital. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2011;19(spe):804-12. ). Um maior período de uso de crack foi estatisticamente associado ao RNA-HCV. Isso ocorre devido ao efeito cumulativo de exposição para risco de infecção pelo HCV.

Quanto ao número de pessoas que reside na casa, foi verificado que os usuários de crack positivos para a Hepatite C viviam sozinhos. A Associação Brasileira de Psiquiatria( 2424. Associação Brasileira de Psiquiatria. Conselho federal de Medicina. Diretrizes para um modelo de assistência integral em saúde mental no Brasil. Brasília; 2006. 58 p. ) afirma que relacionamentos positivos no ambiente familiar são sempre protetores e estruturantes, reduzindo a vulnerabilidade dos indivíduos para o consumo de drogas. As normas para os comportamentos sociais, incluindo as práticas de riscos, são desenvolvidas nas relações com as fontes primárias de socialização: a família, a escola e amigos na adolescência.

No tocante ao uso contínuo de crack, evidenciou-se que o fato de os usuários não terem parado o consumo da substância, mesmo em tratamento, sugere maior associação com a Hepatite C, devido aos comportamentos de risco expostos.

Não se encontrou associação entre o compartilhamento de equipamentos e soroprevalência de HCV entre os usuários de drogas não injetáveis, apesar de a literatura( 2525. Macías J, Palacios RB, Claro E, Vargas J, Vergara S, Mira JA, et al. High prevalence of hepatites C virus infection among noninjecting drug users: association with sharing the inhalation implements of crack. Liver Int. 2008;28(6):781-6. ) apontar o compartilhamento do equipamento de fumo do crack associado estatisticamente com HCV.

Conclusão

Sobre a condição sorológica, 1,4% foi positivo para Anti-HCV e 1,1% para o RNA-HCV. Dessa forma, apesar dos comportamentos de risco (consumo abusivo do crack, compartilhamento dos cachimbos para uso do crack, não uso do preservativo, episódios de prisão e realização de tatuagens), a prevalência da Hepatite C encontrada para os usuários de crack foi similar à estimativa encontrada para a população brasileira geral e inferior à estimativa mundial. As variáveis: idade, tempo de uso do crack, residentes no domicílio, a cessação do uso do crack e hábito de não compartilhar os cachimbos apresentaram-se associadas estatisticamente ao RNA-HCV.

Verificou-se que o uso repetido do cachimbo aquecido para crack pode provocar bolhas e ferimentos, na língua, lábios, faces, narinas e dedos. No entanto, não foi possível afirmar, neste estudo, a hipótese da transmissão do vírus pelo compartilhamento da parafernália utilizada no consumo do crack.

Este estudo leva à reflexão de que, como a Hepatite C normalmente leva um curso indolente, a identificação de fatores de risco para a infecção é essencial para o desenvolvimento de estratégias precoces de intervenções eficientes. É relevante a criação de programas de educação em saúde voltados para o usuário de crack sobre os comportamentos de risco que os expõem a doenças infecciosas, como a Hepatite C, devido ao acelerado processo de deterioração física e psíquica a que estão sujeitos.

Os resultados de baixa prevalência e não associação da Hepatite C com presença de bolhas e lesões na mucosa oral e nasal pode ser atribuído às limitações do estudo. Os vieses de informação são passíveis de terem ocorrido, em face das respostas autodeclaradas. A presença de falso-negativos, ocasionalmente, é um problema. A falta do grupo controle, delineamento transversal e amostra relativamente pequena também podem ter dificultado a análise dos resultados. Desse modo, novas pesquisas são necessárias para aprofundamento da temática.

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    Apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), processo nº 402759/2010-9.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Nov-Dec 2013

Histórico

  • Recebido
    31 Jan 2013
  • Aceito
    21 Ago 2013
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