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Escassez de trabalhadores qualificados na saúde: uma chamada para ação à enfermagem

EDITORIAL

Escassez de trabalhadores qualificados na saúde: uma chamada para ação à enfermagem

Isabel Amélia Costa MendesI; Maria Helena Palucci MarzialeII

Editores da Revista Latino-Americana de Enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS

IProfessor Titular, e-mail: iamendes@eerp.usp.br

IIProfessor Titular, e-mail: marziale@eerp.usp.br

A realidade da saúde atual tem sido marcada por questões críticas e urgentes que requerem atenção não apenas do setor de saúde, mas também de governos, organizações não governamentais, setores públicos e privados e sociedade civil. Enquanto muito tem sido alcançado e muitas doenças têm sido controladas e mesmo erradicadas, desafios significativos ainda existem no mundo inteiro: pobreza, mudança climática, doenças endêmicas e pandêmicas, apenas para nomear algumas. Um desafio em particular que se destaca para o setor de saúde é a escassez de profissionais qualificados(1).

Numa reunião recente do Grupo Assessor Global para Enfermagem e Obstetrícia (GAGNM), a Atenção Primária a Saúde (APS) e o alcance das Metas de Desenvolvimento do Milênio foram reconhecidos como fundamentais para a saúde de todas as nações. Como apontado pela Dra. Margaret Chan, Diretora Geral, OMS, " atenção primária à saúde é a melhor maneira de assegurar melhoria sustentável nos resultados da saúde, e a melhor garantia de que o acesso será justo"(2).

O ano de 2008 marca o 30º aniversário da Atenção Primária a Saúde (APS) e o Conselho Internacional de Enfermeiros escolheu este tema para o Dia Internacional do Enfermeiro em 2008, celebrado no dia 12 de Maio, enfatizando a importância do cuidado essencial à saúde para a satisfação das necessidades de indivíduos e famílias, como parte integrante dos sistemas de saúde dos países(3).

Conforme nos aproximamos de 2015, data estabelecida para o Alcance das Metas do Milênio, verifica-se que ainda não foi alcançado muito progresso. Impele-nos à ação a consciência de que nós, enfermeiros e obstetrizes, somos peças-chave para o alcance de tais metas, assim como para os programas prioritários da OMS. O reconhecimento de que a escassez de trabalhadores da área da saúde pode interferir e dificultar os esforços na direção desses objetivos já é demonstrativo da grandeza da ação necessária. Como profissionais da saúde, líderes nas nossas comunidades e cidadãos, nós devemos trabalhar para mobilizar e sensibilizar governos e a sociedade em geral para abordar questões sobre a expansão quantitativa e qualitativa de enfermeiros e obstetrizes, focando o conjunto de habilidades dos atuais e novos trabalhadores, e para promover ambientes positivos de trabalho. E à Enfermagem, em sua internalidade, através de todos os integrantes cabe o compromisso de mobilizar-se em busca de garantias de desenvolvimento permanente, nutrindo talentos, utilizando-os de maneira apropriada em prol de uma produção qualificada, de promoções, prêmios, oportunidades e reconhecimento. Unidos em torno de metas comuns e valores compartilhados, estaremos fortalecidos para atuar politicamente e assim, em condições mais apropriadas, para reivindicar aos Estados membros que assumam o compromisso de fortalecer a enfermagem e obstetrícia, como recomenda a Declaração de Islamabad(4).

Neste contexto, nós da Revista Latino-Americana de Enfermagem e da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, sede do Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento de Pesquisa em Enfermagem- Brasil, nos comprometemos a fazer parte do plano de ação, de compartilhar informações, adotar práticas pessoais e implementar políticas em nossas comunidades e nação, em concordância com a Declaração Nightingale(5).

Esta Declaração foi formulada pela Iniciativa Nightingale pela Saúde Global. Seus objetivos-chave são convencer: a) governos a declarar 2010 como o Ano Internacional do Enfermeiro e b) a Organização das Nações Unidas a aprovar uma Resolução em prol da Década de um Mundo Saudável em 2020. A iniciativa envolve parceiros de todo o mundo e a meta é coletar pelo menos dois milhões de assinaturas de todos os 192 Estados membros da ONU. A versão em português da declaração está disponível no site www.eerp.usp.br.

Portanto, nós também declaramos nossa disposição para apoiar esta Declaração para que as condições de saúde das pessoas possa ser melhorada não apenas na nossa comunidade, mas também no nosso país e ao redor do mundo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • 1. Booth RZ. The nursing shortage: a worldwide problem. Rev. Latino-am. Enfermagem 2002 May-June; 10(3):392-400.
  • 2. Chan M. The contribution of primary health care to the Millennium Development Goals. In: International Conference on Health for Development, 16 August 2007, Buenos Aires, 2007. [cited 2008 April 4]; Available from: http://www.who.int/dg/speeches/2007/20070816_argentina/en/index.html
  • 3. Oulton JA. Spotlight on Nursing. Int Nurs Rev 2008 March; 55(1):12.
  • 4
    WHO. Islamabad Declaration on Strengthening Nursing and Midwifery 2007, Islamabad, 4-6 March 2007. [cited 2008 April 4]; Available from: http://www.who.int/hrh/nursing_midwifery/declaration_Islamabad.pdf
  • 5. Nightingale Declaration [homepage on the Internet]. [cited 2008 April 4]. The Nightingale Declaration for Our Healthy World; [about 3 screens]. Available from: https://www.nightingaledeclaration.net/index.php? option=com_ content&task= view&id=17& Itemid=18

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Maio 2008
  • Data do Fascículo
    Abr 2008
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