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Vulnerabilidade às Doenças Sexualmente Transmissíveis em mulheres que comercializam sexo em rota de prostituição e turismo sexual na Região Central do Brasil1 1 Apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Ministério da Educação.

Resumos

OBJETIVO:

investigar o conhecimento, comportamentos de risco e sinais/sintomas de doenças sexualmente transmissíveis de mulheres profissionais do sexo.

MÉTODO:

estudo de coorte transversal, de uma amostra probabilística de 395 mulheres, recrutadas pelo método Respondent Driven Sampling, de 2009 a 2010. Os dados foram obtidos por meio de entrevista face a face.

RESULTADOS:

a maioria era de mulheres adultas jovens, com baixa escolaridade e conhecimento insuficiente sobre formas de transmissão do vírus da imunodeficiência humana. Mais de um terço das mulheres não soube informar os sinais/sintomas das doenças sexualmente transmissíveis. A prevalência de corrimento vaginal e ferida/úlcera foi de 49,0 e 8,6%, respectivamente, sendo que 41,7% dessas não procuraram tratamento.

CONCLUSÃO:

os resultados evidenciam a necessidade de políticas públicas de saúde voltadas para o controle e prevenção das doenças sexualmente transmissíveis nessa população, especialmente, em mulheres que comercializam sexo em importante rota de prostituição e turismo sexual do Brasil Central.

Prostituição; Vulnerabilidade em Saúde; Conhecimento; Doenças Sexualmente Transmissíveis; Saúde da Mulher


OBJECTIVE:

to investigate knowledge on sexually transmitted diseases (STDs), STD-related risk behaviors, and signs/symptoms of STDs among female sex workers (FSWs).

METHODS:

a cross-sectional study was conducted with a probabilistic sample comprising 395 women recruited using a respondent-driven sampling method between 2009 and 2010. The data were collected during face-to-face interviews.

RESULTS:

most of the participants were young adults, had a low educational level, and had poor knowledge on the transmission paths of the human immunodeficiency virus (HIV). Over one-third of the participants were not able to describe the signs/symptoms of STDs. The prevalence rates of vaginal discharge and wounds/ulcers were 49.0% and 8.6%, respectively, but 41.7% of the women had not sought treatment.

CONCLUSION:

the results indicate the need for public health policies focusing on the control and prevention of STDs in this population, especially for the FSWs who are active in an important prostitution and sex tourism route in central Brazil.

Prostitution; Health Vulnerability; Knowledge; Sexually Transmitted Diseases; Women´s Health


OBJETIVO:

investigar el conocimiento, conductas de riesgo y signos/síntomas de enfermedades de transmisión sexual de mujeres profesionales del sexo.

MÉTODO:

estudio transversal con una muestra probabilística compuesta por 395 mujeres reclutadas mediante el método Respondent Driven Sampling entre el 2009 y 2010. Los datos fueron recolectados en entrevistas personales.

RESULTADOS:

la mayoría de las participantes eran jóvenes adultas, con bajo nivel de educación y poco conocimiento acerca de las formas de transmisión del virus de la inmunodeficiencia humana (VIH). Más de un tercio de las participantes no pudo identificar cuáles son los signos/síntomas de las enfermedades de trasmisión sexual. La prevalencia de flujo vaginal y heridas/úlceras genitales fue del 49,0% y 8,6%, respectivamente, siendo que un 47,7% no solicitó tratamiento.

CONCLUSIÓN:

los resultados indican la necesidad de políticas públicas de salud dirigidas al control y prevención de enfermedades de trasmisión sexual en la población de profesionales del sexo, especialmente en el caso de las mujeres que actúan en una importante ruta de prostitución y turismo sexual en el centro de Brasil.

Prostitución; Vulnerabilidad en Salud; Conocimiento; Enfermedades de Transmisión Sexual; Salud de la Mujer


Introdução

Estima-se que, a cada dia, um milhão de pessoas adquira Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), incluindo a infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Adultos jovens e adolescentes são responsáveis por quase a metade de todos os casos novos de DSTs( 11. Ministério da Saúde (BR). Boletim Epidemiológico Aids e DST 2011. Ano 8(1) . Brasília (DF): Departamento de DST/HIV/AIDS e hepatites virais; 2011. 162 p. - 22. World Health Organization, Department of Reproductive Health and Research. Global strategy for the prevention and control of sexually transmitted infections: 2006 - 2015. Breaking the chain of transmission. Washington; 2007. ). As DSTs representam importante problema de saúde pública na atualidade, sendo mais prevalentes em populações que apresentam comportamentos de risco, como usuários de drogas ilícitas, homens que fazem sexo com homens e Mulheres Profissionais do Sexo (MPS)( 22. World Health Organization, Department of Reproductive Health and Research. Global strategy for the prevention and control of sexually transmitted infections: 2006 - 2015. Breaking the chain of transmission. Washington; 2007.

3. Decker MR, Wirtz AL, Baral SD, Peryshkina A, Mogilnyi V, Weber RA, et al. Injection drug use, sexual risk, violence and STI/HIV among Moscow female sex workers. Sex Transm Infect Sex Trans. 2012;88(4):278-83.
- 44. Wang K, Yan H, Liu Y, Leng Z, Wang B, Zhao J. Increasing prevalence of HIV and syphilis but decreasing rate of self-reported unprotected anal intercourse among men who had sex with men in Harbin, China: results of five consecutive surveys from 2006 to 2010. Int J Epidemiol. 2012;41(2):423-32. ).

MPSs têm sido consideradas um grupo de risco elevado para as DSTs. Muitas usam drogas lícitas e ilícitas e praticam sexo sem preservativos. Além disso, apresentam vulnerabilidades individuais, sociais e programáticas, como baixa escolaridade, grande mobilidade geográfica, difícil acesso aos serviços de saúde e barreiras relacionadas a gênero e estigmas sociais( 55. Ayres JRCM, Calazans GJ, Saletti HC Filho, França-Júnior I. Risco, vulnerabilidade e práticas de prevenção e promoção da saúde. In: Campos GWS, organizador. Tratado de saúde coletiva. 2ªed. São Paulo: Hucitec/Rio de Janeiro: Fiocruz; 2009. p. 375-417.

6. Figueiredo R, Peixoto M. Profissionais do sexo e vulnerabilidade. BIS, Bol Inst Saúde. 2010;12(2):1518-812.

7. Damacena GN, Szwarcwald CL, Barbosa A Júnior. Implementação do método de amostragem respondent-drivensampling entre mulheres profissionais do sexo no Brasil, 2009. Cad Saúde Pública. 2011;27(1):45-55.
- 88. Nurlan SN, Davies SCSC, Kaldor JJ, Wignall SS, Okoseray MM. Prevalence over time and risk factors for sexually transmissible infections among newly-arrived female sex workers in Timika, Indonesia. Sex Health. 2011;8(1):61-4. ).

Estudos têm mostrado taxas elevadas de positividade para DSTs em MPSs. Em uma metanálise, realizada com 99.878 MPSs de 51 países, identificou-se prevalência para o HIV de 11,8%( 99. Baral S, Beyrer C, Muessig K, Poteat T, Wirtz AL, Decker MR, et al. Burden of HIV among female sex workers in low-income and middle-income countries: a systematic review and meta-analysis. Lancet Inf Diseases. 2012;12(7):538-49. ). Já em uma coorte de cinco anos, realizada com 3.086 mulheres da Indonésia, observou-se aumento da prevalência de 11,0% para 19,0% e de 1,4% para 5,1% para a gonorreia e sífilis, respectivamente( 88. Nurlan SN, Davies SCSC, Kaldor JJ, Wignall SS, Okoseray MM. Prevalence over time and risk factors for sexually transmissible infections among newly-arrived female sex workers in Timika, Indonesia. Sex Health. 2011;8(1):61-4. ). No Brasil, em estudo multicêntrico com 2.523 MPSs, de nove Estados e do Distrito Federal, verificou-se prevalência de 4,9% para o HIV e de 2,5% para sífilis( 1010. Szwarcwald CL. Taxas de prevalência de HIV e sífilis e conhecimento, atitudes e práticas de risco relacionadas às infecções sexualmente transmissíveis no grupo das mulheres profissionais do sexo. Tec Report Fiocruz, Brasil, 2010. [acesso 18 junho 2012]. Disponível em: http://sistemas.aids.gov.br/prevencao2010/sites/default/files/page/2010/18.06.2010/MR_CeliaLandmann.pdf.
http://sistemas.aids.gov.br/prevencao201...
). Em São Paulo( 1111. Baldin-Dal Pogetto MR, Silva MG, Parada CMG. Prevalence of sexually transmitted diseases in female sex workers in a city in the interior of São Paulo, Brazil. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2011;19(3):493-9. ), foi identificada prevalência de 67,7% para o HPV, 20,5% para clamídia, 4,0% para sífilis e 3,0% para tricomoníase.

A Região Centro-Oeste do Brasil possui importante papel no cenário da prostituição e rota de tráfico internacional de mulheres( 1212  12. Ministério Público do Estado de Goiás (BR). Prostituição é atividade de 42 milhões de mulheres. Diário da Manhã [Internet]. 2012 [acesso 5 maio 2012]. Disponível em: http://www.mp.go.gov.br/portalweb/1/noticia/eb7d046a02f08ce3651e09b6bdfad484.html.
http://www.mp.go.gov.br/portalweb/1/noti...
- 1313. Lima A, Silva J. Dinâmicas territoriais urbanas: a articulação do turismo e as profissionais do sexo em Goiânia - Goiás - Brasil. [acesso 8 maio 2012]. Disponível em: http://observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal12/Geografiasocioeconomica/Geografiaurbana/259.pdf.
http://observatoriogeograficoamericalati...
). Devido à sua posição geográfica, essa Região funciona como área fornecedora ou de trânsito para comercialização da prática sexual. Das 131 rotas internacionais do tráfico de mulheres, 30% incluem a Região Central do País. A cidade de Goiânia tem sido considerada um grande centro de prostituição e de turismo sexual e, atualmente, é conhecida nacionalmente como centro de prostituição, carregando, também, o rótulo de cidade onde a prostituição infantojuvenil mais avança. Existem evidências de ampliação da rede de prestação de serviços ligados ao turismo sexual na capital, que pode ser evidenciado por acréscimo de cerca de 300% no número de casas de show na cidade, entre 2002 e 2008( 1212  12. Ministério Público do Estado de Goiás (BR). Prostituição é atividade de 42 milhões de mulheres. Diário da Manhã [Internet]. 2012 [acesso 5 maio 2012]. Disponível em: http://www.mp.go.gov.br/portalweb/1/noticia/eb7d046a02f08ce3651e09b6bdfad484.html.
http://www.mp.go.gov.br/portalweb/1/noti...
- 1313. Lima A, Silva J. Dinâmicas territoriais urbanas: a articulação do turismo e as profissionais do sexo em Goiânia - Goiás - Brasil. [acesso 8 maio 2012]. Disponível em: http://observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal12/Geografiasocioeconomica/Geografiaurbana/259.pdf.
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).

MPSs podem funcionar como verdadeiras disseminadoras de DSTs em seu ambiente laboral e social, contribuindo, assim, para a manutenção da endemicidade dessas infecções. Em Goiânia, não existem estudos sobre DSTs em mulheres profissionais do sexo, grupo que apresenta elevada vulnerabiliade para essas infecções. Considerando que, para a elaboração de estratégias de prevenção de DSTs é imperativo conhecer o perfil de vulnerabilidade do grupo-alvo, o objetivo deste estudo foi investigar o conhecimento, comportamentos de risco e sinais/sintomas de doenças sexualmente transmissíveis em mulheres profissionais do sexo.

Método

Estudo de coorte transversal, realizado na cidade de Goiânia, GO, Brasil Central, no período de maio de 2009 a junho de 2010, com mulheres que se prostituem em vias públicas (ruas, avenidas, praças, parques) e privadas (boates, casas fechadas, cinemas) da cidade. Para o cálculo amostral, considerou-se uma prevalência mínima de 7%( 22. World Health Organization, Department of Reproductive Health and Research. Global strategy for the prevention and control of sexually transmitted infections: 2006 - 2015. Breaking the chain of transmission. Washington; 2007. ), poder estatístico de 80% (β=20%), um nível de significância de 95%; p<0,05, erro de 3,5% e desenho de efeito de 2,0. A esse valor foram acrescidos 15% de margem de segurança, totalizando 395 MPSs. Os critérios de inclusão no estudo foram: idade acima de 18 anos, fazer sexo em troca de pagamento, prostituir-se em Goiânia e apresentar um cupom recrutador válido no momento da entrevista. O critério de exclusão foi ser transgênero, segundo autorrelato.

Como as MPSs constituem população de difícil acesso, utilizou-se uma metodologia de amostragem capaz de produzir amostras probabilísticas, que tem sido recomendada para populações de difícil acesso, como as MPSs, denominada Respondent-Driven Sampling (RDS)( 77. Damacena GN, Szwarcwald CL, Barbosa A Júnior. Implementação do método de amostragem respondent-drivensampling entre mulheres profissionais do sexo no Brasil, 2009. Cad Saúde Pública. 2011;27(1):45-55. , 1414. Barbosa A Júnior, Pascom ARP, Szwarcwald CL, Kendall C, McFarland W. Transfer of sampling methods for studies on most-at-risk populations (MARPs) in Brazil. Cad Saúde Pública. 2011;27 Suppl 1:S36-44. ). Esse método é uma variante da metodologia de chain-referral (cadeia de referência) e tem sido utilizado em vários países, inclusive no Brasil( 77. Damacena GN, Szwarcwald CL, Barbosa A Júnior. Implementação do método de amostragem respondent-drivensampling entre mulheres profissionais do sexo no Brasil, 2009. Cad Saúde Pública. 2011;27(1):45-55. , 1515. Kral AH, Malekinejad M, Vaudrey J, Martinez AN, Lorvick J, McFarland W, et al. Comparing Respondent-Driven Sampling and Targeted Sampling Methods of recruiting injection drug users in San Francisco. J Urban Health. 2010;87(5):839-50. - 1616. Uuskula A, Johnston LG, Raag M, Trummal A, Talu A, Jarlais DCD. Evaluating recruitment among female sex workers and injecting drug users at risk for HIV using Respondent-driven Sampling in Estonia. J Urban Health. 2010;87(2):304-17. ). Para a utilização dessa técnica de amostragem, a população tem que estar conectada por meio de redes sociais, sendo baseada na indicação dos participantes pelos seus pares( 77. Damacena GN, Szwarcwald CL, Barbosa A Júnior. Implementação do método de amostragem respondent-drivensampling entre mulheres profissionais do sexo no Brasil, 2009. Cad Saúde Pública. 2011;27(1):45-55. , 1616. Uuskula A, Johnston LG, Raag M, Trummal A, Talu A, Jarlais DCD. Evaluating recruitment among female sex workers and injecting drug users at risk for HIV using Respondent-driven Sampling in Estonia. J Urban Health. 2010;87(2):304-17. ).

A construção da amostra RDS iniciou-se a partir da seleção inicial não aleatória de número pequeno de participantes, designados "sementes", integrantes da população alvo (MPSs). A seleção e recrutamento das "sementes" foram realizados a partir de uma pesquisa formativa, realizada nos meses de maio e junho de 2009. Por meio dessa pesquisa, foi possível identificar locais de prostituição em Goiânia, MPSs-chaves, locais de coleta de dados, como também o tipo de ressarcimento. Essa etapa do estudo contou com o apoio de Organizações da Sociedade Civil que desenvolvem atividades com MPSs, em Goiânia.

Sete "sementes" foram convidadas a participar do estudo. As características dessas mulheres-chave são apresentadas na Tabela 1. A cada recrutada foi solicitada a indicação de três MPSs "conhecidas/amigas" para participação no estudo. Para tanto, cada semente recebeu três convites/cupons personalizados, para convidar seus pares, iniciando-se, assim, a primeira "onda" do estudo. As MPSs recrutadas pelas "sementes", por sua vez, recebiam, também, três cupons referenciados para recrutarem suas "conhecidas/amigas MPSs" (novas ondas) e, assim, sucessivamente, até o alcance total da amostra (395).

Tabela 1
Características das sete "sementes" selecionadas não aleatoriamente em Goiânia. Goiânia, GO, Brasil, 2009 a 2010

Todas as mulheres elegíveis, que apresentaram o cupom/convite, foram orientadas sobre o projeto, e, após lerem e assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foram entrevistas, utilizando-se um roteiro estruturado que continha questões sobre dados sociodemográficos (idade, escolaridade, cor, religião, procedência, estado civil, provedora do lar), prática profissional (local e turno de trabalho e assistência à saúde), conhecimento e sinais/sintomas de DST/HIV/Aids, conforme abordagem sindrômica da Organização Mundial de Saúde (OMS) (dor abdominal, dor e ardência ao urinar, inchaço na virilha, ferida/úlcera genital e coceira). Tal abordagem consiste em incluir a doença dentro de síndromes pré-estabelecidas, baseadas em sintomas e sinais( 22. World Health Organization, Department of Reproductive Health and Research. Global strategy for the prevention and control of sexually transmitted infections: 2006 - 2015. Breaking the chain of transmission. Washington; 2007. ).

Utilizou-se, para a análise dos dados, os programas estatísticos SPSS, versão 15.0, para Windows e RDSAT, v.5.6. Por meio do RDSAT foi possível ajustar as prevalências, com intervalos de 95% de confiança, das características da população de estudo; de acordo com os padrões de recrutamento e tamanho da rede em relação às outras recrutas, levando-se em consideração a homofilia da amostra e o alcance do equilíbrio das variáveis(16-17). Esta investigação foi analisada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa Médica Humana e Animal do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, Protocolo CEPMHA/HC/UFG nº001/9.

Resultados

Em relação às características sociodemográficas das 395 mulheres profissionais do sexo investigadas, observou-se que a maioria das mulheres (70,1%) tinha menos de 30 anos de idade. Somente 18,3 e 11,6% tinham entre 31 e 40 anos e mais de 40 anos, respectivamente. Em relação à escolaridade, 51,3% referiram até nove anos de estudo, 47,3% de 10 a 12 anos e 2,3% mais de 13 anos. A cor autodeclarada predominante foi parda (59,5%), seguida da branca (27,3%) e da negra (12,5%). Somente 17,2% das MPSs não possuíam religião. Dentre as que referiram religião, 59,9% se declararam católicas, 18,8% evangélicas e 4,0% espíritas. Referente ao estado civil, 67,1% era de solteiras, 15,7% casadas, 14,4% separadas e 2,9% viúvas. Ainda, 70% afirmaram que o dinheiro da comercialização da prática sexual era utilizado para o sustento de outras pessoas.

A Tabela 2 apresenta o conhecimento das MPSs sobre sinais e sintomas de doenças sexualmente transmissíveis. Feridas/úlceras na genitália (66,6%) e prurido (61,6%) foram os sinais/sintomas de DSTs mais conhecidos pelas MPSs, seguidos por dor e ardência ao urinar (57,1%) e dor abdominal (48,7%). Já edema na virilha foi reconhecido como sinal de DST por apenas um terço das MPSs.

Tabela 2
Conhecimento sobre os sinais/sintomas das DSTs, conforme abordagem sindrômica do MS, de 395 mulheres profissionais do sexo em Goiânia. Goiânia, GO, Brasil, 2009 a 2010

Em relação ao conhecimento das MPSs sobre HIV/Aids, observou-se, na Tabela 3, que a maioria sabia que uma pessoa com aspecto saudável pode ser portadora do HIV (91,7%); que o uso do preservativo durante as relações sexuais protege da infecção (80,7%); que o HIV pode ser transmitido por meio do compartilhamento de agulhas/seringas contaminadas com sangue de portador do HIV (99,0%) e que a mulher infectada pode transmitir o vírus para seu bebê durante a gravidez/parto (90,6%) ou amamentação (70,5%). Por outro lado, 19,0% das MPSs não consideraram o uso do preservativo como método de prevenção da infecção pelo HIV. Destaca-se que 81,4% das MPSs não acreditaram que a abstinência sexual seria uma forma de se prevenir contra o HIV. Ainda, foi apontado que picada de mosquito e compartilhamento de talheres constitui meio de se adquirir o HIV em 37,4 e 17,4% das investigadas, respectivamente.

Tabela 3
Conhecimento sobre HIV/Aids de 395 mulheres profissionais do sexo em Goiânia. Goiânia, GO, Brasil, 2009 a 2010

A possibilidade de transmissão do HIV, durante a gestação, foi referida por 357 (90,6%) das entrevistadas. Já 23,9% não reconheceram a transmissão durante a amamentação. Mais da metade das MPSs (59,4%) desconhecia a profilaxia da transmissão vertical do HIV.

Os sinais e sintomas de DSTs, referidos pelas MPSs, conforme abordagem sindrômica do Ministério da Saúde (MS), estão apresentados na Tabela 4. Corrimento vaginal e ferida/úlcera nos últimos doze meses foi relatado por 49,0 e 8,6% das MPSs, respectivamente. Observou-se, ainda, que 41,7% não procuraram tratamento em unidades de saúde.

Tabela 4
Sinais/sintomas de DSTs, conforme abordagem sindrômica do MS, de 395 mulheres profissionais do sexo em Goiânia. Goiânia, GO, Brasil, 2009 a 2010

Discussão

Identificar os sinais/sintomas e conhecimento sobre as doenças de transmissão sexual, especialmente em grupos de difícil acesso, como as MPSs, colabora para a formulação, implementação e avaliação de políticas públicas de saúde voltadas para o controle e prevenção das DST/HIV/Aids.

A população em estudo constituiu-se predominante por mulheres jovens e solteiras, sendo essas características comuns em MPSs do Brasil( 77. Damacena GN, Szwarcwald CL, Barbosa A Júnior. Implementação do método de amostragem respondent-drivensampling entre mulheres profissionais do sexo no Brasil, 2009. Cad Saúde Pública. 2011;27(1):45-55. ) e de outros países( 33. Decker MR, Wirtz AL, Baral SD, Peryshkina A, Mogilnyi V, Weber RA, et al. Injection drug use, sexual risk, violence and STI/HIV among Moscow female sex workers. Sex Transm Infect Sex Trans. 2012;88(4):278-83. , 99. Baral S, Beyrer C, Muessig K, Poteat T, Wirtz AL, Decker MR, et al. Burden of HIV among female sex workers in low-income and middle-income countries: a systematic review and meta-analysis. Lancet Inf Diseases. 2012;12(7):538-49. ). Por outro lado, ao contrário de outros autores( 1818. Kriitmaa K, Testa A, Osman M, Bozicevic I, Riedner G, Malungu J, et al. HIV prevalence and characteristics of sex work among female sex workers in Hargeisa, Somaliland, Somalia. AIDS 2010;24(6):61-67. - 1919. Mahfoud Z, Afifi R, Ramia S, Khoury DE, Kassak K, Barbir FE, et al. HIV/AIDS among female sex workers, injecting drug users and men who have sex with men in Lebanon: results of the first biobehavioral surveys. AIDS. 2010; 24(6):45-54. ), verificou-se maior escolaridade das MPSs em Goiânia; a metade possuía, no mínimo, 10 anos de escolaridade. Acredita-se que esse achado reflita os indicadores de educação desta Região. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) de 2009, praticamente a metade da população economicamente ativa da Região Centro-Oeste possuía, no mínimo, 11 anos de escolaridade( 2020. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) - Síntese de Indicadores 2009. Brasília (DF): Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão; 2010. 620 p. Relatório final. ).

A desinformação das mulheres profissionais do sexo em relação aos sinais/sintomas de DSTs ainda é muito grande. Mais de um terço não considerou ou não soube informar que dor abdominal, dor e ardência ao urinar, inchaço na virilha, feridas/úlcera na genitália e coceira são sugestivos sinais/sintomas de DSTs, conforme abordagem sindrômica do MS( 22. World Health Organization, Department of Reproductive Health and Research. Global strategy for the prevention and control of sexually transmitted infections: 2006 - 2015. Breaking the chain of transmission. Washington; 2007. ). Esses achados corroboram outros estudos( 99. Baral S, Beyrer C, Muessig K, Poteat T, Wirtz AL, Decker MR, et al. Burden of HIV among female sex workers in low-income and middle-income countries: a systematic review and meta-analysis. Lancet Inf Diseases. 2012;12(7):538-49. , 2121. Seib C, Debattista J, Fischer J, Dunne M, Najman JM. Sexually transmissible infections among sex workers and their clients: variation in prevalence between sectors of the industry. Sexual Health. 2009;6(1):45-50. ) e evidenciam a necessidade premente de maiores investimentos em estratégias de educação em saúde, visando a identificação de sinais e sintomas de DST para essa clientela, contribuindo, assim, para o diagnóstico precoce, melhor prognóstico e interrupção da cadeia de transmissão desses patógenos.

Quanto ao conhecimento sobre as vias de transmissão do HIV, foi observado que apesar de quase a totalidade das entrevistadas considerarem que uma pessoa com aspecto saudável pode estar infectada pelo HIV (91,7%) e que o compartilhamento de seringas e agulhas durante o uso de drogas injetáveis pode transmitir o agente viral (99,0%), ainda existem informações errôneas quanto à transmissão do HIV.

Neste estudo, praticamente uma em cada cinco mulheres não considerou o uso do preservativo como método de se prevenir do HIV. Dados de uma metanálise indicaram que os achados de percepção de vulnerabilidade das MPSs, em relação às DSTs e ao uso do método de barreira, ainda são escassos, sugerindo, assim, necessidade urgente de expandir o acesso aos programas preventivos( 99. Baral S, Beyrer C, Muessig K, Poteat T, Wirtz AL, Decker MR, et al. Burden of HIV among female sex workers in low-income and middle-income countries: a systematic review and meta-analysis. Lancet Inf Diseases. 2012;12(7):538-49. ). Persiste, ainda, entre as MPSs, mitos quanto à transmissão do HIV, muitos deles remanescentes do início da epidemia na década de 80, como o compartilhamento de talheres com indivíduos infectados e por meio de picada de mosquito. Realmente, tais achados também foram identificados em um estudo multicêntrico do Ministério da Saúde( 2222. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Série Estudos Pesquisas e Avaliação. Avaliação da efetividade das ações de prevenção dirigidas às profissionais do sexo, em três regiões brasileiras. Brasília (DF); 2004. v. 7, 104 p. ).

Mais da metade das MPSs (59,4%) não sabia a respeito da profilaxia da transmissão vertical do HIV e 23,9% não reconheceram a transmissão durante a amamentação. Tendo em vista que a maior parte das MPSs investigadas estavaem plena atividade reprodutiva, torna-se premente o investimento no Plano Integrado de Enfrentamento da Feminização da Epidemia da Aids e outras DSTs, que possui como uma de suas metas reduzir a transmissão vertical do HIV em toda a população feminina( 11. Ministério da Saúde (BR). Boletim Epidemiológico Aids e DST 2011. Ano 8(1) . Brasília (DF): Departamento de DST/HIV/AIDS e hepatites virais; 2011. 162 p. ).

Neste estudo, utilizou-se, para definição de DSTs, o autorrelato de corrimento vaginal e ferida/úlcera nos últimos doze meses, associados ou não à história de diagnóstico médico laboratorial de DSTs, conforme abordagem sindrômica do MS( 22. World Health Organization, Department of Reproductive Health and Research. Global strategy for the prevention and control of sexually transmitted infections: 2006 - 2015. Breaking the chain of transmission. Washington; 2007. ), sendo que 49,0% das mulheres relataram corrimento vaginal e 8,6% presença de ferida/úlcera. Esses achados estão em conformidade com as taxas de prevalência de DSTs citadas em estudos anteriormente conduzidos( 2121. Seib C, Debattista J, Fischer J, Dunne M, Najman JM. Sexually transmissible infections among sex workers and their clients: variation in prevalence between sectors of the industry. Sexual Health. 2009;6(1):45-50. , 2323. Pando MA, Berini C, Fernandez M, Reinaga E, Maulen S, Marone R, et al. Prevalence of HIV and other sexually transmitted infections among female commercial sex workers in Argentina. Am J Trop Med Hyg. 2006;74(2):233-8. - 2424. Xu JJ, Ning W, Lin L, Yi P, Lei GZ, Michelle W, et al. HIV and STIs in clients and female sex workers in mining regions of Gejiu City, China. Sex Transm Dis. 2008;35(6):558-65. ).

Dentre as mulheres que citaram presença de sinais/sintomas de DST, parcela significativa (41,7%) não procurou tratamento em unidades de saúde, ratificando o distanciamento dessa população do sistema de saúde formal, promovido pelo processo de exclusão social ao qual são submetidas( 2323. Pando MA, Berini C, Fernandez M, Reinaga E, Maulen S, Marone R, et al. Prevalence of HIV and other sexually transmitted infections among female commercial sex workers in Argentina. Am J Trop Med Hyg. 2006;74(2):233-8. - 2424. Xu JJ, Ning W, Lin L, Yi P, Lei GZ, Michelle W, et al. HIV and STIs in clients and female sex workers in mining regions of Gejiu City, China. Sex Transm Dis. 2008;35(6):558-65. ). Investigações sobre o conhecimento, comportamentos de risco e autorrelato de DSTs são ferramentas importantes para elaboração de medidas e estratégias efetivas de prevenção de doenças transmitidas pela via sexual para grupos populacionais de difícil acesso, invisíveis pelos serviços de saúde, marginalizados e estigmatizados, e que contribuem significativamente para a disseminação dessas infecções.

Ainda, os achados deste estudo contribuem para o avanço científico da Região Centro-Oeste, possibilitando o entendimento da epidemiologia das DSTs em um grupo-alvo para prevenção dessas doenças.

Conclusões

A população estudada constituiu-se de MPSs adultas jovens, com baixa escolaridade e solteiras. Ainda, tinham conhecimento insuficiente quanto às DSTs/HIV, no tocante à transmissão do HIV e sinais e sintomas das DSTs, evidenciando, assim, o elevado risco e vulnerabilidade dessa população às doenças de transmissão sexual. A prevalência, segundo autorrelato, de corrimento vaginal de 49,0% e presença de ferida/úlcera de 8,6% nas MPSs investigadas estão em concordância com as prevalências de DSTs reportadas em outros estudos com essa população, conduzidos no Brasil e em outros países, ratificando as mulheres em estudo como potenciais disseminadoras de infecções transmitidas pela via sexual.

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    Apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Ministério da Educação.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Aug 2013

Histórico

  • Recebido
    17 Ago 2012
  • Aceito
    14 Maio 2013
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