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Impugnação Analítica ao exame feito pelos clínicos Antônio Pedro de Sousa e Manuel Quintão da Silva em uma rapariga que julgaram santa na capela da Senhora da Piedade da Serra (1814)

HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA

Impugnação analítica ao exame feito pelos clínicos Antônio Pedro de Sousa e Manuel Quintão da Silva em uma rapariga que julgaram santa na capela da Senhora da Piedade da Serra (1814)1 1 . O título completo é: Impugnação Analítica ao exame feito pelos clínicos Antônio Pedro de Sousa e Manuel Quintão da Silva em uma rapariga que julgaram santa na capela da Senhora da Piedade da Serra, próxima à Vila Nova da Rainha do Caeté, Comarca do Sabará, oferecida ao ilustríssimo Senhor Doutor Manoel Vieira da Silva, Primeiro Médico da Comarca de Sua Alteza Real, e do seu Conselho, Fidalgo da Casa Real, Físico-Mor do Reino, Estados e Domínios Ultramarinos, Comendador das Ordens de Cristo e da Torre Espada, Provedor-Mor da Saúde etc., etc., etc. Rio de Janeiro, na Imprensa Régia, 1814. Com licença da Mesa do Desembargo do Paço. (Acervo da Fundação Biblioteca Nacional - Brasil. Setor de Obras Raras. Loc. OR 00063[4]). A transcrição foi feita a partir de cópia digitalizada do original de 1814, obtida na Biblioteca Nacional. A grafia do português foi atualizada, com pequenos ajustes na sintaxe quando necessário. Quase todos os nomes de autores e obras citados por Gomide encontram-se abreviados no texto original; aqui, eles constam por extenso, entre colchetes, na primeira vez que aparecem. Edição e revisão de Ana Maria G. R. Oda. 2. Na publicação original, o autor é anônimo, e abre a obra com a seguinte dedicatória, onde explica as razões para tal: "Ilmo. Senhor Doutor Manoel Vieira da Silva: Subordinação e homenagem a Vossa Senhoria; Geral Inspetor da arte de curar; consideração e deferência aos vastos conhecimentos do médico filósofo, que com exatidão geométrica demonstrou a causa porque o clima do Rio de Janeiro é mais nocivo aos indígenas do que aos estrangeiros; devoção e respeito à direitura e probidade do caráter pessoal de Vossa Senhoria são os motivos que me obrigaram a procurar para este opúsculo, que empreende em obséquio e desagravo da religião e da razão postergadas, a proteção do nome de Vossa Senhoria, que servirá de selo às minhas asserções, das quais nem todos podem por si conhecer e julgar. Permiti-me Vossa Senhoria comparecer anônimo, porque se pela fé e autoridade da aprovação de Vossa Senhoria tenho certeza do quanto reprova os sectários do erro, não me penso livre das tenebrosas maquinações dos seus fautores, cujo ressentimento crescerá à proporção do triunfo da verdade. Sou, com o maior acatamento, respeito e atenção à dignidade, luzes e virtudes de Vossa Senhoria. Ilmo. Senhor Conselheiro Físico-Mor, de Vossa Senhoria, súdito admirador e venerador." (Nota da editora).

Antônio Gonçalves Gomide

Brasileiro formando em Direito, em Coimbra, e em Medicina pela Universidade de Edimburgo, na Escócia. Retornou ao Brasil em 1792, trabalhando como professor régio. Entre os anos de 1801 e 1806, foi vereador, capitão de ordenanças e tabelião em Vila Nova da Rainha (comarca de Sabará, MG). Foi também deputado (1823) e senador por Minas Gerais (1826-1835). 1770-1835

Advertência

Uma rapariga há muitos anos histérica, sofrendo dores que chamavam reumáticas e ficando com as extremidades contraídas, se fez transportar para a capela da Senhora da Piedade, donde se divulgaram como miraculosos os sintomas e circunstâncias de sua doença, onde se procedeu ao exame impugnado, e para onde concorre a adorá-la um número incrível de romeiros de todos os lugares das Minas, sendo tal esta afluência, que apesar da elevação, desabrigo e secura da montanha, tem havido dias de mais de dois mil concorrentes. Se algum indivíduo reclama pela verdade, os devotos se enfurecem gritando libertino, incrédulo etc.

Contrariando, pois, as proposições de exame que a proclamou como Santa, vou demonstrar que uma semiologia razoável nada mais acharia que doença.

Não reconto fatos escritos, e em alguns dos meus raciocínios só enuncio as consequências, e em outros unicamente as premissas, limitando-me, para ser conciso e resumido, a citações de autores que se poderão consultar.

Talvez me arguam dizendo: que te importa a piedosa fraude em que vivem satisfeitos os crédulos? Privá-los desta ilusão não é tirar-lhes um entretenimento que os consola?

A verdade é o principal elemento da vida social. A impostura aos ignorantes equivale à opressão da força sobre os fracos. O rico deve socorrer o indigente, o poderoso proteger o desvalido, o filósofo achar e promulgar a verdade.

On their own axis the planets run

Yet make at once their circle round the Sun:

So two consistent motions actuate the soul

And one regards itself, and one the Whole.

Pope

Rodam sob seus eixos os planetas,

E ao mesmo tempo em torno do Sol giram:

Assim dois movimentos em cad'homem

Para si, para os outros o dirigem.

Exame

[de Antonio Pedro de Sousa e Manuel Quintão da Silva]3 3 . O autor de Impugnação analítica transcreve aqui o parecer que está sendo questionado (ou impugnado) por ele. (Nota da editora).

A enfermidade começou há anos, por dismenorragia proveniente da ação diminuída do sistema sanguíneo, de que se seguiram movimentos irritativos retrógrados do canal alimentar, como anorexia, vômitos, histéricos etc.

Estes movimentos espasmódicos continuam quase sempre, porém com circunstâncias tão singulares e tão extraordinárias que merecem a maior atenção.

I - A enferma não toma quase alimento, e nas sextas-feiras e sábados nada absolutamente. Segundo a ordem natural é impossível viver e conservar o vigor que apresenta e tacto fisionômico: deveria ter caído em tal debilidade, que extinguisse o princípio vital. Não se pode referir este caso por anorexia admirável, enfermidade raríssima porque durante o espaço desta, o enfermo atacado não pode tomar alimento, nem bebida alguma. No caso presente a enferma toma sempre algum alimento fora aqueles dias notados; mas é quase nada, e insuficiente para sustentar a vida, porém ela vive, fala, e parece gozar de perfeita saúde, à reserva dos ataques mencionados.

II - Desde a meia noite de quinta-feira a cada semana, há uns tempos para cá, todo o dia da semana, até a meia noite de sexta para sábado fica na postura de crucificada, assim se conserva com os músculos tão rijos e tão tensos, que ninguém pode tirar os membros da posição em que estão, nem apartar um pé que está como que encravado no outro; a cabeça inclinada ao lado esquerdo; um estado de insensibilidade, joelhos curvados, pulso natural e, de quando em quando, suspende-se a cabeça e braços, e pés simultaneamente; como aconteceu logo que a vimos comungar ontem, neste mesmo estado de insensibilidade, excitando-se por um modo admirável ao chegar a Sagrada Forma.

Neste estado, notamos algumas vezes motos convulsivos em todo o corpo, gemidos, que denotam angústias, e aflições, e então se alteram os pulsos. Em todo este espaço de tempo parece que a alma reconcentrada não toma parte alguma nos movimentos voluntários do corpo, tudo cessa, e continua a circulação do modo referido com os movimentos impetuosos do poder sensório.

Parece que este fato, tão verdadeiro e de tão pública notoriedade, por si mesmo manifesta o que isto é, e que não nos fica mais lugar algum de passar avante.

Julgamos terminada a questão: nós seríamos mentirosos e temerários se ousássemos submeter ao juízo médico um fato que só nos enche de admiração e de respeito para com o Ser Supremo, na consideração da bondade infinita de Jesus Cristo, nosso amabilíssimo redentor. Vinde, oh incrédulos, e vede se nos dizeis que há uma espécie de melancolia, que consiste em erro de imaginação, e que os enfermos atacados deste mal, se julgam transformados em animais, ou em outras coisas, como aquelas moças curadas pelo pastor Melampo, as quais se julgaram transformadas em vacas, e que tal fora a enfermidade de Nabucodonosor etc.

Sim, é, é verdade que há essa enfermidade, e também rara, mas o que a padece não tem intervalo algum de melhoramento, a sua imaginação roda sempre no mesmo erro, até que se cure, porém a consideração tão viva da paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo não faz enfermos, mas santos.

Tudo o quanto fica referido atestamos unanimemente, e juramos aos Santos Evangelhos.

Serra da Piedade, em dois de abril de mil oitocentos e catorze.

Antonio Pedro de Sousa e Manuel Quintão da Silva

Impugnação4 4 . Aqui começa efetivamente a impugnação do dr. Antônio Gomide. (Nota da editora).

1º - A enfermidade começou... etc.

Quanto pode nos espíritos fracos a imaginação aquecida obliterar o juízo, extraviar e seduzir a razão, ou por sofismas insidiosos e temerários, ou por paralogismos ridículos e pueris! Do estado patológico da doente são consequentes todos os fenômenos que se apresentam, e que podiam ser, como infinitas vezes se têm observado, mais extraordinários, sem que dessem ocasião a criminosa apoteose, com que se tem admirado os atuais.

Todavia, as diferentes anomalias da ação nervosa sobre a contração muscular têm em todos os tempos, cultos e lugares induzindo pessoas ignorantes a acreditar na influência, umas vezes de Deus, e outras do Diabo. Os crédulos árabes se persuadiram que os acidentes epiléticos de seu profeta (doença que, pelo mesmo princípio, teve o nome de morbus sacer) provinham do comércio com o céu, e com o anjo Gabriel. As profetizas da antiguidade pagã nada mais eram que mulheres vaporosas, cujas contorções convulsivas, em parte reais e em parte misturas de exageração e de impostura, o vulgo reputava por movimentos impetuosos da divindade, que mal cabiam nos corpos que a continham.

A persuasão da influência do Demônio tem sido mais geral, e até Hoffman e outros médicos respeitáveis escreveram sobre ela; e na verdade parece mais natural imputar males terríveis ao espírito perverso e maligno do que a Deus, infinitamente bom, e sábio, incapaz portanto de se regozijar com as dores de suas criaturas favorecidas.

Houve um tempo em que a filosofia consistia em ver prodígios da natureza, e o que seria ordinário aos olhos da razão se magnificava pelo microscópio do fanatismo. O espírito humano tem aprendido à sua custa a discernir o sólido do frívolo, o verdadeiro do falso, o possível do impossível.

Expertos que presidistes ao exame lede as obras de Pomme Raulin, Lorry, Whytt, Reveillon, Hunauld, Kloekof, Tissot, Pressavin, Zimmerman etc., e tornando a vós confessareis que tudo resulta do estado físico em que descreveis a doente. É ter uma ideia mais digna de Deus concebê-lo como causa das causas, do que recorrer incessantemente a ele para dar razão de efeitos extraordinários e triviais e para explicar sintomas que se desenvolvem materialmente das modificações do princípio vital. Em medicina como em poesia dramática: Nec Deus intersit, dignus ni vindice nodus Inciderit.

2º - Estes movimentos espasmódicos... etc.

Por quanto estes movimentos espasmódicos continuam quase sempre e vem de longe tratados, como é de presumir-se, com medicamentos diametralmente opostos à indicação verdadeira, e porque começado por movimentos irritativos e sensitivos, os volitivos subsequentes lhes deram maior energia, e havendo associações de movimentos que voltam por círculos e períodos solares, a tal ponto terá chegado a enfermidade que admire sobremaneira ao povo ignorante e a clínicos que, na sua prática ou na dos autores, não tenham reconhecido sem prodígio multiplicidade de casos semelhantes. O hábito de observar refreia a imaginação e a experiência, ou própria, ou de autoridade, destrói os erros.

3º - A enferma não toma quase alimento... etc.

Que lógica é a vossa! Ainda que rara, é possível a anorexia admirável, logo não nos espantareis se a doente vivesse sem comer cousa alguma; e então vos admirais tanto, a supô-lo sobrenatural, de que viva comendo muito pouco, ou quase nada? Se a anorexia santifica, qual é a vossa opinião sobre os que padecem a voracidade bulímica?

Com que surpresa, se morresse inanida de fome, lhe observaríeis as entranhas e músculos brilhantes e luminosos? (Richerand, Phisiologia, tomo I, p. 149).

Exprime-se por uma quantidade muito vaga e arbitrária o alimento que toma a enferma, o que se devia fazer positivamente por medida de peso e volume. Pouco ou quase nada, tomado relativamente a cada um, pode vir a ser bastante para outro. Robertson na Historia da América conta que dez selvagens comiam o que era preciso para um só espanhol; estes deviam julgar que aqueles comiam muito pouco ou quase nada, e entretanto eram robustos e tinham uma vida ativa no exercício da caça ou no da guerra. O célebre Cornaro se alimentava certamente com muito pouco ou quase nada; e muito pouco ou quase nada nos deve parecer o alimento de Elliot que, fazendo grandes esforços de espírito e de corpo na defesa de Gibraltar, só tomava três onças de arroz em cada dia. O suficiente de uma rapariga há anos histérica, com movimentos irritativos retrógrados no canal alimentar que vive, como os animais que invernam entorpecidos pelo frio, em uma inação absoluta, sempre de cama e no escuro, deve ser muito pouco ou quase nada comparativamente ao nosso necessário, e nada de todo nos acessos periódicos (Hyp. [Hipócrates], L. [Livro] I, Aph. [Aforismo] II, 19).

E qual seria o alimento de uma estátua?

O abade Bertholon curou com a eletricidade uma rapariga cataléptica (como aquela a quem chamais santa) que esteve de trinta dias inteiramente imóvel, e sem comer nem beber. O doutor Darwin produz algumas observações e, entre outras, a de certa enferma que por quinze ou vinte anos se alimentou unicamente com meia batata inglesa por dia (Zoon. [Zoonomia], II. 2.2.1). Macbride no artigo Cathocus (quase sinônimo da catalepsia) refere o caso de uma que vivia de algum biscoito com vinho. Lê-se nas Memórias da Sociedade de Edimburgo a história de outra que por cinquenta anos se nutriu de soro de leite. Pinel, na Nosograph. Phil. [Nosographie philosophique] (tomo III, p. 100), fala de uma histérica que tomava só alguma fatia de pão com vinho e açúcar. Sennerto, Haller, o abade Para, o Dicionário das maravilhas da natureza, o segundo tomo das Memórias da Academia das Ciências de Bolonha etc. noticiam observações estupendas de anorexia, a maior parte das quais foi em mulheres nervosas e delicadas.

Interrompido, por mais ou por menos, o equilíbrio e correspondência simpática entre o canal alimentar, órgãos sexuais e sistema nervoso, se originarão aberrações do princípio vital, tanto mais terríveis quanto for maior a perturbação do referido equilíbrio (Gaub, Pathol.[Pathologie], § 128).

Ora, sendo o estômago o centro em que se reúnem quase todas as irradiações nervosas e simpáticas que se estendem pela economia animal, quando for secundariamente afetado, simpatizando diretamente com órgão primeiro anel no encadeamento da afecção, o terceiro e seguintes anéis serão da mesma forma diretamente afetados, o que estabelecerá por mais ou por menos ordem e equilíbrio em todos os sistemas, e sendo pelo contrário inversamente afetados, procederão as sobreditas aberrações e desordens. Veja-se a deposição oral de uma enferma a Pinel na obra e tomo já citados (p. 125 e seguintes).

Se a doente, ó expertos, no estado em que declarais de debilidade inveterada, que começou no sistema do útero e se entendeu ao canal alimentar, não usasse de pequenas quantidades de alimento, teria abreviado a sua existência que, ainda que fraca, continua e pode continuar por muito tempo (Struve, Asthenogen. [Asthenology], § 286).

Comprova isto a história de que sentiram na Nova Holanda os esfaimados companheiros do Capitão Bligh na sua viagem do Otaheite para Timor (The Philosophy of Medic.; or Med. Extrac. [The philosophy of medicine, or medical extracts on the nature of health and disease], tomo III, p. III).

4º - Desde a meia-noite... etc.

... Subito non vultus, non color unus,

Non comptœ mansere comae, sed pectus anhelum,

Et rabic fera corda tument, majorque videre,

Nec mortale sonans

Obstupui steteruntque comœ, et vox faucibus hœsit.

Virgílio

A doença é: Catalepsis, sensuum omnium motuunque que muscularium suppressio, pulsu et respiratione pacatis, placidis, lentis, minutis, vel obscuris, cum mira ad quosvis situs suscipiendos et retinendos artuum flexilitate, aptitudine; retinent figuran, in qua ipso prehendit morbus, et omnen recipiunt, servantque, quam illis dederis, morbus est recurrens, et fors tantum mulierum. Sagar (Classe 9, Ordem 5, Gênero 282); Sauvages (Classe 6, Ordem 5, Gênero 176); Lineu (Classe 7, Ordem I, Gênero129); Vogel (Classe 6, Gênero 230); Pinel (Classe 4, Ordem 4, Gênero 62); Darwin (Zoonomia, Classe 3, Ordem 2, Gênero I, Espécie 9); Swediaur (Classe 3, Ordem 4, Gênero147); A. Crichton (Table of Diseases, Classe 4, Ordem 3, Gênero 4) etc.

Padece, pois, a vossa santa uma catalepsia convulsiva, espécie quarta da mencionada tábua de Crichton.

Sendo muito diferentes as quantidades e combinações da irritabilidade e de sensibilidade no todo, e em cada órgão particular, e sendo suscetível de uma infinidade de variações a ação e influência simpática de uns sistemas sobre outros, segundo circunstâncias individuais, vê-se que os caracteres das doenças são variáveis e, portanto, misturando-se o tétano com a catalepsia, a de que tratamos é simultaneamente espasmódica e comatosa ou, em outros termos, com aumento e diminuição de volição e de ações musculares, o que parece que o doutor Home entendeu muito bem, explicando-se por fluxo do fluido nervoso em uns e estagnação em outros nervos (Princ. Med. [Principia medicinae], Parte 2 de morb. non febr. [morbis non febrilibus], Seção 7). Galeno designa três espécies de catalepsia, 1º letárgica, 2º tetânica, 3º mista; Hollerio viu uma mulher que sofria alternadamente coma, epilepsia, convulsões e catalepsia; e Hoffman observou as três últimas afecções em uma rapariga. A catalepsia (Beddoes, Hygeia or Ess. Mor. and Med. [Hygëia or Essays moral and medical on the causes...], tomo III, p. 148) pode ser notada como um rudimento da epilepsia. A contratilidade muscular tende a espasmo ou convulsão, e no decurso da enfermidade se torna nestas afecções ou se alterna com elas, ocorre por intervalos, substitui a histeria etc.

Esta linha de separação não é fácil de se demarcar; e por isso tem dado lugar às divisões da catalepsia em perfeita e imperfeita; em simples e composta; em legítima e espúria.

Ainda que a flexibilidade de membros seja na catalepsia uma condição característica, não pode existir onde acompanham convulsões tetânicas; ficando os membros rijos e tensos no tétano; levantados os pés e a cabeça no opistótono; com apoio nos pés e na cabeça no emprostótono; curvando-se para um dos lados no pleurotótono; e a inclinação da cabeça a qualquer lado indica convulsão do músculo esternocleidomastóideo do mesmo lado.

À meia-noite, quando a gravitação solar é nula neste ponto do hemisfério escuro, o galo bate as asas e canta, o que se não fosse tão familiar seria assaz admirável. Buffon nota muito curiosamente a expergefacção do arganaz depois do longo sono.

A causa é a mesma.

A irritabilidade aos estímulos internos e a sensibilidade à dor não só é maior no sono, como se aumenta à proporção de que se tem prolongado o mesmo sono; por isso o acesso de queixas convulsivas ocasionadas por dores começam, nos que as padecem periodicamente, às horas da maior força do sono (Darw. [Darwin], Seção XVIII.15).

Durante o sono, a suspensão do poder sensório volitivo, que pode contrabalançar os movimentos irritativos, dá lugar a que estes atuem com maior intensidade, e por isso as dores de câimbras e por contração muscular se manifestam então; porém, como ao mesmo tempo a sobredita suspensão motiva acumulação do poder volitivo, a vontade reage sobre os movimentos irritativos, e se esforça a pôr em ação os músculos antagonistas pelo inverso dos que padecem e se estes esforços são enérgicos, procurando o alívio de sensações desagradáveis, sobrevêm espasmos e convulsões (Darwin, Seção XXXIV; Gaub, Pathologie, § 744); e se estas dores (fiéis palavras de Darwin) ou sensações desagradáveis não obtêm um alívio temporário por estes esforços convulsivos dos músculos, os mesmos continuam sem remissão e uma espécie de catalepsia é produzida.

A enferma cujos músculos flexores têm adquirido uma preponderância acima da ordinária sobre os extensores, com as extremidades contraídas há muito anos, sumamente débil e sofrendo dores, deve no meio do sono ser atacada destas, e excitando-se o poder volitivo acumulado contramove os músculos exteriores que por este esforço preponderam aos flexores, e como a força dos extensores aos polegares dos pés sobrepuja a dos extensores dos entre dedos cooperando com seus abdutores, os pés convergindo reciprocamente ficarão unidos, ou sobreposto um no outro o que a preocupação exprime por encravado, ousando a superstição (esta balança ligeira em que o nada carrega com tanto peso, e em que a mão da ignorância pretende equilibrar a Terra com o Céu) a comparar uma miserável doente com o filho de Deus vivo chegando, como não poderão negar, a render-lhe superioridade de adoração e de culto.

O Capitão João Gomes de Araújo tem uma tropa de bestas com que em todos os sábados exporta da roça mantimentos para a Vila do Caeté. As bestas aparecem espontaneamente em todos os dias, de manhã e de tarde, para tomar a ração de milho, no que são infalíveis e até importunas, porém, nos sábados não só não vêm por si à casa, como se escondem e fogem, sendo preciso procurá-las e tanger para receber as cargas.

A dor do trabalho, constantemente repetida no fim de cada sete revoluções diurnas, faz que as ideias e movimentos irritativos se renovem habitualmente no fim das referidas revoluções.

Lambécio, acompanhando o Imperador Leopoldo em uma viagem a Inspruck [Innsbruck], viu uma rapariga de 25 anos que já há alguns em todas as sextas—feiras e sábados ficava imóvel e insensível, com o corpo rijo como se fosse uma estátua etc. (Van-Switen, ad Aphor. [sobre o aforismo] 1036).

A nossa doente, como é notório, jejuava a pão e água todas as sextas-feiras e sábados. A subtração do costumado estímulo ou a sua degradação muito abaixo do ordinário ocasionava a acumulação do poder sensório e, conseguintemente, as dores nos músculos contraídos, a que se opunham imediatamente esforços volitivos, e o que o ascetismo causou a princípio periódica e circularmente se reproduz agora como função patológica nos mesmos intervalos, com todos os seus efeitos (Darwin, Seção XVII.3.3).

Quanto às abstinências e macerações imprudentes, são próprias para produção destas afecções extáticas, se conhece das histórias dos discípulos de Zoroastes, dos brâmanes indiáticos e dos mais fanáticos maometanos.

Comungando neste mesmo estado de insensibilidade, excita-se por um modo admirável ao chegar a Sagrada Forma!

Perdoai-lhes, meu Deus, porque não sabem o que fazem.

O doutor Darwin, na Seção XIX.2, narra o caso de uma enfermidade que ele julga muito admirável - wonderful - a paciente da qual, também cataléptica, repetiu versos de Pope, ouviu o toque de um sino, tomou uma xícara de chá, tudo com circunstâncias notáveis e não tinha, depois que tornou a si, a consciência destes atos. Recorde-se também o sonambulismo de Negretti publicado por Pigatti no Jornal Enciclopédico de 1762.

A volição exaltada põe a doente em um estado de demência, e é neste que comunga (Darwin, Seção XXXIV.2.1). Esta exaltação tem feito muitas vezes mulheres, de espírito menor que medíocre, passar por extraordinárias, do que elas e outras pessoas interessadas sabem tirar partido. Pomme, no tomo I do seu Tratado de Vapores, fala de uma que fazia versos, era eloquente etc. Veja-se o que diz o filósofo e médico Cabanis na Relação entre físico e moral, tomo 1, p. 373, p. 374; e principalmente no tomo 2, p. 60, p. 61, p. 62.

As cenas e atores desta beatificação coincidem com o desenho delineado ali por mão de mestre!

5º - Neste estado notamos... etc.

Se os vossos sentimentos correspondem às vossas expressões, vós sois materialistas porque atribuindo concentração à alma a concebeis como corpo capaz de contrair-se e dilatar-se, cujas partes ora se alongam e ora se aproximam entre si!

Nos nossos dias foi com grande pompa apresentada por certo entusiasta, ou iluso, na Sé de Mariana, uma rapariga para que fosse rebatizada por causa de três almas, que tinha de novo acessórias à primitiva; estes espíritos se chamarão Joãozinho, Juquinha e Manoelinho. Felizmente as quatro almas nunca se reconcentraram, porque a mulher não poderia resistir ao choque de uma massa (se vós dais a mesma densidade e volume a todas as almas) quádrupla da que faz sentir angústias e aflições tão veementes.

Quão grande seria a concentração da alma do religioso cataléptico observado por Henrique de Heers! Um joelho em terra, outro em flexão, neste apoiado o braço esquerdo, o direito com os dedos abertos levantado para o Céu, ambos tão frios como mármore, os olhos arregalados, a vista fixa e estacada, o pulso alterado, principalmente nas fontes! A alma reconcentrada não tomava parte alguma dos movimentos voluntários do corpo! Um enema irritante a excentricou de repente.

Coitadinha, sofre dores acerbíssimas semelhantes às da epilepsia dolorífica, com que o seu mal tem grande analogia, das quais o doutor Darwin exclama: "It is the most painful malady that human nature is liable to!". É a doença mais dolorosa a que a natureza humana está sujeita!

Os movimentos convulsivos (e vós não falais nos dos músculos abdominais, de que estamos informados por outros espectadores) são esforços contra as dores (Darwin, Seção XXXIV.1.4).

6º - Parece que este fato... etc.

Sim. Tudo manifesta e com a maior evidência que é a catalepsia convulsiva; porém devíeis passar avante e tínheis ainda uma obrigação essencial, e a única necessária para encher, que era traçar o plano de cura à miserável doente, que abandonada à marcha do mal há de ficar de todo louca, ou morrer apoplética em algum dos acessos.

Podíeis aconselhar a eletricidade ou o galvanismo, de que nestas enfermidades se tem colhidos soberanos efeitos, os óxidos e sais de ferro, cobre, prata e zinco; o éter e o amoníaco; a hiperoxigenação do ar inspirado com que Beddoes, Thornton e outros pneumáticos têm obtido a cura de tais afecções; a quina, a cássia, a angustura; a valeriana, a serpentária, a arnica; a canela; o gengibre, o cardamomo; a datura stramonium tão recomendada por Hufeland; o ópio, e em alta dose, às onze horas das noites de quintas-feiras; a mirra, a assa-fétida, cânfora; o almíscar, o castóreo, o fósforo etc. etc. A transfusão?

Na escolha, combinação, variedade de fórmulas, prescrição de doses e intervalos com que ordenásseis estes e outros remédios daríeis provas de circunspeção e de talentos superiores na arte de curar, sendo mais interessante e vantajoso à humanidade sofredora que fosseis práticos circunspectos e talentosos do que, transcendendo os limites da vossa missão, declamadores ineptos e inúteis à humanidade em geral - Falax, et ad errorem proclivis est asseveratio cum garrulitate conjuncta, dizia há mais de dois mil anos o nosso patriarca de Cós.

7º - Julgamos terminada... etc.

Um único ponto é o centro de qualquer círculo, e erra-se assinando-se aquém ou além do verdadeiro. Filangieri, Bentham e todos os publicistas classificam a impiedade ou a incredulidade a par da superstição ou do cacoteísmo. O que negar a existência e luzes do Sol há de achar muito pouco sectários, e nações inteiras têm seguido os que têm ensinado a adorá-lo como Deus. Vós fazeis ultraje à religião e à Igreja quando, dando a questão por terminada, resolveis e decidis tão pronta e categoricamente de negócio que ela examina e analisa com a mais profunda escavação, e em que contrasta todas as provas, quilate por quilate, com um critério divino. Os que duvidam da vossa santa porque lhe conhecem a doença não são incrédulos, são prudentes e ortodoxos, como são supersticiosos e néscios os que a querem por força canonizar.

Foderé, na cidade de Carrouge em 1789, encarregado de julgar sobre o estado físico e moral de uma rapariga que se fingia maníaca, tendo já dados para concluir da simulação, prorrogou o exame por mais 15 dias, e vós com a precipitada inspeção de poucas horas arbitrais com tom definitivo e autoridade irresistível! Não se duvida da realidade, mas era do vosso dever indagar previamente, e com a delicadeza, tino e sagacidade que o mesmo Foderé insinua em toda a Medicina legal (privativamente no tomo 1, capítulo 14; e §162) se a doença era ou não fingida, tanto pelos inumeráveis exemplos de falsificações deste gênero, como pela ponderável tese do doutor Cullen de que a catalepsia é sempre simulada. Porém, vós não viestes observar uma cataléptica, vínheis de casa prevenidos a ver uma santa. Quem no primeiro passo se desvia da verdade, tanto mais diverge dela quanto mais caminhar na mesma direção.

A credulidade da multidão ignorante chancelada pelo vosso galimatias, além da consagração do erro, danifica diretamente a sociedade privando-a, por cálculo bem moderado, de um milhão de serviços na sôfrega concorrência de romeiros, que empregados em qualquer trabalho produtivo teriam aumentado sensivelmente a riqueza da Nação.

Revolveis os anais do mundo, e vereis quais males têm nascido da crença nos prestígios de semelhantes pitonisas. Abri a história da pátria de Bacon, de Sydenham, de Locke, de Newton, de Milton, de Shakespeare, de Pope etc., que cito de preferência por ser onde a filosofia devia ter feito maior e muito antecipada evolução, e achareis escritos com letras de sangue os nomes da visionária de Hertford, da célebre profetisa Michelson e de Izabel Barton D'Aldington, a famosa rapariga de Kent.

O fato, ou antes, a historieta - narratiunculam (como lhe chama Murray, App. Medic., Art. Heleb. nig. [Helleborus niger], Ordem 26, Multisiliq. [Multisiliquarum]) - da cura das filhas do Rei Preto e de outras argivas com o melampodes [melampodium], se esta planta era a que temos hoje por tal, tem bastante paridade, porque o mal daquelas moças pode-se conjecturar por dismenorragia, caso em que este remédio obra alguma coisa heroicamente.

Quando gratuitamente falais de melancolia dais a entender que a observaste na doente. Não era preciso, porque sabemos que é companheira inseparável destas enfermidades, e sobretudo quando simultaneamente afetam o sistema uterino e entranhas quilopoéticas.

Trotter (View of nervous temperament, third edition, p. 238) confessa que a enumeração de todos os graus de alienações mentais nas doenças nervosas seria uma tarefa tão dificultosa como desnecessária; que elas abrangem quanto pode iludir de extravagante ou fingir-se de absurdo. Portanto, uns doentes se pensam transformados em animais, outros em deuses, muitos em profetas, algum em santo, não poucos em reis poderosos etc. e nestes desarranjamentos intelectuais a diferença, intrínseca nos sujeitos, é manifesta e saliente nos objetos.

Para que tenhais noções mais claras e mais exatas, lede os tratados de Crichton, Chiarugi, Haslam, Pinel etc. e lá descobrireis, quando puderdes retamente raciocinar, a resposta da vossa provocação e pergunta, e o departamento em que por hora o vosso modo de pensar vos constitui.

8º - Sim, é, é verdade... etc.

A Serra da Piedade será uma oficina ou Seminário de santas, e consta que dentre o grupo de beatas algumas se vão gradualmente elevando à mesma perfeição, a cujos mais rápidos progressos obsta a promiscuidade dos sexos, que promovendo o pejo diverte a atenção do espetáculo imitável aos nervos e músculos de cada uma.

A vista reiterada de sintomas nervosos, diz Chambon (Malad. des. Fem. [Des maladies des femmes], tomo 2, p. 268), os faz com facilidade nascer entre mulheres delicadas. Baglivio (Prax. Med., [Praxi medica], cap. 14, § 2) menciona a transmissão de epilepsia a um espectador. Whytt viu muitas vezes, em Edimburgo, afetos histéricos adquiridos pela mesma forma. É notório o que aconteceu com o ilustre Professor de Leiden no Hospital de Harlem; e nas Memórias de Medicina de Copenhague se relatam quatro fatos idênticos ao de Boerhaave. Ninguém ignora hoje como se propagava o magnetismo animal. Uma carta de Preston de Lancashire a 8 de março de 1787 descreve a progressiva comunicação de convulsões que começaram em uma rapariga assustada pela aplicação de um rato vivo sobre o rosto.

Fazei que vossas mulheres, vossas irmãs e vossas filhas contemplem na Serra da Piedade o culto tributado à vossa santa, cujos pés e mãos se beijam, cujas relíquias se guardam com veneração; que testemunhem compadecidas e horrorizadas as espantosas convulsões, e tereis a vaidosa satisfação de ver algumas delas, a vosso modo, santificadas - Quin et fanaticorum quorundam furor simili modo diffusus est, etc. (Gregory, Conspect. Med. Theor. [Conspectus medicinae theoreticae], tomo 1, § 354 e § 355).* * Na última edição de 1813, § 350 e § 351. (Nota do autor).

9º - Tudo quanto fica referido... etc.

Retirai-vos. Ide retificar os vossos juízos estudando, nas obras que puderdes da lista junta, a etiologia, semiótica e terapêutica da doença que vista a primeira vez na pretendida santa vos fascinou com tanto assombro. A novidade comprime o discernimento e estende a admiração. O maravilhoso se dissipa, logo que começa a ser vulgar.

La seule et vrai science est la connoissance des faits. Buffon.

N.B.: De nenhum modo (como se manifesta no conteúdo deste opúsculo) me propus a impugnar a possibilidade de haver pessoas devotas, inspiradas e santas; porém, canonizar as santas pertence exclusivamente à Igreja, e ao filósofo compete descobrir e promulgar a verdade natural.5 5 . N.B: nota bene - note bem. No original esta nota do autor vem depois do Catálogo... (Nota da editora).

CATÁLOGO dos livros que se encontram casos circunstanciados de catalepsia6 6 . Os nomes dos autores e obras que puderam ser completados estão entre colchetes, sendo os apenas prováveis seguidos de (?). Pesquisa de Simone S. de Almeida Silva, com colaboração de Ana Maria Oda (Nota da editora).

Journ. des Sçav [Journal des sçavans]. Jan. 1776. Ed. Amster. [Amsterdam], p. 232.

Histoire de L'Acad. des Scienc. de Paris [Histoire de l'Académie Royale des Sciences de Paris. Paris: J. Boudot. Sobre a catalepsia, p. 40-43] 1738; e Mem. [Mémoire de l'Academie Royale des Sciences de Paris (?)] 1742.

Col. Acad. P. Etr. Tomo 3, p. 454; tomo 7, p. 271.

Encyclop. Franc. [Encyclopédie Française]. Art. [artigo] Assoupissement.

Duncan's Med. Comment. [Duncan, Andrew. Medical commentaries for the year 1785. Exhibiting a concise view of the latest and most important discoveries in medicine and medical philosophy. Volume 10. London: J. Murray, 1786]. Tomo 10, p. 242.

Miscell. Mat. Cur. [Miscellanea Curiosa Medico-Physica (?)], Dec. I ann. 4, p. 245; Dec. 2. ann. I., p. 1; Dec. 3. ann. 3. Obs. 61; Cent. 5, p. 195.

Act. Hafn. [Acta medica et philosophica Hafniensa (?). Copenhague, organizada por Thomas Bartholin]. Vol. 3, p. 52.

Phylosoph. Transac. [Philosophical transactions of the Royal Society of London]. N. 437.

Act. Uratislav. [Acta Phys. Med. Uratislay (?)]. Tent., 25, p. 240.

Act. Nat. Cur. [Atas da Academia Naturae Curiosorum (?)]. Vol. I, obs. 25.

Act. Med. Berol. [Acta medicorum berolinensium]. Dec 1, vol. 2, p. 62.

Targioni Raccolta prima di osservaz. Mediche [Targioni-Tozzetti, Giovanni. Prima raccolta di osservazioni mediche. Firenzi: Stamperia Imperiale, 1752], p. 97.

Recueil period. d'Observ. par Vandermonde [Vandermonde, Charles Augustin (ed). Recueil périodique d'observations de médecine, chirurgie, pharmacie, etc. Paris: Vincent, 1756]. Tomos 5 e 6, p. 41.

Journ de Med. par Roux [Roux, A. (ed). Journal de médecine, chirurgie, pharmacie etc.]. Tomo 20, p. 407 e seguintes.

Commerc. Nor. 1731, p. 330.

Manetti Mag. Toscan. [Manetti, Saverio. Magazzino Toscano]. Tomo 1, parte 3, p. 24.

Fiorilli Avvísi sulla salute humana. p. 150, ano 1775; e p. 393, ano 1776.

Klaunigius [Klaunigius, Godofredus]. Nosocom. Charit. [Nosocomicum charitatis, sive historiarum medicarum, etc., 1718]. Obs. 7, p. 25.

The Philosophy of Medic.; or Med. Extrac. [Thornton, Robert J. The philosophy of medicine, or medical extracts on the nature of health and disease, etc. 4 ed. London: C.Whittingham, 1800]. Tomo III, p. 339.

M. Donati Hist. Med. mir. [Donati, Marcello. De medica historia mirabili, 1586]. Cap. 1, p. 91.

Hollerii Com. in Coac. proenot. [Comentários de Hollerio aos aforismos de Hipócrates], p. 66.

Pisonis De cogn., et cur. morb. [Pisonis, Nicolai. De cognoscendis et curandis praecipue internis humani corporis morbis]. Livro 1, cap. 13.

Divers. de affect. partic., p. 425.

Fernelii Patholog. [Fernel (Fernellius), Jean François. Pathologiae]. Livro 5, cap. 2.

Ballonii Consil. [Baillou (Ballonius), Guillaume de. Consiliorum medicinalium, Paris, 1635]. Livro 2, cap. 1.

Hagendorn [Hagendorn, Ehrenfried. Historiae medico-physicae, centuriis tribus comprehensae]. Cent. I. Histor. 35.

H. ab Heers [Henrique de Heers]. Livro 1, obs. 3.

Rondelet Meth. Curand [Rondelet, Guillaume. Methodus curandorum omnium morborum corporis humani, obra em 8 volumes, 1574]. Livro 1, cap. 20.

Zacut. Luzit. [Zacutus Lusitanus]. Livro 2, p. 42.

Foresti [Forest, Hector (?)]. Livro 1, obs. 42.

Van-Switen in Boerh. [Van-Swieten, Gerard. Commentaria in Hermanni Boerhaave Aphorismos de cognoscendis et curandis morbis]; Aph. 1036 et seq. [Aforismo 1036 e seguintes].

Hoffmanni Med. rat. System. [Hoffmann, Friedrich. Medicina rationalis systematica, etc.]. Tomo 4, p. [parte?] 1, seção 1, cap. 4, obs.1; 2.

Sauvag. Nosol. Method. [Boissier de Sauvages, François. Nosologie méthodique, etc.]. Tomo 2, p. 415, p. 417, p. 418, p. 420.

De Pré Diss. de rar. affect. Catalept. [De Pré, J. F. Diss. de raro affectu cataleptico]. Erf., 1721.

Delii Diatr. de Catalep. Erlang. 1754.

Haen Rat. Med. [Haen, Anton de. Ratio medendi in nosocomio practico], p. 334.

Platerus [Platter (Platerus), Felix]. Livro 1, p. 31.

Vogel [Vogel, Rudolph Auguste] in not. ad §572, de morb cogn. et curand.; et cap. de Cataleps, p. 473. [Academicae praelectiones de cognoscendis et curandis praecipuis corporis humani affectibus. Gottingae: Vandenhoeck, 1772].

Tissot des nerfs, et de leurs malad. [Tissot, Samuel Auguste. Des nerfs et de leurs maladies], tomo 3, p. [parte ?] 2, cap. 21 de la Catalep.; Ecitas, etc.

Gotlieb Leberecht Faber Tract. Pathologicus. [Faber, Gottlieb Leberecht. Tractatus pathologicus de catalepsi, 1786 (?)].

Reecés [Reece's] Medical Guide, p. 224. [Reece, Richard. The medical guide].

  • *
    Na última edição de 1813, § 350 e § 351. (Nota do autor).
  • 1
    . O título completo é:
    Impugnação Analítica ao exame feito pelos clínicos Antônio Pedro de Sousa e Manuel Quintão da Silva em uma rapariga que julgaram santa na capela da Senhora da Piedade da Serra, próxima à Vila Nova da Rainha do Caeté, Comarca do Sabará, oferecida ao ilustríssimo Senhor Doutor Manoel Vieira da Silva, Primeiro Médico da Comarca de Sua Alteza Real, e do seu Conselho, Fidalgo da Casa Real, Físico-Mor do Reino, Estados e Domínios Ultramarinos, Comendador das Ordens de Cristo e da Torre Espada, Provedor-Mor da Saúde etc., etc., etc. Rio de Janeiro, na Imprensa Régia, 1814. Com licença da Mesa do Desembargo do Paço. (Acervo da Fundação Biblioteca Nacional - Brasil. Setor de Obras Raras. Loc. OR 00063[4]).
    A transcrição foi feita a partir de cópia digitalizada do original de 1814, obtida na Biblioteca Nacional.
    A grafia do português foi atualizada, com pequenos ajustes na sintaxe quando necessário. Quase todos os nomes de autores e obras citados por Gomide encontram-se abreviados no texto original; aqui, eles constam por extenso, entre colchetes, na primeira vez que aparecem. Edição e revisão de Ana Maria G. R. Oda.
    2. Na publicação original, o autor é anônimo, e abre a obra com a seguinte dedicatória, onde explica as razões para tal: "Ilmo. Senhor Doutor Manoel Vieira da Silva: Subordinação e homenagem a Vossa Senhoria; Geral Inspetor da arte de curar; consideração e deferência aos vastos conhecimentos do médico filósofo, que com exatidão geométrica demonstrou a causa porque o clima do Rio de Janeiro é mais nocivo aos indígenas do que aos estrangeiros; devoção e respeito à direitura e probidade do caráter pessoal de Vossa Senhoria são os motivos que me obrigaram a procurar para este opúsculo, que empreende em obséquio e desagravo da religião e da razão postergadas, a proteção do nome de Vossa Senhoria, que servirá de selo às minhas asserções, das quais nem todos podem por si conhecer e julgar.
    Permiti-me Vossa Senhoria comparecer anônimo, porque se pela fé e autoridade da aprovação de Vossa Senhoria tenho certeza do quanto reprova os sectários do erro, não me penso livre das tenebrosas maquinações dos seus fautores, cujo ressentimento crescerá à proporção do triunfo da verdade. Sou, com o maior acatamento, respeito e atenção à dignidade, luzes e virtudes de Vossa Senhoria. Ilmo. Senhor Conselheiro Físico-Mor, de Vossa Senhoria, súdito admirador e venerador." (Nota da editora).
  • 3
    . O autor de
    Impugnação analítica transcreve aqui o parecer que está sendo questionado (ou impugnado) por ele. (Nota da editora).
  • 4
    . Aqui começa efetivamente a impugnação do dr. Antônio Gomide. (Nota da editora).
  • 5
    . N.B:
    nota bene - note bem. No original esta nota do autor vem depois do Catálogo... (Nota da editora).
  • 6
    . Os nomes dos autores e obras que puderam ser completados estão entre colchetes, sendo os apenas prováveis seguidos de (?). Pesquisa de Simone S. de Almeida Silva, com colaboração de Ana Maria Oda (Nota da editora).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      27 Jun 2011
    • Data do Fascículo
      Jun 2011
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