Acessibilidade / Reportar erro

Flora das cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Acanthaceae

Flora of the cangas of Serra dos Carajás, Pará, Brazil: Acanthaceae

Resumo

Foram encontradas 14 espécies pertencentes a três gêneros de Acanthaceae nas formações de canga da Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Justicia apresenta maior diversidade, com nove espécies, sendo que cinco são endêmicas para a Serra de Carajás, seguido de Ruellia, com quatro, sendo uma endêmica do Pará, e Mendoncia, com somente uma espécie. São apresentadas descrições morfológicas, chaves de identificação, comentários, distribuição geográfica, ilustrações das espécies e uma nova combinação: Justicia divergens (Nees) A.S. Reis, A. Gil & C. Kameyama.

Palavras-chave:
Amazônia; FLONA Carajás; taxonomia

Abstract

Fourteen species belonging to three genera of Acanthaceae were found in the canga formations of Serra dos Carajás, Pará, Brazil. The genus Justicia is the most numerous, with nine species (five endemic to Serra dos Carajás), followed by Ruellia, with four species (one endemic to the state of Pará), and a single species of Mendoncia. Descriptions, identification keys, comments, geographic distribution, illustrations of the species and a new combination: Justicia divergens (Nees) A.S. Reis, A. Gil & C. Kameyama are presented.

Key words:
Amazon; FLONA Carajás; taxonomy

Acanthaceae

Acanthaceae Juss. compreende aproximadamente 4.000 espécies inseridas em mais de 200 gêneros (McDade et al. 2008McDade LA, Daniel TF & Kiel CA (2008) Toward a comprehensive understanding of phylogenetic relationships among lineages of Acanthaceae s.l. (Lamiales). American Journal of Botany 95: 1136-1152.), de distribuição pantropical, com centros de diversidade na África, América e parte da Ásia (Wasshausen 2004Wasshausen DC (2004) Acanthaceae. In: Smith N, Mori SA, Henderson A, Stevenson DW & Heald SV (eds.) Flowering plants of the Neotropics. Princeton University Press, Princeton. Pp. 3-7.). A família apresenta lianas, ervas, subarbustos, arbustos e, raramente, árvores; folhas simples, opostas, decussadas, geralmente com cistólitos; inflorescências variadas, com flores hermafroditas; geralmente com uma bráctea e duas bractéolas, as vezes coloridas e vistosas, cobrindo parte da corola; corola gamopétala, zigomorfa, pentâmera; quatro estames didínamos ou apenas dois, estaminódios às vezes presentes; anteras com uma ou duas tecas; frutos geralmente capsulares com deiscência explosiva, raramente drupas (McDade et al. 2008McDade LA, Daniel TF & Kiel CA (2008) Toward a comprehensive understanding of phylogenetic relationships among lineages of Acanthaceae s.l. (Lamiales). American Journal of Botany 95: 1136-1152.; Braz & Azevedo 2016Braz DM & Azevedo IHF (2016) Acanthaceae da Marambaia, estado do Rio de Janeiro, Brasil. Hoehnea 43: 497-516.). No Brasil ocorrem 40 gêneros e 450 espécies, das quais 257 são endêmicas, com maior concentração de espécies na Mata Atlântica e nas formações florestais mesófilas das Regiões Sudeste e Centro-Oeste (Kameyama 2006Kameyama C (2006) Flora da Reserva Ducke, Amazonas, Brasil: Acanthaceae. Rodriguésia 57: 149-154.; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Nas formações de canga da Serra dos Carajás está representada por 14 espécies e três gêneros [Justicia L. (9 espécies), Mendoncia Vell. ex Vand. (1) e Ruellia L. (4)].

    Chave de identificação dos gêneros de Acanthaceae das cangas da Serra dos Carajás
  • 1. Cistólitos ausentes; flores com par de bractéolas recobrindo totalmente o cálice; cálice anular, levemente lobado; estaminódio presente; fruto tipo drupa................................................................. 2. Mendoncia

  • 1'. Cistólitos presentes; flores com par de bractéolas não recobrindo o cálice; cálice com 4 ou 5 lacínios; estaminódio ausente; fruto tipo cápsula loculicida.

  • 2. Inflorescências em espigas simples ou agrupadas em inflorescências compostas; corola bilabiada; estames 2; sementes 4 ..................................................................................................... 1. Justicia

  • 2'. Inflorescências em cimeiras ou tirsos; corola não bilabiada; estames 4; sementes 8-14 ............... ..........................................................................................................................................3. Ruellia

1. Justicia L.

As espécies de Justicia possuem cistólitos nos ramos e folhas; inflorescências em cimeiras, espigas, racemos ou panículas, com uma bráctea e duas bractéolas por flor; corola bilabiada, lábio superior 2-lobado a inteiro e lábio inferior 3-lobado; androceu com 2 estames exsertos, anteras bitecas, tecas iguais ou desiguais quanto à forma e/ou tamanho, dispostas paralelamente ou obliquamente, na mesma altura ou em alturas diferentes do conectivo, por vezes, alongado; fruto capsular, com 4 sementes (adaptado de Côrtes & Rapini 2013Côrtes ALA & Rapini A (2013) Justicieae (Acanthaceae) do semiárido do estado da Bahia, Brasil. Hoehnea. 40: 253-292.; Braz & Azevedo 2016Braz DM & Azevedo IHF (2016) Acanthaceae da Marambaia, estado do Rio de Janeiro, Brasil. Hoehnea 43: 497-516.). O gênero Justicia, tal qual delimitado neste trabalho, é polifilético (McDade et al. 2000McDade LA, Daniel TF, Masta SE & Riley KM (2000) Phylogenetic relationships within the tribe Justicieae (Acanthaceae): evidence from molecular sequences, morphology, and citology. Annals of the Missouri Botanical Garden 87: 435-458.), conceito que tem sido adotado por vários autores até que mais estudos estejam disponíveis. No momento, Justicia é o gênero mais diversificado das Acanthaceae, com cerca de 600 espécies de distribuição pantropical, alcançando algumas áreas subtropicais, com centros de diversidade nas regiões tropicais e subtropicais da América do Sul (Graham 1988Graham VAW (1988) Delimitation and infra-generic classification of Justicia (Acanthaceae). Kew Bulletin 43: 551-624.; Ezcurra 2002Ezcurra C (2002) El género Justicia (Acanthaceae) en Sudamérica Austral. Annals of the Missouri Botanical Garden 89: 225-280.). Para o Brasil são reconhecidas 128 espécies, sendo 70 endêmicas (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Nas cangas da Serra dos Carajás são registradas nove espécies.

    Chave de identificação das espécies de Justicia das cangas da Serra dos Carajás
  • 1. Brácteas imbricadas

    • 2. Lâminas foliares pubescentes; brácteas com 22-25 mm compr.; corola vermelha, ca. 50 mm compr. ................................................................................................................. 1.8. Justicia sp. 4

    • 2'. Lâminas foliares glabras; brácteas com 5-8,5 mm compr.; corola alva a lilás, 9-14 mm compr. ... ................................................................................................................. 1.2. Justicia potamogeton

  • 1'. Brácteas não imbricadas

    • 3. Inflorescências com espigas secundifloras ou com espigas com flores secundifloras

      • 4. Cálice 4-laciniado, lacínios lineares; sementes aplanadas .......................... 1.9. Justicia sp. 5

      • 4'. Cálice 5-laciniado, lacínios oblanceolados ou subulados; sementes esféricas ou subesféricas

        • 5. Lâminas foliares pubescentes; bractéolas oblanceoladas a oblongas; corola alva a lilás-claro, 11-12 mm compr. ...................................................................... 1.6. Justicia sp. 2

        • 5'. Lâminas foliares glabras; bractéolas subuladas; corola vermelha, 55-60 mm compr. ... .............................................................................................................. 1.7. Justicia sp. 3

    • 3'. Inflorescências com espigas com flores decussadas

      • 6. Corola 8-14 mm compr., lábio inferior ca. 5 mm compr.; sementes aplanadas ..................... .............................................................................................................. 1.1. Justicia divergens

      • 6'. Corola 25-55(-60) mm compr., lábio inferior 11-22 mm compr.; sementes esféricas ou subesféricas

        • 7. Brácteas e bractéolas com margens curto-ciliadas (0,1-0,5 mm compr.); bractéolas 2-3 mm compr.; cápsulas panduriformes, glabras ..................................... 1.5. Justicia sp. 1

        • 7'. Brácteas e bractéolas com margens longo-ciliadas (1-2 mm compr.); bractéolas 10-19 mm compr.; cápsulas clavadas, pubescentes

          • 8. Brácteas 9-12 mm compr.; bractéolas 10-12 mm compr.; lacínios do cálice lineares; sementes esféricas ................................................................... 1.4. Justicia sprucei

          • 8'. Brácteas 17-20 mm compr.; bractéolas 17-19 mm compr.; lacínios do cálice linear-lanceolados; sementes subesféricas ................................. 1.3. Justicia riedeliana

1.1. Justicia divergens (Nees) A.S. Reis, A. Gil & C. Kameyama, comb. nov. Rhytiglossa divergens Nees in Martius, Fl. bras. 9: 128. 1847. Tipo: BRASIL. Pará "in silvis ad Para": local não indicado, IV-ano não indicado, C.F.P. Martius s.n. (holótipo M, imagem!; disponível em https://plants.jstor.org/stable/10.5555/al.ap.specimen).Fig. 1a-e

Figura 1
a-e. Justicia divergens - a. ramo florido; b. flor; c. estame; d. fruto; e. semente. f-k. J. potamogetom - f. ramo florido; g. cálice; h. corola; i. estame; j. fruto; k. semente. l-q. J. riedeliana - l. ramo florido; m. cálice; n. corola mostrando estames; o. estame; p. fruto; q. semente. (a-e. L.V.C. Silva et al. 1208, L.V.C. Silva et al. 1255; f-k. L.C.B. Lobato & L. Ferreira 4223, L.V.C. Silva et al. 1345; l-q. A.J. Arruda et al. 1216).
Figure 1
a-e. Justicia divergens - a. flowering branch; b. flower; c. stamen; d. fruit; e. seed. f-k. J. potamogetom - f. flowering branch; g. calyx; h. corolla; i. stamen; j. fruit; k. seed. l-q. J. riedeliana - l. flowering branch; m. calyx; n. corolla showing stamens; o. stamen; p. fruit; q. seed. (a-e. L.V.C. Silva et al. 1208, L.V.C. Silva et al. 1255; f-k. L.C.B. Lobato & L. Ferreira 4223, L.V.C. Silva et al. 1345; l-r. A.J. Arruda et al. 1216).

Subarbusto ca. 50 cm alt. Lâminas foliares 4-8,2 × 1-3 cm, elípticas a ovais, glabras, ápice acuminado. Inflorescências em espigas, axilares e terminais, com flores decussadas. Brácteas não imbricadas, 4-4,5 × 0,5-1 mm, lanceoladas, glabras a pubérulas, com tricomas glandulares, ciliadas, cílios 0,3-0,6 mm compr. Bractéolas 3-4 × 0,3-0,5 mm, subuladas, no restante similar as brácteas. Cálice 5-laciniado, lacínios desiguais (2+2+1), par anterior e par lateral 3,2-5 × 0,3-0,4 mm, posterior 1,5-2,5 × ca. 0,1 mm, linear-subulados, pubérulos a pubescentes, com tricomas glandulares. Corola lilás, 8-14 mm compr., pubescente, com tricomas glandulares, tubo ca. 5,5 mm compr., lábio superior bilobado, ca. 5 × 1,6 mm; lábio inferior trilobado, ca. 5 × 4 mm, lobos laterais 0,7-1,5 × 1-1,2 mm, lobo central ca. 1 × 1,5-1,8 mm. Porção livre dos filetes ca. 5,5 mm compr.; tecas inseridas em alturas diferentes no conectivo, conectivo curto, tecas levemente sobrepostas, teca superior ca. 0,5 mm compr., teca inferior ca. 0,3 mm compr., ambas sem apêndice. Cápsula panduriforme, 6,5-8 mm compr., pubescente, com tricomas glandulares; sementes aplanadas, lenticeladas, tuberculadas, glabras.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, Serra do Tarzan, 6°19'29"S, 50°07'10"W, 760 m, 09.II.2012, fl. e fr., L.V.C. Silva et al. 1208 (BHCB). Parauapebas, N1, 5°59'31"S, 50°19'36"W, 245 m, 21.VI.2012, fl. e fr., L.V.C. Silva et al. 1255 (BHCB, MG);

Os conceitos genéricos utilizados por Nees (1847) na Flora Brasiliensis foram revistos por Bentham (1876)Bentham G (1867) Acanthaceae. In: Bentham G & Hooker WJ (eds.) Genera Plantarum. Vol 2. Reeve & Co., Williams & Norgate, London. Pp. 1060-1122. e Lindau (1895)Lindau G (1895) Acanthaceae. In: Engler A & Prantl K (eds.) Die Natürlichen Pflanzenfamilien nebst ihren Gattungen und wichtigeren Arten, insbesondere den Nutzflanzen, unter Mitwirkung zahlreicher hervorragender Fachgelehrten begründet. Leipzig 4: 274-354., que fizeram as primeiras grandes revisões em nível supraespecífico em Acanthaceae. Rhytiglossa Nees ex Lindl. foi considerado sinônimo de Dianthera L. por Bentham (1876), que por sua vez foi considerado sinônimo de Justicia por Lindau (1895), que propôs novas combinações para o gênero. No entanto, várias dessas espécies ainda não foram combinadas, como Rhytiglossa divergens, para a qual propomos aqui a nova combinação.

Justicia divergens distingue-se das demais espécies de Justicia na Serra dos Carajás pelas bractéolas subuladas, pelo cálice com um dos lacínios bastante reduzidos e pela corola pequena e lilás.

Espécie ocorre no Brasil nos estados do Maranhão [Daly et al.226 (NY)] e Pará (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás ocorre na Serra Norte: N1 e Serra do Tarzan. Encontrada em vegetação de canga e floresta, com flores e frutos de fevereiro a junho.

1.2. Justicia potamogetonLindau, Bull. Herb. Boissier 2(4): 412. 1904Lindau G (1904) Acanthaceae americanae. Bulletin de l'Herbier Boissier 4: 401-418.. Figs. 1f-k; 5a-b

Figura 2
a-f. Justicia sprucei - a. ramo florido; b. cálice; c. corola mostrando os estames; d. estame; e. fruto; f. semente. g-l.Justicia sp. 1 - g. ramo florido; h. flor; i. corola mostrando estames e estilete; j. estame; k. fruto; l. semente. m-r. Justicia sp. 2 - m. ramo florido; n. cálice; o. corola mostrando estames e estilete; p. estame; q. fruto; r. semente (a-f. P.L. Viana et al. 4028, C.R. Sperling et al. 5752; g-l. A.J. Arruda et al. 1277, A.S. Reis et al. 99; m-r. T.E. Almeida et al. 2419, L.L. Giacomin et al. 1160).
Figure 2
a-f. Justicia sprucei - a. flowering branch; b. calyx; c. corolla showing stamens; d. stamen; e. fruit; f. seed. g-l. Justicia sp. 1 - g. flowering branch; h. flower; i. corolla showing stamens and style; j. stamen; k. fruit; l. seed. m-r. Justicia sp. 2 - m. flowering branch; n. calyx; o. corolla showing stamens and style; p. stamen; q. fruit; r. seed (a-f. P.L. Viana et al. 4028, C.R. Sperling et al. 5752; g-l. A.J. Arruda et al. 1277, A.S. Reis et al. 99; m-r. T.E. Almeida et al. 2419, L.L. Giacomin et al. 1160).

Figura 3
a-f. Justicia sp. 3 - a. ramo florido; b. flor; c. corola mostrando estames e estilete; d. estame; e. fruto; f. semente. g-j.Justicia sp. 4 - g. ramo florido; h. cálice; i. corola mostrando estames e estilete; j. estame. k-o. Justicia sp. 5 - k. ramo florido; l. flor; m. estame; n. cálice e fruto; o. semente; p-s. Mendoncia aspera - p. ramos florido; q. flor; r. cálice; s. fruto. (a-f. A.L.R. Cardoso et al. 1979, T.E. Almeida et al. 2434, M.F.F. Silva et al. 1358; g-j. L.V.C. Silva et al. 1228; k-o. R.M. Harley et al. 57319; p-s. L.C.B Lobato & L. Ferreira 4244, A.S. Reis et al. 119).
Figure 3
a-f. Justicia sp. 3 - a. flowering branch; b. flower; c. corolla showing stamens and style; d. stamen; e. fruit; f. seed. g-j. Justicia sp. 4 - g. flowering branch; h. calyx; i. corolla showing stamens and style; j. stamen. k-o. Justicia sp. 5 - k. flowering branch; l. flower; m. stamen; n. calyx and fruit; o. seed; p-s. Mendoncia aspera - p. flowering branch; q. flower; r. calyx; s. fruit. (a-f. A.L.R. Cardoso et al. 1979,T.E. Almeida et al. 2434, M.F.F. Silva et al. 1358; g-j. L.V.C. Silva et al. 1228; k-o. R.M. Harley et al. 57319; p-s. L.C.B Lobato & L. Ferreira 4244, A.S.Reis et al. 119).

Figura 4
a-d. Ruellia exserta - a. ramo florido; b. flor; c. cálice e fruto; d. semente. e-h. R. inflata - e. ramo florido; f. flor; g. cálice e fruto; h. semente. i-l. R. wurdackii - i. ramo florido; j. flor; k. cálice e fruto; l. semente. m-p. Ruelliasp. 1 - m. ramo florido; n. flor; o. cálice, fruto e sementes; p. semente. (a-d. M.F.F. Silva et al. 1369, A.J. Arruda et al. 1235; e-h. H.C. Lima & D.F. Silva 7164, A.J. Arruda et al. 1242; i-l. C.R. Sperling et al. 5795, L.L. Giacomin et al. 1156, A.S. Reis et al. 98; m-p. N.F.O. Mota 3429, A. Gil 450, A.S. Reis et al. 46).
Figure 4
a-d. Ruellia exserta - a. flowering branch; b. flower; c. calyx and fruit; d. seed. e-h. R. inflata - e. flowering branch; f. flower; g. calyx and fruit; h. seed. i-l. R. wurdackii - i. flowering branch; j. flower; k. calyx and fruit; l. seed. m-p. Ruellia sp. 1 - m. flowering branch; n. flower; o. calyx, fruit and seeds; p. seed. (a-d. M.F.F. Silva et al. 1369, A.J. Arruda et al. 1235; e-h. H.C. Lima & D.F. Silva 7164, A.J. Arruda et al. 1242; i-l. C.R. Sperling et al. 5795, L.L. Giacomin et al. 1156, A.S. Reis et al. 98; m-p. N.F.O. Mota 3429, A. Gil 450, A.S. Reis et al. 46).

Figura 5
a-b. Justicia potamogeton - a. inflorescência; b. inflorescência com detalhe da corola. c-d. Justicia sprucei - c. flor; d. corola. e-f. Justicia sp. 1 - e. inflorescência; f. corola. g. Justicia sp. 2 - flor. h-i. Justicia sp. 3 - h. hábito; i. flor. Fotos: c-g, i. Climbiê Hall; a,b,h. Nara Mota.
Figura 5
a-b. Justicia potamogeton - a. inflorescence; b. inflorescence with corolla detail. c-d. Justicia sprucei - c. flower; d. corolla. e-f. Justiciasp. 1 - e. inflorescence; f. corolla. g. Justicia sp. 2 - flower. h-i. Justicia sp. 3 - h. habit; i. flower. Fotos: c-g, i. Climbiê Hall; a,b,h. Nara Mota.

Subarbusto 50-60 cm alt. Lâminas foliares 6-25 × 1-5,5 cm, elípticas, lanceoladas a ovais, glabras, ápice acuminado a agudo. Inflorescências em espigas, axilares e terminais, com flores decussadas. Brácteas imbricadas, 5-8,5 × 3-5 mm, romboides, ovais ou elípticas, pubescentes, com tricomas glandulares, ciliadas, cílios 0,2-0,7 mm compr. Bractéolas 5-8 × 1-1,5 mm, elípticas a lanceoladas, pubérulas a pubescentes, com tricomas glandulares, ciliadas, cílios 0,2-0,4 mm compr. Cálice 5-laciniado, lacínios desiguais (2+2+1), par anterior e par lateral 4,5-6 × 0,4-0,6 mm, posterior 1,8-2 × 0,2-0,3 mm, lineares, pubérulos a pubescentes, com tricomas glandulares. Corola alva a lilás, 9-14 mm compr., pubérula, tubo 6-7 mm compr., lábio superior inteiro 4,5-5,5 × 2-3 mm; lábio inferior trilobado 6-7 × ca. 5 mm, lobos laterais ca. 1 × 1,5-1,7 mm, lobo central 1,5-2 × ca. 4 mm. Porção livre dos filetes 3,8-5 mm compr.; tecas inseridas em alturas diferentes no conectivo, conectivo curto, tecas levemente sobrepostas, teca superior 0,5-0,9 mm compr., teca inferior 0,4-0,6 mm compr., ambas sem apêndice. Cápsula panduriforme, 5-8 mm compr., pubescente, com tricomas glandulares; sementes aplanadas, suborbiculares, tuberculadas, glabras.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, S11D, 6°31'30"S, 50°19'06"W, 615 m, 22.VII.2012, fl., A.J. Arruda et al. 1219 (BHCB). Parauapebas, N8; 6°10'33"S, 50°09'07"W, 654 m, 26.VI.2012, fl. e fr., L.V.C. Silva et al. 1345 (BHCB).

De acordo com sua descrição original, Justicia potamogeton apresenta lâminas foliares 4-10 cm compr. e cálice 4-laciniado, contudo os espécimes aqui estudados apresentam lâminas foliares maiores (6-25 cm compr.) e cálice 5-laciniado, com um dos lacínios bastante reduzido. A espécie caracteriza-se, na área de estudo, pelas espigas simples, com brácteas imbricadas, pequenas (5-8,5 mm compr.), romboides, ovais a elípticas, pelas bractéolas estreitamente elípticas a lanceoladas e pela corola externamente alva e internamente lilás-claro a lilás, com estrias brancas na base do lábio inferior.

Justicia potamogeton é uma espécie exclusiva do Brasil, registrada somente nos estados do Acre, Amazonas e Pará (BFG 2015). Na Serra dos Carajás é encontrada na Serra Norte: N8 e Serra Sul: S11D. Espécie rupícola coletada sobre paredão rochoso ferruginoso, em floresta, próximo à cachoeira. Floresce e frutifica de junho a setembro.

1.3. Justicia riedeliana (Nees) V.A.W. Graham, Kew Bull. 43(4): 605. 1988Graham VAW (1988) Delimitation and infra-generic classification of Justicia (Acanthaceae). Kew Bulletin 43: 551-624..Fig. 1l-q

Arbusto ou erva (Wasshausen 2004Wasshausen DC (2004) Acanthaceae. In: Smith N, Mori SA, Henderson A, Stevenson DW & Heald SV (eds.) Flowering plants of the Neotropics. Princeton University Press, Princeton. Pp. 3-7.). Lâminas foliares 11-17,3 × 3,3-5,4 cm lanceoladas a elípticas, glabras, ápice acuminado. Inflorescências compostas por espigas, ramificadas até segunda ordem, axilares e terminais, com flores decussadas. Brácteas não imbricadas e bractéolas linear-lanceoladas, glabras, pubérulas a pubescentes, ciliadas, cílios 1-2 mm compr.; brácteas 17-20 × 3-3,5 mm; bractéolas 17-19 × ca. 1,5 mm. Cálice 5-laciniado, lacínios iguais, 12-14 × 2-2,3 mm, linear-lanceolados, glabros a pubérulos. Corola vinho a arroxeada, ca. 40 mm compr., pubescente, com tricomas glandulares, tubo 21-23 mm compr., lábio superior bilobado, 13-15 × 4,5-7 mm; lábio inferior trilobado, 11-14 × 8-13 mm, lobos laterais ca. 10 × 2,5-4 mm, lobo central 7-10 × ca. 3-5 mm. Porção livre dos filetes ca. 14 mm compr., tecas inseridas em alturas diferentes no conectivo, conectivo curto, tecas oblíquas, teca superior ca. 3 mm compr., sem apêndice, teca inferior ca. 2,5 mm compr., apendiculada. Cápsula clavada, ca. 12 mm compr., pubescente; sementes subesféricas, lisas, glabras.

Material examinado: Canaã dos Carajás, S11D, 6°23'30"S, 50°19'06"W, 615 m, 22.VII.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al. 1216 (BHCB).

Justicia riedeliana é morfologicamente próxima de J. sprucei V.A.W. Graham e Justicia sp. 3 pelas inflorescências compostas, com ramificações até segunda ordem e pela cor da corola. Justicia riedeliana diferencia-se de J. sprucei pelas brácteas e bractéolas maiores, 17-20 mm compr. (vs. 9-12 mm compr.) e cálice com lacínios linear-lanceolados (vs. lineares) e de Justicia sp. 3 pelas inflorescências com espigas com flores decussadas (vs. espigas com flores secundifloras ) e pelas brácteas e bractéolas linear-lanceoladas (vs. subuladas). Na Serra dos Carajás, Justicia riedeliana se distingue das demais espécies de Justicia pelas brácteas e bractéolas longas ultrapassando o tamanho do cálice, com cílios longos ao longo da margem.

Ocorre na Bolívia e Brasil (Wasshausen & Wood 2004Wasshausen DC (2004) Acanthaceae. In: Smith N, Mori SA, Henderson A, Stevenson DW & Heald SV (eds.) Flowering plants of the Neotropics. Princeton University Press, Princeton. Pp. 3-7.). No Brasil possui registro para os estados do Amazonas, Pará e Maranhão (BFG 2015). Na Serra dos Carajás ocorre na Serra Sul: S11D. Espécie rupícola, coletada na floresta, sobre rochas de ferro, próximo à margem de rio. Floresce e frutifica de maio a julho.

1.4. Justicia sprucei V.A.W. Graham, Kew Bull. 43(4): 606. 1988Graham VAW (1988) Delimitation and infra-generic classification of Justicia (Acanthaceae). Kew Bulletin 43: 551-624.. Figs. 2a-f; 5c-d

Subarbusto 30-120 cm alt. Lâminas foliares 5-11,7 × 1-3(-4,5) cm, lanceoladas a ovais, glabras, ápice acuminado a obtuso. Inflorescências compostas por espigas, ramificadas até segunda ordem, axilares e terminais, com flores decussadas. Brácteas não imbricadas e bractéolas lanceoladas a lineares, ciliadas, cílios 1-1,2 mm compr.; brácteas 9-12 × 1-2 mm, glabras a pubérulas; bractéolas 10-12 × 0,8-1,2 mm, glabras, pubérulas a pubescentes, com tricomas glandulares. Cálice 5-laciniado, lacínios iguais, 8-12 × 1,5-2 mm, lineares, glabros a pubescentes. Corola lilás a roxa, 25-35(-60) mm compr., pubescente, com tricomas glandulares, tubo 17-25(-40) mm compr., lábio superior bilobado, 8-10(-15) × 3,5-4,5(-9) mm; lábio inferior trilobado, 9-15 × 11-15 mm, lobos laterais 4,8-7 × 2,8-4,5 mm, lobo central 4,5-7 × 3-6 mm. Porção livre dos filetes 6-13 mm compr.; tecas inseridas em alturas diferentes no conectivo, conectivo levemente curto, tecas oblíquas, teca superior 2-2,5 mm compr., sem apêndice, teca inferior 2-2,2 mm compr., apendiculada. Cápsula clavada, 10-14 mm compr., pubescente, com tricomas glandulares; sementes esféricas, lisas, glabras.

Material selecionado: Parauapebas, N1, 6°01'52"S, 50°17'23"W, 700 m, 12.III.2009, fl., P.L. Viana et al. 4028 (MG); N2, 6°03'31"S, 50°14'38"W, 19.IV.2012, fl., A.J. Arruda et al. 940 (BHCB); N3, 6º01'44"S, 50º12'07"W, 656 m, 21.IV.2012, fl., A.J. Arruda et al. 1012 (BHCB); N4, 19.III.1984, fl., A.S.L. Silva et al. 1883 (MG, INPA); platô 8, 6°10'01"S, 50°09'29"W, 696 m, 18.III.2015, fl., L.C. Lobato et al. 4350 (MG).

Justicia sprucei caracteriza-se pelas espigas com flores decussadas, com brácteas e bractéolas lanceoladas a lineares, ambas aproximadamente do tamanho do cálice. Ainda, possui corola lilás a roxa, com ou sem estrias brancas na base do lábio inferior, de tubo quase alvo, estreito e longo. Justicia sprucei é similar morfologicamente à J. riedeliana, sendo os caracteres para diferenciação mencionados nos comentários dessa última espécie.

Ocorre na Bolívia e Brasil (Wasshausen & Wood 2004Wasshausen DC (2004) Acanthaceae. In: Smith N, Mori SA, Henderson A, Stevenson DW & Heald SV (eds.) Flowering plants of the Neotropics. Princeton University Press, Princeton. Pp. 3-7.; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). No Brasil é registrada para os estados do Acre, Pará e Rondônia (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás foi encontrada na Serra Norte: N1, N2, N3, N4 e N8, habitando vegetação rupestre ferruginosa. Foi coletada com flores e frutos de março a junho.

1.5. Justicia sp. 1 Figs. 2g-l; 5e-f

Subarbusto ca. 1 m de alt. Lâminas foliares 7,5-16 × 2-5,5 cm, lanceoladas, glabras, ápice acuminado. Inflorescências em espigas simples e compostas, com ramificações até a segunda ordem, axilares e terminais, com flores decussadas. Brácteas não imbricadas, 4-6 × 1-1,5 mm, lanceoladas a estreito-triangulares, glabras, pubérulas a pubescentes, ciliadas, cílios 0,3-0,5 mm compr. Bractéolas 2-3 × 0,2-0,4 mm, lanceoladas, glabras a pubérulas, ciliadas, cílios ca. 0,1 mm compr. Cálice 5-laciniado, lacínios iguais, 4-5 × 0,5-0,8 mm, lineares, glabros a pubérulos. Corola vermelha, 40-55 mm compr., pubérula, com tricomas glandulares, tubo 10-20 mm compr., lábio superior bilobado, 12-18 × 5-6,5 mm; lábio inferior trilobado, 14-19 × ca. 3,5-6,5, mm, lobos laterais 2,5-4,5 × 1-2,2 mm, lobo central 2,5-4,5 × 1,2-2,1 mm. Porção livre dos filetes 13-16,5 mm compr.; tecas inseridas em alturas diferentes no conectivo curto, tecas levemente sobrepostas, teca superior 3-3,2 mm compr., teca inferior 2,5-3 mm compr., ambas sem apêndice. Cápsula panduriforme, 15-17 mm compr., glabra; sementes subesféricas, tuberculadas, glabras.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, Serra Sul, S11D, 6°26'13.78"S, 50°19'32.65"W, 337 m, 01.V.2010, fl., F.D. Gontijo et al. 153 (MG, BHCB); corpo A, 6°18'33"S, 50°27'19"W, 584 m, 29.VI.2010, fl., T.E. Almeida at al. 2435 (BHCB); Serra do Tarzan, 6°19'56"S, 50°08'57"W, 750 m, 24.V.2010, fl., O.M. Pivari et al. 1592 (MG).

Justicia sp. 1 se assemelha às espécies de Justicia sect. Plagiacanthus (Nees) V.A.W. Graham pelas espigas compostas, com ramificações até a segunda ordem e pela corola vermelha e longa (40-55 mm compr.). Justicia sp. 1 possui similaridade morfológica com Justicia calycina (Nees) V.A.W. Graham por apresentar lâminas foliares lanceoladas, cálice com lacínios lineares e corola vermelha de tamanho aproximado, porém diferencia-se de J. calycina por apresentar inflorescência com flores decussadas (vs. inflorescência secundiflora), cálice com lacínios menores, 4-5 mm compr. (vs. 15-17 mm compr.) e sementes subesféricas (vs. ovoides) (Wasshausen & Wood 2004Wasshausen DC (2004) Acanthaceae. In: Smith N, Mori SA, Henderson A, Stevenson DW & Heald SV (eds.) Flowering plants of the Neotropics. Princeton University Press, Princeton. Pp. 3-7.). Na Serra dos Carajás, Justicia sp. 1 difere das demais espécies de Justicia pelos ramos escandentes, pelas espigas com muitas flores, com brácteas 4-6 mm compr., lanceoladas a estreito-triangulares e pelas bractéolas 2-3 mm compr., lanceoladas.

Até o momento, encontrada somente na Serra dos Carajás, na Serra Sul: S11A, S11D e Serra do Tarzan. Espécie coletada em vegetação rupestre e em floresta. Floresce e frutifica de janeiro a outubro.

1.6. Justicia sp. 2 Figs. 2m-r; 5g

Subarbusto ca. 50 cm alt. Lâminas foliares 2-11,5 × 1-4 cm, elípticas, pubescentes, ápice acuminado. Inflorescências compostas por espigas secundifloras, ramificadas até segunda ordem, axilares e terminais. Brácteas não imbricadas, verde-claras a esbranquiçadas, 11-16 × 4-5 mm, elípticas a oblongas, glabras, pubérulas a pubescentes, ciliadas, cílios 0,3-0,6 mm compr. Bractéolas esbranquiçadas, 9-12 × 1-2 mm, oblanceoladas a oblongas, glabras a pubescentes, ciliadas, cílios 0,3-0,6 mm compr. Cálice 5-lacínios, iguais, 7-8 × ca. 2 mm, oblanceolados, glabros a pubescentes. Corola alva a lilás-claro, 11-12 mm compr., pubescente, tubo ca. 3,5 mm compr., lábio superior bífido, 8-10 × 5-6,5 mm; lábio inferior trilobado, 9-11 × 8-10 mm, lobos laterais 5-6 × 3-4 mm, lobo central 5-6,5 × ca. 5 mm. Porção livre dos filetes 5-10 mm compr.; tecas inseridas em alturas diferentes no conectivo, conectivo curto, tecas oblíquas, teca superior ca. 2 mm compr., sem apêndice, teca inferior ca. 2 mm compr., apendiculada. Cápsula clavada, 9-12 mm compr., pubescente; sementes esféricas, lisas, glabras.

Material selecionado: Canaã do Carajás, corpo A, 6°18'38"S, 50°27'19"W, 733 m, 29.VI.2010, fl. e fr., T.E. Almeida et al. 2419 (BHCB); S11B, 06°21'21"S, 50°23'27"W, 710 m, 20.IV.2016, fl., A.S. Reis et al. 100 (MG).

Justicia sp. 2 possui similaridade com Justicia asclepiadea (Nees) Wassh. & C. Ezcurra, por ambas apresentam corola alva a lilás-claro, com estrias brancas na base do lábio inferior. Justicia sp. 2 diferencia-se de J. asclepiadea por apresentar brácteas oblongas a elípticas e bractéolas oblanceoladas a oblongas (vs. brácteas e bractéolas estreitamente lanceoladas), cálice com lacínios oblanceolados, glabros a pubescentes (vs. lanceolados e hirsutos) e corola 11-12 mm compr. (vs. 20-35 mm compr.) (Côrtes & Rapini 2013Côrtes ALA & Rapini A (2013) Justicieae (Acanthaceae) do semiárido do estado da Bahia, Brasil. Hoehnea. 40: 253-292.). Justicia sp. 2 é caracterizada, principalmente, pelo hábito bastante ramificado, pelas brácteas e bractéolas verde-claras a esbranquiçadas in vivo, com tricomas glandulares ao longo da margem e pela corola externamente alva e internamente lilás-clara com estrias brancas na base do lábio inferior, com tubo bastante curto (ca. 3,5 mm compr.). O conjunto de características desta espécie não permite que ela seja enquadrada nas seções propostas por Graham (1988)Graham VAW (1988) Delimitation and infra-generic classification of Justicia (Acanthaceae). Kew Bulletin 43: 551-624..

Espécie, até momento, coletada apenas na Serra Sul: S11A e S11B na Serra dos Carajás. Habita campo rupestre ferruginoso e borda de mata baixa. Floresce e frutifica entre fevereiro e outubro.

1.7. Justicia sp. 3 Figs. 3a-f; 5h-i

Arbusto 0,3-1,5 m alt. Lâminas foliares 6-26 × 2,5-10,5 cm, elípticas a lanceoladas, glabras, ápice acuminado. Inflorescências compostas por espigas, ramificadas até segunda ordem, axilares e terminais, com flores secundifloras. Brácteas não imbricadas, bractéolas subuladas, glabras a pubescentes, ciliadas, cílios ca. 0,1 mm compr.; brácteas 12-25 × 0,9-1,5 mm; bractéolas 6-17 × 0,7-1 mm. Cálice 5-laciniado, lacínios iguais, 14-17 × 2-2,4 mm, subulados, glabros a pubérulos. Corola vermelha, 55-60 mm compr., pubescente, com tricomas glandulares, tubo 30-37 mm compr., lábio superior bilobado, 20-23 × 5-8 mm; lábio inferior trilobado, 20-25 × 10-20 mm, lobos laterais 15-22 × 6-8 mm, lobo central 15-21 × 6-8 mm. Porção livre dos filetes 22-25 mm compr.; tecas inseridas quase na mesma altura conectivo curto, tecas oblíquas, teca superior 3,5-3,8 mm compr., teca inferior 4-4,8 mm compr., ambas apendiculadas. Cápsula subclavada, 15-22 mm compr., pubescente; sementes subesféricas, lisas, glabras.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, corpo A, 6°18'33"S, 50°27'19"W, 584 m, 29.VI.2010, fr., T.E. Almeida et al. 2434 (BHCB); corpo B, 6°22' S, 50°22' W, 800 m, 16.II.2010, fl., A.J. Arruda et al. 194 (BHCB); S11D, 6°27'8,4804"S, 50°20'26,18"W, 10.XII.2012, fr., I.M.C. Rodrigues et al. 597 (BHCB); Serra do Tarzan, 6°19'58"S, 50°8'43"W, 13.III.2009, fl., V.T. Giorni et al. 119 (BHCB); Serra da Bocaina, 6°18'04"S, 49°54'16"W, 650 m, 10.III.2012, fl. e fr., N.F.O. Mota et al. 2602 (BHCB). Parauapebas, N2, 18.IV.2010, fl., L.C.B lobato & L.V. Ferreira 3913 (MG); N4, 21.IV.1970, fl., P. Cavalcante 2608 (MG).

Justicia sp. 3 se enquadra em Justicia sect. Plagiacanthus (Nees) V.A.W. Graham pelas espigas compostas com ramificações até a segunda ordem, pelo cálice 5-laciniado, com lacínios iguais, pela corola vermelha e longa (40-55 mm compr.). Na área de estudo é semelhante à Justicia riedeliana, os caracteres para diferencia-las estão expostos nos comentários dessa última espécie. Justicia sp. 3 é facilmente reconhecida pelas brácteas, bractéolas e cálice com lacínios subulados, pela corola grande (55-60 mm compr.), vermelho brilhante, com estrias amarelas na base do lábio inferior e pelas anteras com duas tecas com apêndice na base.

Dentre as espécies de Justicia estudadas, trata-se da mais comum na Serra dos Carajás, ocorrendo da Serra Norte: N2, Serra Sul: S11A, S11B, S11D, Serra da Bocaina e Serra do Tarzan. Encontrada em vegetação rupestre ferruginosa, mata baixa e floresta. Coletada com flores e frutos de fevereiro a dezembro.

1.8. Justicia sp. 4Fig. 3g-j

Arbusto ca. 1 m alt. Lâminas foliares 7,5-10,5 × 3,5-5,5 cm, ovais a elípticas, pubescentes, ápice cuspidado. Inflorescências em espigas, axilares e terminais, com flores decussadas. Brácteas imbricadas, 22-25 × 18-19 mm, ovais, oblongas a elípticas, pubescentes a tomentosas, ciliadas, cílios 0,8-1 mm compr. Bractéolas 10-11 × 1,6-3 mm, elípticas a lineares, pubescentes a pilosas, ciliadas, cílios ca. 0,2 mm compr. Cálice 5-laciniado, lacínios desiguais (2+2+1), par anterior e par lateral 5-6 × 0,8-1,5 mm, posterior ca. 4 × 0,3 mm, lineares, pubescentes. Corola vermelha, ca. 50 mm compr., pilosa a hirta, tubo ca. 30 mm compr., lábio superior retuso, ca. 15 × 7 mm; lábio inferior trilobado, ca. 1,4 × 8,2 mm, lobos laterais 7-8 × 1,5-2,5 mm, lobo central 6,2-8 × 1,8-3,2 mm. Porção livre dos filetes ca. 17 mm compr.; tecas inseridas em alturas diferentes no conectivo, conectivo curto, tecas oblíquas, teca superior 1,6-2,2 mm compr., teca inferior ca. 1,8 mm compr., ambas sem apêndice. Cápsula não observada.

Material examinado: Canaã dos Carajás, Serra do Tarzan, 6°23'08"S, 50°06'33"W, 245 m, 19.VI.2012, fl., L.V.C. Silva et al. 1228 (BHCB).

Espécime pertencente à Justicia sect. Orthotactus (Nees) V.A.W. Graham pelas espigas simples, com brácteas ultrapassando o tamanho do cálice e pela corola vermelha. Assemelha-se a Justicia aequilabris (Nees) Lindau, espécie que ocorre em regiões semiáridas ou com estações secas bem marcadas, pelas lâminas foliares ovais a elípticas e brácteas ovais, mas diferencia-se desta por apresentar brácteas mais largas, com 18-19 mm compr. (vs. 5-13 mm compr.), cálice com lacínios lineares (vs. lacínios lanceolados) e corola maior, ca. 50 mm compr. (vs. 38-42 mm compr.) (Wasshausen & Wood 2004Wasshausen DC (2004) Acanthaceae. In: Smith N, Mori SA, Henderson A, Stevenson DW & Heald SV (eds.) Flowering plants of the Neotropics. Princeton University Press, Princeton. Pp. 3-7.; Côrtes & Rapini 2013). Justicia sp. 4 difere das demais espécies de Justicia das cangas da Serra dos Carajás pelas inflorescências com brácteas imbricadas grandes (22-25 mm compr.) e corola vermelha. Devido ao fato de existir uma única coleta e ainda incompleta desta espécie de Justicia para área, houve dificuldade na sua determinação, necessitando de mais coletas e estudos para a determinação exata deste espécime.

Justicia sp. 4 ocorre na Serra dos Carajás, na Serra do Tarzan, habitando vegetação de solo ferruginoso e florescendo em junho.

1.9. Justicia sp. 5 Figs. 3k-o; 6a-b

Figura 6
a-b. Justicia sp. 5 - a. hábito; b. inflorescência com detalhe da corola. c-d. Mendoncia aspera - c. flor; d. cálice. e. Ruellia inflata - inflorescência. f-g. Ruellia wurdackii - f. hábito; g. corola. h. Ruellia sp. 1 - flor. Fotos: a-d, f-h. Climbiê Hall; e. Nara Mota.
Figure 6
a-b. Justicia sp. 5 - a. habit; b. flower. c-d. Mendoncia aspera - c. flower; d. calyx. e. Ruellia inflata - inflorescence. f-g. Ruellia wurdackii - f. habit; g. corolla. h. Ruellia sp. 1 - flower. Photos: a-d,f-h. Climbiê Hall; e. Nara Mota.

Subarbusto ca. 35 cm alt. Lâminas foliares 6-8 × 1,7-3,3 cm, elípticas a lanceoladas, glabras, ápice acuminado. Inflorescências compostas por espigas secundifloras, ramificadas até segunda ordem, axilares e terminais. Brácteas não imbricadas, bractéolas linear-lanceoladas, glabras a pubérulas, com tricomas glandulares, ciliadas, cílios ca. 0,1 mm compr.; brácteas 1,5-5 × 0,3-0,4 mm, bractéolas 2-2,5 × ca. 0,2 mm. Cálice 4-laciniado, lacínios iguais, 4-6 × ca. 0,5 mm, lineares, pubérulos, com tricomas glandulares. Corola branca, com tons rosados, ca. 10 mm compr., pubescente, com tricomas glandulares, tubo ca. 6 mm compr., lábio superior retuso ca. 3 × 2 mm; lábio inferior trilobado ca. 2 × 2,5-3 mm, lobos laterais ca. 1 × 1 mm, lobo central ca. 1 × 0,8 mm. Porção livre dos filetes 2,5-3 mm compr.; tecas inseridas em alturas diferentes no conectivo, conectivo alongado, tecas oblíquas, teca superior 0,4-0,6 mm compr., sem apêndice, teca inferior 0,2-0,3 mm compr., apendiculada. Cápsula clavada, 5-6 mm compr., pubescente, com tricomas glandulares; sementes aplanadas, suborbiculares, tuberculadas, glabras.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, corpo C, 6°21'35"S, 50°22'35"W, 01.IX.2010, fl. e fr., T.E. Almeida et al. 2527 (BHCB); Serra do Tarzan, 6°25'19"S, 50°05'48"W, 01.IX.2015, fl. e fr., R.M. Harley et al. 57319 (MG).

Espécime se enquadra em Justicia sect. Chaetothylax (Nees) V.A.W. Graham pelo cálice 4-lacíniado e pelas sementes tuberculadas. Assemelha-se a Justicia lythroides (Nees) V.A.W. Graham pelas espigas secundifloras, pelo cálice com lacínios lineares e pela corola branca, com tons rosados e ca. 10 mm compr., porém distingue-se desta, pelas lâminas foliares verde-escuras (vs. discolores, verde-claras na face adaxial e mais claras e glaucas na face abaxial) e elíptico-lanceoladas (vs. elípticas a estreito-ovais). Justicia sp. 5 e J. lythroides são totalmente disjuntas, a última ocorre nas regiões Sudeste e Sul do Brasil em florestas estacionais semideciduais (Nees von Esenbeck 1847; Ezcurra 2002Ezcurra C (2002) El género Justicia (Acanthaceae) en Sudamérica Austral. Annals of the Missouri Botanical Garden 89: 225-280.; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.).

Justicia sp. 5 ocorre na Serra dos Carajás, na Serra Sul: S11C e Serra do Tarzan. Espécie coletada em vegetação rupestre de canga, com flores e frutos de setembro a dezembro.

2. Mendoncia Vell. ex Vand.

Compreende espécies de hábito volúvel; ramos cilíndricos a quadrangulares; flores fasciculadas nas axilas das folhas; possui duas bractéolas conspícuas recobrindo o cálice e parte da corola, persistentes no fruto; cálice persistente, aneliforme e lobado; corola infundibuliforme ou tubulosa; androceu com 4 estames, didínamos e inclusos; anteras bitecas; fruto tipo drupa (adaptado de Kameyama 2006Kameyama C (2006) Flora da Reserva Ducke, Amazonas, Brasil: Acanthaceae. Rodriguésia 57: 149-154.). Mendoncia compreende aproximadamente 80 espécies, de distribuição cosmopolita, mais concentrada nos Neotrópicos (Magnaghi & Daniel 2014Magnaghi EB & Daniel TF (2014) Three new species of Mendoncia (Acanthaceae) from Madagascar. Novon 23: 187-196.). Cerca de 70 espécies ocorrem em florestas úmidas do sudeste do México, Bolívia, Brasil e Colômbia (Wasshausen & Wood 2004Wasshausen DC (2004) Acanthaceae. In: Smith N, Mori SA, Henderson A, Stevenson DW & Heald SV (eds.) Flowering plants of the Neotropics. Princeton University Press, Princeton. Pp. 3-7.; Magnaghi & Daniel 2014Magnaghi EB & Daniel TF (2014) Three new species of Mendoncia (Acanthaceae) from Madagascar. Novon 23: 187-196.). No Brasil são registradas 18 espécies, sendo 15 na região Amazônica (BFG 2015). Na Serra dos Carajás o gênero está representado por uma espécie.

2.1. Mendonciaaspera Ruiz & Pav. Syst. Veg. Fl. Peruv. Chil. 158. 1798. Figs. 3p-s; 6c-d

Trepadeira; ramos cilíndricos a quadrangulares, glabrescentes a pubescentes. Pecíolo 1-2,5 cm compr. Lâminas foliares 5,5-11,7 × 2,2-7 cm, obovadas, elípticas, oblongas a ovais, face adaxial glabrescente a pubescente, tricomas com 4 células basais conspícuas, radialmente dispostas, face abaxial pubescente a vilosa, tricomas com 4-7 células basais inconspícuas, radialmente dispostas; base atenuada, ápice agudo a acuminado. Flores 2-4 por axila foliar; pedúnculo 1,5-5,4 cm compr., tomentoso, estrigo a pubescente. Bractéolas 1,7-2,4 × 0,8-1,1 cm, ovais, lanceoladas a oblongas, ápice mucronado, pubescentes. Cálice ca. 1 mm compr., lobado. Corola externamente vermelha, internamente esbranquiçada, 2,4-4 cm compr., glabra; lobos 3-4 × ca. 3 mm, oblongos, ápice retuso; anteras superiores 13-14 mm compr., inferiores 10-10,5 mm compr., com tricomas simples e glandulares; ovário 2,5-3 × ca. 3 mm, oblongo, velutino; estilete 20-27 mm compr., pubescente na base. Drupa 1,8-2 × 1-0,8 cm, ovoide, amarelada quando imatura, arroxeada quando madura.

Material selecionado: Parauapebas [Marabá], Serra Norte, N1, 27.V.1982, fl. e fr., Secco et al. 356 (MG); N3, 6°02'34"S, 50°12'29"W, 697 m, 14.VI.2015, fl. e fr., N.F.O Mota et al. 3368 (MG). Canaã dos Carajás, Serra da Bocaina, 6°18'56"S, 49°53'44"W, 650 m, 10.III.2012, fr., N.F.O Mota et al. 2591 (MG); Serra do Tarzan, 6°19'44"S, 50°08'20"W, 763 m, 01.V.2015, fl. e fr., N.F.O Mota et al. 3011 (MG).

Mendoncia aspera é reconhecida pelo seu hábito volúvel, pela presença de 2 a 4 flores nas axilas das folhas, pelas bractéolas recobrindo o cálice e parte da corola e pela corola externamente vermelha e internamente esbranquiçada. Na Serra dos Carajás é a única espécie de Acanthaceae que apresenta fruto drupa. Mendoncia aspera apresenta relativa variação morfológica em suas folhas, apresentando quatro formas de lâminas (obovadas, elípticas, oblongas a ovais).

Mendoncia aspera ocorre na Bolívia, Brasil, Colômbia, Peru e Suriname (Leonard 1958Leonard EC (1958) The Acanthaceae of Colombia I. Contributions from the United States National Herbarium 31: 1-781.; Wasshausen & Wood 2004Wasshausen DC (2004) Acanthaceae. In: Smith N, Mori SA, Henderson A, Stevenson DW & Heald SV (eds.) Flowering plants of the Neotropics. Princeton University Press, Princeton. Pp. 3-7.). Na Serra dos Carajás ocorre na Serra Norte: N1 e N3; Serra da Bocaina e Serra do Tarzan. Habita vegetação de canga e floresta. Floresce e frutifica de fevereiro a novembro.

3. Ruellia L.

As espécies de Ruellia caracterizam-se pela presença de cistólitos nos ramos e folhas; flores solitárias ou em inflorescências cimosas ou espigas; corola zigomorfa, com uma porção mais estreita na parte basal reta ou recurvada, e uma porção expandida tubulosa (cilíndrica), campanulada, urceolada ou obcônica na parte superior; androceu com 4 estames didínamos, exsertos ou inclusos; anteras bitecas; apresenta uma membrana estaminal que une a porção basal dos filetes e forma uma câmara em torno do ovário; fruto cápsula; sementes aplanadas com tricomas que se tornam mucilaginosos quando úmidos (adaptado de Kameyama 2006Kameyama C (2006) Flora da Reserva Ducke, Amazonas, Brasil: Acanthaceae. Rodriguésia 57: 149-154.; Braz & Azevedo 2016Braz DM & Azevedo IHF (2016) Acanthaceae da Marambaia, estado do Rio de Janeiro, Brasil. Hoehnea 43: 497-516.). O gênero apresenta aproximadamente 300 espécies, destas, estima-se que 260 ocorram no Novo Mundo, com a maioria nas regiões tropicais ou subtropicais (Tripp 2010Tripp EA (2010) Taxonomic revision of Ruellia section Chiropterophila (Acanthaceae): a lineage of rare and endemic species from Mexico. Systematic Botany 35: 629-661.). No Brasil são encontradas 84 espécies, habitando todos os domínios fitogeográficos (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Nas cangas da Serra dos Carajás são registradas quatro espécies para o gênero.

    Chave de identificação das espécies de Ruellia das cangas da Serra dos Carajás
  • 1. Corola amarelo-esverdeada

    • 2. Lâminas foliares glabras; tirsos racemiformes secundifloros .......................... 3.1. Ruellia exserta

    • 2'. Lâminas foliares pubescentes; tirsos de dicásios opostos .................................... 3.4. Ruellia sp. 1

  • 1'. Corola vermelha ou lavanda com manchas brancas e lilases

    • 3. Arbusto decumbente; lâminas foliares pubescentes; corola vermelha ...............3.2. Ruellia inflata

    • 3'. Subarbusto ereto; lâminas foliares glabras; corola lavanda com manchas brancas e lilases .......... .......................................................................................................................3.3. Ruellia wurdackii

3.1. Ruellia exserta Wassh. & J.R.I.Wood, Proc. Biol. Soc. Washington 16(2): 271-273. 2003.Fig. 4a-d

Liana; ramos cilíndricos, glabros a pubérulos. Lâminas foliares 4,5-13,5 × 2-5,3 cm, oblongas, elípticas a lanceoladas, glabras, base obtusa, ápice acuminado. Inflorescências em tirsos racemiformes, axilares e terminais, laxos, secundifloros. Brácteas 25-70 × 8-20 mm, oblongas a elípticas, glabras. Bractéolas 3,5-7,5 × 1-3 mm, ovais a triangulares, pubescentes, ciliadas. Cálice 5-laciniado, lacínios 7-14 × 2-3 mm, oblongos a ovais, glabros a pubescentes, com tricomas glandulares. Corola amarelo-esverdeada, 18-25 mm compr., pubescente, com tricomas glandulares; tubo 2,5-6 mm compr., porção expandida ca. 10 mm compr.; lobos ovais 6-7 mm compr., ápice arredondado a revoluto. Estames exsertos; anteras alvas, 4-6 mm compr., glabras. Estilete 18-35 mm compr., pubescente. Cápsula clavada, ca. 20 mm compr., pubescente; sementes aplanadas, subcordadas, pubescentes.

Material selecionado: Parauapebas, Serra Norte, N1, 6°02'27"S, 50°17'40"W, 533 m, 24.VII.2012, fl., A.J. Arruda et al. 1235 (BHCB); N2, 30.V.1983, fl. e fr., M.F.F. Silva et al. 1369 (MG, INPA); N3, 6°01'38"S, 50°12'42"W, 731 m, 28.IV.2015, fl. e fr., A. Gil et al. 477 (MG).

Ruellia exserta é morfologicamente semelhante a Ruellia beckii Wassh. & J.R.I. Wood (que não ocorre no Brasil) e Ruellia sp. 1 pela forma e cor da corola. Porém, se distingue de R. beckii pelas inflorescências em tirsos racemiformes secundifloros (vs. inflorescências em tirsos com dicásios decussados) e pelo cálice com lacínios oblongos a ovais (vs. obovados) e de Ruellia sp. 1 por apresentar hábito trepador (vs. arbusto), lâminas foliares glabras (vs. pubescentes) e tirsos racemiformes secundifloros (vs. tirsos com dicásios decussados) (Wasshausen & Wood 2003Wasshausen DC & Wood JRI (2003) Notes on the genus Ruellia (Acanthaceae) in Bolivia, Peru and Brazil. Proceedings of the Biological Society of Washington 116: 263-274.). Na área de estudo, R. exserta difere das demais espécies de Ruellia por apresentar hábito trepador, bractéolas ovais a triangulares e inflorescências em tirsos racemiformes secundifloros.

Ruellia exserta é endêmica do Brasil, ocorre no Mato Grosso, Pará e Rondônia (BFG 2015). Na Serra dos Carajás ocorre somente na Serra Norte: N1, N2 e N3. Espécie rupícola coletada em formações de canga e floresta. Com flores e frutos de abril a julho.

3.2. Ruellia inflata Rich., Actes Soc. Hist. Nat. Paris 1: 110. 1792. Figs. 4e-h; 6e

Arbusto decumbente; ramos cilíndricos a quadrangulares, pubescentes, com tricomas glandulares. Lâminas foliares 5,3-14 × 2,2-6,6 cm, elípticas, oblongas a ovais, pubescentes, com tricomas glandulares, base cordada, ápice acuminado, ciliadas. Inflorescências em dicásios terminais e axilares. Brácteas 6-20 × 1,5-4 mm, elípticas a oblanceoladas, pubescentes, com tricomas glandulares, ciliadas. Bractéolas 2-3 × 0,7 mm, oblongas a ovais, pubescentes, com tricomas glandulares. Cálice 5-laciniado, lacínios 13-23 × ca. 2 mm, lineares, glabros a pubescentes, com tricomas glandulares. Corola vermelha, 45-55 mm compr., pubescente, com tricomas glandulares; porção basal do tubo recurvada, 17-25 mm compr., porção expandida 20-25 mm compr., gibosa; lobos ovais a triangulares, ca. 10 mm compr., ápice arredondado. Estames exsertos; anteras vináceas, ca. 4 mm compr., pubescentes. Cápsula clavada, 20-25 mm compr., pubérula; sementes aplanadas, reniformes, pubérulas a pubescentes.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, Serra Sul, corpo D, 6°23'14"S, 50°18'53"W, 551 m, 31.VIII.2010, fl. e fr., T.E. Almeida et al. 2520 (BHCB). Parauapebas, Serra Norte, N1, 6°02'23"S, 50°17'36"W, 533 m, 24.VII.2012, fl., A.J. Arruda et al. 1242 (BHCB, MG); N3, 6°02'36"S, 50°13'12"W, 593 m, 22.VI.2012, fl., L.V.C. Silva et al. 1291 (BHCB); N4, 6°01'57"S, 50°08'57"W, 27.IV.2009, fl., V.T. Giorni at al. 278 (BHCB).

Ruellia inflata se distingue das demais espécies de Ruellia na Serra dos Carajás por apresentar dicásios terminais e axilares, corola vermelha, com a porção expandida do tubo gibosa na porção posterior e lobos ovais a triangulares.

É uma espécie amazônica, ocorrendo na Bolívia, Brasil, Guiana Francesa e Suriname (Wasshausen & Wood 2004Wasshausen DC (2004) Acanthaceae. In: Smith N, Mori SA, Henderson A, Stevenson DW & Heald SV (eds.) Flowering plants of the Neotropics. Princeton University Press, Princeton. Pp. 3-7.; Funk et al. 2007Funk VA, Berry PE, Alexander S, Hollowell TH & Kelloff CL (2007) Checklist of the plants of the Guiana Shield (Venezuela: Amazonas, Bolivar, Delta Amacuro; Guyana, Surinam, French Guiana). Contributions from the United States Natinal Herbarium 55: 1-584.). No Brasil ocorre no Acre, Amazonas, Pará, Rondônia e Mato Grosso (BFG 2015). Na Serra dos Carajás ocorre na Serra Norte: N1, N3 e N4 e Serra Sul: S11D. Na Serra dos Carajás foi encontrada em vegetação rupestre ferruginosa e em floresta, florescendo e frutificando entre abril e agosto.

3.3. Ruellia wurdackii Wass., Novon 2(2): 140. 1992. Figs. 4i-l; 6f-g

Subarbusto ereto ca. 30 cm alt.; ramos quadrangulares, glabros. Lâminas foliares 5-17 × 2-7 cm, elípticas, oblongas a ovais, glabras, base decorrente, ápice acuminado, não ciliadas. Inflorescências em dicásios, axilares e terminais, congestos ou laxos. Brácteas 7,5-15 × 1-2,2 mm, oblanceoladas, glabras, ciliadas. Bractéolas 3-6 × 0,8-1 mm, oblanceoladas, glabras, ciliadas. Cálice 5-laciniado, lacínios 7-12 × 1-1,5 mm, lineares, glabros a pubescentes, com tricomas glandulares, ciliados. Corola lavanda com manchas brancas e lilases, infundibuliforme, 27-40 mm compr., pubescente; porção basal do tubo 12-25 mm compr., porção expandida 6-9 mm compr.; lobos obovados, ca. 8 mm compr., ápice retuso. Estames inclusos; anteras creme, 1,5-2 mm compr., pubérulas, com tricomas glandulares. Cápsula elipsoide, 12-15 mm compr., pubescente, com tricomas glandulares; sementes aplanadas, subcordadas, ciliadas.

Material selecionado: Canaã do Carajás, Serra Sul, corpo B, 6°24'12,46"S, 50°22'25,67"W, 772 m, 19.V.2010, fl. e fr., L.L. Giacomin et al. 1156 (BHCB); Serra do Tarzan, 6°25'19"S, 50°05'48"W, 01.IX.2015, fl., R.M. Harley et al. 57322 (MG).

Ruellia wurdackii difere das demais espécies de Ruellia da Serra dos Carajás pelas inflorescências com pedúnculos longos e curvados e pela corola lavanda com manchas brancas e lilases, com estames inclusos.

Ruellia wurdackii ocorre na Venezuela e no Brasil, onde possui registro somente no estado do Pará (Wasshausen 1992Wasshausen D (1992) New Species of Ruellia (Acanthaceae) from the Venezuelan Guayana. Novon 2: 139-148.; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás ocorre na Serra Sul: S11B e Serra do Tarzan. Habita vegetação de canga e floresta. Com flores e frutos de março a maio.

3.4. Ruellia sp. 1 Figs. 4m-p; 6h

Arbusto 1-5 m alt.; ramos escandentes, cilíndricos a subquadrangulares, glabros a pubescentes, com tricomas glandulares. Lâminas 11,4-17,5 × 2,5-6, ovais a lanceoladas, pubescentes, com tricomas glandulares, base cuneada, ápice acuminado, ciliadas. Inflorescências em tirsos terminais, com dicásios decussados. Brácteas 32-77 × 11-29 mm, ovais a lanceoladas, pubescente, com tricomas glandulares, ciliadas. Bractéolas 16-35 × 4,5-14 mm, obovadas a oblongas, no restante, similar às brácteas. Cálice 5-laciniado, lacínios 9-14 × 2-3 mm, oblongos a lanceolados, pubescente, com tricomas glandulares, ciliadas. Corola amarelo-esverdeada, infundibuliforme, 38-48 mm compr., pubescente; porção basal do tubo 17-22 mm compr., porção expandida do tubo 15-25 mm compr., suburceolada; lobos revolutos, suboblongos a subovais, 5-10 mm compr., ápice bilobado. Estames exsertos; anteras rosadas a creme, 8-10 mm compr., pubérulas, com tricomas glandulares. Cápsula, elipsoide a clavada, 20-37 mm compr., pubescente; sementes aplanadas, pentagonais a suborbiculares, ciliadas.

Material selecionado: Parauapebas, Serra dos Carajás, Serra Norte, N2, 6°3'21"S, 50°15'15"W, 28.IV.2015, fl., A. Gil et al. 450 (MG); N3, 6°01'38"S, 50°12'02"W, 737 m, 28.IV. 2015, fl., A. Gil et al. 480 (MG); N4, 6º06'18"S, 50º10'57"W, 715 m, 26.VI.2015, fl. e fr., N.F.O. Mota 3429 (MG).

Ruellia sp. 1 é reconhecida pelas lâminas foliares grandes (9,5-21 cm compr.), pegajosas, ovais a lanceoladas, pela inflorescência com dicásios decussados, e pela corola amarelo-esverdeada, com estames exsertos, 9-10,5 mm compr. além da entrada da corola. Na Serra dos Carajás é semelhante a R. exserta e os caracteres que as diferenciam foram mencionados nos comentários desta última. Não foi possível até o momento chegar à determinação do espécime.

Ruellia sp. 1 ocorre somente no estado do Pará, nos municípios de São Geraldo do Araguaia, na Serra das Andorinhas e em Parauapebas, na Serra dos Carajás, coletada na Serra Norte: N2, N3 e N4. Habita vegetação rupestre ferruginosa, área de transição entre canga e floresta e mata baixa. Com flores e frutos entre março e junho.

  • Lista de exsicatas
    Almeida TE 2418 (1.6), 2419 (1.6), 2434 (1.7), 2435 (1.5), 2515 (1.2), 2520 (3.2), 2527 (1.9). Arruda AJ 194 (1.7), 872 (3.3), 940 (1.4), 978 (3.4), 992 (3.4), 1009 (3.4), 1012 (1.4), 1177 (1.3), 1156 (3.3), 1216 (1.3), 1219 (1.2), 1223 (3.2), 1235 (3.1), 1242 (3.2), 1277 (1.5), 1286 (1.5). Cardoso A 1956 (1.4), 1979 (1.7), 1989 (3.3), 2028 (1.6). Carreira LMM 3549 (1.7). Cavalcante P 2074 (3.4), 2608 (1.7). Costa LV 562 (1.6), 893 (1.5), 953 (1.7), 1044 (3.3). Daly DC 226 (1.1). Paula LFA 523 (1.5). Giacomin LL 1151 (1.7), 1156 (3.3), 1160 (1.6). Gil A 450 (3.4), 477 (3.1), 478 (1.7), 480 (3.4), 482 (1.6), 484 (3.3), 485 (2.1), 486 (3.2), 487 (1.5), 501 (1.2), 504 (3.2). Giorni VT 114 (1.5), 119 (1.7), 278 (3.2). Gontijo FD 76 (1.6), 77 (1.7), 122 (1.7), 150 (1.5), 153 (1.5), 180 (2.1). Harley RM 57243 (3.2), 57245 (1.2), 57319 (1.9), 57322 (3.3), 57454 (1.6), 57487 (1.7). Lima HC 7164 (3.2). Lima MPM 37 (3.4), 46 (3.1), 95 (3.2). Lobato LC 4350 (1.4), 4396 (1.6). Lobato LCB 3869 (1.4), 3913 (1.7); 4147 (1.2), 4148 (3.2), 4149 (2.1), 4173 (3.1), 4174 (1.7), 4177 (3.3), 4178 (1.5), 4223 (1.2), 4244 (2.1), 4245 (1.7), 4283 (1.5), 4444 (3.4). Meyer PB 1141 (1.6). Mota NFO 2591 (2.1), 2602 (1.7), 2943 (3.4), 3008 (1.5), 3011 (2.1), 3363 (3.4), 3368 (2.1), 3429 (3.4). Nascimento OC 1184 (2.1). Pivari MO 1536 (1.6); 1592 (1.5). Reis AS 44 (1.7), 46 (3.4), 96 (1.4), 97 (1.7), 98 (3.3), 99 (1.5), 100 (1.6), 101 (1.4), 103 (1.4), 119 (2.1). Ribeiro BGS 1333 (3.4). Ribeiro RD 1242 (1.5), 1392 (3.2). Rodrigues IMC 559 (2.1), 597 (1.7). Rosa NA 4547 (1.7), 4630 (1.2), 4657 (3.1), 4745 (1.7), 4747 (2.1), 4760 (3.4), 5095 (2.1), 5150 (3.4). Santos RS 179 (1.7). Secco RS 175 (1.7), 203 (3.4), 300 (3.1), 327 (1.7), 334 (3.2), 356 (2.1), 563 (1.7), 569 (2.1), 620 (2.1), 729 (2.1). Silva ASL 1883 (1.4), 1900 (3.4). Silva DF 648 (3.3), 912 (1.2). Silva JP 001 (2.1), 032 (3.2), 371 (1.4), 465 (1.5). Silva LVC 1208 (1.1), 1228 (1.8), 1255 (1.1), 1265 (3.4), 1291 (3.2), 1297 (1.4), 1345 (1.2). Silva MG 2933 (1.4), 2957 (1.7), 2968 (2.1). Silva MFF 1358 (1.7), 1369 (3.1), 1423 (2.1). Silva NT 3581 (3.2), 3627 (3.4). Silveira EC 02 (1.7). Sperling CR 5678 (3.2), 5752 (1.4), 5795 (3.3), 6026 (1.5), 6033 (1.2), 6053 (1.4), 6134 (3.2), 6223 (2.1). Staudohar GS 022 (3.3), 028 (3.4). Trindade JR 217 (2.1), 221 (3.4). Tyski L 112 (1.4), 412 (1.7), 463 (3.2), 574 (2.1). Vasconcelos LV 778 (1.6). Viana PL 4028 (1.4), 4178 (1.6), 4349 (1.5), 5695 (1.5), 5769 (3.4). Vidal CV 711 (1.5), 724 (3.2).
  • Editora de área: Dra. Daniela Zappi

Agradecimentos

Agradecemos ao Museu Paraense Emílio Goeldi e ao Instituto Tecnológico Vale, a infraestrutura e apoio para realização deste estudo. Ao CNPq, a bolsa de Pós-Graduação concedida a primeira autora. Aos curadores dos herbários MG, BHCB, IAN, INPA, HCSJ e RB, o acesso aos acervos. Ao Dr. Pedro Viana (MPEG) e Dra. Ana Maria Giulietti (ITV), coordenadores do projeto "Flora das Cangas da Serra dos Carajás". Ao projeto objeto do convênio MPEG/ITV/FADESP (01205.000250/2014-10) e CNPq (processo 455505/2014-4). Ao ICMBio, especialmente ao Biólogo Frederico Drumond Martins, a licença de coleta concedida e o auxílio nos trabalhos de campo. Ao Programa de Capacitação Institucional (MPEG/PCI), a bolsa PCI-BEV concedida à Drª Cíntia Kameyama para consulta as coleções dos herbários MG e IAN. Ao Me. João Silveira, a confecção das ilustrações. A Dra. Nara Mota e Dr. Climbiê Hall, o empréstimo das fotos.

Referências

  • BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.
  • Bentham G (1867) Acanthaceae. In: Bentham G & Hooker WJ (eds.) Genera Plantarum. Vol 2. Reeve & Co., Williams & Norgate, London. Pp. 1060-1122.
  • Braz DM & Azevedo IHF (2016) Acanthaceae da Marambaia, estado do Rio de Janeiro, Brasil. Hoehnea 43: 497-516.
  • Côrtes ALA & Rapini A (2013) Justicieae (Acanthaceae) do semiárido do estado da Bahia, Brasil. Hoehnea. 40: 253-292.
  • Ezcurra C (2002) El género Justicia (Acanthaceae) en Sudamérica Austral. Annals of the Missouri Botanical Garden 89: 225-280.
  • Funk VA, Berry PE, Alexander S, Hollowell TH & Kelloff CL (2007) Checklist of the plants of the Guiana Shield (Venezuela: Amazonas, Bolivar, Delta Amacuro; Guyana, Surinam, French Guiana). Contributions from the United States Natinal Herbarium 55: 1-584.
  • Graham VAW (1988) Delimitation and infra-generic classification of Justicia (Acanthaceae). Kew Bulletin 43: 551-624.
  • Kameyama C (2006) Flora da Reserva Ducke, Amazonas, Brasil: Acanthaceae. Rodriguésia 57: 149-154.
  • Leonard EC (1958) The Acanthaceae of Colombia I. Contributions from the United States National Herbarium 31: 1-781.
  • Lindau G (1895) Acanthaceae. In: Engler A & Prantl K (eds.) Die Natürlichen Pflanzenfamilien nebst ihren Gattungen und wichtigeren Arten, insbesondere den Nutzflanzen, unter Mitwirkung zahlreicher hervorragender Fachgelehrten begründet. Leipzig 4: 274-354.
  • Lindau G (1904) Acanthaceae americanae. Bulletin de l'Herbier Boissier 4: 401-418.
  • Magnaghi EB & Daniel TF (2014) Three new species of Mendoncia (Acanthaceae) from Madagascar. Novon 23: 187-196.
  • Ness Von Esenbeck CG (1847) Acanthaceae. In: von Martius KFP & Eichler AG (eds.) Flora brasiliensis. F. Fleischer, Lipsiae. Vol. 9, pp.1-164.
  • McDade LA, Daniel TF, Masta SE & Riley KM (2000) Phylogenetic relationships within the tribe Justicieae (Acanthaceae): evidence from molecular sequences, morphology, and citology. Annals of the Missouri Botanical Garden 87: 435-458.
  • McDade LA, Daniel TF & Kiel CA (2008) Toward a comprehensive understanding of phylogenetic relationships among lineages of Acanthaceae s.l. (Lamiales). American Journal of Botany 95: 1136-1152.
  • Scotland RW & Vollesen K (2000) Classification of Acanthaceae. Kew Bulletin 55: 513-589.
  • Tripp EA (2010) Taxonomic revision of Ruellia section Chiropterophila (Acanthaceae): a lineage of rare and endemic species from Mexico. Systematic Botany 35: 629-661.
  • Tripp EA & McDade LA (2014) A rich fossil record yields calibrated phylogeny for Acanthaceae (Lamiales) and evidence for marked biases in timing and directionality of intercontinental disjunctions. Systematic Biology 63: 1-15.
  • Wasshausen D (2007) Dicotyledoneae. Acanthaceae. In: Funk VA, Berry PE, Alexander S, Hollowell TH & Kelloff CL. Checklist of the plants of the Guiana Shield (Venezuela: Amazonas, Bolivar, Delta Amacuro; Guyana, Surinam, French Guiana). Contributions from the U.S. National Herbarium 55: 1-584.
  • Wasshausen D (1992) New Species of Ruellia (Acanthaceae) from the Venezuelan Guayana. Novon 2: 139-148.
  • Wasshausen DC & Wood JRI (2003) Notes on the genus Ruellia (Acanthaceae) in Bolivia, Peru and Brazil. Proceedings of the Biological Society of Washington 116: 263-274.
  • Wasshausen DC & Wood JRI (2004) Acanthaceae of Bolivia. Contributions from the United States National Herbarium 49: 1-152.
  • Wasshausen DC (2004) Acanthaceae. In: Smith N, Mori SA, Henderson A, Stevenson DW & Heald SV (eds.) Flowering plants of the Neotropics. Princeton University Press, Princeton. Pp. 3-7.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2017

Histórico

  • Recebido
    01 Abr 2017
  • Aceito
    16 Jun 2017
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br