Resumo
Objetivo:
Descrever as características de mães e crianças atendidas em um ambulatório de acompanhamento de sífilis congênita e identificar os fatores associados à confirmação do diagnóstico.
Métodos:
Trata-se de um estudo prospectivo realizado de 2016 a 2019, em Montes Claros, norte de Minas Gerais. Foram utilizados formulários específicos que abordavam características sociodemográficas, comportamentais e de hábitos de vida das mães, bem como características relacionadas ao acesso aos cuidados de saúde. Foi realizada análise de regressão de Poisson hierárquica para s definição dos fatores associados à confirmação diagnóstica, com cálculo das razões de prevalência (RP) e respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%).
Resultados:
Duzentos binômios (mãe-filho) que compareceram a pelo menos uma consulta como parte do acompanhamento após a alta da maternidade foram elegíveis para o estudo. As mães eram, em sua maioria, jovens (79,0%), com baixa escolaridade (43,0%) e negras (89,5%). Quase metade das mães relatou não ter parceiro sexual fixo (42,5%). Cerca de um quarto compareceu a menos de seis consultas de pré-natal (27,5%). Quase metade não tratou a doença adequadamente durante a gravidez (24,5%). O diagnóstico de sífilis congênita foi confirmado em 116 crianças. Os seguintes fatores foram associados à confirmação diagnóstica após análise múltipla: baixa escolaridade materna (RP 1,30; IC95% 1,05–1,60), comportamento de risco materno (RP 1,34; IC95% 1,07–1,66), tratamento inadequado da mãe (RP 3,16; IC95% 2,42–4,47) e falta de tratamento do companheiro (RP 1,44; IC95% 1,18–1,81).
Conclusões:
A sífilis continua sendo um grande desafio. Os resultados revelam as iniquidades sociais associadas à sífilis congênita e a falta de manejo adequado das gestantes e seus parceiros.
Palavras-chave:
Sífilis; Sífilis congênita; Doenças sexualmente transmissíveis; Seguimento assistencial; Assistência pré-natal