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Avaliação epidemiológica da Leishmaniose Tegumentar Americana no estado do Amapá em 2002

TEMAS APRESENTADOS LEISHMANIOSES

Avaliação epidemiológica da Leishmaniose Tegumentar Americana no estado do Amapá em 2002

Raimunda Cleide Gonçalves Chaves

Unidade de Vigilância Epidemiológica, Coordenadoria de vigilância e Saúde, Secretaria de Saúde do Estado do Amapá

INTRODUÇÃO

As leishmanioses são consideradas pela OMS como uma das mais importantes antropozoonoses do mundo. A LTA encontra-se em fase de expansão no Brasil apresentando, atualmente, a autoctonia em 100% de suas Unidades Federadas. Até o ano de 2001 a região nordeste foi responsável pela maior frequencia da doença, com 36,8% do total de casos, porém, a região norte apresentou o maior coeficiente de detecção do país com 93,84/100.000 hab. seguido da região centro oeste com 42,70/100.000 hab. e nordeste com 26,50/100.000 hab.

O Estado do Amapá com 16 municípios e população em torno de 477.032 habitantes concentrada em sua grande maioria na capital, apresentou em 2002 o coeficiente de 65,19/100.000 hab. com autoctonia em 80% de seus Municípios. No Amapá os focos de LTA estão predominantemente nas zonas rurais relacionadas com áreas de assentamentos agrícolas, extrativismo vegetal e garimpo, destacando-se os municípios de Serra do Navio com coeficiente de 1.476/100.000 hab., Pedra Branca do Amaparí com 1.144/100.000 hab. e Porto Grande com 481/100.000 hab.

METODOLOGIA

Utilização e análises de dados do SINAN/TABWIN; Análise das fichas de investigação/LTA; Utilizados para o trabalho 365casos de LTA, referentes ao ano de 2002, destes 311 são autoctones do Estado, 49 importados de outros países e 5 importados de outras UF, avaliados em setembro/2003.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Distribuição dos casos conforme o período do ano e local de infecção.

No estado do Amapá a região ao longo da rodovia Perimetral Norte, é a mais atingida por abrigar os municípios de Porto Grande, Pedra Branca do Amaparí e Serra do Navio, localizados na área central do Estado, região caracterizada pela concentração de assentamentos agrícolas realizados em vilas no interior da floresta amazônica com pouca estrutura de moradia e exposição direta ao vetor e como fonte principal de renda o extrativismo vegetal e agricultura de subsistência.

Quanto ao período do ano, coincide com o período chuvoso, começando no mês de dezembro indo até o mês de maio com maior numero de casos, conforme mostra a tabela abaixo, além de apontar a autoctonia de 80% da LTA no Estado, porém destaca os três municípios citados anteriormente como os de maior ocorrência da doença apresentando mais de 50 casos cada, e também mostra os casos importados diagnosticados no Estado chamando a atenção aos pacientes oriundos da Guiana Francesa, país que faz fronteira, ao norte do Estado, com o município do Oiapoque. Esses pacientes na grande maioria trata-se de brasileiros que se infectam em garimpos próximos a fronteira, que deslocam-se para o Brasil em busca de tratamento específico gratuito.

Distribuição dos casos de lta por sexo e idade.

Dos pacientes diagnosticados no Amapá , 80% são do sexo masculino, com maior freqüência na faixa etária de 20 a 34 anos de idade, reforçando o caráter ocupacional da doença.

Distribuição dos casos de lta, conforme a forma clínica.

Dos 311 casos autóctones de LTA do Estado, existe uma predominância da forma cutânea sobre a forma mucosa de 99%, com apenas 3 casos detectados da forma mucosa, dado este que sugere conseqüência da espécie da leishmania de ocorrência no Estado, porem não possuímos informação para esta confirmação.

Casos de lta de acordo com o critério de diagnostico utilizado para confirmação.

Hoje no Amapá, estamos trabalhando com 98% dos casos com confirmação por diagnostico laboratorial, onde dos 311 casos autóctones, apenas 6 casos de LTA foram confirmados com diagnóstico clínico e epidemiológico que são oriundos do município de Santana, detectados em decorrência de busca ativa em área rural/fluvial de difícil acesso, não sendo possível para esses casos confirmação laboratorial, porém, os pacientes receberam a medicação correspondente.

O parágrafo acima retrata a cobertura de infra-estrutura para os diagnósticos clínico, epidemiológico e laboratorial prestados aos pacientes na sede dos municípios do Estado.

CONCLUSÃO

A partir do levantamento realizado, concluímos:

A LTA no Estado vem mantendo seu perfil, e os municípios de Serra do Navio, Pedra Branca do Amaparí e Porto Grande são os responsáveis pelo maior número de casos.

A forma cutânea representa 99% dos casos diagnosticados no estado. O predomínio de casos do sexo masculino e faixa etária de 20 a 30 anos indica o caráter ocupacional da doença.

Quanto ao critério de confirmação dos casos, observa-se um avanço na qualidade dos serviços prestados ao paciente, porém necessita-se aprimorar o acompanhamento destes pacientes, a fim de concluir a evolução do casos com o objetivo de diminuir as inconsistências, encerrar as fichas de investigações e conseqüentemente melhorar o sistema de informação - SINAN.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Set 2012
  • Data do Fascículo
    2003
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