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RESUMOS DE LIVROS BOOK REVIEWS

André Francisco Pilón

Departamento de Prática de Saúde Pública- FSP/USP

Ecossistêmica. Uma abordagem integrada dos problemas do meio ambiente, por Samuel Murgel Branco. S. Paulo, Ed. Edgar Blucher, 1989, 141 p.

A crítica epistemológica, que revela, à luz das teorias do conhecimento, as raízes dos conceitos e metodologias científicos, foi o oportuno caminho empregado em Ecossistêmica para evidenciar o papel desintegrador das visões analíticas — que violentam o objeto —, em oposição ao papel integrador das visões sintéticas, na abordagem integrada dos problemas do meio ambiente.

Nessa visão ecossistêmica são enfatizadas as relações entre os fenômenos, sua complexidade e informação, os saltos qualitativos e o equilíbrio dinâmico (e diferenciado) nas interações "microscópicas" e "macroscópicas", bem como o "continuum" subjetivo-objetivo na construção do conhecimento ("a centopéia é feliz por não ter que pensar em qual a perna que deve avançar primeiro").

Numa época em que (farisaica ou ingenuamente), se pretende da Ciência e da Educação "soluções" para a questão ambiental, é fundamental o exame crítico do projeto de vida coletivo, sob pena de propor remendos a um tecido corrompido: em que medida a ilusão antropocêntrica de crescimento ilimitado, associado à predação e ao desperdício, aos desejos de poder e glória de grupos mancomunados, constituem o cerne da questão ambiental?

Não se trata antes de um problema econômico e político, que, se examinado mais a fundo, revelaria o "salve-se quem puder" predominante nas atuais visões de mundo, apesar das "reuniões internacionais" (criticadas pelo autor, à p. 133) e dos protocolos de intenções dos Governos? Como revela a Obra, a questão é "sobretudo, de uma postura ética da espécie humana em relação à exploração dos recursos naturais e ocupação do espaço ambiental" (contracapa).

Nessa ótica, o autor coloca os mais agudos problemas (econômico, energético, urbano) deste findar de século, destacando a necessidade de redução da quantidade de energia e de matéria para a produção (associada ao aumento da vida útil dos objetos e reciclagem dos detritos), a busca de fontes alternativas de energia, os projetos de arquitetura bioclimática, as relações das cidades e ecossistemas (uma cidade ambientalmente saudável depende de uma sociedade comprometida com a preservação da vida humana, das várias formas de cultura e dos recursos naturais).

Evidencia-se assim que o estudo compreensivo do grande e do pequeno, não importa a escala, evoca visões de mundo que demandam integração e transcendência, enfatizando as conexões e não as coisas em si mesmas, o caráter não-hierárquico dos fenômenos, a unidade mesma entre as concepções de mundo, de conhecimento e o próprio projeto de vida coletivo. Nesse aspecto, insere-se o pensamento do autor nas grandes correntes pós-modernas de pensamento, que, pela via fenomenológica, se opõem à via positivista* * Esquematicamente, essas visões de mundo emprestariam características diferenciadoras à ciência e à existência:

A discussão ecossistêmica, em termos do próprio conhecimento (química, física, biologia, antropologia, política, economia, filosofia), que integra a Obra em epígrafe, é, a nosso ver, o melhor exemplo de como tratar os problemas do meio ambiente em termos de políticas administrativas e pedagógicas, abrangendo ensino-aprendizagem, investigação e aplicação em projetos de campo, governamentais e não-governamentais.

Ana Cristina d'Andretta Tanaka

Departamento de Saúde Materno-Infantil — FSP/ USP

Educação e fecundidade: ideologia, teoria e método na sociologia da reprodução humana, por Maria Irene Q.F. Szmrecsánzyi. São Paulo, 1988. 228 p.

O livro é um trabalho teórico-metodológico baseado em pesquisa empírica, onde a autora analisa a relação inversa entre níveis de instrução e o tamanho da prole. Ele, em seu estudo, procura interpretar a escolaridade como indicador de classe ou fração de classe, não esquecendo do contexto político-nacional e do tipo de sociedade na qual esta questão se insere. Ele procura colocar a implicação da utilização de estudos populacionais sobre a problemática da própria estrutura social, no bojo econômico-social e psico-cultural da sociedade.

O autor faz uma crítica das pesquisas socio demográficas sobre a fecundidade no Brasil nas décadas de 60 e 70.

O livro é a reprodução da tese de doutoramento do autor, assim está estruturado em duas partes. A parte A intitula-se "Crítica" contendo quatro capítulos, e a parte B, denominada de "Proposta", com dois capítulos e mais a conclusão do trabalho.

Por ser uma tese contém toda a parte teórico-metodológica da investigação realizada. Desta maneira, a leitura estimula o raciocínio crítico do livro, bem como o pensar analítico sobre o tema. Pela sua análise, esta obra é de utilidade para quem trabalha na área da sociologia, da demografía e principalmente da sociologia da reprodução humana.

Nelly Martins Ferreira Candeias

Departamento de Prática de Saúde Pública — FSP/USP

Education for health: a manual on health education in primary health care, by World Health Organization. Geneva, 1988. 260 p.

A Educação em Saúde, como técnica de intervenção social, procura fazer com que os indivíduos identifiquem seus problemas na área da saúde, saibam como atuar em relação a eles, utilizando para isso seus próprios recursos e os recursos da comunidade e, finalmente, sejam capazes de selecionar ações que lhes permitam alcançar o bem-estar físico, social, psicológico e comunitário.

O livro intitulado "Education for health: a manual on health education in primary health care", prende-se a estes objetivos, destinando-se principalmente ao pessoal envolvido na assistência primária à saúde em áreas urbanas e rurais. Está delineado de forma a auxiliá-lo no desenvolvimento de programas de treinamento e de apoio técnico em suas respectivas comunidades.

Divide-se em sete capítulos. O Capítulo 1 explora a relação entre a saúde e o comportamento de indivíduos, grupos e comunidade, mostrando a importância de compreender as causas que determinam o comportamento humano. O Capítulo 2 trata da Educação em Saúde do ponto de vista de "pessoas trabalhando com pessoas", estabelecendo bom relacionamento, evitando preconceitos, ensinando como se comunicar com clareza e como se associar às pessoas de forma a permitir a consecução de objetivos programáticos. No Capítulo 3 faz-se uma revisão das habilidades necessárias para planejar ações de saúde na comunidade, incluindo decisões quanto a prioridades, elaboração de objetivos, realização de ações e avaliação de resultados. No Capítulo 4 discute-se a Educação em Saúde como processo de aconselhamento, dirigido a indivíduos e famílias. O Capítulo 5 explora técnicas para a Educação em Saúde em grupos formais e informais, tais como escolares e trabalhadores, incluindo-se aqui a própria equipe de saúde. Discutem-se também métodos para treinamento de grupo. O Capítulo 6 refere-se a enfoques para trabalhar com a comunidade como um todo. Finalmente, no Capítulo 7 descrevem-se várias técnicas de Educação em Saúde, assim como os meios de comunicação de massa que podem ser utilizados para promover decisões pertinentes e melhorar o comportamento em benefício da saúde. Tratam-se de técnicas do contato interpessoal à mídia, sem descuidar da eficiente combinação de ambos.

Após breve relato do conteúdo deste livro, permito-me fazer alguns comentários a respeito da "naiveté" de sua estrutura: reflete o modo de ver do Primeiro Mundo em relação ao Terceiro Mundo. Resta perguntar a quem se dirige esta "receita de bolo?" Pressupõe que, "digerido o bolo", tudo se processará de forma harmoniosa. O que parece ignorar, entretanto, é que a problemática da Saúde Pública, na maior parte do Terceiro Mundo, prende-se menos à incompetência técnica do pessoal da saúde do que às características sociais de cada país e, nestes, à precária administração do sistema de saúde com suas convulsões partidárias permanentemente transitórias. Mais valioso seria, portanto, um diagnóstico político-administrativo da proposta técnica desses sistemas.

Evelin Naked de Castro Sá

Departamento de Prática de Saúde Pública — FSP/USP

From Alma-Ata to the year 2000: reflections at the midpoint, by World Health Organization. Geneva, 1988. 158 p.

Esta publicação da Organização Mundial de Saúde diz respeitg, especialmente, à avaliação da política "Saúde para todos no ano 2000", desde a Conferência Internacional de Alma-Ata, em 1978, sobre cuidados primários de saúde, até 1988, dez anos após Alma-Ata, e metade do tempo então previsto para a passagem do século. A WHO, Unicef e outras organizações decidiram ser o tempo adequado para verificar o que sucedeu desde Alma-Ata e quais as perspectivas para o ano 2000 e seguintes. Reuniram-se em Riga, novamente na Rússia, com o tema "De Alma-Ata ao ano 2000 — a perspectiva do meio do caminho". A reunião teve lugar em março de 1988 e suas conclusões levadas à 41a Assembléia Mundial de Saúde, que incluiu vários e significativos eventos; as conclusões de Riga, o 40o Aniversário da Organização Mundial de Saúde, uma mesa-redonda sobre o 10o Aniversário de Alma-Ata e uma discussão técnica propriamente dita sobre "Liderança em Saúde para todos", tema ligado aos princípios e diretrizes de Alma-Ata.

Como já é habitual, esta publicação da OMS é estruturada de forma clara e didática, porém "bem comportada". Consiste em prefácio, um primeiro capítulo denominado "Alma-Ata: o começo", que compreende: os caminhos até Alma-Ata, o discurso do Dr. H. Mahler, Diretor Geral da OMS, na Conferência de Alma-Ata em 1978, na qual foram enunciados os princípios, e a própria Declaração de Alma-Ata.

O segundo capítulo denomina-se "Riga, Alma-Ata revisitada" e contém: os caminhos até Riga, de Alma-Ata ao ano 2000: reflexões sobre progressos e perspectivas ao meio do caminho. Aqui são colocados, quanto ao lema "Saúde para todos", os princípios e imperativos, a discussão sobre se é um sonho desejado ou uma realidade, sucessos e falhas, ganhos e perdas, prioridades, estratégias para uma nova era e oito questões colocadas pelo Dr. Mahler. Em seguida, vem a reafirmação de Alma-Ata em Riga, permanecendo o lema "Saúde para todos", a intensificação de cada política e social para o futuro 2000 e iniciativas prioritárias de apoio aos países menos desenvolvidos.

O terceiro capítulo é dedicado à 41a Assembléia Mundial de Saúde, sua significância, a saúde mundial no ano 2000 e seguintes, pronunciamentos de Mahler, Nakajima, e Nita Barrow, discussões técnicas e mesa-redonda.

O quarto e último capítulo refere-se ao futuro 2000, tratando das tarefas que se nos colocam, ações recomendadas em Riga, prioridades no apoio da WHO aos menos desenvolvidos e colocações correlatas.

Em anexo, duas importantes resoluções sobre a assistência primária e desenvolvimento de lideranças em "Saúde para todos".

O interesse maio.r da publicação reside nos capítulos segundo e quarto e nas resoluções, onde são tratados os estudos e sugestões de Riga, pois o restante do conteúdo tem mais de um valor retrospectivo. Os trechos sugeridos estão bem descritos e documentados, com dados epidemiológicos e demográficos do período transcorrido, e projeções futuras. Oferecem possibilidade de atualização didática para cursos da Faculdade de Saúde Pública e implicam, é claro, na revisão obrigatória dos princípios de Alma-Ata e seus resultados efetivos.

As resoluções fornecem praticamente um programa de ação, seja em assistência primária, seja em liderança e recursos humanos para a saúde.

Seria também produtivo se os resultados medidos ao meio do caminho fossem comparados com dados divulgados por outras agências, como, por exemplo, na publicação "Situação Mundial da Infância, 1989", da Unicef e outras do Banco Mundial. Isso porque, embora claras e didáticas, as publicações OMS evitam ataques frontais a algumas situações políticas nacionais, principalmente onde os indicadores de saúde pioram ou, no máximo, melhoram um mínimo...

Assim, a leitura e a utilização nas atividades docentes é altamente recomendável como subsídio para áreas e disciplinas que atentem para a formulação e análise de políticas públicas, a sociologia da administração pública e avaliação de programas.

Evelin Naked de Castro Sá

Departamento de Prática de Saúde Pública — FSP/USP

Health planning and social change, by Leonard J. Duhl. New York, Human Sciences Press, 1986. 320 p.

Datado de 1986, o presente livro reúne vários trabalhos, alguns dos quais, em sua versão original, foram escritos no período de 1969 a 1981. As versões originais estão citadas, de forma detalhada, nos agradecimentos de Duhl, às páginas 16 a 18.

Duhl parte de uma justificativa privilegiada: lida, ao mesmo tempo, com o individual — como médico psiquiatra — e com o social, e daí o objetivo desta obra.

O livro está estruturado em três partes, contendo capítulos, e cada um com uma pequena explicação sobre o tema apresentado.

Pode-se dizer que, com essas pequenas resenhas, o leitor tem praticamente o anúncio do que vai ler.

A primeira parte é denominada "Princípios para o planejamento futuro" e engloba capítulos sobre a realidade individual e a mudança social, o planejamento em saúde e suas críticas e alternativas, as dimensões da saúde nas perspectivas tradicional e moderna, o "sonho da saúde e bem-estar do planejador, planejamento racional e não-racional, a prestação de serviços de assistência à saúde, saúde holística e felicidade, uma perspectiva futura da saúde mental, mito e realidade da promoção e manutenção de saúde, o contexto social da saúde e o futuro social.

A segunda parte traz uma revisão de planos passados, revistando a "era dourada" como o título, e trata de rever, em três capítulos, como objetivos conflitantes de diversos grupos modificaram os planos para uma escola médica em uma área urbana do tipo "gueto", o redesenho de um programa de empregos refletindo comunicação inadequada, falta de clareza nas propostas e diferenças de liderança, e um projeto de mudança de atenção primária com base na equipe médica.

A terceira parte lida com o desenvolvimento do pessoal. Consta de sete capítulos abordando as dificuldades de adaptação do trabalho acadêmico à crise urbana, a equipe docente interdisciplinar em saúde, a democracia participativa, dificuldades vindas de novos padrões e óticas relativas ao futuro, proposta de maior atenção dos deficientes em seus estudos, as funções e futuro da saúde na cidade e, finalizando, uma proposta resumindo as medidas discutidas no livro.

Como se vê, é bastante abrangente e diversificado, embora mantenha coerência com o objetivo de Duhl: o de rever e coordenar temas sobre planejamento em saúde e mudança social. Mas, de acordo com as linhas de pesquisa em que trabalho (políticas de saúde e sociologia da administração pública), destaco o interesse e a originalidade dos trabalhos "Nós e a mudança social" (no1 parte I), "Planejamento racional e não racional" (no 5 parte I), "A prestação de serviços de saúde" (no 6 parte I), "Saúde mental: uma pergunta para o futuro" (no 8 parte I), "O contexto social de saúde" (no 10 parte I), "A universidade e a crise urbana" (no 15 parte III), "Ensino multidisciplinar em saúde (no 16 parte II), "A cidade com saúde: suas funções, seu futuro" (no 20 parte III). Isso porque considero importantes as ligações apontadas entre a percepção do social e individual da saúde, bem como as dificuldades para melhorar as relações no binômio academia x serviços.

Esses trabalhos têm sido utilizados para leituras dirigidas aos alunos de pós-graduação e lhes são, no geral, extremamente úteis.

O interesse do livro é grande, pela amplitude de assuntos e a facilidade de identificação permitida pelas pequenas ementas.

Evelin Naked de Castro Sá

Departamento de Prática de Saúde Pública — FSP/USP

Mulher, saúde e sociedade no Brasil, organizado por Maria Eliana Labra, Petrópolis, Vozes, 1989. 302 p. (Coleção Saúde e Realidade Brasileira, no 4).

De inegável interesse social e político para a questão feminina, a presente coletânea compõe-se de 14 artigos, reunidos, conforme notas de contracapa, em diferentes momentos, com conteúdos não homogêneos, e em diferentes circunstâncias.

Estão agrupados, para diminuir a heterogeneidade, em três partes: Parte I, — "Ser mulher", com "Biologia e história", "Medicina e bruxaria: algumas considerações sobre o saber feminino", "A mulher e a psicanálise: algumas questões sobre a feminilidade" e "Maternidade e mães"; Parte II — "A questão feminina em dados": com "Mulher brasileira: muito prazer", " A mão-de-obra feminina no setor saúde no Brasil", "Características da mortalidade da mulher brasileira", "Câncer na mulher: uma prioridade no Brasil?", "A violência contra a mulher: uma questão de saúde"; Parte III — "Saúde da mulher: mudando saberes, práticas e políticas", com "Questões feministas para a ordem médica: o feminismo e o conceito de saúde integral", "Construindo a política a partir da vida pessoal: discussões sobre sexualidade entre mulheres pobres no Brasil", "A mulher e os serviços de saúde", e "Mulheres pesquisando mulheres: uma experiência na área da saúde".

Estes assuntos listados correspondem aos diferentes trabalhos reunidos na coletânea, que tem, também, prefácio, apresentação e, em anexo, a "Carta de Itapecerica".

É dever de ofício que eu cuide de separar, a grosso modo, as várias utilidades não mutuamente exclusivas da presente coletânea. Em primeiro lugar, os trabalhos de denúncia da condição feminina, que alertam para a premência de reformas nas políticas públicas, que permitam a "presença" da mulher; em segundo lugar, os trabalhos que contribuem para a mudança do "conteúdo" das políticas. E, em terceiro lugar, os trabalhos que contribuem para a melhoria de condições de implantação das políticas.

Isso porque, como docente das áreas de ciências sociais e administração geral e pública, vejo interdependência das duas primeiras como suscitadoras da problemática. Mas tenho vivenciado que, sem, a terceira, fica-se no espaço sociológico da narrativa, sem nenhuma condição prática de forçar mudança efetiva, por falta de um trato organizatório das ações (que, por assim dizer, "instrumente" a Carta de Itapecerica). Em outras palavras, é preciso fazer uma ponte eficaz e efetiva entre o discurso e a ação. As questões levantadas e narradas ilustram bem o quanto já se tem de "diagnóstico" da situação da mulher.

Embora amplamente explicado no propósito do livro, a variedade de épocas dos dados vitais (ver principalmente Parte II — "A questão feminina em dados" e o trabalho no 12 — "A mulher e os serviços de saúde"), conviriam que fosse completada com dados mais recentes, mais indicativos, do tipo WHO, como, por exemplo, "Situação Mundial da Infância -1989" da Unicef, de modo a equalizar, no tempo, os dados quantitativos.

Nelly Martins Ferreira Candeias

Departamento de Prática de Saúde Pública — FSP/USP

Personal health: appraising behavior, by Phyllis G. Ensor et al. 2nd cd. New York, John Wiley, 1985. 547 p.

O livro divide-se em 18 capítulos, tal como se enumera a seguir: Promoção da Saúde e Você; Saúde Mental e Emocional; Controle de Stress; Problemas de Saúde Pessoal; Uso e Abuso de Drogas; Álcool e Bebidas; Tabagismo e Saúde; Segurança e Proteção Ambiental; Aptidão Holística; Dieta e Nutrição; Produtos Ligados à Saúde e Serviços; Relacionamento Sexual; Reprodução e Saúde da Família; Doenças Sexualmente Transmissíveis; Doenças Crônicas e Degenerativas; Doenças Contagiosas; Envelhecimento com Dignidade; Morte e ao Ato de Morrer.

Cada capítulo começa com o que os autores denominam de "Desafio à Saúde Pessoal". Com isto pretende-se que os leitores se interessem pelos tópicos e se motivem em relação aos assuntos discutidos. No fim de cada capítulo apresentam-se trechos denominados "Discussão: e Você?" Estes foram delineados para levar o leitor a tomar decisões pertinentes à dimensão de saúde explorada naquele capítulo. Além disso, o livro inclui "Avaliações de Saúde Pessoal" (Personal Health Appraisal), permitindo que cada um se localize em um contínuo de maior ou menor risco de vida. O enfoque do texto é prático, por isso diverte ao mesmo tempo que instrui.

Evelin Naked de Castro Sá

Departamento de Prática de Saúde Pública-FSP/USP

Políticas de salud en América Latina: aspectos institucionales de su formulación, implementación y evaluación, editado por David Gómez Cova. Caracas, Centro Latinoamericano de Administración para el Desarrollo, 1988. 421 p.

O seminário "Aspectos institucionais na formulação, implementação e avaliação de políticas de saúde", realizado em maio de 1987, em São José da Costa Rica, foi realizado com uma metodologia que compreendeu conferências que estruturavam os marcos conceituais, seguidos de plenárias, e a organização de três grupos de trabalho de base regional: Grupo Centro-Americano, Grupo do Pacto Andino e Grupo do Cone-Sul e México. A esses grupos se juntaram funcionários dos organismos internacionais que promoveram o Seminário: Organização Panamericana de Saúde — OPAS, Centro Lationamericano de Administração para o Desenvolvimento — CLAD, Oficina Regional da OMS para as Américas, Instituto Lationamericano e do Caribe para Planejamento Econômico e Social — ILPES e o Governo da Costa Rica.

O presente livro é a memória do Seminário e consta de motivação e objetivos da obra, Parte I — Aspectos conceituais com 4 artigos, Parte II — Experiência nacionais, compreendendo relatos da Argentina, Bolívia, Brasil, Costa Rica, Chile, Equador, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Peru, El Salvador, Uruguai e Venezuela. Parte III — Condições e recomendações do Seminário e Parte IV — Lista de participantes. Pelo Brasil, participou Eleutérico Rodrigues Neto, então como assessor da Presidência da República.

É freqüente a preocupação com a distância existente entre a formulação de uma política pública e sua execução. Temos tido muitas obras a debater este aspecto, como por exemplo, Thompson, em seu livro: Health policy and the bureancracy: politics and implementation —", pois atenta-se para a problemática, desde a origem no fazer a política de modo irreal e pouco claro, até as dificuldades externas à própria política e à burocracia, de implementar a política, de colocá-la em execução.

Este é um livro que, além de estar nessa linha, traz outras contribuições didáticas. Trata-se, em primeiro lugar, de relatos de países não do Primeiro Mundo. E a América Latina, com seu elenco de problemas comuns, estruturais, históricos, mais próximos de nossa realidade.

Em segundo lugar, a parte I — Aspectos conceituais: aspectos institucionais de formulação, implementação e avaliação de políticas e programas de saúde, trazem o rigor dos referenciais teóricos dos melhores autores, além de referir-se como já mencionado, à realidade político/social da América Latina. Esse referencial teórico vai permitir que os alunos possam sair um pouco de suas ideologias para ver das necessidades de atender a certos requisitos da política social: clareza, objetividade, factibilidade, estratégia, custo, etc.

As quatro conferências suprem essa lacuna, porém eu os separo dois a dois. Os aspectos institucionais da formulação das políticas de saúde (Mário Fernandez) e a implementação (Jorge Alberto Mera) constituem o cerne do assunto, ao ressaltarem justamente aqueles pontos estratégicos, sem o atendimento dos quais a política está — a priori —, prejudicada. Enquanto que a avaliação de políticas de programas (Gastón Oxman e Bustamante & Portates) já não são inéditos quanto ao assunto e reforçam as colocações reais dos países da América Latina.

A exposição sobre o Brasil (pág. 145-177) por Eleutério Rodrigues Neto, compreende a descrição geral do país e da situação de saúde, história e estrutura vigente do sistema de atenção à saúde, problemas atuais, tendências, a reforma sanitária e os serviços de saúde (âmbito, o sistema de prestação de serviços as novas formas de organização e gestão; questões e problemas a serem superados). É representativa,da realidade, tem clareza na exposição e permite acompanhamento retrospecto-histórico do sistema de saúde. Porém, utiliza dados de épocas diferentes, a maioria referente a 1980, com alguns dados chegando a 1984. Necessita, ainda, ser complementada com os dispositivos correspondentes na Constituição Federal e na Estadual (no caso, São Paulo) e com o que se delineia para a(s) lei(s) orgânica(s) de município(s). Mas essas são complementações que podem levar os alunos, à uma maior motivação no entender a problemática de maneira atualizada.

As conclusões e recomendações do Seminário foram relatadas separadamente por cada grupo de trabalho (pág. 397 a 414). As conclusões gerais (414) englobam a preocupação dos participantes quanto às condições impostas pelos credores internacionais, que pressionam para cortes no setor público sem levar em conta o baixo gasto público em saúde. Os participantes consideram imperioso que, não só não haja cortes, como se implemente a aplicação de recursos no setor saúde, melhore a condição gestora do Estado e a continuação dos estudos sobre Políticas de Saúde. São propostos como temas prioritários de futuros seminários: integração/coordenação, descentralização, administração de pessoal, sistema de informações e desenvolvimento teórico de políticas de saúde.

As conclusões gerais, funcionando com resumo, repetem aspectos comuns da luta pela melhoria das condições de saúde. As conclusões parciais dos grupos — muito extensas para caberem aqui —, são de primordial importância pela objetividade e pertinência dos aspectos destacados. Estas últimas sugestões são mais úteis para aplicação didática.

O livro/seminário oferece oportunidade de utilização didática conjunta para as áreas de administração geral e pública, ciências sociais e políticas de saúde.

Nelly Martins Ferreira Candeias

Departamento de Prática de Saúde Pública — FSP/USPSP/USP

Primary health care in the making, edited by Ulrich Laaser et al. Berlin, Springer-Verlag, 1985.

A Conferência de Alma-Ata contribuiu para a reorientação do treinamento médico ao enfatizar os aspectos preventivos da doença em detrimento das discussões mais ortodoxas do nível curativo. Questões como as que se seguem parecem estar cada vez mais dentro de debates públicos: Até que ponto a Educação em Saúde é eficiente? A quem cabe de fato a prevenção primária?

Nestes termos, o livro intitulado "Primary health care in the making" propõe-se a discutir experiências relacionadas à complexa prática da Saúde Pública. Divide-se em quatro partes: I — O Médico e a Atenção Primária; II — Grupos Especiais na Atenção Primária; III — Educação em Saúde na Atenção Primária e, finalmente, IV — Programas Cooperativos da Prevenção na Atenção Primária em Saúde.

A primeira parte aborda os temas "Mudando a Mentalidade no Treinamento Médico" e "A Atenção Primária à Saúde pelo Médico e Pessoal Auxiliar". A segunda parte considera a atenção dirigida ao grupo materno-infantil, à adolescência, aos trabalhadores, doentes crônicos e migrantes, incluindo também estudos sobre riscos ambientais. Na terceira parte discute-se a Educação em Saúde pela participação, a aprendizagem através da experiência do Terceiro Mundo e modificações de comportamentos de risco como, por exemplo, o tabagismo. A quarta parte discorre sobre o controle da hipertensão e a promoção da saúde mediante o envolvimento leigo.

Este livro tem como proposta a divulgação de experiências práticas e cuidadosa análise de sua operacionalização. Esta é, a meu ver, sua principal virtude.

Carmen Vieira de Sousa Unglert

Departamento de Saúde Materno-Infantil-FSP/ USP

Primary medical care of children and adolescents, by William Feldman et al. New York, Oxford University Press, 1987. 266 p.

Os autores buscaram priorizar problemas comuns com que os pediatras se defrontam em seus consultórios. Dessa forma, o livro apresenta um enfoque voltado a problemas de crianças e adolescentes, sugerindo algumas técnicas de resolução que são atualmente utilizadas a nível de atenção primária. É dirigido a estudantes de medicina, pediatras, médicos de família e clínicos gerais, e utiliza perspectivas populacionais e métodos epidemiológicos na elaboração de hipóteses diagnósticas e indicação de tratamento.

Está estruturado em 28 capítulos, agrupados em duas seções: "Problemas físicos comuns na atenção primária" e "Crescimento, desenvolvimento e adaptação". Cada um dos capítulos segue uma estrutura padrão, onde inicialmente se abordam aspectos relativos à prevalência do problema de saúde enfocado. Em seguida, é estabelecido o estudo mais aprofundado dos sub-problemas na formulação de hipóteses diagnósticas. Finalmente, o tratamento de cada problema é discutido, acompanhado de uma análise crítica sobre a validade de cada sugestão terapêutica.

Dessa forma, na primeima seção são abordados, entre outros, problemas de saúde como: febre, problemas de vias aéreas superiores, vômito e regurgitação, problemas de pele, problemas urinários, desmaios e convulsões. Essa seção é encerrada por um capítulo dedicado a exames preventivos de saúde da criança, onde é ressaltada a atenção pré-natal e abordados diversos fatores de risco à saúde da criança. A segunda seção é dedicada a problemas relativos ao crescimento, desenvolvimento e adaptação de crianças e adolescentes, havendo, entre outros, capítulos dedicados a problemas comuns em recém-nascidos, problemas de alimentação, de comportamento, de aprendizagem, ansiedade, depressão e problemas de adolescência. São discutidos, ainda, problemas associados à hospitalização e aqueles devidos ao não seguimento da orientação médica. É, em suma, um livro importante para desmistificar a necessidade de utilização de tecnologias altamente sofisticadas no diagnóstico e resolução da maioria dos problemas de saúde da criança e do adolescente.

Isabel Maria Teixeira Bicudo Pereira

Departamento de Prática de Saúde Pública — FSP/USP

Program plainning for health education and health promotion, by Mark B. Dignan and Patricia A. Carr. Philadelphia, Lea & Febiger, 1987.160 p.

Este livro apresenta os elementos básicos do processo de planejamento e avaliação de programas de educação em saúde comunitária. O conteúdo é distribuído através de seis capítulos, de forma extremamente didática, possibilitando a compreensão do leitor sobre cada procedimento inerente ao processo de planejamento.

No primeiro capítulo os autores apresentam e explicam um modelo de planejamento que constitui o marco conceitual do livro e que nos capítulos subseqüentes é detalhado e analisado com profundidade.

Nos capítulos 2 e 3 são discutidas as bases para o planejamento de programas, descrevendo os procedimentos necessários para realização do diagnóstico e análise da comunidade e apresentados métodos que podem ser utilizados na coleta de dados sobre comportamentos em saúde.

O capítulo 4 aplica a informação contida nos capítulos anteriores, visando à produção de um "plano".

O capítulo 5 versa sobre a implementação do plano elaborado, enfatizando a necessidade de nele estarem incluídas as especificações do que é necessário para operacionalizá-lo.

O capítulo 6 aborda o processo de avaliação com suas múltiplas implicações e complexidades.

O que torna este livro diferente e de leitura obrigatória, principalmente por educadores de saúde pública, é que ele distingue planejamento em Educação em Saúde de outros tipos de planejamento em saúde. Por outro lado, como nas áreas de educação em saúde e promoção da saúde nem sempre os efeitos podem ser mensurados com precisão, os autores sugerem a adoção de métodos qualitativos de avaliação, cujo instrumental tem potencialidade para explicar e esclarecer resultados quantitativos.

Finalmente, consideramos que o presente livro constitui referencial teórico de consulta obrigatória e indispensável para todos aqueles que participam de alguma forma do processo de planejamento na área de educação em saúde e da promoção da saúde.

Midori Ishii

Departamento de Nutrição — FSP/USP

Seafood nutrition: facts, issues and marketing of nutrition in fish and shellfish, by Joyce A. Nettleton. Huntington, New York, Osprey Biiks, 1985. 280 p.

É um livro, em sua 2a edição (1985), enfocando a temática sobre o papel dos produtos marinhos, associados à alimentação humana na sociedade contemporânea. O ponto central da coletânea é a abordagem da composição química do óleo de pescado e sua ação protetora na saúde. O assunto é amplo, apresentado em nove Capítulos — 248 p., com três Anexos, 358 Referências e o índice. Seguem-se, em seqüência, as proposições da publicação: significado dos produtos do mar frente ao consumo humano; química fisiológica; conteúdo dos macro e micronutrientes, inclusive, também, o ácido graxo Omega-3 e o colesterol; aditivos diretos e indiretos em pescados; conseqüências nutricionais pelos métodos usados para o processamento; aspectos nutritivos do pescado submetido à cocção e processos de industrialização; problemática da rotelagem de produtos pesqueiros; relação de produtos marinhos com a boa saúde e mercadologia pesqueira interligada à nutrição. Apresenta, ainda, tabelas da composição química centesimal dos produtos do mar, especificados em peixes filetados de água salgada e do grupo de moluscos e, dados por país - Hawai e Nova Zelândia. Contém, também, o teor aproximado de sódio de pescados enlatados. Nos Anexos encontram-se: Conceituação de características e métodos de cocção adotados na pesquisa de NFPA — National Food Processors Association, Washington, DC, USA; descrição da metodologia para obtenção da amostra dos produtos do mar analizados no estudo NFPA e definição americana sobre aditivos.

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    Esquematicamente, essas visões de mundo emprestariam características diferenciadoras à
    ciência e à
    existência:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      06 Out 2004
    • Data do Fascículo
      Fev 1990
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