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RESUMOS DE LIVROS

Evelin Naked de Castro Sá

Departamento de Prática de Saúde Pública - FSP/USP

Administração de recursos humanos nas instituições de saúde, por Ernesto Lima Gonçalves. São Paulo, Pioneira, 1987. 139 p.

O presente livro traz, em 6 capítulos, assuntos que podem ser englobados na Teoria das Organizações, na Administração Geral e, especificamente, na Administração de Pessoal. Isso porque as abordagens feitas passam por todas essas áreas de conhecimento, tangenciando bem como, tratando da dicotomia Recursos Humanos X Administração de Pessoal sob a ótica das instituições de Saúde. De fato, há uma seqüência: o capítulo 1 trata das organizações no mundo moderno; o capítulo 2 refere-se ao homem e a organização; o capítulo 3 inicia uma análise institucional das organizações prestadores de serviços, destacando o hospital em sua estrutura e administração; o capítulo 4 trata dos aspectos gerais e específicos na administração de recursos humanos no contexto hospitalar. Já o capítulo 5 é descritivo das funções de administração de pessoal, analisando a procura, o desenvolvimento, manutenção, relacionamento e pesquisa. O capítulo 6 enfoca a localização e extensão de recursos humanos no hospital (e aqui dá as atribuições da unidade, a quantificação e distribuição de pessoal e um exemplo prático como um hospital geral de 300 leitos) e em instituição ambulatorial: Centros de Saúde I, II e III, (também como um exemplo prático para uma unidade destinada a uma população de 100.000 pessoas).

As referências bibliográficas estão distribuídas pelos capítulos onde são citadas.

Um dos insumos básicos nas organizações da saúde é o representado pelo pessoal e é em torno desse insumo que o livro se organiza. Como já dissemos, há uma seqüência dos capítulos e, para este insumo — pessoal —, toda uma colocação é feita desde a teoria das organizações. Assim, os 3 primeiros capítulos se prestam a estudar qualquer outro insumo nas organizações. É a partir do 4.º capítulo que se torna mais específico, e, portanto, de maior utilidade para os administra, dores gerais e de pessoal, pois estes são executivos que, se devem conhecer a teoria organizativa, devem também saber mais o que fazer, na prática. Há um destaque do hospital como instituição prestadora de serviço, mas não necessariamente um hospital público. Já a instituição ambulatorial usada como exemplo é tipicamente estadual.

São inegáveis a utilidade e a abrangência dada ao assunto. Porém, o livro carece, no meu entender, de mais elementos para o administrador público, quais sejam: a hierarquia de poderes e as atribuições e competência nos sistemas de administração geral (entre elas o da administração de pessoal) na Administração Pública, as diferenças fundamentais advindas de figuras jurídicas das instituições (ex.: a administração de pessoal numa empresa de economia mista, num hospital autárquico de ensino, de unidade ambulatorial e/ou hospitalares da administração direta, como no caso da rede da Secretaria de Estado de Saúde), etc.

Também devo citar que o exemplo prático de unidade ambulatorial está baseado em legislação de 1972 — um valioso trabalho do Dr. Décio Pacheco Pedroso, então Coordenador da Saúde da Comunidade da Secretaria de Estado da Saúde. Não é por ser um modelo já antigo que fazemos a observação, mas sim porque o modelo da Portaria SS — CG 8/72 não foi — e não pôde ser implantado. O que mostro é que deixou de ser considerada a importância estratégica do sistema de administração geral na administração pública paulista. O modelo dimensionado na Secretaria da Saúde não pôde ser desenvolvido, seja porque não era prioritário a nível de governo, seja porque não havia massa crítica de força de trabalho nos moldes propostos, seja pela política salarial, etc.

Recomendo a leitura do livro para administradores e técnicos envolvidos em planejamento e organização de serviços e unidades de saúde. As ressalvas feitas, que em nada diminuem a apreciação da obra, apenas procuram situar os pontos mais objetivos para o planejamento e gerência de recursos humanos na Administração Pública.

Gilberto Ribeiro Arantes

Departamento de Epidemiologia - FSP/USP

Diagnóstico e tratamento da tuberculose: perguntas e respostas, por K. Toman. Lisboa, Organização Mundial da Saúde / União Internacional Contra a Tuberculose, 1986. 258 p.

Apresentado sob a forma de perguntas e respostas este manual contém a maioria das questões que se apresentam no dia a dia dos profissionais de Saúde Pública envolvidos com as atividades de controle da tuberculose. As respostas sintetizam com muita clareza e concisão o conhecimento a respeito da busca de casos de tuberculose e o seu tratamento, produzidos até o final da década de 70 e divulgados em inúmeras publicações.

No capítulo dedicado ao diagnóstico, o Autor apresenta os resultados dos estudos que fundamentaram a reviravolta havida na sistemática de localização dos casos dessa doença, o qual deixou de ser baseada no cadastramento abreugráfico em massa para se apoiar no exame bacteriológico do escarro de consultantes das unidades gerais de saúde, portadores de sintomas respiratórios. São apresentados ainda, resultados de pesquisas demonstrando a grande margem de erro existente na interpretação do exame radiológico do tórax no que concerne à presença ou ausência de processo tuberculoso ativo.

No segundo capítulo são apresentados os princípios básicos que orientaram a moderna quimioterapia antituberculosa, bem como seus fundamentos operacionais. A importância da regularidade e continuidade do tratamento é devidamente enfatizada, salientando-se o papel do médico nesse sentido. Os mecanismos da resistência bacteriana, os critérios para a solicitação de testes de sensibilidade aos quimioterápicos e as razões para o insucesso da quimioterapia também foram devidamente abordados, da mesma forma que a questão relativa ao lugar ocupado pelo tratamento institucional.

A revisão a respeito da quimioterapia de curta duração, apesar de condensar didativamente uma série de resultados de estudos controlados, corretamente conduzidos, ficou limitada ao final dos anos 70, quando foi publicada a edição original em língua inglesa.

Apesar de seu caráter eminentemente prático, é uma obra de grande valia inclusive para os profissionais dedicados ao ensino e à pesquisa relacionados com o controle da tuberculose.

Ana Maria Dianezi Gambardella

Departamento de Nutrição - FSP/USP

Economia da alimentação e nutrição, por Antonio Carlos Coelho Campino. São Paulo, Instituto de Pesquisas Econômicas, 1985. 238 p.

Já há algum tempo os profissionais da área de nutrição perceberam que o problema alimentar dos povos não seria simplesmente resolvido, com a colocação, em prática, de conceitos que hoje poderiam ser tido como estereotipados. Tal consciência fez com que profissionais da área de ciências sociais, economistas, administradores, e outros viessem a subsidiar a área de nutrição, no intuito de levar em conta, além dos aspectos puramente médico-nutricionais, os aspectos da ignorância, hábitos culturais confrontantes a boa saúde e nutrição, custo de vida, renda e outros fatores intervenientes permeados na população enfocada.

Antonio Carlos Coelho Campino no seu "Economia da Alimentação e Nutrição" aborda claramente o aspecto multidisciplinar necessário à compreensão do problema nutricional, bem como faz referência a essa preocupação ter ocorrido inicialmente nos Estados Unidos e, apenas, recentemente na Europa.

Em seu trabalho, o autor procura fazer com que profissionais das outras áreas se familiarizem com a terminologia básica da área de nutrição. Ainda, busca dar uma visão técnica sobre disponibilidade de alimentos no mundo (projeções de produção, condições de armazenamento e algumas perspectivas tecnológicas) e no Brasil. A exemplo da visão tida em outros países, procura identificar os fatores responsáveis pela situação nutricional em nosso país.

Campino, após dar ao leitor uma visão ampla da avaliação nutricional no Brasil, conclui com sugestões e discussões de novas alternativas de política que possam ser propostas para melhorar as condições de alimentação e nutrição do país.

Antonio Carlos Rossin

Departamento de Saúde Ambiental - FSP/USP

Guidelines for planning community participation activities in water supply and sanitation projects; by Anne Whyte. Geneva, World Health Organization, 1986. 53 p. (OMS — offset publication, n.º 96).

Trata-se de uma publicação da Organização Mundial da Saúde (WHO offset publications n.º 96).

Recentemente, o conceito de participação da comunidade na solução de problemas de saúde tem assumido um papel importante não só no planejamento como na execução de programas de saúde. Tanto em cuidados primários de saúde como em programas de abastecimento de água e coleta de dejetos, isto tem acontecido e se mostra essencial para o sucesso dos programas. Esta publicação foi preparada em experiências de participação comunitária onde o autor se baseou conceitualmente. São apresentados guias (check list) simples e bastante compreensíveis forçando o planejador a responder "o que, quando, onde, porque, como e quem"; questões estas relacionadas com o processo de participação comunitária.

O texto está distribuído em 6 capítulos cujos títulos são: Introdução, Verificação do Potencial para uma Participação Comunitária, Objetivos e Prioridades do Programa, Plano de Apoio à Comunidade Nacional e Regional, Plano a Nível de Comunidade e de Projeto, Avaliação. Dentro de cada capítulo estão os respectivos guias num total de 12.

Trata-se de uma primeira versão preparada pela Dra. Anne Whyte e pelo Centro de Referência Internacional para Abastecimento de Água à Comunidade, em Haya, Holanda, e analisado por mais de 40 especialistas que a enriquecem com seus comentários.

Por se tratar de uma primeira apresentação, a Organização Mundial de Saúde reconhece que são necessários a sua aplicação e o seu aprimoramento através de comentários dos usuários.

Januário de Andrade

Departamento de Prática de Saúde Pública - FSP/USP

Nutrition and heart disease; edited by Elaine B. Feldman, New York, N.Y., Churchill Livingstone, 1983. 219 p. (Contemporary Issues in Clinical Nutrition, v. 6).

A análise da qualidade da vida da população em geral tem levado inúmeros pesquisadores a estudarem a relação entre fatores nutricionais e a etiopatogenia da doença coronariana, da hipertensão arterial, das cardiomiopatias, da obesidade, do diabetes. De outro lado, tem sido demonstrado que o exercício físico intenso pode aumentar os níveis plasmáticos das proteínas de alta densidade no plasma humano, e que tais lipides protegem as artérias da formação de placas ricas em triglicérides e colesterol. Embora o agente etiológico da aterosclerose permaneça não identificado, a avaliação e a caracterização dos fatores de risco lipídico deve ser considerado de forma individual e coletiva.

Assim, a maior incidência de doenças coronarianas tem sido demonstrada, desde a década de 70 em pessoas que fazem uso de dietas ricas em ovos, carnes com elevado teor de gorduras, ácidos graxos saturados e nível calórico acima dos valores normais. Os lipides plasmáticos e as lipoproteínas, sua composição e concentração são regulados pelas influências genéticas e ambientais, e em especial pela dieta. As calorias, o álcool, os macro e micro-nutrientes exercem também os seus efeitos em muitos parâmetros influenciando os lipides plasmáticos e as lipoproteínas.

O trabalho de Feldman procurou esclarecer de forma didática e objetiva as principais dúvidas em relação a ação dos fatores nutricionais e aterogênese abordando os seguintes aspectos:

1. Estudos epidemiológicos da nutrição e sua relação com as doenças cardíacas mostrando que a avaliação dos fatores nutricionais foi realizada em humanos de forma retrospectiva, mais do que experimental, destacando a importância das dietas. Discute os 246 fatores de risco, sendo em grande número deles relacionados a dieta e os subdividem em fatores promotores, iniciadores, precipitadores e potencializadores. Na classificação geral, os fatores são constitucionais ou demográficos (16); ambientais (5); relacionados a hábitos, estilo de vida e psicológicos (54); relacionados a testes de coagulação e plaquetas (16); associações dietéticas com associação positiva (21); com deficiências dietéticas negativas (26) e o uso de drogas (6).

2. Analisou as teorias nutricionais da aterogênese demonstrando que a influência da dieta na doença cardiovascular é complexa e que as principais alterações dietéticas são para a redução do colesterol.

3. Estudou a dieta e os lipides plasmáticos e as lipoproteínas salientando o papel do colesterol, triglicérides, VLDL, LDL, sendo este último o fator mais aterogênico.

4. Discute o papel das gorduras alimentares, plaquetas, prostaglandinas e os lipides plasmáticos. A doença aterosclerótica é a principal causa de morbidade e mortalidade e as alterações dietéticas ajudam na sua prevenção e tratamento, sendo que a recomendação básica é a substituição de gorduras saturadas por poli insaturadas, que têm uma ação anti trombótica no corpo humano, ou quando ocorrem modificações plaquetárias, ou na função da membrana de parede vascular ou por perturbação do mecanismo das prostaglandinas.

5. Revê e interpreta a absorção e o metabolismo do colesterol e outros esteróides e o seu papel na aterogênese. Se o equilíbrio entre entrada e saída de colesterol for alterada para mais, ela será depositada na parede arterial e poderá ocorrer aterosclerose e doença coronária.

6. Salienta o valor das fibras e carboidratos na dieta, lembrando que os pacientes diabéticos diminuem as necessidades de insulina, quando eles aumentam a ingestão de fibras na dieta.

7. Caracteriza as alterações que a obesidade determina em relação ao coração e salienta que o excesso de peso está relacionado diretamente com um aumento de morbidade e mortalidade por doença cardiovascular. A obesidade determina alterações hemodinâmicas devido a expansão do volume sangüíneo que leva a hipertrofia ventricular esquerda.

8. Mostra a importância do álcool e as doenças cardíacas, tendo sido relatado que o abuso de álcool é associada com doenças severas do músculo cardíaco. É relatado infarto do miocárdio em pacientes jovens, e em algumas pessoas provoca arritmias cardíacas. Os estudos epidemiológicos têm demonstrado relação entre o abuso de álcool e a hipertensão e o aumento dos eventos coronários.

9. Vitaminas e sais minerais exercem ação na função cardiovasculares.

10. A variação da dieta prudente é preventiva e terapêutica. Ela não deve conter mais do que 30 mg de colesterol por dia com 50% de calorias a partir de carboidratos, 20% de proteínas e 30% de gorduras.

Gil Vianna Paim

Departamento de Prática de Saúde Pública - FSP/USP

Zoonosis y enfermedades transmisibles comunes al hombre y a los animales; por Pedro N. Acha y Boris Szyfres. 2. ed. Washington, D. C., Organización Panamericana de la Salud, 1986. 986 p. (Publicación Científica, n.º 503).

Trata-se de uma nova edição (2.ª edição), bastante ampliada e atualizada, de um livro muito útil particularmente para os profissionais que militam em saúde pública, bem como para os profissionais e estudantes de medicina e de veterinária.

O propósito, como insinua seu título, é discutir dois grupos de doenças transmissíveis: as zoonoses (ou seja, "doenças e infecções que se transmitem em forma natural entre os animais vertebrados e o homem", segundo a definição de um grupo de peritos em zoonoses da Organização Mundial de Saúde em 1958) e as enfermidades comuns ao homem e aos animais. No primeiro grupo, nas zoonoses, o reservatório do agente infeccioso é os animais e/ou o homem. No outro grupo, o reservatório não é nem os animais nem o homem, os quais contraem a infecção das mesmas fontes (na maioria das vezes do solo, como acontece por exemplo no tétano e na histoplasmose) e não têm um papel essencial no ciclo vital do agente etiológico, mas entretanto podem contribuir para a distribuição e transmissão da infecção.

O livro examina separadamente 174 destas doenças e está dividido em cinco partes, conforme a classificação dos agentes etiológicos:

Parte I: Bacterioses

Parte II: Micoses

Parte III: Clamidioses e Riquetsioses

Parte IV: Viroses

Parte V: Zoonoses parasitárias

Logo abaixo do título de cada enfermidade está indicado o número que lhe corresponde na Classificação Internacional de Enfermidades (9.ª revisão, 1975). O debate de cada doença está subdividido em itens: sinonímia, etiologia, distribuição geográfica, ocorrência no homem, ocorrência nos animais, a enfermidade no homem, a enfermidade nos animais, fonte de infecção e modo de transmissão, papel dos animais na epidemiologia, diagnóstico e controle. Segue-se uma relação das principais referências bibliográficas.

Esta forma de discussão evidenciando tanto o aspecto médico como o aspecto veterinário, os quais normalmente são tratados separadamente em diferentes textos, dá uma visão completa da infecção e oferece ao leitor um conjunto de conhecimentos integrado, atualizado e sucinto sobre cada uma destas doenças.

Em muitos casos, o texto inclui ilustrações esquemáticas, e muito úteis didaticamente, que permitem uma rápida visualização do ciclo básico (linhas cheias) e das infecções acidentais (linhas tracejadas) e que orientam o estudante sobre os reservatórios da infecção e sobre os principais mecanismos de transmissão do agente.

Ao final do livro encontram-se dois anexos: o Anexo I sobre zoonoses e enfermidades comuns ao homem e aos animais, transmitidos por alimentos, e o Anexo II que registra definições sobre termos de uso corrente em epidemiologia.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Jan 2005
  • Data do Fascículo
    Out 1987
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