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Distrito Sanitário: o processo social de mudança das práticas sanitárias do Sistema Único de Saúde

RESENHAS

Distrito Sanitário: o processo social de mudança das práticas sanitárias do Sistema Único de Saúde, coletânea organizada por Eugênio Vilaça Mendes, Editora Hucitec/Abrasco, 1993.

Recentemente, os profissionais das áreas denominadas "da saúde e afins", tem se enriquecido com a contribuição de um grande número de publicações, que procuram refletir sobre políticas publicas, políticas sociais, ética, movimentos sociais, condições de vida, lazer, acesso aos bens coletivos, cidadania, entre outros temas, que, já há um bom tempo, fazem parte dos estudos de diversos profissionais.

Há que se ressaltar, no entanto, que muitas vezes a incorporação destas discussões e reflexões não ultrapassa os jardins das universidades, escolas ou organismos nacionais-internacionais citados como locus de reconhecida "competência" para este tipo de trabalho.

Nesta direção, a coletânea organizada por Eugênio Vilaça Mendes destaca-se por se propor a ir além dos jardins.

Como adianta o próprio autor na introdução da coletânea, está é -"destinada a ser utilizada, como material de reflexão, por aqueles profissionais de saúde que, concretamente, trabalham nos serviços de saúde..." Sem sermos piegas, e tentando não nos resvalarmos para o outro extremo, o livro encontra-se entre aqueles com pretensão, tão saudável de estender o debate para um grupo maior de sujeitos. Sem dúvida, seja para quem já conheceu os textos de forma dispersa, ou para quem vai le-los pela primeira vez, a organização feita por Mendes, de forma direta, didática e convidativa, nos ajuda a repensar alguns momentos das políticas de saúde no Brasil, ocorridos de 1987 para cá, que merecem ser lidos e/ou relembrados.

Na primeira parte do livro, o autor assume escrever de forma posicionada sobre a discussão de nossos tempos: o pensamento neoliberal, a questão do Estado e as políticas de saúde no Brasil na década de 1980.

Ao analisar de forma estrutural e descritiva o período, o autor resgata planos, metas e programas governamentais da década de 1980. Isto nos possibilita referenciar, em muitos momentos, a inconstância e o revezamento de grupos no poder no período. Além disso, permite passar-nos à fantástica dimensão (ou será ilusão?) do mundo das siglas. Algumas, passaram tão depressa, que nem conseguimos lembrar direito, como foram denominadas por extenso (viraram entidades!). Mas se nossa memória em alguns casos nem consegue acompanhar tanta velocidade, que dirá então quem sofreu as ações decorrentes de tantos planos e metas? E, o período citado pelo autor foi apenas a década de 80!

Na segunda parte do livro, onde começam os textos dos demais autores, são introduzidos alguns conceitos que permearam as distintas experiências ocorridas em diversas localidades no Brasil, e que são relatadas pelo grupo de profissionais que estiveram mais próximos do autor neste processo.

A breve discussão sobre conceitos merece ser analisada atentamente pelo leitor, pois permite uma série de indagações, além das levantadas pelos próprios autores.

Mendes propõe-se, antes de tudo, a construir subsídios para que o leitor ensaie suas próprias respostas.

Maria da Penha Costa Vasconcellos

Professora do Departamento de Prática de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública/USP

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Jun 2008
  • Data do Fascículo
    1993
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