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Heart transplants for patients with Chagas' heart disease

A indicação do transplante cardíaco para o tratamento da miocardiopatia chagásica apresenta controvérsias. A infecção pelo T. cruzi, influenciada pelo uso de drogas imunossupressoras, poderia recorrer aguda ou cronicamente no paciente, comprometendo o enxerto. Revisamos os resultados do transplante cardíaco para o tratamento da doença de Chagas. Entretanto, devido à limitada presença de publicações, descrevemos a evolução de 18 pacientes portadores de miocardiopatia chagásica após o transplante cardíaco ortotopico realizado no período de setembro de 1985 a abril de 1993 no Instituto do Coração. Os pacientes estavam em classe funcional III ou IV, ou II com episódios de taquicardia ventricular sustentada. O valor médio da fração de ejeção do ventrículo esquerdo por radioisótopos foi de 25±9% e a do ventrículo direito foi de 22±6%. A ciclosporina, a azatioprina e os corticóides foram as drogas básicas utilizadas para imunossupressão. A reativação da infecção pelo T. cruzi foi monitorizada periodicamente por métodos para detecção do parasita no sangue (creme leucocitário, esfregaço, cultura, xenodiagnóstico, inoculação em camundongos) e nos tecidos por análise de biópsia de miocárdio ou pele. Além disso, foram realizadas reações de fixação de complemento, hemaglutinação e imunofluorescência. Parasitemia foi detectada em 18 oportunidades em 13 pacientes. A reativação da doença de Chagas foi diagnosticada em 11 oportunidades em cinco pacientes. As manifestações mais comuns foram febre, nódulos subcutâneos e miocardite. Os episódios foram tratados com benzonidazol com sucesso. A função cardíaca manteve-se normal na evolução, apesar do comprometimento transitório durante episódios de miocardite em alguns pacientes. A presença de neoplasias foi uma complicação importante com o aparecimento de doença linfoproliferativa em três pacientes, sarcoma de Kaposi em dois e carcinoma espinocelular em um. A sobrevida foi de 83% no quarto mês e 54% no 12º mês. A sobrevida no grupo submetido ao transplante de agosto de 1991 a abril de 1993 foi de 100% no quarto mês e de 75% no final do primeiro ano. Os resultados demonstram que o transplante cardíaco foi associado a freqüentes episódios de parasitemia e reativação da doença de Chagas. Em período mais recente a mortalidade diminuiu, associada a redução das doses utilizadas de ciclosporina e a menor incidência de reativação da doença de Chagas.


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