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RESISTÊNCIA POLÍTICA SEM FOGO AMIGO: POR UMA IDEOLOGIA LINGUÍSTICA DAS MISTURAS EM NOSSA REVOLTA

POLITICAL RESISTANCE WITHOUT FRIENDLY FIRE: FOR A LINGUISTIC IDEOLOGY OF MIXTURES IN OUR REVOLT

RESUMO

Testemunhamos, na atualidade, a invasão da cultura beligerante em diversas esferas da vida social, inclusive, na política. Com o populismo de direita se alastrando em escala mundial, um olhar atento à maneira como a linguagem está sendo operacionalizada por líderes políticos e seus/suas apoiadores/as se faz necessário (HODGES, 2020HODGES, A. (2020). When words Trump politics: resisting a hostile regime of language. California: Stanford University Press.). O mesmo pode ser afirmado em relação às crenças linguísticas que orientam as nossas interpretações sobre as formas e os usos das línguas e nossos modos de acionar resistência política. Neste trabalho, investigamos três tuítes de críticas direcionadas às performances discursivas de Abraham Weintraub, ex-Ministro da Educação do governo de Jair Bolsonaro, quando a norma padrão da língua portuguesa foi por ele violada. Visamos investigar as ideologias linguísticas que guiam tais críticas, avaliando os efeitos que produzem nos projetos políticos interessados em defender os direitos de grupos sociais marginalizados. Para nossas análises, utilizamos os construtos teórico-analíticos de iconização, recursividade fractal e apagamento (GAL & IRVINE, 2019GAL, S.; IRVINE, J. T. (2019). Signs of difference: language and ideology in social life. Cambridge: Cambridge University Press.). Os resultados do estudo indicam que modos de resistência orientados por ideologias linguísticas que defendem um ideal puro de língua endossam sentidos negativos associados aos recursos linguísticos populares e, por extensão, às categorias sociais dos/as excluídos/as. Defendemos as ideologias linguísticas das misturas (PINTO, 2013PINTO, J. P. (2013). Prefiguração identitária e hierarquias linguísticas. In. MOITA LOPES, L. P. (ORG.). Português no século XXI: Cenário Geopolítico e sociolinguístico. São Paulo: Parábola. p. 120-143.; FABRÍCIO & MOITA LOPES, 2019FABRICIO, B. F.; MOITA LOPES, L. P. (2019). Transidiomaticity and transperformances in Brazilian queer rap: toward an abject aesthetics. Gragoatá, [S.l.], v. 24, n. 48, p. 136-159, apr. Disponível em: <https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/33623>. Acesso em: 16 oct. 2020.
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) como um caminho possível para pensarmos práticas de resistência política que sejam, de fato, comprometidas com pautas inclusivas e de justiça social.

Palavras-chave:
ideologia linguística; política; resistência; misturas

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