Acessibilidade / Reportar erro

"I think this question is very relevant nowadays...": investigando categorias e padrões de modalidade na escrita de aprendizes brasileiros de língua inglesa

Abstracts

This article uses computer learner corpora to compare the variety and frequency of some modal expressions in the writing of university-level EFL students and native speakers. Even though the prime focal point of the investigation is Brazilian EFL writers, the author recurrently relies on comparisons with Spanish and Czech EFL writers in an effort to determine whether certain characteristics of Brazilian EFL writing are likely to stem from mother tongue interference, or are, by and large, shared by EFL writers of different language settings. The study is based on four 33,000-word sub-corpora and takes into account not only modal auxiliary verbs but also a broader variety of modal devices, such as lexical verbs and adverbs with a modal value. Results reveal an overall overuse of modal expressions by all EFL writers, a propensity which may be partially developmental, and partially interlingual. The study also discovers evidence of register interference, where the learners appear to transfer patterns of use from spoken English into their writing, and particularly a high-degree of topic sensitivity in the use of particular modals. It concludes by arguing for the necessity to offer learners a broader variety of modal expressions including larger sentence patterns and modal phrases.

corpus linguistics; modality; academic writing


Este artigo emprega corpora de aprendizes armazenados em formato eletrônico para comparar a variedade e freqüência de algumas expressões modais na escrita de aprendizes universitários de inglês como língua estrangeira (EFL) e na escrita de falantes nativos de inglês. Embora o foco principal da investigação recaia sobre a escrita de aprendizes de EFL brasileiros, o autor freqüentemente utiliza corpora de EFL de aprendizes espanhóis e tchecos para fins comparativos, na tentativa de determinar se certas características da escrita dos aprendizes brasileiros provavelmente advém de interferências da língua materna, ou são, em grande parte, compartilhadas por aprendizes de EFL de outras nacionalidades. O estudo é baseado em quatro sub-corpus de 33,000 palavras e leva em consideração não apenas verbos auxiliares modais, mas também uma grande variedade de dispositivos modais tais como verbos lexicais e advérbios modais. Os resultados revelam um emprego demasiado de expressões modais por parte dos aprendizes de EFL, tendência esta que pode ser atribuída ao atual estágio de desenvolvimento desses aprendizes, e parcialmente a uma característica da interlíngua. O estudo também mostra evidências de interferências de registro, onde os aprendizes parecem transferir padrões de uso do inglês falado para a sua escrita, e particularmente um alto grau de sensibilidade ao tópico no uso de certos modais. O artigo conclui discutindo a necessidade de oferecer a esses aprendizes uma variedade maior de expressões modais que incluam padrões de orações e frases modais mais extensas.

lingüística de corpus; modalidade; escrita academica


ARTIGOS

"I think this question is very relevant nowadays...": Investigando categorias e padrões de modalidade na escrita de aprendizes brasileiros de língua inglesa

Leonardo Recski Ramos* * Agradecimentos: Gostaria de agradecer os comentários e sugestões de dois pareceristas anônimos, bem como a minha orientadora e amiga Dra. Viviane Heberle. Quaisquer contradições ou problemas que persistam são de minha inteira responsabilidade. 1 Corpora não anotados não contêm informações sobre a classe gramatical de cada palavra. Por exemplo, em um corpus sintaticamente anotado através do CLAWS tagger o verbo modal can seria anotado como <w VM>can, ao passo que o substantivo can seria anotado como <w NN1>can, onde VM = verb modal e NN1 = substantivo no singlar. 2 Para informações mais detalhadas sobre o projeto Br-ICLE consulte Sardinha (2000) ou acesse www.lrecski.hpg.com.br. 3 O ICLE contém composições argumentativas escritas por aprendizes de EFL de 14 diferentes nacionalidades. O LOCNESS é formado por composições que são tanto argumentativas quanto literárias escritas por alunos universitários britânicos e americanos. Vide Granger (1998b, p.13). 4 O FROWN corpus foi compilado para ser equivalente ao BROWN e LOB corpora com a diferença de conter amostras de inglês americano representativo do início da década de 90. Para maiores informações acesse o site http://khnt.hit.uib.no/icame/manuals/frown/INDEX.HTM. 5 Uma análise contrastiva entre MICASE e FROWN revelou que can, could, will, would e have to são todos preponderantes em inglês falado O número de ocorrências encontradas nos dois corpora a cada 10000 palavras foi o seguinte: (a) MICASE: can (52,1), could (18,3), will (21,5), would (32,8), e have to (13,2); e (b) FROWN: can (21,7), could (16,5), will (19,9), would (25,5), e have to (3,3). Vide também Biber et al. (1999: § 6.6) para maiores informações sobre a preponderãncia de verbos modais em registros orais.

(Doutorando - UFSC)

RESUMO

Este artigo emprega corpora de aprendizes armazenados em formato eletrônico para comparar a variedade e freqüência de algumas expressões modais na escrita de aprendizes universitários de inglês como língua estrangeira (EFL) e na escrita de falantes nativos de inglês. Embora o foco principal da investigação recaia sobre a escrita de aprendizes de EFL brasileiros, o autor freqüentemente utiliza corpora de EFL de aprendizes espanhóis e tchecos para fins comparativos, na tentativa de determinar se certas características da escrita dos aprendizes brasileiros provavelmente advém de interferências da língua materna, ou são, em grande parte, compartilhadas por aprendizes de EFL de outras nacionalidades. O estudo é baseado em quatro sub-corpus de 33,000 palavras e leva em consideração não apenas verbos auxiliares modais, mas também uma grande variedade de dispositivos modais tais como verbos lexicais e advérbios modais. Os resultados revelam um emprego demasiado de expressões modais por parte dos aprendizes de EFL, tendência esta que pode ser atribuída ao atual estágio de desenvolvimento desses aprendizes, e parcialmente a uma característica da interlíngua. O estudo também mostra evidências de interferências de registro, onde os aprendizes parecem transferir padrões de uso do inglês falado para a sua escrita, e particularmente um alto grau de sensibilidade ao tópico no uso de certos modais. O artigo conclui discutindo a necessidade de oferecer a esses aprendizes uma variedade maior de expressões modais que incluam padrões de orações e frases modais mais extensas.

Palavras-chave: lingüística de corpus, modalidade, escrita academica.

ABSTRACT

This article uses computer learner corpora to compare the variety and frequency of some modal expressions in the writing of university-level EFL students and native speakers. Even though the prime focal point of the investigation is Brazilian EFL writers, the author recurrently relies on comparisons with Spanish and Czech EFL writers in an effort to determine whether certain characteristics of Brazilian EFL writing are likely to stem from mother tongue interference, or are, by and large, shared by EFL writers of different language settings. The study is based on four 33,000-word sub-corpora and takes into account not only modal auxiliary verbs but also a broader variety of modal devices, such as lexical verbs and adverbs with a modal value. Results reveal an overall overuse of modal expressions by all EFL writers, a propensity which may be partially developmental, and partially interlingual. The study also discovers evidence of register interference, where the learners appear to transfer patterns of use from spoken English into their writing, and particularly a high-degree of topic sensitivity in the use of particular modals. It concludes by arguing for the necessity to offer learners a broader variety of modal expressions including larger sentence patterns and modal phrases.

Key-words: corpus linguistics, modality, academic writing.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

  • AIJMER, K. (1996) I think - an English modal particle. In: T. SWAN & O. J. WESTVIK (Eds.) Modality in Germanic languages. Historical and comparativeperspectives Berlin: Mouton de Gruyter, p. 1-47.
  • _______. (1999) Epistemic possibility in an English-Swedish contrastive perspective. In: H. HASSELGÅRD & S. OKSEFJELL (Eds.) Out of corpora Amsterdam & Atlanta, GA: Rodopi, p. 301-323.
  • ALTENBERG, B. (1998) On the phraseology of spoken English: the evidence of recurrent word combinations. In: A. P. COWIE (Ed.) Phraseology: theory, analysis, and applications Oxford: Oxford University Press, p. 101-122.
  • ALTENBERG, B. & TAPPER, M. (1998) The use of adverbial connectors in advanced Swedish learner's written English. In: S. GRANGER (Ed.) Learner English on Computer London & New York: Longman, p. 80-93.
  • BARBARESI, L. (1987) 'Obviously' and 'certainly': Two different functions in argumentative discourse. Folia Linguistica,21, p. 3-24.
  • BIBER, D. (1988) Variations across speech and writing Cambridge University Press.
  • BIBER, D. & FINEGAN, E. (1988) Adverbial stance types in English. Discourse Processes, 11, p.1-34.
  • BIBER, D.; JOHANSSON, S.; LEECH, G.; CONRAD, S. & FINEGAN, E. (1999) Longman Grammar of Spoken and Written English Essex: Longman.
  • COATES, J. (1983) The Semantics of the Modal Auxiliaries Beckenham: Croom Helm.
  • DAGNEAUX, E. (1995) Expressions of epistemic modality in native and non-native essay-writing Unpublished MA dissertation. Département d'Etudes Germaniques, Université Catholique de Louvain.
  • DeCARRICO, J. (1986) Tense, aspect and time in the English modality system. TESOL Quarterly, 20, p.665-682.
  • GRANGER, S. (Ed.). (1998a) Learner English on Computer London & New York: Longman.
  • _______. (1998b) The computer learner corpus: a versatile new source of data for SLA research. In: GRANGER, S. (Ed.) Learner English on Computer London & New York: Longman, p. 3-18.
  • _______. (1998c) Prefabricated patterns in advanced EFL writing: Collocations and formulae. In: COWIE, A. P. (Ed.) Phraseology: theory, analysis, and applications.Oxford: Oxford University Press, p. 145-160.
  • GRANGER, S. & RAYSON, P. (1998) Automatic profiling of learner texts. In: GRANGER, S. (Ed.) Learner English on Computer London & New York: Longman, p. 119-131.
  • HEBERLE, V. (1997). An investigation of the textual and contextual parameters or women's magazines Tese de Doutorado. Programa de Pós-graduação em Letras/Inglês e Literatura Correspondente. UFSC.
  • HINKEL, E. (1995) The use of modal verbs as a reflection of cultural values. TESOL Quarterly, 29(2), p. 325-343.
  • HOLMES, J. (1988) Doubt and certainty in ESL textbooks. Applied Linguistics, 9, p. 21-44.
  • HORVATH, J. (2001) Advanced Writing in English as a Foreign Language: A Corpus-Based Study of Processes and Products Pecs: Lingua Franca Csoport.
  • HOYE, L. (1997) Adverbs and Modality in English London & New York: Longman.
  • HYLAND, K. & MILTON, J. (1997) Qualifications and certainty in L1 and L2 students' writing. Journal of Second Language Writing, 6(2), p.183-205.
  • KENNEDY, G. (1998) An Introduction to Corpus Linguistics London: Longman.
  • KROGVIG, I. & JOHANSSON, S. (1981) Shall, will, should and would in British and American English. ICAME News, 5, p.32-56.
  • LEECH, G. (1998) Learner corpora: what they are and what can be done with them. In: GRANGER, S. (Ed.) Learner English on Computer London & New York: Longman, p. xiv-xx.
  • LORENZ, G. (1998) Overstatement in advanced learners' writing: stylistic aspects of adjective intensification. In: GRANGER, S. (Ed.) Learner English on Computer London & New York: Longman, p. 53-66.
  • MINDT, D. (1995) An Empirical Grammar of the English Verb: Modal Verbs Berlin: Cornelsen.
  • PALMER, F. (1990) Modality and the English modal London & New York: Longman.
  • PERKINS, M. (1983) Modal Expression in English London: Pinter.
  • PETCH-TYSON, S. (1998) Writer/reader visibility in EFL written discourse. In: GRANGER, S. (Ed.) Learner English on Computer London & New York: Longman, p. 107-118.
  • RECSKI, L. (2002) The English Modal Auxiliary Must: A Corpus-Based Semantic-Syntactic Account. Revista da ABRALIN, 1(2), p.99-122.
  • _______. (no prelo) Negociando certeza e incerteza em escrita acadêmica em inglês.
  • RINGBOM, H. (1998) Vocabulary frequencies in advanced learner English: a cross-linguistic approach. In: GRANGER, S. (Ed.) Learner English on Computer London & New York: Longman, p. 41-52.
  • SARDINHA, T. (2000) O corpus de aprendiz BR-ICLE. DIRECT Papers 40. São Paulo: LAEL - PUC/SP.
  • *
    Agradecimentos: Gostaria de agradecer os comentários e sugestões de dois pareceristas anônimos, bem como a minha orientadora e amiga Dra. Viviane Heberle. Quaisquer contradições ou problemas que persistam são de minha inteira responsabilidade.
    1 Corpora não anotados não contêm informações sobre a classe gramatical de cada palavra. Por exemplo, em um corpus sintaticamente anotado através do CLAWS tagger o verbo modal
    can seria anotado como <w VM>can, ao passo que o substantivo
    can seria anotado como <w NN1>can, onde VM = verb modal e NN1 = substantivo no singlar.
    2 Para informações mais detalhadas sobre o projeto Br-ICLE consulte Sardinha (2000) ou acesse
    3 O ICLE contém composições argumentativas escritas por aprendizes de EFL de 14 diferentes nacionalidades. O LOCNESS é formado por composições que são tanto argumentativas quanto literárias escritas por alunos universitários britânicos e americanos. Vide Granger (1998b, p.13).
    4 O FROWN corpus foi compilado para ser equivalente ao BROWN e LOB corpora com a diferença de conter amostras de inglês americano representativo do início da década de 90. Para maiores informações acesse o site
    5 Uma análise contrastiva entre MICASE e FROWN revelou que
    can, could, will, would e
    have to são todos preponderantes em inglês falado O número de ocorrências encontradas nos dois corpora a cada 10000 palavras foi o seguinte: (a) MICASE:
    can (52,1),
    could (18,3),
    will (21,5),
    would (32,8), e
    have to (13,2); e (b) FROWN:
    can (21,7),
    could (16,5),
    will (19,9),
    would (25,5), e
    have to (3,3). Vide também Biber et al. (1999: § 6.6) para maiores informações sobre a preponderãncia de verbos modais em registros orais.
  • Publication Dates

    • Publication in this collection
      26 Nov 2013
    • Date of issue
      June 2005
    UNICAMP. Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) Unicamp/IEL/Setor de Publicações, Caixa Postal 6045, 13083-970 Campinas SP Brasil, Tel./Fax: (55 19) 3521-1527 - Campinas - SP - Brazil
    E-mail: spublic@iel.unicamp.br