Acessibilidade / Reportar erro

Novas e antigas luminosidades

New and old luminosities

Nuevas y antiguas luminosidades

Resumo

O texto tem o objetivo de analisar a leitura, entrelaçada às concepções de Lacan a respeito do olhar e do objeto a. Constitui-se de três partes: a primeira apresenta as ideias de Lacan sobre o objeto a, o olhar e a busca desse objeto; a segunda intenta mostrar que as chamadas novas tecnologias estão associadas a uma letargia ativa, que implica a perigosa ocorrência de uma cultura do descarte, corporificada nos cartões de memória desses dispositivos; a terceira parte discute, a partir das ideias anteriores, como pode ocorrer a inserção da leitura em sala de aula, seja com o uso das novas ou das antigas luminosidades.

Palavras-chave:
busca; novas luminosidades; leitura

Abstract

The objective of this text is to analyze the act of reading intertwined with Lacan's concepts of the gaze and objet petit a. The text is divided into three parts. The first part presents Lacan's ideas about object a, the gaze and the search for that object. The second attempts to show that the so-called new technologies are associated with a kind of active lethargy, which implies the dangerous occurrence of a discard culture embodied in the memory cards of those devices. The third part discusses, based on the ideas presented in preceding sections, how reading can take place in the classroom through the use of new or old luminosities.

Keywords:
search; new luminosities; reading

Resumen

El texto tiene el objetivo de analizar la lectura, entrelazada a las concepciones de Lacan sobre el mirar y el objeto a. Él ensayo se constituye de tres partes: la primera presenta las ideas de Lacan sobre el objeto a, el mirar y la busca de ese objeto; la segunda intenta mostrar que las así llamadas nuevas tecnologías están asociadas a un letargo activo, que implica la peligrosa ocurrencia de una cultura del descarte, corporeizada en las tarjetas de memoria de esos dispositivos; la tercera parte discute, a partir de las ideas anteriores, cómo puede ocurrir la inserción de la lectura en la clase, sea con el uso de las nuevas o de las antiguas luminosidades.

Palabras clave:
búsqueda; nuevas luminosidades; lectura

Eu vi os céus! Eu vi os céus!

Oh, essa angélica brancura

Sem tristes pejos e sem véus!/ [...]

E vi a Via Láctea ardente...

Vi comunhões... capelas... véus...

Súbito... alucinadamente.../

Vi carros triunfais... troféus...

Pérolas grandes como a lua...

Eu vi os céus! Eu vi os céus!/

Eu vi-a nua... toda nua! (Bandeira, 1996BANDEIRA, Manoel (1995). Estrela da vida inteira. São Paulo: Círculo do Livro., p. 99)

Mas Diadorim, conforme diante de mim estava parado, reluzia no rosto, com uma beleza ainda maior, fora de todo comum. Os olhos - vislumbre meu - que careciam sem beira, dum verde dos outros verdes, como o de nenhum pasto. E tudo meio se sombreava, mas só de boa doçura. Sobre o que juro ao senhor: Diadorim, nas asas do instante, na pessoa dele vi foi a imagem tão formosa da minha Nossa Senhora da Abadia! A santa... Reforço o dizer: que era beleza e amor, com inteiro respeito, e mais o realce de alguma coisa que o entender da gente por si não alcança (Rosa, 2001ROSA, Guimarães (2001). Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira., p. 511).

O olhar e o ver: duas ações; duas ordens diferentes. Uma parte do sujeito direciona-se às coisas, constitui a ordem do imaginário, nossas imagens; a outra, à impossibilidade do real, ao vazio que não se sutura; “o realce de alguma coisa que o entender da gente por si não alcança” incide sobre a falta a ser do sujeito, denominado, por Lacan, objeto a:

a importância que o sujeito dá à sua própria esquize está ligada ao que a determina - isto é, um objeto privilegiado, surgido de alguma separação primitiva, de alguma automutilação induzida pela aproximação mesma do real, cujo nome, em nossa álgebra, é objeto a [...] Na relação escópica, o objeto de que depende a fantasia à qual o sujeito está apenso numa vacilação essencial, é o olhar (Lacan, 1985LACAN, Jacques (1985a). Seminário 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.a, p. 83).

Vinculado à hiância, ao não realizado constitutivo do sujeito, esse objeto se mascara nos muitos carretéis lançados pelo sujeito e nos quais ele se enreda. Nas reiteradas formas que ele toma, na aparente novidade dos nossos lúdicos, está, como diria Lacan, o velamento da repetição, marca da sua alienação, trajeto da existência humana.

As atrativas faíscas de brilho, mutantes em suas formas, que deslizam frente ao olho, captoras da visão, assumem a forma do cabelo, da pele, do pequeno pedaço do vestido; se são citadas, as faíscas de brilho, podem-se nomear as sombras, elas também mutantes e atrativas do ver: as reentrâncias das mucosas, as dobras escurecidas da pele, o corpo coberto, o lusco-fusco, pois, em se falando da busca humana, não há paradigmas. Por trás, ou melhor, à frente delas, há o olhar, “inapreensível”, ele é o empuxo da visão. “O que me determina fundamentalmente no visível é o olhar que está do lado de fora. É pelo olhar que entro na luz, e é do olhar que recebo o seu efeito. Donde se tira que o olhar é o instrumento pelo qual [...] sou foto-grafado” (Lacan, 1985LACAN, Jacques (1985b). Seminário 20: mais, ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.a, p. 104). Esse olhar inscreve o sujeito no movimento, no “deslizar para o campo do Outro” (Quinet, 1997QUINET, Antônio (1997). O olhar como um objeto. In: FELDSTEIN, Richard; FINK, Bruce; JAANUS, Maire (Orgs.). Para ler o seminário 11 de Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar., p. 159), “deixando-nos correr [...], se assim posso dizer, ao longo das veias por onde o domínio da visão foi integrado ao campo do desejo” (Lacan, 1985a, p. 84). Riobaldo o encontra na visão dos olhos de Diadorim, e estes, por sua vez, ligam-se à imagem de Nossa Senhora de Abadia. As faíscas inatingíveis das duas, o logro do amor de Diadorim e a inacessível visão da santa, cedem lugar ao relato de Riobaldo, modo de ele marcar-se por meio da linguagem e da letra, como o faz o alucinado eu do poema de Bandeira.

O olhar aciona energias e mobiliza o sujeito rumo à busca do objeto perdido; lança-o no mundo de luz e de marcas em que ele é constantemente foto-grafado. A decomposição do termo enfatiza a imagem oriunda da luz, a foto e o desenho sulcado, a letra; o desenho esculpido da foto e a imagem, iluminada ou fosca, da letra. A decomposição permite pensar no atrativo da visão e na adesão a ela: a luz empuxa e marca o sujeito; ele não é ela, no entanto é escrito por ela. O vínculo com ela associa-o às suas imagens e o faz confundi-las com o real que julga poder alcançar. Na concepção lacaniana, o real é inatingível; o homem o almeja, embora esteja no imaginário; dele, estamos sempre a caminho. Lacan indaga “onde o encontramos?” e responde tratar-se “de um encontro marcado, ao qual somos sempre chamados, com um real que escapole [...]. O real está para além do autômaton, do retorno, da volta, da insistência dos signos” (Lacan, 1985a, p. 56-57).

A caminho dele, burlando a anamorfose do quadro de Holbein, o homem sublima - os olhos de Diadorim, os de Nossa senhora de Abadia -; por vezes, alucina - não seria essa a ação do eu lírico do poema de Bandeira? - e, quase sempre, repete - a insistência dos signos: não estariam aí a leitura e a escrita?

O empuxo do olhar, a pulsão, não é necessidade. Esta se contenta com o encontro do que falta: a comida, a água, a defecação. A pulsão atraca-se a objetos transitórios que rapidamente mostram sua insuficiência. O empuxo oral não é a necessidade da comida, embora comer seja uma forma de indiciá-lo; o empuxo da visão não é a necessidade de ver o corpo nu, embora essa visão seja uma forma imperfeita de apresentá-lo: de permanecer um átimo com sua ilusão. A pulsão questiona a satisfação: nenhum objeto pode realizá-la. Citando o seio, objeto (a) causa do desejo, Lacan diz que a pulsão o contorna; a um só tempo, o rodeia e o escamoteia. O caminho tangencia o vazio, assim como a escrita e a leitura que, materialmente, conjuminam com a falha: o espaço em branco entre uma letra e outra na página escrita; o silêncio, o hiato entre uma palavra e outra na leitura. Apesar disso ou, paradoxalmente, talvez por isso, procuramos identificar na escrita e na leitura continuidades, sentidos, completudes. Foto-grafados pelo Outro que nos olha: o outro homem, o texto que lemos, a letra que escrevemos, buscamos imparcialidades, escritas neutras, sentidos prévios; higienizações inadequadas. Pensamos mal a leitura e a escrita.

A pulsão não se aquieta, ela ensaia nos levar “ao encontro marcado”, indo para cá, para acolá, em sentido contrário às determinações biológicas e lógicas: “não tem dia nem noite, não tem primavera nem outono, [...] ela não tem subida nem descida” (Lacan, 1985LACAN, Jacques (1985b). Seminário 20: mais, ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.a, p. 159).

As ideias de Lacan, lidas aqui talvez de forma um tanto impertinente, colocam a dialética da constituição do sujeito. O olhar o atrai e o capta, a foto, a luz o lança no mundo, e o constitui, grafa-o, com uma marca que é ao mesmo tempo ausência e presença; sob a égide dessa squize, o sujeito firma-se como sendo, como busca do objeto perdido: “desidero”, afirma Lacan, é o cogito freudiano. O olhar fora do sujeito o impulsiona - o fotografa - e faz do seu olho também quadro; ele está no mundo, mas traz também, grafado em si, o mundo. Esse sujeito evocado pelo olhar é marcado por ele. A escrita, assim, antes de estar na letra que o sujeito lê, está esculpida em seu psiquismo, como no celuloide do brinquedo infantil. Tão distantes e tão próximas, as duas escritas talvez indiquem uma nova forma de pensar a leitura, que tem no olho, no ver e no olhar, sua possibilidade primeira. A escrita e a leitura, como o desejo humano, deslizam, derivam talvez ao acaso, como poderia sugerir um dos sentidos dessa palavra, mas se lembrando e se distanciando do que as impulsiona.

O pintor, àquele que deverá estar diante de seu quadro, oferece algo que em toda uma parte, pelo menos, da pintura, poderia resumir-se assim - Queres olhar? Pois bem, veja então isso! Ele oferece algo como pastagem para o olho, mas convida aquele a quem o quadro é apresentado a depor ali seu olhar, como se depõem as armas. Aí está o efeito pacificador, apolíneo, da pintura. Algo é dado não tanto ao olhar quanto ao olho, algo que comporta abandono, deposição, do olhar (Lacan, 1985LACAN, Jacques (1985b). Seminário 20: mais, ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.a, p. 99).

O leitor do livro deriva, procurando em sua pequena biblioteca, em seus dicionários, informações; anota em suas fichas e monta com elas um incompleto arquivo de ideias. Ler e escrever são para o leitor desse suporte ações amparadas na materialidade do papel; passar por textos requer o seu manuseio; espaço e tempo explicitam-se concretamente, implicam ações corporais: o virar as folhas do livro; pegar livros, papéis. O olho trabalha junto ao tato; ele espacializa no tempo práticas e suportes, vendo suas ações materializadas no espaço ocupado por livros, canetas, lápis, pelo amontoado de cadernos. Quando lemos, confrontamo-nos com o suporte do texto e com as narrativas que eles comportam, essas perspectivas do mundo realizadas “a partir da realidade da linguagem” (Blanchot, 2011BLANCHOT, Maurice (2011). A parte do fogo. Rio de Janeiro: Rocco., p. 346).

As superfícies em que a escrita se realiza e as formas de leitura que elas propiciam variam. Ler as “tabuinhas” de argila, manusear os rolos da biblioteca de Alexandria implicavam determinadas posições do corpo, formas de armazenar e socializar esses suportes. Detienne menciona o papel das estelas na Grécia antiga: “A escritura torna as regras da vida na cidade monumentais, visíveis e perfeitamente legíveis, para que para que todos se submetam à sua vontade” (Detienne, 1992DETIENNE, Marcel (Org.). (1992). Les savoirs de l’écriture: en Grèce ancienne. Lille: Presses Universitaires de Lille., p. 14, tradução nossa). Santo Agostinho relata seu espanto diante do movimento dos olhos e do silêncio da voz na leitura de Santo Ambrósio. São Jerônimo traduz a Bíblia para o latim; Lutero, para o alemão, e Chartier apresenta a difícil união do seu conteúdo sagrado ao livro de pequeno formato. A invenção de Gutemberg, o avanço da indústria gráfica e os livros de bolso popularizam a leitura. Os últimos dois séculos associam os suportes de leitura à luminosidade: a fotografia, o cinema, a televisão, os computadores, os smartphones. A superfície em que a letra se inscreve é luminosa. As luzes olham o leitor e permitem que ele leia, a despeito da escuridão circundante. Elas, metáfora da razão entre os pensadores dos séculos XVII e XVIII, passam a compor o suporte que permite a leitura, cruzando, segundo os ditames teóricos iluministas, a letra que ilustra com o suporte em que ela se apresenta.

Com os smartphones, temos o mundo brilhando ante nossos olhos e em nossas mãos. Com eles, imagens e textos estão em qualquer lugar. Com eles, as páginas não viram, mas deslizam de um lado para o outro, de cima para baixo, e se sobrepõem numa nova forma de espacialização, nesse palimpsesto virtual.

A leitura tornou-se onipresente; a biblioteca universal tornou-se possível, com o pequeno retângulo carregado insistentemente nas mãos e bolsos, junto aos lenços, no dizer de Michel Serres. Rara é a entrada em uma sala de espera, outrora espaço ocioso, sem que se depare com olhos vidrados nas pequenas máquinas luminosas carregadas de narrativas: lê-se e escreve-se com frenesi. Construiu-se, entre o olho do homem e o mundo, um anteparo artificial que o olha e lhe devolve seu olhar, em sua superfície espelhada.

Se a técnica aprimorou os empuxos que nos miram, observa-se, no entanto, a perda da força do olhar. Visitas a exposições de pintura são exemplos significativos dessas novas formas de ver. Nas salas, um elemento novo mediando a visão: a câmera dos celulares. As situações fazem pensar. Em uma exposição1 1 Os fatos narrados a seguir ocorreram em exposições visitadas em São Paulo em 2015. do surrealista Dali, o pedido inusitado do rapaz solicitava o afastamento da visitante para que ele fotografasse a tela. Respeitou-se o pedido, invertendo a ordem: a supremacia da câmera frente ao olho. A situação mostrava o vínculo com a retenção, fato a não se desconsiderar. Em salas cheias de crianças, conduzidas por pais ou professores, com o intuito de aproximá-las da arte e “educar” seus olhares, o mesmo fenômeno. Elas elevavam os smartphones, desde as primeiras telas, e tiravam compulsivamente fotos dos quadros: não viam, mas posicionavam diante deles as telas de maçãs partidas, trilha desse novo paraíso que é a retenção momentânea de imagens, e não mais a deposição do olho - seja apolínea, seja dionisiacamente - diante do quadro. Não é de espantar a hiperatividade dessas crianças, que talvez não saibam mais ver sem o toque na tela, para quem o tátil é uma extensão do olho, e as fotos, um espaço temporário nos cartões de memória, numa perigosa junção entre memória e descarte. Observando-as, diria: elas já trabalham e se educam para alimentar o consumo, com o ininterrupto acúmulo e descarte de imagens, experiência pseudoabsorvida nas telas. Antes de ser visto, o quadro é estocado. Nas salas de aula, um fato análogo. A explanação oral é acompanhada pelo movimento dos polegares e por olhos vidrados na tela. As obras mencionadas pelo professor não são mais anotadas, mas imediatamente “baixadas”, constituindo uma biblioteca virtual raramente percorrida. Os “downloads” são sobrepostos, mas quase nunca lidos. Quando é realizada, a leitura faz-se com frequência à custa do botão “localizar”. Lê-se aos saltos, procurando apenas a informação precisa: as fichas, os arquivos perdem o sabor do acaso, o leitor espanta-se pouco, pois sua busca é pontual, ela encontra apenas o que procura. A ideia baudelariana do olhar infantil ou convalescente, ávido de vida, distancia-se dessa leitura que passa de uma janela a outra, em textos circundados por anúncios advindos a partir de buscas anteriores; nela o leitor navega, mas não se perde em errâncias. Estamos perto do cão do experimento de Pavlov e longe do conselho benjaminiano.

Nessas novas formas de ver e ler, a leitura passa a ser um elemento de consumo, entre outros. Há uma voracidade na leitura das telas luminosas, e o dedo, extensão do olho, responde a essa avidez, mudando a tela, lendo e respondendo de modo cifrado a mensagens e posts. A pressa compatibiliza-se com a escrita corrigida pelo mecanismo. Queira se desviar das palavras já armazenadas e tombar-se-á numa verdadeira camisa de força. Nesse novo panóptico, o adestramento e a ortopedia refinam-se.

A comparação pode ser um tanto inusitada, mas não de todo inadequada: analisando a coprofagia - que afirma ser transgressão da pulsão e volta ao instinto -, Maire Jaanus afirma que o perverso

em vez de aceitar a falta de objeto fundamental da pulsão, procura preencher a lacuna [...] com um objeto real. [...] Consumir não é uma relação. Uma vez que consumimos alguma coisa, ela não está mais ali para nos relacionarmos com ela. Para que haja relações, algo tem que restar, algo não deve ser consumido. [...] A perda é a exigência indispensável nas relações de pulsão e desejo (Jaanus, 1997JAANUS, Maire (1997). A desmontagem da pulsão. In: FELDSTEIN, Richard; FINK, Bruce; JAANUS, Maire (Orgs.). Para ler o seminário 11 de Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar., p. 139-140).

Michel de Certeau, analisando a leitura, chega à ideia de consumo a partir da dissociação de leitura e escrita. A leitura, onipresente no mundo contemporâneo, vincula-se à propagação de informação, ela se apresenta como consumo passivo de mensagens no espaço urbano e burocrático. Nesse espaço, ela tem, assim como a escrita, funções instrumentais; deve ser absorvida, como o trabalhador se alimenta: para manutenção da força de trabalho. A imagem utilizada por Certeau é a da Igreja, que permitia ler obras escolhidas, mas reprovava a escrita como resposta, interação com o lido. A leitura veiculava uma informação, mas não incitava o pensamento. Novos púlpitos continuam a dissociação: a mídia, a burocracia, e eu acrescentaria, por que não?, as redes sociais - sugestivo nome - e suas pseudoescritas. O lente, diz o autor, decodifica a mensagem na mídia, mas não a responde com a escrita; “clérigos sociais” detêm as regras e a autorização da escrita e manipulam a leitura. O binômio escrita/leitura traria subjacente outro - produção/consumo -, em que o primeiro elemento é privilegiado; neles, o texto impresso é visto como elemento que molda o sujeito, e é produzido por aqueles que se localizariam no topo: “a eficácia da produção implica a inércia do consumo. Produz a ideologia de classe e de uma cegueira técnica” (Certeau, 1994CERTEAU, Michel de (1994). A invenção do cotidiano: as artes do fazer. Petrópolis: Vozes., p. 262). Hoje, a escrita também se tornou onipresente como possibilidade. Nas redes, a voz do público apresenta-se por meio de uma verborragia pouco consistente, que afirma a escrita negando-a.

Certeau, em sua análise, no entanto, defende que o consumo burla suas próprias determinações, ele constrói, à revelia da soberania da lei da informação, práticas politizáveis. Declara que os homens não devem ser tidos como idiotas; os receptores criariam novas formas de inserção no mundo, a partir das manipulações que lhes são impostas. Embora não sejamos idiotas, o esforço é tornar-nos tais, distanciar-nos da capacidade inventiva e criadora, que é um dos nossos traços, e, se é possível exercitá-la a despeito das coerções, é difícil resistir às formas de submissão. O autor nos auxilia a pensar essa dificuldade, quando menciona a ênfase das pesquisas no ensino da leitura, como se essa prática se resumisse a técnicas e modos de operar a linguagem. A metáfora da muralha da China imposta ao texto, circunscrevendo “um ‘próprio’ do texto, que isola do resto a sua autonomia semântica” e “condena à sujeição os consumidores [...] culpados de infidelidade ou de ignorância” (Certeau, 1994, p. 266) é uma boa imagem do equívoco. Outra muralha são as determinações do gênero textual, pretendendo inferir antes da leitura o que virá. O melhor dela não está na sua impertinência, na sua imprevisibilidade?

Em sua abordagem, o crítico analisa a supremacia do olho que gradativamente silenciou os ruídos do corpo durante a leitura. O olho, penso, é em nós órgão de particularidades, ele une externo e interno, conecta o dentro e o fora, vincula-nos ao outro e ao desejo. A passividade que gradativamente é associada ao olho é construída e implica o todo do sujeito. Quando o olho olha, ele leva consigo o corpo e a psique. Amansá-lo, administrar sua ação é fazer o mesmo com o todo do sujeito.

Assim, o modo como as novas tecnologias conclamam o olhar permite questionar se ele não reforçaria uma espécie de vazio vivido no cotidiano. Quando são necessárias mensagens ostensivas, para avisar aos motoristas sobre a necessidade e obrigatoriedade de dirigir com as duas mãos, ou para informar os passageiros do metrô sobre a importância de olhar para frente, quando saem dos trens e andam sobre a plataforma,2 2 As duas mensagens foram vistas na cidade de São Paulo. A primeira estava na forma de faixa, em algumas vias da cidade, e a segunda ilustrava um vídeo presente nas estações de metrô. algo parece estar errado com o olhar e a leitura compulsiva das telas.

Nas duas ações, assim como na das crianças que fotografam os quadros, carregando os cartões de memórias dos smartphones, e na dos alunos que baixam textos e livros, há o autismo, que cada vez mais parece nos definir. O sujeito se compraz com o brilho emanado da sua pequena máquina. Novo espelho, novos narcisos. O sujeito conectado ao mundo sai pouco de si.

No caso dessas novas telas, a busca e as imagens ininterruptas obstaculizam a percepção do vazio apontado por Lacan. Isso parece particularmente grave, pois, se é esse vazio que nos faz partir em busca do chamado objeto a - se ele é o nosso motor, se ele nos conecta ao outro -, se não há “ele”, não há o elemento que nos leva a deslizar buscando cintilações - o brilho do cabelo de Diadorim, do corpo nu do poema de Bandeira. A ação obsessiva do olhar para a tela não está buscando algo, pois está implícito que o objeto desejado está a nosso alcance, assim, a hiperatividade dos toques na tela é, na verdade, sinônimo de letargia. Semelhante à ideia de que muita publicidade é publicidade nenhuma, o excesso de leitura e de ação são leitura e ação nenhuma. Os cartões de memória cheios de textos e imagens continuamente descartados dão o tom. Os livros baixados nem sequer são vistos materialmente.

A relação entre letargia e imagem na tela não é inédita. A publicidade tem muito disso. Ela ordena, estabelece conexões rápidas entre um elemento e outro, e deixa pouco espaço para o sujeito. Além disso, há a força da gratificação, esse anteparo constante. Não espanta que os dispositivos eletrônicos com suas imagens sejam associados à ideia de babá, cuidadores que entretêm crianças - e não só a elas -, cada vez mais precocemente, com sua infinidade de letras, sons e cores. A ideia é seguir seu fluxo; eles funcionam como prazerosa nadificação egoica. A nadificação trazida por eles é reconfortante, não se pensa, não se deseja. O desejo não nasce do sujeito, mas é dado a ele; o sujeito não o busca, mas é buscado e capturado pelas imagens e pelo desejo, que lhe são externos. O homem, assim acalentado e embalado num mundo que se pretende uma satisfação eterna, é um indivíduo, não um sujeito. A diferença é suscitada por texto de Roudinesco, que compreende o sujeito, a partir de Freud, como ser dilacerado pelas tensões entre o consciente e o inconsciente, em constante conflito consigo mesmo. “É essa ideia de subjetividade [...] que tende a se apagar da organização mental contemporânea, em prol da noção psicológica de personalidade depressiva” (Roudinesco, 2000ROUDINESCO, Elisabeth (2000). Por que a psicanálise? Rio de Janeiro: Jorge Zahar., p. 19). O sujeito é vencido pela afirmação do apaziguamento, pela supressão da fissura e do embate que o atravessa, e cai na letargia, embora dentro de uma roda-viva.

Não é aleatório que “busca” seja um dos termos desta era, na qual, crê-se, o Google,3 3 “No final de 1990, quando o Google era uma empresa privada que mal tinha um ano de idade, seu futuro presidente já articulava o contexto no qual a empresa floresceria. O dr. Eric Schimit declarou que o século XXI seria sinônimo do que chamou de ‘economia de atenção’, e que as corporações globais dominantes seriam aquelas bem sucedidas na maximização de número de ‘globos oculares’ que mobilizassem e controlassem” (Crary, 2014, p. 84). grande olho à espreita, sanará os desejos, se a conexão, outro significativo termo, estabelecer-se, e se a espera for suportável, senão pela paciência - que escasseia -, pela indústria farmacêutica, que lucra há algumas décadas com o fantasma incitado: a hiperatividade das crianças. O paralelismo entre os termos da abordagem de Lacan e as expressões desse novo momento não parecem acaso: numa, como noutra, há a busca, o olho que nos olha, a conexão possível. As novas tecnologias sabem a que vieram, o que manipulam e o que visam substituir.

As incongruências atravessam a questão. A lassidão típica do indivíduo da nossa era traduz-se na hiperatividade, por exemplo, das crianças que fotografam antes de aprender a ver as pinturas. Além dessa incongruência, e dentro dela, a função apolínea da arte solicita ao espectador que deponha frente a ela o seu olhar, como quem depõe as armas. A pintura seria, assim, momento de distensão, momento pacificador. Ela representaria uma quebra, uma ruptura no zum-zum do mundo. Mas, se não se luta mais e se vive em permanente estado de lassidão, não há por que depor as armas. Se o apaziguamento dessa era de déficits leva o indivíduo a um movimento constante, a arte transforma-se em capital, não só no sentido de algo que se estoca, compra e vende, mas que dá status ao visitante da exposição e ao leitor, que atravessa textos e quadros sem vê-los efetivamente, mas é valorado por ter quadros e livros, ainda que temporariamente armazenados no cartão de memória de suas pequenas engenhocas.

O possível apaziguamento a que se vincularia a pintura, a deposição do olhar, na concepção de Lacan, pode estender-se à literatura, que seria também um espaço em que o sujeito deporia suas armas e se deixaria levar pelo olho que o olha, no papel ou na tela. Mais interessante é esta relação, pois, na literatura, como na busca do objeto a, a letra apresenta-se, há a ideia de um significante que não se deixa agarrar, evidenciando a falta constitutiva do sujeito. Entendida dessa forma, a leitura adere ao sujeito. Não se deve desconsiderar seu papel na história do homem. Menos para dizer que, se há nuvem, há chuva, se há rastro, há vida, ela indica a possibilidade de sentidos provisórios, de passagem entre letras, objetos a. A fala de Riobaldo em Grande Sertão mostra isso: dos olhos de Diadorim passa-se à imagem de Nossa Senhora, e desta chega-se à narrativa, que termina com o sugestivo símbolo do infinito, corpo da sentença do jagunço sobre o viver como descuido prosseguido.

Analisar a leitura a partir de Lacan é associá-la à busca, à tentativa impossível do preenchimento do vazio inerente ao sujeito, ao encontro com o real. Põe-se, então, a indagação sobre os motivos que levam à resistência à leitura, dado que ela atravessaria o sujeito e seria um de seus traços constituintes. A letargia advinda do excesso de imagens exerce aí seu papel. Com as novas tecnologias, lê-se muito, escreve-se talvez mais, mas efetivamente lê-se e escreve-se muito pouco. Há a banalização dessas ações, em que a afirmação significa a negação.

Nunca lhe aconteceu, ao ler um livro, interromper com frequência a leitura, não por desinteresse, mas, ao contrário, por afluxo de ideias, excitações e associações? Numa palavra, nunca lhe aconteceu ler levantando a cabeça? (Barthes, 2004BARTHES, Roland (2004). O rumor da língua. São Paulo: Martins., p. 26).

No campo escópico, tudo se articula entre dois termos que funcionam de maneira antinômica - do lado das coisas há o olhar, quer dizer, as coisas têm a ver comigo, elas me olham, e contudo eu as vejo. Neste sentido é que é preciso entender a palavra martelada do Evangelho - Eles têm olhos para não ver. Para não ver o quê? - justamente que as coisas têm a ver com eles, que elas os olham (Lacan, 1985LACAN, Jacques (1985b). Seminário 20: mais, ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.a, p. 106).

A pulsão escópica, a atração pela letra, na leitura e na escrita, está na sala de aula. Nesse espaço, a criança descobre literalmente a letra que a olha, embora esta já existisse antes; talvez fosse mais adequado dizer: sobretudo porque a letra já existia antes, como marca, como traço psíquico e corporal. Leitura e escrita, como o real, firmam-se como impossíveis, e é essa impossibilidade que as permite. Ambas requerem um além para que sejam possíveis, e é esse “mais ainda” que leva o escritor e o leitor a continuar e retomar sua ação.

Uma vez compreendidas assim, leitura e escrita, a luminosidade ou a opacidade dos aparelhos eletrônicos, das lousas ou dos livros interessariam pouco, pois a ênfase estaria na letra, no olhar que movimenta quem lê ou escreve. A tecnologia utilizada, nesse caso, não seria o elemento fundamental. Utilizar os dispositivos eletrônicos é uma possibilidade entre outras, a mais atual, certamente. Melhor é pensar em como a linguagem, a letra, escrita ou lida, apresenta-se, e como o indivíduo a recebe. Uma e outra associam-se à lentidão, requerem tempo, muitos “levantar a cabeça”, para que se possa, a partir da leitura, escrever um novo texto, e esse é o primeiro embate: fora e dento da sala de aula, a pressa encontrou lugar.

Barthes, ao abordar a fotografia, menciona seu enfado com os livros teóricos sobre ela. “Uns são técnicos; para ‘ver’ o significante fotográfico, são obrigados a acomodar a vista muito perto. Outros são históricos ou sociológicos, para observar o fenômeno global da Fotografia” (Barthes, 1984BARTHES, Roland (1984). A câmara clara: nota sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira., p. 17). O enfado diante dessas abordagens vinha da tensão entre a “voz importuna” da técnica e o desejo de adesão ao referente, “o objeto desejado, o corpo prezado” (Barthes, 1984, p. 17). Barthes pôde analisar a tensão, pôde visualizar, na foto da mãe no jardim de inverno, o punctum que o levou a escrever sobre a fotografia.

A tensão entre as duas linguagens, a expressiva e a crítica, o fez pensar não no corpus, mas em “alguns corpos”, ou seja, na elaboração de uma “ciência nova por objeto”. “Uma Mathesis singularis.” É de se perguntar se haveria outra matéria; se não partiriam todas as mathesis do singular. Na adesão à leitura e à escrita, não haveria sempre um gancho, uma pequena luz que capta o sujeito e o faz aderir a elas? Nesse tempo de descarte ininterrupto, algumas leituras colam-se a nós e delas nos lembramos, a despeito da desmemoriação coletiva que se nos impõe. Em algum momento, nos defrontamos com a nossa foto do jardim; em algum momento, a mathesis universalis ganha sentido a partir da singularis.

Se, em algum momento, há o encaixe, pode-se chegar àquela. Se não há, pode-se perder a possibilidade de adesão, seja à universalis, seja à singularis. Em relação à leitura, seja nos dispositivos luminosos das telas, seja nos menos brilhantes dos livros, o elemento central deve ser o texto, a palavra. O mesmo texto para muitos; onde está a singularidade? Ela está no contato, no empuxo externo diante de todos. Não se caia na ingenuidade de preconizar a leitura subjetiva e individual; todas o são, e nenhuma o é; mas também não se esqueça de que leitura é ver e entrar em contato com a letra. Não há saída, senão permitir ao outro a mathesis singularis, o texto que se lê. É comum ouvir menção à utilidade da Internet, com seu acervo de bons textos. Bastaria, diz-se, que o aluno soubesse distinguir os bons dos maus textos. Isso é pouco; é necessário muito mais: é necessário ler os textos e interagir com eles. Ler é permitir ser olhado por eles, vê-los, ainda que seja para repudiá-los.

A proposta é o contato com o texto. Se o que está em jogo é a literatura, deve-se propor a leitura do texto literário. Como? Trazendo-o para a sala de aula, colocando-o diante dos alunos e efetivamente lendo-o. O texto pode aparecer na forma impressa ou nas telas dos computadores, e deve ocupar parte das aulas de literatura, ele deve ser lido, discutido, pensado. Trabalho lento, sem dúvida, mas que visa instaurar uma prática que transcenda o espaço institucional, que apresente o texto como olhar mencionado por Lacan, atrativo e empuxo da visão do sujeito. A pulsão escópica está nele. Barthes aponta três prazeres da leitura. O primeiro é o da linguagem, das palavras lidas. Melhor, se as palavras nos lembrassem as da infância, entranhadas nas dobras da memória, se nos lembrassem as em desuso, nesse mundo de rapidez e de descarte, palavras inventadas, construídas a partir de formas da língua, palavras que impactam e fazem pensar no porquê da nossa pobre e trivial relação com a língua, como se nela tivéssemos um feijão com arroz diário, difícil de ultrapassar. O segundo é o prazer de descobrir o que virá; de espreitar o desenrolar da narrativa; “por estar esse prazer visivelmente ligado à observação do que se desenrola e ao desvendamento do que está escondido” (Barthes, 2004, p. 39), ele pode ser relacionado à “escuta da cena original”. O terceiro é o da escritura, “a leitura é condutora do Desejo de escrever [...] o que desejamos é apenas o desejo que o escritor teve de escrever ou ainda: desejamos o desejo que o autor teve do leitor enquanto escrevia” (Barthes, 2004, p. 39). Lacan exprime de outra forma a escrita: “a nuvem da linguagem [...] faz escrita” (Lacan, 1985b, p. 163).

Neste texto, a palavra “luminosidade” aparece com certa constância para referir-se às telas dos dispositivos tecnológicos e aos empuxos que nos atraem, seguindo as ideias de Lacan. O uso merece cuidado. O iluminismo pode induzir ao vínculo de uma das luzes aqui mencionadas à salvação, e da outra, à condenação. A possibilidade ganha força, pois aqui se fala de letra, de literatura, de instituição de ensino, elementos muitas vezes associados ao racionalismo e ao humanismo salvadores. A letra, a literatura, a escola não salvam o mundo, não melhoram os homens. Elas trabalham, no entanto, com instância das mais humanas - a palavra -, e isto interessa.

Desse interesse nasce outro. O de pensar os elementos que dela nos aproximam ou distanciam. O de pensar por que alguns espaços, de início associados a ela, dela se apartam. As novas tecnologias podem ter algo a ver com isso. Que elas têm lugar nos espaços de ensino, é incontestável. Mas é também inegável que eles devem ser capazes de pensá-las e problematizá-las.

Quando Lacan vincula a pulsão escópica ao objeto a, representado pela letra - la lettre (l’être), na sonoridade e grafia francesas -, ele nos dá uma pista para pensarmos de outro modo a presença da leitura no interior da escola. Pensá-la como algo ao qual estamos implicados. Dela, penso, chegaremos ao terceiro prazer de Barthes, a escrita, que, como afirma Lacan, nasce da nuvem linguagem e permite que o sujeito passe de si ao outro - es(x)-crito -, ao se permitir, pela linguagem lida, ser também, no dizer de Lacan, foto-grafado, seja por meio do que ele vê no que lê, seja pelo que ele escreve a partir do que lê.

Referências

  • BANDEIRA, Manoel (1995). Estrela da vida inteira. São Paulo: Círculo do Livro.
  • BARTHES, Roland (2004). O rumor da língua. São Paulo: Martins.
  • BARTHES, Roland (1984). A câmara clara: nota sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
  • BLANCHOT, Maurice (2011). A parte do fogo. Rio de Janeiro: Rocco.
  • CERTEAU, Michel de (1994). A invenção do cotidiano: as artes do fazer. Petrópolis: Vozes.
  • CRARY, Jonathan (2014). 24/7: capitalismo tardio e os fins do sono. São Paulo: Cosac Naify.
  • DETIENNE, Marcel (Org.). (1992). Les savoirs de l’écriture: en Grèce ancienne. Lille: Presses Universitaires de Lille.
  • JAANUS, Maire (1997). A desmontagem da pulsão. In: FELDSTEIN, Richard; FINK, Bruce; JAANUS, Maire (Orgs.). Para ler o seminário 11 de Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
  • LACAN, Jacques (1985a). Seminário 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
  • LACAN, Jacques (1985b). Seminário 20: mais, ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
  • QUINET, Antônio (1997). O olhar como um objeto. In: FELDSTEIN, Richard; FINK, Bruce; JAANUS, Maire (Orgs.). Para ler o seminário 11 de Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
  • ROSA, Guimarães (2001). Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
  • ROUDINESCO, Elisabeth (2000). Por que a psicanálise? Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
  • 1
    Os fatos narrados a seguir ocorreram em exposições visitadas em São Paulo em 2015.
  • 2
    As duas mensagens foram vistas na cidade de São Paulo. A primeira estava na forma de faixa, em algumas vias da cidade, e a segunda ilustrava um vídeo presente nas estações de metrô.
  • 3
    “No final de 1990, quando o Google era uma empresa privada que mal tinha um ano de idade, seu futuro presidente já articulava o contexto no qual a empresa floresceria. O dr. Eric Schimit declarou que o século XXI seria sinônimo do que chamou de ‘economia de atenção’, e que as corporações globais dominantes seriam aquelas bem sucedidas na maximização de número de ‘globos oculares’ que mobilizassem e controlassem” (Crary, 2014CRARY, Jonathan (2014). 24/7: capitalismo tardio e os fins do sono. São Paulo: Cosac Naify., p. 84).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Jun 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    07 Jul 2018
  • Aceito
    21 Fev 2019
Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea, Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade de Brasília (UnB) Programa de Pós-Graduação em Literatura, Departamento de Teoria Literária e Literaturas, Universidade de Brasília , ICC Sul, Ala B, Sobreloja, sala B1-8, Campus Universitário Darcy Ribeiro , CEP 70910-900 – Brasília/DF – Brasil, Tel.: 55 61 3107-7213 - Brasília - DF - Brazil
E-mail: revistaestudos@gmail.com