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REJEIÇÃO AGUDA TARDIA NO TRANSPLANTE DE FÍGADO: REVISÃO SISTEMÁTICA

RESUMO

Introdução:

A rejeição aguda tardia apresenta resultados com pior sobrevida do paciente e do enxerto após o transplante de fígado.

Objetivo:

Analisar os resultados publicados na literatura nos últimos anos pelos principais centros de transplante sobre o tema rejeição aguda tardia para a tualização analisando suas manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento.

Método:

Foi realizado uma revisão sistemática da literatura, utilizando o banco de dados PubMed/Medline com os descritores relacionados à rejeição aguda tardia nos artigos publicados até novembro de 2013. Foram analisados dados demográficos, imunossupressão, rejeição, infecção, bem como as taxas de sobrevida do enxerto e do paciente.

Resultados:

A rejeição aguda tardia no pós transplante de fígado mostra pior resultado na sobrevida do enxerto e do paciente. A grande maioria dos estudos foram coortes retrospectivas e descritivas. A incidência de rejeição aguda tardia variou de 7-40% a partir destes estudos. A rejeição aguda tardia é uma das causas de perda do enxerto. Rejeição aguda tardia tem sua definição variável definida em relação ao tempo. Sua evolução apresenta resultado diferente em relação à sobrevida do enxerto, podendo evoluir para rejeição crônica, apresentando pior prognóstico. A rejeição aguda tardia está presente no momento em que se tende a manter menor imunossupressão, alguns meses depois transplante.

Conclusão:

Os artigos atuais mostram a importância da rejeição aguda tardia. O benefício real está no diagnóstico precoce e no tratamento adequado durante o episódio e no seguimento tardio após transplante de fígado.

Transplante de fígado; Rejeição; Revisão sistemática

Introduction:

Late acute rejection leads to worse patient and graft survival after liver transplantation.

Aim:

To analyze the reported results published in recent years by leading transplant centers in evaluating late acute rejection and update the clinical manifestations, diagnosis and treatment of liver transplantation.

Method:

Systematic literature review through Medline-PubMed database with headings related to late acute rejection in articles published until November 2013 was done. Were analyzed demographics, immunosuppression, rejection, infection and graft and patient survival rates.

Results:

Late acute rejection in liver transplantation showed poor results mainly regarding patient and graft survival. Almost all of these cohort studies were retrospective and descriptive. The incidence of late acute rejection varied from 7-40% in these studies. Late acute rejection was one cause for graft loss and resulted in different outcomes with worse patient and graft survival after liver transplant. Late acute rejection has been variably defined and may be a cause of chronic rejection with worse prognosis. Late acute rejection occurs during a period in which the goal is to maintain lower immunosuppression after liver transplantation.

Conclusion:

The current articles show the importance of late acute rejection. The real benefit is based on early diagnosis and adequate treatment at the onset until late follow up after liver transplantation.

Transplante de fígado; Rejeição; Revisão sistemática


INTRODUÇÃO

A rejeição celular aguda tem sido causa de perda do enxerto e indicação para o re-transplante. Os avanços na imunossupressão melhoraram o resultado do transplante de fígado 77. Thurairajah PH, Carbone M, Bridgestock H, Thomas P, Hebbar S, Gunson BK, et al. Late acute liver allograft rejection; a study of its natural history and graft survival in the current era. Transplantation. 2013;95(7):955-9. . No entanto, a rejeição aguda tardia parece resultar em resultado diferente com pior sobrevida do paciente e do enxerto após o transplante 77. Thurairajah PH, Carbone M, Bridgestock H, Thomas P, Hebbar S, Gunson BK, et al. Late acute liver allograft rejection; a study of its natural history and graft survival in the current era. Transplantation. 2013;95(7):955-9. 99. Uemura T, Ikegami T, Sanchez EQ, Jennings LW, Narasimhan G, McKenna GJ, et al. Late acute rejection after liver transplantation impacts patient survival. Clin Transplant. 2008;22(3):316-23. .

A rejeição aguda tardia foi variavelmente definida como aquela em que ocorre com mais de um, três ou seis meses após o transplante. Portanto, ela difere da rejeição celular aguda precoce, que ocorre em menos de três meses após o transplante 77. Thurairajah PH, Carbone M, Bridgestock H, Thomas P, Hebbar S, Gunson BK, et al. Late acute liver allograft rejection; a study of its natural history and graft survival in the current era. Transplantation. 2013;95(7):955-9. 99. Uemura T, Ikegami T, Sanchez EQ, Jennings LW, Narasimhan G, McKenna GJ, et al. Late acute rejection after liver transplantation impacts patient survival. Clin Transplant. 2008;22(3):316-23. . As alteração histológicas podem ser portal, central, ou ambos, mas o componente central é o mais frequente, e é mais associado com a baixa adesão e aos refratários ao tratamento 77. Thurairajah PH, Carbone M, Bridgestock H, Thomas P, Hebbar S, Gunson BK, et al. Late acute liver allograft rejection; a study of its natural history and graft survival in the current era. Transplantation. 2013;95(7):955-9. . A rejeição aguda tardia apresenta maior perda do enxerto, diminuição da sobrevida do paciente, a rejeição crônica e o pior prognóstico. A rejeição aguda tardia ocorre durante período em que a imunossupressão é mais baixa, meses após o transplante de fígado 11. Akamatsu N, Sugawara Y, Tamura S, Keneko J, Matsui Y, Hasegawa K, et al. Late-onset acute rejection after living donor liver transplantation. World J Gastroenterol. 2006;12(41):6674-7. 66. Ramji A, Yoshida EM, Bain VG, Kneteman NM, Scudamore CH, Ma MM, et al. Late acute rejection after liver transplantation: the Western Canada experience. Liver Transpl. 2002;8(10):945-51. 77. Thurairajah PH, Carbone M, Bridgestock H, Thomas P, Hebbar S, Gunson BK, et al. Late acute liver allograft rejection; a study of its natural history and graft survival in the current era. Transplantation. 2013;95(7):955-9. 99. Uemura T, Ikegami T, Sanchez EQ, Jennings LW, Narasimhan G, McKenna GJ, et al. Late acute rejection after liver transplantation impacts patient survival. Clin Transplant. 2008;22(3):316-23. . É importante prestar mais atenção a esta relevante entidade clínica, que está associada com a perda do enxerto e a morte do paciente.

O objetivo deste estudo foi revisar sistematicamente a literatura sobre rejeição aguda tardia.

MÉTODOS

Revisão sistemática foi realizada por meio de busca eletrônica na base de dados Medline-PubMed em inglês. A pesquisa foi concluída em novembro de 2013.

As questões de pesquisa e os critérios de inclusão e exclusão foram desenvolvidos utilizando o método PICO, que inclui dados sobre pacientes, intervenções, comparações ou controles, estruturas de resultados e critérios de inclusão/exclusão. As intervenções consideradas foram as realizadas após o transplante hepático com rejeição aguda tardia.

Os termos de cada grupo foram procurados em combinação utilizando o operador ''OR''. Os resultados para os termos de busca, que formaram a ''P'' (pacientes) do grupo foram combinadas com o resultado de pesquisas que formaram o grupo ''I'' (intervenção) usando o operador ''AND'' e, posteriormente, com a palavras-chave de exclusão usando o operador com o ''NOT'' ( Figura 1 ).

FIGURA 1
Termos pesquisados na base de dados PubMed usando a estrutura PICO em inglês

A busca Medline foi realizada através de PubMed (www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed) e foi adaptado usando os Mesh-termos em inglês (graft rejection OR rejection) AND (liver transplantation OR liver graft OR liver transplant) AND adult AND transplant recipient. Após esta pesquisa inicial foi realizada, outras seleções com termos mais específicos utilizando (rejection OR graft rejection AND late acute rejection) AND (liver transplantation OR liver graft OR liver transplant).

TABELA 1
A análise global dos estudos sobre rejeição aguda tardia

Os estudos foram analisados por dois pesquisadores independentes (LSN e RAP), e uma reunião de consenso foi realizado para chegar à decisão final. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição

RESULTADOS

Esta revisão sistemática mostrou inicialmente 4.377 artigos, e depois de análise específica, 234 artigos foram selecionados ( Figura 2 ). Destes, 20 foram selecionados de acordo com critérios de inclusão e nove foram selecionados para esta revisão.

FIGURA 2
Diagrama desta revisão sistemática mostrando os passos para a seleção dos artigos

Nesta revisão, foi notada a importância de rejeição aguda tardia no pós-transplante de fígado, afetando principalmente a sobrevida do paciente e do enxerto. A Tabela 1 mostra a análise global dos nove estudos selecionados. A definição de rejeição aguda tardia é a de mais de seis meses na maioria dos estudos; no entanto, o diagnóstico de rejeição aguda precoce ocorre durante o primeiro mês, e que o de rejeição aguda tardia ocorre depois de três meses.

Quase todos esses estudos de coorte foram retrospectivos e descritivos. A incidência de rejeição aguda tardia foi de 7-40%. Apenas uma incidência relacionada foi maior que 25%. Outros resultados significativos, na maioria, foram a sobrevivência do paciente e do enxerto significativamente menores. A evolução para a rejeição crônica foi maior em pacientes que desenvolveram rejeição aguda tardia ( Tabela 1 ).

O regime de imunossupressão após o transplante de fígado e os agentes terapêuticos usados durante os episódios de rejeição aguda tardia estão apresentados na Tabela 2 . A maioria dos trabalhos relata terapia com esteróides e tacrolimus com rigorosa monitorização da terapêutica após o transplante de fígado. Mais de seis meses após a operação, tacrolimus ou ciclosporina foram mantidas entre 5 a 10 μg/l e de 100 a 150 μg/l, respectivamente. Durante o episódio, um bolus intravenoso de 1 g de metilprednisolona foi usado diariamente durante dois dias seguidos por prednisolona oral. A Tabela 2 mostra que alguns casos com resistência de esteróides, rejeição aguda persistente ou insuficiência renal têm opções para melhorar os resultados.

DISCUSSÃO

A importância deste estudo envolve o diagnóstico precoce e o tratamento bem sucedido, ambas as quais são essenciais para a melhoria do prognóstico e da taxa de sobrevivência do enxerto e paciente 55. Neil DA, Hubscher SG. Delay in diagnosis: a factor in the poor outcome of late acute rejection of liver allografts. Transplant Proc. 2001;33(1-2):1525-6. 77. Thurairajah PH, Carbone M, Bridgestock H, Thomas P, Hebbar S, Gunson BK, et al. Late acute liver allograft rejection; a study of its natural history and graft survival in the current era. Transplantation. 2013;95(7):955-9. . Na literatura, foi observado pequeno número de estudos específicos nesta área, com a maioria dos artigos sendo coorte retrospectivo e descritivo.

Rejeição aguda tardia ocorreu principalmente com taxa de incidência de 7-23% 11. Akamatsu N, Sugawara Y, Tamura S, Keneko J, Matsui Y, Hasegawa K, et al. Late-onset acute rejection after living donor liver transplantation. World J Gastroenterol. 2006;12(41):6674-7. 77. Thurairajah PH, Carbone M, Bridgestock H, Thomas P, Hebbar S, Gunson BK, et al. Late acute liver allograft rejection; a study of its natural history and graft survival in the current era. Transplantation. 2013;95(7):955-9. 66. Ramji A, Yoshida EM, Bain VG, Kneteman NM, Scudamore CH, Ma MM, et al. Late acute rejection after liver transplantation: the Western Canada experience. Liver Transpl. 2002;8(10):945-51. . Somente um estudo reportou incidência maior, de 41%5. A definição para o período de tempo para a rejeição aguda tardia é obscura. Não há consenso sobre o período de tempo, e a maioria dos estudos utilizados o período de três a seis meses 66. Ramji A, Yoshida EM, Bain VG, Kneteman NM, Scudamore CH, Ma MM, et al. Late acute rejection after liver transplantation: the Western Canada experience. Liver Transpl. 2002;8(10):945-51. 99. Uemura T, Ikegami T, Sanchez EQ, Jennings LW, Narasimhan G, McKenna GJ, et al. Late acute rejection after liver transplantation impacts patient survival. Clin Transplant. 2008;22(3):316-23. . Um estudo usou mais de um ano 22. Florman S, Schiano T, Kim L, Maman D, Levay A, Gondolesi G, et al. The incidence and significance of late acute cellular rejection (>1000 days) after liver transplantation. Clin Transplant. 2004;18(2):152-5. ,mas não diferença de sobrevivência entre rejeição aguda tardia e precoce. Outro utilizou como um mês do início do prazo para rejeição aguda tardia 55. Neil DA, Hubscher SG. Delay in diagnosis: a factor in the poor outcome of late acute rejection of liver allografts. Transplant Proc. 2001;33(1-2):1525-6. . Estudo retrospectivo de longo prazo 99. Uemura T, Ikegami T, Sanchez EQ, Jennings LW, Narasimhan G, McKenna GJ, et al. Late acute rejection after liver transplantation impacts patient survival. Clin Transplant. 2008;22(3):316-23. mostrou incidência de 19% e a sobrevida significativamente menor do paciente e do enxerto 99. Uemura T, Ikegami T, Sanchez EQ, Jennings LW, Narasimhan G, McKenna GJ, et al. Late acute rejection after liver transplantation impacts patient survival. Clin Transplant. 2008;22(3):316-23. . Outros trabalhos de longo prazo apresentaram resultados semelhantes, com taxa de incidência de 11% e menor sobrevida (10 anos de acompanhamento) com rejeição aguda tardia do que sem rejeição aguda 77. Thurairajah PH, Carbone M, Bridgestock H, Thomas P, Hebbar S, Gunson BK, et al. Late acute liver allograft rejection; a study of its natural history and graft survival in the current era. Transplantation. 2013;95(7):955-9. .

Wang et al. 1010. Wang GY, Li H, Liu W, Zhang J, Zhu HB, Wang GS, et al. Elevated blood eosinophil count is a valuable biomarker for predicting late acute cellular rejection after liver transplantation. Transplant Proc. 2013;45(3):1198-200. realizaram 40 biópsias e demonstraram aumento na contagem de eosinófilos no sangue como biomarcador para predizer rejeição aguda tardia após transplante de fígado 1010. Wang GY, Li H, Liu W, Zhang J, Zhu HB, Wang GS, et al. Elevated blood eosinophil count is a valuable biomarker for predicting late acute cellular rejection after liver transplantation. Transplant Proc. 2013;45(3):1198-200. . Neil et al. 55. Neil DA, Hubscher SG. Delay in diagnosis: a factor in the poor outcome of late acute rejection of liver allografts. Transplant Proc. 2001;33(1-2):1525-6. apresentaram dados sobre o diagnóstico precoce que avaliou o atraso no diagnóstico baseado na biópsia e não relataram nenhuma diferença entre a rejeição celular aguda precoce e tardia no índice de rejeição aguda (RAI) e em gravidade 55. Neil DA, Hubscher SG. Delay in diagnosis: a factor in the poor outcome of late acute rejection of liver allografts. Transplant Proc. 2001;33(1-2):1525-6. .

Em relação à utilização de regime imunossupressor, a terapia pode afetar a sobrevivência. A avaliação tacrolimus e ciclosporina apresentaram diferença significativa e melhores resultados no grupo tacrolimus 11. Akamatsu N, Sugawara Y, Tamura S, Keneko J, Matsui Y, Hasegawa K, et al. Late-onset acute rejection after living donor liver transplantation. World J Gastroenterol. 2006;12(41):6674-7. 66. Ramji A, Yoshida EM, Bain VG, Kneteman NM, Scudamore CH, Ma MM, et al. Late acute rejection after liver transplantation: the Western Canada experience. Liver Transpl. 2002;8(10):945-51. . Outro dado importante é que o micofenolato de mofetil com tacrolimus e esteróide diminuiram o risco de rejeição aguda tardia em pacientes com vírus da hepatite C, vírus da hepatite B e sem doença viral 88. Toso C, Kneteman N. Does mycophenolate mofetil reduce the risk of late acute rejection after liver transplantation? Nat Clin Pract Gastroenterol Hepatol. 2006;3(12):664-5. 1111. Wiesner RH, Steffen BJ, David KM, Chu AH, Gordon RD, Lake JR. Mycophenolate mofetil use is associated with decreased risk of late acute rejection in adult liver transplant recipients. Am J Transplant. 2006;6(7):1609-16. .

TABELA 2
Regime de imunossupressão e terapêutica durante os episódios de rejeição aguda tardia

A terapia imunossupressora foi esteróide e tacrolimus estritamente controlados com monitorização terapêutica. Mais de seis meses após o transplante de fígado, tacrolimus e ciclosporina foram mantidas a 5 a 10 μg/l e de 100 a 150 μg/l, respectivamente 11. Akamatsu N, Sugawara Y, Tamura S, Keneko J, Matsui Y, Hasegawa K, et al. Late-onset acute rejection after living donor liver transplantation. World J Gastroenterol. 2006;12(41):6674-7. .

O episódio de rejeição aguda tardia deve ser tratado com um bolus de corticosteróides, que foi prescrito para 81%3e 73% 66. Ramji A, Yoshida EM, Bain VG, Kneteman NM, Scudamore CH, Ma MM, et al. Late acute rejection after liver transplantation: the Western Canada experience. Liver Transpl. 2002;8(10):945-51. dos pacientes. Além de bolus intravenosos de esteróides, os pacientes podem ser tratados com reciclagem de esteróide 22. Florman S, Schiano T, Kim L, Maman D, Levay A, Gondolesi G, et al. The incidence and significance of late acute cellular rejection (>1000 days) after liver transplantation. Clin Transplant. 2004;18(2):152-5. , e esteróides via oral 99. Uemura T, Ikegami T, Sanchez EQ, Jennings LW, Narasimhan G, McKenna GJ, et al. Late acute rejection after liver transplantation impacts patient survival. Clin Transplant. 2008;22(3):316-23. e pulso de alta dose de prednisolona a 200 mg/dia por três dias 77. Thurairajah PH, Carbone M, Bridgestock H, Thomas P, Hebbar S, Gunson BK, et al. Late acute liver allograft rejection; a study of its natural history and graft survival in the current era. Transplantation. 2013;95(7):955-9. . Alta dose de metilpredinisolona (20 mg/kg por dia) seguido por reciclagem é uma outra opção 11. Akamatsu N, Sugawara Y, Tamura S, Keneko J, Matsui Y, Hasegawa K, et al. Late-onset acute rejection after living donor liver transplantation. World J Gastroenterol. 2006;12(41):6674-7. .

Modificações da imunossupressão (ciclosporina para tacrolimus) podem ser usadas para diferentes tipos de rejeição. Rejeição aguda superior ao grau 1, foi tratada com a terapia esteróide em bolus (11%) ou modificação da imunossupressão (30%) 33. Junge G, Tullius SG, Klitzing V, Schewior L, Pratschke J, Radke C, et al. The influence of late acute rejection episodes on long-term graft outcome after liver transplantation. Transplant Proc. 2005;37(4):1716-7. . Em 6% dos episódios, rejeição aguda resistente ao esteróide foram encontradas e necessitou de tratamento com anticorpo monoclonal anti-células T (OKT3) 22. Florman S, Schiano T, Kim L, Maman D, Levay A, Gondolesi G, et al. The incidence and significance of late acute cellular rejection (>1000 days) after liver transplantation. Clin Transplant. 2004;18(2):152-5. 66. Ramji A, Yoshida EM, Bain VG, Kneteman NM, Scudamore CH, Ma MM, et al. Late acute rejection after liver transplantation: the Western Canada experience. Liver Transpl. 2002;8(10):945-51. . Os pacientes com rejeição celular resistente a esteróides foram tratados com micofenolato de mofetil e anticorpo monoclonal anti-célula T 11. Akamatsu N, Sugawara Y, Tamura S, Keneko J, Matsui Y, Hasegawa K, et al. Late-onset acute rejection after living donor liver transplantation. World J Gastroenterol. 2006;12(41):6674-7. . Se a evidência clínica e histológica de rejeição aguda persistente permaneceu, OKT3 ou timoglobulina foi administrada por via intravenosa por 7 a 14 dias 99. Uemura T, Ikegami T, Sanchez EQ, Jennings LW, Narasimhan G, McKenna GJ, et al. Late acute rejection after liver transplantation impacts patient survival. Clin Transplant. 2008;22(3):316-23. .

Nacif et al. 44. Nacif LS, David AI, Pinheiro RS, Diniz MA, Andraus W, Cruz Junior RJ, D'Albuquerque LA. An analysis of tacrolimus-related complications in the first 30 days after liver transplantation. Clinics (Sao Paulo). 2014 Nov;69(11):745-9. doi: 10.6061/clinics/2014(11)07.
https://doi.org/10.6061/clinics/2014(11)...
analisaram as amostras de sangue ao longo do tempo 30 dias após o transplante de fígado e mostraram correlação significativa entre o nível sanguíneo de tacrolimus e a deterioração da taxa de filtração glomerular e da creatinina sérica. Pacientes com infecções tinham nível sérico mais alto de tacrolimus. A dose e a presença de rejeição foram significativamente diferentes. Os níveis de tacrolimus no sangue superior a 10 ng/ml foram associados com comprometimento da função renal. Doses maiores que 0,15 mg/kg/dia foram associadas com a prevenção de rejeição celular aguda, mas os pacientes estavam predispostos a doenças infecciosas 44. Nacif LS, David AI, Pinheiro RS, Diniz MA, Andraus W, Cruz Junior RJ, D'Albuquerque LA. An analysis of tacrolimus-related complications in the first 30 days after liver transplantation. Clinics (Sao Paulo). 2014 Nov;69(11):745-9. doi: 10.6061/clinics/2014(11)07.
https://doi.org/10.6061/clinics/2014(11)...
.

A presença de disfunção renal ou outras formas de toxicidade à calcineurina foi administrado azatioprina a 1-2 mg/kg/d ou micofenolato de mofetil em 0,5-2 g/d, e diminuição de esteróides foi usada em todos os pacientes. A terapia de indução com OKT3 foi feita somente em doentes com insuficiência renal pré-existente no momento do transplante de fígado. Níveis-alvo de ciclosporina (ng/ml) foram mantidos rotineiramente pós-transplante entre 250 e 350 durante o primeiro mês e afunilada para baixo para 100 e 200 depois de um ano9.

CONCLUSÃO

Os artigos atuais mostram a importância da rejeição aguda tardia. Além disso, os dados suportam o benefício de diagnóstico precoce e o tratamento apropriado da terapia no episódio e na manutenção durante o período tardio após o transplante de fígado.

REFERENCES

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  • Fonte de financiamento: não há

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2015

Histórico

  • Recebido
    27 Set 2014
  • Aceito
    06 Jan 2015
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