A Educação Interprofissional e os avanços do Brasil

O editorial A Educação Interprofissional em saúde na Região da Américas(¹), publicado no volume 26 de 2018 desta revista, traz o empenho da Organização Pan-Americana da Saúde – Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) em estimular seus Estados Membros a apoiar a formulação de políticas que possibilitem a ampliação da Educação Interprofissional (EIP)(²) no âmbito do ensino em saúde, fortalecendo, assim, a Prática Colaborativa (PC).

Diante desse panorama, faz-se importante destacar as iniciativas já adotadas pelo Ministério da Saúde do Brasil por intermédio da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES).

Em março de 2018, o Departamento de Gestão da Educação na Saúde (SGTES) em parceria com a Rede Brasileira de Educação e Trabalho Interprofissional em Saúde (ReBETIS) e as Instituições de Ensino Superior (Universidade de São Paulo e Universidade Federal do Rio Grande do Norte), em conjunto com a OPAS, ofereceram na modalidade a distância (EaD) o curso de atualização em Desenvolvimento Docente para Educação Interprofissional em Saúde com o objetivo de qualificar aproximadamente 300 docentes quanto aos princípios teórico-conceituais e metodológicos da EIP.

Em julho foi lançado o edital do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde/Interprofissionalidade) com o objetivo de promover a integração ensino-serviço-comunidade com foco no desenvolvimento do Sistema Único de Saúde (SUS), com vistas a implementar a EIP junto com os Projetos Pedagógicos Curriculares (PPC) dos cursos de graduação da área da saúde. De acordo com o edital, serão comtemplados até 136 projetos em todo o país com iniciativas voltadas para as Redes de Atenção à Saúde com ênfase no fortalecimento da Atenção Primária à Saúde (APS). Os grupos de trabalho serão compostos por docentes, alunos e trabalhadores das diversas áreas da saúde que no período de dois anos colaborarão para implementação da EIP em todo o território nacional, consolidando-se como estratégia macropolítica.

A PC em saúde só será possível se for alicerçada por estratégias de EIP, em que estudantes aprendem sobre, como e com o trabalho do outro, a partir da compreensão das práticas comuns, específicas e colaborativas, que se articulam e possibilitam, de forma intencional, o desenvolvimento de competências para o trabalho em equipe colaborativo(³–⁴).

Na última década, a adoção de estratégias metodológicas mais ativas e mudanças curriculares possibilitaram transformações para a formação e práticas de saúde relevantes na dinâmica da educação dos profissionais. Porém, mesmo diante de evidências científicas, de ganhos expressivos, ainda persiste a incoerência entre a formação e as necessidades requeridas pelo sistema de saúde para o trabalho em equipe(⁵).

Assim, acredita-se que a adoção de políticas que fortaleçam a EIP possa trazer transformações para as práticas de saúde, principalmente na integração e colaboração entre os profissionais, com foco nas necessidades de saúde dos usuários e população, assegurando maior segurança à assistência do cuidado, redução de erros dos profissionais de saúde e de custos do sistema de saúde, contribuindo, dessa forma, para um SUS forte e capaz de dar respostas aos problemas e necessidades de saúde da população brasileira.

Referências

• ¹
  Silva FAM, Cassiani SHB, Freire JR Filho. Interprofessional Health Education in the Region of the Americas. Rev. Latino-Am. Enfermagem. [Internet]. 2018 [cited Sep 20, 2018]; 26: e3013. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692018000100201&lng=pt
  » http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692018000100201&lng=pt
• ²
  Pan American Health Organization. Interprofessional Education in Health Care: Improving Human Resource Capacity to Achieve Universal Health. Report of the Meeting. Bogota, Colombia, 7-9 December, 2016. Washington, D.C.: PAHO; 2017.
• ³
  Peduzzi M, Norman IJ, Germani ACCG, Silva J AM, Souza GC. Interprofessional education: training for healthcare professionals for teamwork focusing on users. Rev Esc Enferm USP. [Internet]. 2013 Ago [cited Sep 26, 2018]; 47(4): 977-83. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342013000400977&lng=pt
  » http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342013000400977&lng=pt
• ⁴
  Arruda LS, Moreira COF. Interprofessional collaboration: a case study regarding the professionals of the Care Center for Elderly, Rio de Janeiro State University (NAI/UERJ), Brazil. Interface. (Botucatu). [Internet]. 2018 Mar [cited Sep 26, 2018]; 22(64):199-210. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832018000100199&lng=en
  » http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832018000100199&lng=en
• ⁵
  Costa MV. The interprofessional education in Brazilian context: some reflections. Interface. (Botucatu) [Internet]. 2016 Mar [cited Sep 26, 2018]; 20(56):197-8. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832016000100197&lng=en
  » http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832016000100197&lng=en

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  29 Abr 2019
• Data do Fascículo
  2019

Histórico

• Recebido
  15 Jan 2019
• Aceito
  10 Fev 2019