Acessibilidade / Reportar erro

Abordagem sistemática das opções cirúrgicas da concha nasal inferior Como citar este artigo: Ribeiro JC, Gonçalves J, Carneiro J. Sys- tematically addressing nasal inferior turbinate surgical options. Braz J Otorhinolaryngol. 2021;87:639.

Prezado Editor,

A Brazilian Journal of Otorhinolaryngology publicou um artigo muito relevante clinicamente escrito por Mehel et al., intitulado “Resultados clínicos iniciais da utilização de radiofrequência e lateralização das conchas nasais inferiores combinadas à septoplastia”.11 Mehel DM, Yemi¸s T, C¸elebi M, Can E, Özdemir D, Ünal A, et al. Early clinical outcomes of inferior turbinate radiofrequency and lateralization combined with septoplasty. Braz J Otorhinolaryngol. 2021;87:90–3. Gostaríamos de expressar algumas preocupações sobre as imprecisões científicas do artigo e contribuir para a fundamentação clínica do tema investigado.

Mehel et al. sugerem que tanto a radiofrequência quanto a lateralização apresentam resultados semelhantes em relação ao alívio da obstrução nasal e que o método de intervenção deve ser selecionado a critério do paciente e do(s) cirurgião(s).

Em primeiro lugar, é preciso enfatizar que a cirurgia dos distúrbios das conchas nasais deve sempre suceder um tratamento clínico insatisfatório. Provavelmente foi o que aconteceu, mas isso não foi relatado no artigo e os leitores menos experientes podem ficar confusos.

Após a decisão pela opção cirúrgica, devemos considerar os fatores etiológicos da obstrução nasal. Doenças distintas, do septo nasal, columela e válvula nasal implicarão diferentes alterações da concha com consequentes resultados diferentes. Somado a isso, alguns tipos de desvios septais tenderão a predispor a uma maior ocorrência de sinusite, o que implica desfechos clínicos diversos.22 Teixeira J, Certal V, Chang ET, Camacho M. Nasal septal deviations: a systematic review of classification systems. Plast Surg Int. 2016;2016:7089123. Esperaríamos que os autores tivessem classificado e comparado esses fatores entre os grupos de radiofrequência e lateralização de modo que esse viés tão grande pudesse ter sido controlado.

Após o controle desses vieses, a técnica escolhida para tratar as conchas inferiores consideraria não apenas as conchas, mas também as características do meato inferior e da parede medial do seio maxilar. Além disso, Mehel et al. não parecem diferenciar a concha óssea inferior da mucosa da concha inferior. Por exemplo, um paciente com o osso do corneto nasal deslocado mais medialmente sem uma hipertrofia significativa da mucosa tem mais probabilidade de obter um benefício maior da lateralização do que da ablação por radiofrequência. Portanto, a comparação da secção do meato nasal inferior e do volume da concha nasal inferior deve ser considerada antes do planejamento cirúrgico. Por outro lado, se a parede medial do seio maxilar estiver mais vertical e/ou houver uma hipertrofia maior da mucosa da concha inferior, a radiofrequência seria o método com melhores resultados.

Por fim, e como os autores oportunamente lembraram, a lateralização da concha inferior é menos onerosa que a radiofrequência. Por que não usar as duas técnicas? Acreditamos que deveria haver um terceiro grupo no estudo, que incluiria pacientes que fariam tanto a radiofrequência quanto a lateralização da concha inferior.

References

  • 1
    Mehel DM, Yemi¸s T, C¸elebi M, Can E, Özdemir D, Ünal A, et al. Early clinical outcomes of inferior turbinate radiofrequency and lateralization combined with septoplasty. Braz J Otorhinolaryngol. 2021;87:90–3.
  • 2
    Teixeira J, Certal V, Chang ET, Camacho M. Nasal septal deviations: a systematic review of classification systems. Plast Surg Int. 2016;2016:7089123.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Set 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    07 Maio 2021
  • Aceito
    10 Maio 2021
Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Sede da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial, Av. Indianópolia, 1287, 04063-002 São Paulo/SP Brasil, Tel.: (0xx11) 5053-7500, Fax: (0xx11) 5053-7512 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@aborlccf.org.br