Acessibilidade / Reportar erro

Processo de trabalho e grupos semi-autônomos: a evolução da experiência sueca de Kalmar aos anos 90

Resumos

Este trabalho visa a apresentar o desenvolvimento recente de novas formas de organização da produção e do trabalho na Suécia, em especial no que se refere ao setor automotivo (ônibus, caminhões e automóveis). Apresentam-se em detalhes as características da mais recente planta do grupo Volvo, denominada Uddevalla, projetada segundo o conceito de dock-assembly. É introduzida também uma discussão sucinta acerca de semelhanças e diferenças entre esse caso e outros como, por exemplo, o da planta da Toyota no Japão. Por fim, procurase reforçar a importância da consideração de soluções novas - e adaptadas - ao caso brasileiro, no que diz respeito a formas de organização do trabalho que contribuam para aumento da produtividade (em um sentido amplo) dos sistemas de produção.

grupos semi-autônomos; modelo sueco de organização do trabalho; toyotismo e just-in-time; novas formas de organização da produção


A description is given of the recent development of new production and work organization methods in Sweden, especially refering to the automotive sector (buses, trucks and cars). Details are given on the characteristics of the recently built Volvo Group Uddevalla plant, designed according the "dock assembly" concept. A discussion is also presented on the similarities and dissimilarities between the above plant and others like the Toyota plant in apan. As a conclusion, the importance of the consideration of new and adapted solutions to the Brazilian case is suggested with reference to work organization methods that could contribute to the productivity increase of production systems (in a general sense).

Semi-autonomous groups; swedish model of works organization; toyotism and iust-in-time; new forms of production organization


ARTIGO

Processo de trabalho e grupos semi-autônomos: a evolução da experiência sueca de Kalmar aos anos 90

Roberto Marx

Professor Assistente do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP; Mestre em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da USP; Pesquisador e Consultor na àrea de NovasFormas de Organização da Produção

RESUMO

Este trabalho visa a apresentar o desenvolvimento recente de novas formas de organização da produção e do trabalho na Suécia, em especial no que se refere ao setor automotivo (ônibus, caminhões e automóveis). Apresentam-se em detalhes as características da mais recente planta do grupo Volvo, denominada Uddevalla, projetada segundo o conceito de dock-assembly. É introduzida também uma discussão sucinta acerca de semelhanças e diferenças entre esse caso e outros como, por exemplo, o da planta da Toyota no Japão. Por fim, procurase reforçar a importância da consideração de soluções novas - e adaptadas - ao caso brasileiro, no que diz respeito a formas de organização do trabalho que contribuam para aumento da produtividade (em um sentido amplo) dos sistemas de produção.

Palavras-chave: grupos semi-autônomos, modelo sueco de organização do trabalho, toyotismo e just-in-time, novas formas de organização da produção.

ABSTRACT

A description is given of the recent development of new production and work organization methods in Sweden, especially refering to the automotive sector (buses, trucks and cars). Details are given on the characteristics of the recently built Volvo Group Uddevalla plant, designed according the "dock assembly" concept. A discussion is also presented on the similarities and dissimilarities between the above plant and others like the Toyota plant in apan. As a conclusion, the importance of the consideration of new and adapted solutions to the Brazilian case is suggested with reference to work organization methods that could contribute to the productivity increase of production systems (in a general sense).

Key words: Semi-autonomous groups, swedish model of works organization, toyotism and iust-in-time. new forms of production organization.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

1. O esquema de organização do trabalho adotado em Kalmar será aqui denominado genericamente de grupos semi-autônomos. Mais adiante esse esquema será detalhado em termos das variaçôes encontradas em pesquisa realizada junto a plantas suecas nos meses de junho e julho de 1990.

2. A planta de Kalmar em 1974 montava os modelos 244 e 254 nas versôes DL, GL e GL T, com diversas opçôes de cores, tipos de motores e outros acessórios. Atualmente, é responsável pela linha 760 e suas variaçôes, carros considerados como "de luxo" no mercado europeu e americano.

3. Segundo Aguren et alii, ao ser comparada com outras plantas do grupo, a planta de Kalmar mostra: ( ... ) "o menor custo de montagem, 25% menos horas-homem do que Torslanda - a maior planta do grupo -, o menor índice de 'whitecollars' por automóvel montado, o maior consumo de eletricidade e o maior período de treinamento, além de exigir maiores investimentos para a sua instalação". AGUREN, S.; BREDBACKA, C; HANSSON, R.; IHREGREN, K. & KARLSSON, K. Volvo Kalmar Revisited: ten years of experience. Estocolmo, Elficiency and Participation Development Council- SAF LO PTK, 1985.

4. BERGGREN, C. "New Production Concepts" in final assembly - The Swedish Experience. In: WOOD, S. The Transformation of Work? Londres, Unwin Hyman, 1989.

5. PIORE, M. & SABEL, C. The Second Industrial Divide. Possibiliffes for prosperity. New York, Basic Books, 1984.

6. Ver, por exemplo, HOFFMAN, K. Technogical Advance and Organizational Innovation in the Engineering Industry. Brighton, Sussex Research Associates, 1989; e SAYER, A. "PostFordism in Question'. Intemational Joumal of Urban and Regional Research, Londres, 13(4),1989.

7. É o caso de plantas como a de Malmo do grupo Saab-GM-Scania e a de Tuve, pertencente ao grupo Volvo.

8. A maior planta montadora de automóveis do grupo Volvo produz 120 mil veículos/ano, enquanto uma planta média produz cerca de 12.000 caminhões/ano.

9. No caso da montagem de ônibus e caminhões, tal característica também é muito rara nas plantas coovenconais, uma vez que o esquema de correias transportadoras e ciclos de trabalho pequenos quase sempre é observado, se bem que estes últimos com duração média superior à presente no caso dos automóveis.

10. ELLEGARD, K. ; ENGSTRÓM, T. & NILSSON, L. Reforming Indus· trial Work - principies and realities. Stockholm,Arbetsmiljofonden, 1991.

11. Vide GOMES FilHO, A.; MARX, R. & ZllBOVICIUS, M. "Fordism and New Best Practice: Some Issues on the Transition in Brazil".IDS Bulletin, Brighton, 2-4), 1989; e FERREIRA, C.; HIRATA, H.; MARX, R. & SAlERNO, M. Alternativas sueca, italiana e japonesa ao paradigma (ordista: elementos para uma discussão sobre o caso brasileiro. São Paulo, trabalho apresentado no Se· minário Interdisciplinar da ABET, "Modelos de Organização Industrial, Política Industrial e Trabalho", 12/04/91.

12. HUMPHREY, J. New Forms of Work Organizations in Industry: their implications for labours use and control in Brazif. São Paulo, trabalho apresentado na Conferência "Padrões Tecnológicos e Políticas de Gestão", 16-17108/89.

13. FLEURY, A. "Capacitação Tecnológica e Processo de Trabalho: comparação entre o modelo japonês e o brasileiro'. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, 30(4}:23-30, out/dez. 1990.

14. BRULlN, G. Towards a New Swedish Model? Rouen, trabalho apresentado no Simpósio "Realites el Ficlions d'un Nouveau Modele Productif", 1992.

  • 3. Segundo Aguren et alii, ao ser comparada com outras plantas do grupo, a planta de Kalmar mostra: ( ... ) "o menor custo de montagem, 25% menos horas-homem do que Torslanda - a maior planta do grupo -, o menor índice de 'whitecollars' por automóvel montado, o maior consumo de eletricidade e o maior período de treinamento, além de exigir maiores investimentos para a sua instalação". AGUREN, S.; BREDBACKA, C; HANSSON, R.; IHREGREN, K. & KARLSSON, K. Volvo Kalmar Revisited: ten years of experience. Estocolmo, Elficiency and Participation Development Council- SAF LO PTK, 1985.
  • 4. BERGGREN, C. "New Production Concepts" in final assembly - The Swedish Experience. In: WOOD, S. The Transformation of Work? Londres, Unwin Hyman, 1989.
  • 5. PIORE, M. & SABEL, C. The Second Industrial Divide. Possibiliffes for prosperity. New York, Basic Books, 1984.
  • 6. Ver, por exemplo, HOFFMAN, K. Technogical Advance and Organizational Innovation in the Engineering Industry. Brighton, Sussex Research Associates, 1989;
  • e SAYER, A. "PostFordism in Question'. Intemational Joumal of Urban and Regional Research, Londres, 13(4),1989.
  • 10. ELLEGARD, K. ; ENGSTRÓM, T. & NILSSON, L. Reforming Indusˇ trial Work - principies and realities. Stockholm,Arbetsmiljofonden, 1991.
  • 11. Vide GOMES FilHO, A.; MARX, R. & ZllBOVICIUS, M. "Fordism and New Best Practice: Some Issues on the Transition in Brazil".IDS Bulletin, Brighton, 2-4), 1989;
  • e FERREIRA, C.; HIRATA, H.; MARX, R. & SAlERNO, M. Alternativas sueca, italiana e japonesa ao paradigma (ordista: elementos para uma discussão sobre o caso brasileiro. São Paulo, trabalho apresentado no Seˇ minário Interdisciplinar da ABET, "Modelos de Organização Industrial, Política Industrial e Trabalho", 12/04/91.
  • 12. HUMPHREY, J. New Forms of Work Organizations in Industry: their implications for labours use and control in Brazif. São Paulo, trabalho apresentado na Conferência "Padrões Tecnológicos e Políticas de Gestão", 16-17108/89.
  • 13. FLEURY, A. "Capacitação Tecnológica e Processo de Trabalho: comparação entre o modelo japonês e o brasileiro'. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, 30(4}:23-30, out/dez. 1990.
  • 14. BRULlN, G. Towards a New Swedish Model? Rouen, trabalho apresentado no Simpósio "Realites el Ficlions d'un Nouveau Modele Productif", 1992.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Jun 2013
  • Data do Fascículo
    Jun 1992
Fundação Getulio Vargas, Escola de Administração de Empresas de S.Paulo Av 9 de Julho, 2029, 01313-902 S. Paulo - SP Brasil, Tel.: (55 11) 3799-7999, Fax: (55 11) 3799-7871 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rae@fgv.br