Resumo
O que acontece ao experimentarmos pensar a hipótese de existência de uma antropologia chamada canônica, ocidental, eurocentrada, não apenas como dimensão universalista do poderoso projeto colonial europeu, mas como esforço do provinciano pensamento das metrópoles para estender sua condição, aferrando-se a pressupostos modernos? Aceitando o desafio desse sutil giro epistêmico, o presente artigo tem por objetivo seguir pistas capazes de evidenciar como a Europa foi constantemente chamada por antropólogos afro-caribenhos a se desprovincializar, sem, no entanto, ter sido capaz de suportar entrar de modo intensivo em relação com a criação vertiginosa e potente em que a antropologia parecia estar se tornando fora de seu eixo irradiador. Suspeitando de tal matriz de pensamento que foi capaz de ignorar o Caribe, propomos, a partir de levantamento bibliográfico e pesquisa documental, uma composição anticolonial dos quadros teórico-etnográficos da antropologia, esboçando uma narrativa povoada por antropólogos como Antenor Firmin, Jean Price-Mars e Jacques Roumain, que protagonizaram, em diálogo direto com autores canonizados, debates caros ao desenvolvimento da disciplina.
Palavras-chave:
História da Antropologia, Narrativas anti-coloniais; Anténor Firmin; Jean Price-Mars; Jacques Roumain; Haiti