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O mundo após o 11 de setembro: a perda da inocência

Findas as ilusões que se seguiram à queda do Muro de Berlim e a perplexidade com as possíveis conseqüências imediatas do contra-ataque norte-americano ao 11 de setembro, o que vemos hoje é aumento do poder do Estado, unilateralismo no uso desse poder, acirramento das divergências entre as forças mundiais, recuo na tendência globalizante e reversão dos ganhos com o "dividendo da paz" até então, fazendo ressurgir um nacionalismo político-econômico, manifestado com a afirmação do poder do Estado sobre o mercado, com a prevalência da política estratégica diante da economia e do comércio. Mesmo o "multilateralismo" proferido por alguns chefes de Estado não pretende uma autêntica democratização das relações internacionais. Ao Brasil resta lutar por uma reforma na arquitetura financeira internacional e no sistema multilateral de comércio, mobilizando nações com interesses semelhantes para juntos explorar os espaços abertos pelas limitações do poder norte-americano e dos demais países industrializados, com o fim de buscar uma cooperação solidária e generosa, inspirada no auto-interesse de cada um, na consciência de que somos interdependentes uns dos outros. A solução para os impasses do desenvolvimento e a armadilha da pobreza não virá com a (re)construção de muros físicos, político-jurídicos, econômicos e, sobretudo, mentais.

Conflitos mundiais; Estados Unidos; 11 de setembro; Unilateralismo; Multilateralismo; Globalização; Política externa


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