Acessibilidade / Reportar erro

Oxiuríase e migrações pré-históricas

Oxyuriasis and prehistoric migrations

O encontro de parasitos em material arqueológico tem permitido o acompanhamento da dispersão de agentes infecciosos e seus hospedeiros humanos no passado. Através desses achados, pôde-se retomar teorias propostas no início do século sobre contatos transpacíficos de populações asiáticas com a América do Sul. Assim foi feito, por exemplo, no caso do encontro de ovos de ancilostomídeos em material arqueológico datado de até sete mil anos antes do presente. O aumento da produção científica na área torna necessária, agora, a realização de trabalhos de síntese que avaliem o estado da arte e proponham modelos paleoepidemiológicos compreensíveis para a dispersão pré-histórica das parasitoses humanas. Nesse sentido, foi feito o presente trabalho, a partir dos recentes achados de ovos de Enterobius vermicularis em material arqueológico nas Américas. Diferentemente da infecção por ancilostomídeos, a oxiuríase não necessita de passagem pelo solo para a transmissão de um hospedeiro a outro, logo, sua persistência em uma dada população humana independe das condições climáticas. Poderia, portanto, ter sido trazida do velho para o novo continente, inclusive pelas migrações humanas que atravessaram o estreito de Bering. Tal fato pode explicar a maior dispersão geográfica dos achados e sua disseminação na América do Norte, desde dez mil anos até os tempos atuais. Na América do Sul, por outro lado, os achados arqueológicos só confirmaram sua existência ao longo da região andina, com achados no Chile e no Norte da Argentina. No Brasil, apesar do grande número de amostras examinadas, não foram encontrados ovos de Enterobius vermicularis em coprólitos. No presente trabalho, discutem-se modelos explicativos para a distribuição conhecida dessa parasitose em populações pré-históricas.

Paleoparasitologia; oxiuríase; antropologia; migrações pré-históricas; coprólitos


Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz Av. Brasil, 4365, 21040-900 , Tel: +55 (21) 3865-2208/2195/2196 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: hscience@fiocruz.br