Este artigo trabalha com a perspectiva da governamentalidade de Michel Foucault e utiliza o seu conceito de governo com o intuito de discutir as autoridades convocadas e autorizadas em uma parte do discurso da mídia educativa brasileira sobre educação escolar, divulgada entre os anos de 1999 e 2001. O discurso investigado é significado como integrando um conjunto de mecanismos de governo em relação à conduta dos indivíduos na sociedade contemporânea. A análise focaliza as estratégias e técnicas utilizadas nesse discurso para ensinar aos professores a se auto-regularem e agirem para o bem da educação e do desenvolvimento do Brasil. Demonstra que a educação escolar é apreendida no discurso investigado como um problema social e traduzida como um objeto passível de intervenção e regulação. Essa intervenção deve ser feita por todos, mas alguns experts são convocados para ensinar-nos como devemos nos conduzir e como devemos intervir na educação. O argumento desenvolvido é o de que a mídia educativa - por meio de operações tecnológicas diferenciadas, do uso de especialistas e da produção de novas autoridades em educação - apresenta-se como uma autoridade em educação, colocando em funcionamento mecanismos heterogêneos para ensinar aos professores procedimentos que devem aplicar sobre si mesmos de modo a governar sua própria conduta e auxiliar no processo de governo dos outros.
Formação docente; Autoridades em educação; Mídia educativa; Governo