Resumo
O artigo analisa dois cursos de Émile Durkheim (1858-1917) inscritos no domínio da educação, A evolução pedagógica e A educação moral, postumamente publicados em 1938. Estes cursos, como formas de exposição do pensamento pedagógico durkheimiano, permitem observar uma perspectiva tanto sócio-histórica, sublinhando permanências e descontinuidades do ensino no Ocidente, quanto sócio-antropológica da educação baseada na realidade contemporânea do sociólogo. O artigo, contando com essa díade constitucional do pensamento de Durkheim, apresenta a partir das noções de sagrado e de profano um conjunto de tensões sociais que revelam uma perspectiva conflituosa da realidade educacional. Essas tensões contemplam uma visão sociológica menos consensual acerca da educação, conferindo a práticas como a leitura, o exercício moderado da punição e a difusão do conhecimento papeis ambíguos próprios ao dualismo sagrado-profano. Durkheim deixa ver, assim, atributos dramáticos e dinâmicos de seu pensamento, ao mesmo tempo, sem abrir mão da natureza moral da educação.
Durkheim; Sagrado; Profano; Educação moral