Resumo
O artigo visa contribuir para a caracterização da obra ou imaginário artístico de Artur Lescher. Destaca que a pureza de suas formas resulta de estruturas não-compositivas, embora integre sua gramática, elementos de tensão, tanto entre materiais em uma mesma obra, quanto entre as obras uma vez dispostas na galeria. Procura associar, ainda, essa gramática a uma semântica, relacionando-a ao imaginário infantil, pois algumas de suas formas reenviam a brinquedos antigos, enquanto outras, à ideia de repetição, própria ao jogo. Face essa obra de matriz construtiva, que se abre, contudo, à alegoria, o fruidor é instado a desentranhar o enigma da imagem, no intento de aplacar a inquietude que resulta daquilo que, sendo familiar é também estranho (Das Unheimliche). É nesse aspecto que reside o poder de negatividade, de crítica social ou política de sua arte.
palavras-chave:
Artur Lescher; arte brasileira; arte construtiva, gramática; alegoria