Inicialmente, perguntamo-nos se é coerente, ética e doutrinariamente, chamar de técnica a prática psicanalítica? Daí investigamos se há, principalmente nos chamados "artigos técnicos", evidências ou ao menos indícios de que o tratamento criado por Freud esteja fundado em uma ética própria à psicanálise, não sendo possível reduzi-lo ao mero manejo de uma técnica. Sustentado no que foi sua "auto-análise", na teoria e na metodologia daí decorrentes, Freud deu mostras de que, na direção do tratamento, não há condução do sujeito, que o lugar/posição/função do analista não é o de mestre e, acima de tudo, que a psicanálise não deve servir a nenhum ideal do eu ou da cultura. O artigo pretende demonstrar como é possível inferir, do texto freudiano principalmente a partir da leitura feita por Lacan uma ética voltada para o desejo. Por decorrência, este artigo evidencia a consistência da teoria freudiana, nitidamente nas dimensões ética e clínica.
ética da psicanálise; desejo; artigos freudianos sobre a técnica; direção do tratamento; desejo do psicanalista