Este artigo, construído à luz das obras de Bakhtin, tem como objetivo discutir algumas especificidades das práticas de letramento de surdos, considerando que elas são constituídas a partir de práticas sociais de linguagem que envolvem duas línguas - Libras e português, línguas que compartilham o mesmo espaço/tempo nas diferentes esferas de atividade e que possuem forças socioculturais e ideológicas assimétricas. Essa particularidade linguístico-discursiva determina que práticas de letramento em ambas as línguas sejam postas em relação, estabelecendo, no interior delas, um diálogo (nem sempre pacífico) entre línguas/culturas. Considerando esses pressupostos, será apresentada uma proposta educacional na qual os alunos, a partir da vivência da Libras em sua dimensão discursiva/genérica, têm desenvolvido práticas de letramento nas duas línguas. Embora ainda inicial, acredita-se que este processo possa vir a (re)significar e transformar a relação histórica que tem constituído o diálogo que as comunidades surdas têm estabelecido com a língua portuguesa.
Educação bilíngue para surdos; Práticas de letramento; Língua brasileira de sinais; Língua portuguesa escrita