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Tripes associados à floração da nectarina em Santa Catarina

Thrips associated to nectarine blossom in Santa Catarina State

Resumo

Samples of thrips species that occur in nectarine (Prunus persica var. nuscipersica) blossom in Santa Catarina State, Brazil, revealed the presence of Haplothrips gowdeyi (Franklin) (Thysanoptera: Phlaeothripidae), Frankliniella condei John and Frankliniella sp. (Thysanoptera:Thripidae) causing damage to flower's ovarium. The cosmopolitan Western flower thrips, Frankliniella occidentalis (Pergande) was not recovered from nectarine flowers.

Insecta; Thysanoptera; Phlaeothripidae; Thripidae; stonefruit; Prunus persica


Insecta; Thysanoptera; Phlaeothripidae; Thripidae; stonefruit; Prunus persica

COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

Tripes associados à floração da nectarina em Santa Catarina

Thrips associated to nectarine blossom in Santa Catarina State

Eduardo R. Hickel; Jean-Pierre H.J. Ducroquet

EPAGRI - Estação Experimental de Videira, Caixa postal 21, 89560-000, Videira, SC

ABSTRACT

Samples of thrips species that occur in nectarine (Prunus persica var. nuscipersica) blossom in Santa Catarina State, Brazil, revealed the presence of Haplothrips gowdeyi (Franklin) (Thysanoptera: Phlaeothripidae), Frankliniella condei John and Frankliniella sp. (Thysanoptera:Thripidae) causing damage to flower's ovarium. The cosmopolitan Western flower thrips, Frankliniella occidentalis (Pergande) was not recovered from nectarine flowers.

Key words: Insecta, Thysanoptera, Phlaeothripidae, Thripidae, stonefruit, Prunus persica.

Em anos de inverno seco e ameno, é comum ocorrer ataque de tripes durante a floração da nectarina (Prunus persica var. nuscipersica) no estado de Santa Catarina. Os prejuízos podem ser expressivos e consistem na queda de flores e frutos recém-formados ou em deformações na casca dos frutos (Hickel 1993). O ataque de tripes nas flores de nectarina em Santa Catarina vem sendo atribuído à espécie Frankliniella occidentalis (Pergande) (Hickel 1993), referida como praga dessa cultura e, eventualmente, de outras rosáceas em outros países (Barnett & Rice 1898, Leprat 1992, Nicolas & Aumont 1994, Jacobs 1995, Teulon & Penman 1996). Entretanto as amostras de Santa Catarina não foram estudadas do ponto de vista taxonômico. Frente às dúvidas quanto a identificação e ao número de espécies que incidem nas flores, haja visto terem sido encontrados indivíduos adultos de diferentes tamanhos e coloração, procedeu-se a um levantamento das espécies de tripes que incidem na floração causando danos à nectarina.

Foram utilizados os pomares da Estação Experimental de Videira, em Videira, situada na principal região de cultivo de frutas de caroço de Santa Catarina. As amostras da população de tripes foram obtidas através da coleta de 20 flores/planta em 3 plantas das cv. Necta 343 e Sungold. Foram realizadas três amostragens no período de floração, compreendido de 6 a 18 de agosto de 1996. O material coletado foi levado ao laboratório, analisado quanto aos danos no ovário, e posteriormente foi mergulhado e agitado em álcool 70%. Os tripes retirados das flores foram separados pelas características morfológicas e enviados ao Systematic Entomology Laboratory (PSI-USDA), para a identificação das espécies. Uma contraprova de cada grupo morfológico foi depositada na coleção entomológica da Estação Experimental de Videira.

As identificações realizadas constataram a ocorrência de três espécies de tripes: Haplothrips gowdeyi (Franklin) (Phlaeothripidae), Frankliniella condei John (Thripidae) e Frankliniella sp. (Thripidae). A análise de danos permitiu concluir que estas espécies prejudicam a nectarina sugando o ovário da flor, que se apresenta murcho e necrosado sob estereo-microscópio. A espécie normalmente referida como F. occidentalis em nectarina, no Estado de Santa Catarina, não foi encontrada nas amostras coletadas e identificadas.

A espécie H. gowdeyi é relatada sobre flores de Buddleia variabilis (loganiácea ornamental) e em folhas de outros oito hospedeiros, com destaque para arroz (Oryza sativa) e cafeeiro (Coffea arabica). A distribuição geográfica inclui, basicamente, os estados da região Sudeste. Já a espécie F. condei é relatada apenas em São Paulo e Minas Gerais sobre flores de roseira (Rosa sp.), laranjeira (Citrus aurantium) e limoeiro (Citrus limon), além de incidir em folhas de outros três hospedeiros: abacateiro (Persea americana), mangueira (Mangifera indica) e chá da India (Camellia thea) (Silva et al. 1968). Portanto, são novos os registros de ocorrência destas espécies em nectarina e no Estado de Santa Catarina.

Agradecimentos

Os autores agradecem aos Drs. M. Lacey-Theisen e S. Nakahara (SEL-PSI/USDA), pela identificação das espécies de tripes.

Literatura Citada

Recebido em 27/08/97. Aceito em 06/04/98.

  • Barnett, W.W. & R.E. Rice. 1989. Insect and mite pests, p. 94-117. In J.H. LaRue, R.S. Johnson (eds.). Peaches, plums, and nectarines growing and handling for fresh market. Oakland, University of California, 246p.
  • Hickel, E.R. 1993. Pragas do pessegueiro e da ameixeira e seu controle no estado de Santa Catarina. Florianópolis, EPAGRI, 45p.
  • Jacobs, S. 1995. Thrips damage and control in nectarine orchards. Decid. Fruit Grower 45: 274-280.
  • Leprat, G. 1992. Thrips Frankliniella occidentalis un fléau sur fraisiers mais aussi sur pêcher et nectariniers. L'Arbo. Frut. 453: 38-40.
  • Nicolas, J. & C. Aumont. 1994. Le thrips californien sur pecher-nectarinier en roussillon: synthese de trois annees d'etudes. Phytoma 460: 30-34.
  • Silva, A.G.A., C.R.Gonçalves, D.M. Galvão, A.J.L. Gonçalves, J. Gomes, M.N. Silva & L. Simoni. 1968. Quarto catálogo dos insetos que vivem nas plantas do Brasil. Parte 2, Tomo 1, Rio de Janeiro, Ministério da Agricultura, 622p.
  • Teulon, D.A.J. & D.R. Penman. 1996 Thrips (Thysanoptera) seasonal flight activity and infestation of ripe stonefruit in Canterbury, New Zealand. J. Econ. Entomol. 89: 722-734.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Jul 2006
  • Data do Fascículo
    Jun 1998

Histórico

  • Recebido
    27 Ago 1997
  • Aceito
    06 Abr 1998
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