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Pyricularia grisea causando manchas foliares na cultivar BRS capileto de capim-elefante (Pennisetum purpureum Schumach.) X milheto (Pennisetum glaucum (L.) R. Br.)

COMUNICAÇÕES

IEmbrapa Gado de Corte, Avenida Rádio Maia, 830, CEP 79106-550, Campo Grande, MS

IIEmbrapa Gado de Leite, Rua Eugênio do Nascimento, 610, CEP 36038-330, Juiz de Fora, MG

IIIEmbrapa Amazônia Oriental, Tv. Enéas Pinheiro, S/N, CEP 66095-100, Belém, PA

O capim-elefante (Pennisetum purpureum Schumach.) é, reconhecidamente, uma das gramíneas forrageiras de mais alto potencial produtivo, adaptando-se muito bem às condições de clima e solo de praticamente todo o Brasil. Contudo, uma das principais dificuldades existentes para a expansão do cultivo do capim-elefante está relacionada à sua forma de propagação, realizada por meio de estacas, o que aumenta o custo de transporte e plantio da forrageira, impossibilita o armazenamento do material propagativo por longo período, além de dificultar a distribuição das cultivares melhoradas. Os híbridos interespecíficos hexaplóides, obtidos pela combinação genética entre o milheto (Pennisetum glaucum (L.) R. Br.) e o capim-elefante, têm-se revelado como uma boa alternativa para a obtenção de cultivares superiores que se propagam por meio de sementes. Além de melhor qualidade forrageira, os híbridos hexaplóides apresentam elevada produção de sementes grandes e viáveis. Neste contexto, a Embrapa Gado de Leite, em parceria com a Unipasto (Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras) desenvolveu, recentemente, a população hexaplóide de Pennisetum purpureum x Pennisetum glaucum, denominada cultivar BRS Capileto, registrada no RNC sob o número 28752 e cujo lançamento está previsto para o ano de 2014. Em campos de multiplicação de sementes de BRS Capileto na Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS, foram observadas, em folhas das plantas adultas e com idade aproximada de sete meses, pontuações castanho-avermelhadas, que evoluíam para manchas elípticas de até 2 cm de comprimento por 0,5 cm de largura (Figura 1A). As lesões individuais coalesciam, formando extensas áreas necrosadas, com queima total das folhas. Da interface das lesões e tecido sadio foram retiradas porções para isolamento do patógeno em ágar-água. Os isolados do fungo obtidos foram transferidos para BDA e as colônias formadas apresentaram aspecto cinza escuro e cotonoso (Figura 1B). Os conídios, de formato piriforme, hialinos, na maioria com três células e dois septos, apresentavam dimensões de 12,50-24,98-30,00 x 5,00-9,25-12,50 µm e apêndice basal no ponto de ligação com o conidióforo (Figura 1C). Observaram-se, ainda, que os conídios germinavam a partir da célula apical (Figura 1D). Os conidióforos encontrados apresentavam coloração hialina e formato reto a curvo (Figura 1C e 1D). O fungo foi identificado como Pyricularia grisea (Cooke) Sacc. e ocorre em mais de 50 gramíneas, entre elas o arroz (Oryza sativa) e o trigo (Triticum aestivum). O referido isolado foi inoculado em plantas sadias de 40 dias de idade e em folhas sadias destacadas provenientes de plantas adultas do campo. Em ambos os casos, discos de cultura do fungo foram colocados sobre as folhas previamente feridas e o material inoculado foi mantido em câmara úmida (90% UR; 30ºC) por dois dias. Após, as folhas destacadas inoculadas foram mantidas em temperatura ambiente de laboratório e as plantas inoculadas foram mantidas em casa-de-vegetação. Sintomas idênticos aos encontrados no campo foram reproduzidos aos oito dias da inoculação (Figuras 1E e 1F). Além disso, uma suspensão de micélio do fungo foi preparada e aspergida sobre plantas de 40 dias de idade e, após dois dias sob câmara úmida (90% UR; 30ºC) e quinze dias em condições de laboratório, apresentaram todas as suas folhas secas (Figura 1G). Do material com sintomas decorrentes da inoculação procedeu-se o reisolamento do patógeno (Figuras 1H e 1I). Partes das plantas coletadas com sintomas e utilizadas para as análises foram herborizadas e armazenadas no Herbário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul sob o número de registro CGMS-35.093. Este é o primeiro relato da ocorrência de Pyricularia grisea em Pennisetum purpureum X Pennisetum glaucum BRS Capileto.





Data de chegada: 01/10/2012

Aceito para publicação em: 30/03/2013

  • Pyricularia grisea causando manchas foliares na cultivar BRS capileto de capim-elefante (Pennisetum purpureum Schumach.) X milheto (Pennisetum glaucum (L.) R. Br.)

    Jaqueline Rosemeire VerzignassiI* * Autor para correspondência: Jaqueline Rosemeire Verzignassi ( jaqueline.verzignassi@embrapa.br) ; Celso Dornelas FernandesI; Francisco José da Silva LédoII; Margareth Vieira BatistaI; Carolina de Arruda QueirozI; Hugo Soares CoradoI; Luiz Sebastião PoltronieriIII; Lenise Castilho MonteiroI; Janaína Iara SilvaI; Gleiciane de Lima BenteoI; Juarez Campolina MachadoII
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    Autor para correspondência: Jaqueline Rosemeire Verzignassi (
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      26 Jul 2013
    • Data do Fascículo
      Jun 2013
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