Acessibilidade / Reportar erro

Reprodução Sexuada em Pyricularia oryzae

Sexual Reproduction in Pyricularia oryzae

Resumos

A brusone é causada pelo fungo Ascomyceto Pyricularia oryzae, sendo a doença mundialmente mais importante do arroz. Além do arroz, P. oryzae causa a brusone em trigo no Brasil, no Paraguai e na Bolívia. A alta variabilidade genético-patotípica observada em populações locais de P. oryzae, é possivelmente responsável pela baixa durabilidade da resistência de cultivares de arroz e trigo a referida doença, e talvez também seja determinante em eventos de 'mudança de hospedeiro' pelo patógeno. Esta revisão tem por objetivo apresentar aspectos relevantes da reprodução sexuada de P. oryzae, bem como informações sobre mecanismos de regulação do ciclo reprodutivo sexual do patógeno por meio dos genes mating type e feromônios, num sistema de reconhecimento específico. O conhecimento da biologia reprodutiva e da importância da reprodução sexuada em P. oryzae é essencial para o manejo da brusone baseado em resistência durável.

brusone; peritécio; variabilidade genética; Magnaporthe oryzae


Blast is caused by the Ascomycete Pyricularia oryzae and is the most important disease affecting rice in the world. Besides rice, wheat is affected by blast caused by P. oryzae in Brazil, Paraguay and Bolivia. The high genetic-pathotypic variability observed in local populations of P. oryzae is probably responsible for the low resistance durability of rice and wheat cultivarsto this disease and may also be determinant in eventsof 'host shift' by the pathogen. This review aims to present important aspects of the sexual reproduction of P. oryzae, as well as information about the regulatory mechanisms of the pathogen sexual cycle by the genes mating type and pheromones in a specific recognition system. Understanding the reproductive biology and the importance of P. oryzae sexual cycle is essential for blast disease management based on durable resistance.

blast disease; perithecium; genetic variability; Magnaporthe oryzae


A brusone é causada pelo fungo Ascomyceto Pyricularia oryzae Cavara, sendo a mais importante doença do arroz no mundo (55Wang, X.; Lee, S.; Wang, J.; Ma, J.; Bianco, T.; Jia, Y. Current Advances on Genetic Resistance to Rice Blast Disease.In: Yan, W. Rice: Germoplasm, Genetics and Improvement Hangzhou: China Jiliang University, 2014.Cap.7, p.195-217. Disponível em: http://www.intechopen.com/books/rice-germplasm-genetics-and-improvement/current-advances-on-genetic-resistance-to-rice-blast-disease . Acessoem: 30 set. 2014.
http://www.intechopen.com/books/rice-ger...
). A brusone do trigo é recente, tendo emergido no Brasil no Estado do Paraná em 1985 (22Igarashi, S.; Utiamada, C.M.; Igarashi, L.C.; Kazuma, A.H.; Lopes, R.S. Pyricularia do trigo. Ocorrência de Pyricularia sp. No Estado do Paraná. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.11, p.351-352, 1986.), e ocorre também no Paraguai e na Bolívia (15Duveiller, E.H.; Hodson, D.; Tiedmann, A. Wheat blast caused by Magnaporthe grisea: A reality and new challenge for wheat research. In: Abstracts inthe 8th International Wheat Conference, 2010, St. Ptesburg. Annals.St. Ptesburg: Vavilov Research Instituteof Plant Industry. p.257-248.). O fungo é hemibiotrófico, e causa sintomas em todas as partes das plantas, como manchas elípticas em folhas (55Wang, X.; Lee, S.; Wang, J.; Ma, J.; Bianco, T.; Jia, Y. Current Advances on Genetic Resistance to Rice Blast Disease.In: Yan, W. Rice: Germoplasm, Genetics and Improvement Hangzhou: China Jiliang University, 2014.Cap.7, p.195-217. Disponível em: http://www.intechopen.com/books/rice-germplasm-genetics-and-improvement/current-advances-on-genetic-resistance-to-rice-blast-disease . Acessoem: 30 set. 2014.
http://www.intechopen.com/books/rice-ger...
) e branqueamento gradual de espigas (22Igarashi, S.; Utiamada, C.M.; Igarashi, L.C.; Kazuma, A.H.; Lopes, R.S. Pyricularia do trigo. Ocorrência de Pyricularia sp. No Estado do Paraná. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.11, p.351-352, 1986.). A severidade da doença varia muito de acordo com as condições climáticas e com as cultivares utilizadas, e as perdas podem chegar a quase 100 % (19Goulart, A.C.P.; Sousa, P.G.; Urashima, A.S. Danos em trigo causados pela infecção de Pyricularia grisea. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.33, n.4, p.358-363, 2007.,22Igarashi, S.; Utiamada, C.M.; Igarashi, L.C.; Kazuma, A.H.; Lopes, R.S. Pyricularia do trigo. Ocorrência de Pyricularia sp. No Estado do Paraná. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.11, p.351-352, 1986.).

A alta variabilidade do fungo contribui para a frequente perda de resistência em cultivares de arroz e trigo (39Prabhu, A.S.; Filippi, M.C.; Silva, G.B. Dinâmica da População do Patógeno. In: Prabhu, A.S.; Filippi, M.C.; Silva, G.B. Brusone em arroz: Controle genético, progresso e perspectivas. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2006. p. 388.), e em conjunto com mudanças nos agro-ecossistemas, também contribui com o fenômeno de 'mudança de hospedeiro'. O trabalho de Couch et al. (10Couch, B.C.; Fudal, I.; Lebrun, M.-H.;Tharreau, D.; Valent, B.; van Kim, P.; Nottéghem, J.; Kohn, L.M. Origins of Host-Specific Populations of the Blast Pathogen Magnaporthe oryzae in Crop Domestication with Subsequent Expansion of Pandemic Clones on Rice and Weeds of Rice. Genetics, Bethesda, v.170, p.613-630, 2005.) aponta evidências de que linhagens infectivas ao arroz emergiram a partir de isolados de Setaria, na China, seguido de especialização em plantas daninhas comuns ao arroz. Stuckenbrok & Mcdonald (45Stuckenbrok, E.H.; Mcdonald, B.A. The Origins of Plant Pathogens in Agro-ecosystems. Annual Review of Phytopathology, Palo Alto, v.46, p.75-100, 2008.) sugerem que o mesmo tenha ocorrido para favorecer a emergência da brusone do trigo no Sul do Brasil. Existem evidências de que a reprodução sexuada seja a principal fonte de variabilidade de P. oryzae (36Maciel, J.L.N.; Ceresini, P.C.; Castroagudin, V.L.; Zala, M.; Kema, G.H.J.; McDonald, B.A. Population Structure and Pathotype Diversity of the Wheat Blast Pathogen Magnaporthe oryzae 25 Years After Its Emergence in Brazil. Phytopathology, St. Paul,v.104, n.1, p.95-107, 2014.,40Saleh, D.; Xu, P.S.Y.; Li, C.; Adreit, H.; Milazzo, J.; Ravigné, V.; Bazin, E.; Nottéghem, J.; Fournier, E.; Tharreau, D. Sex at the origin: an Asian population of the rice blast fungus Magnaporthe oryzaereproduces sexually. Molecular Ecology, Vancouver, v.21, p.1330-1344, 2012.).

Espécies de Pyricularia foram nomeadas em sua fase sexual como Magnaporthe spp. (9Couch, B.C.; Kohn, L.M. A multilocus gene genealogy concordant with host preference indicates segregation of a new species, Magnaporthe oryzae. Mycologia, Lexington, v.94, n.4, p.692, 2002., 21Hebert, T.T. The Perfect Stage of Pyricularia grisea. Phytopathology, St. Paul, v.61, p.83-87, 1971.) por muitos anos, mas recentemente tem sido resolvida a utilização apenas do nome Pyricularia tanto para a fase assexuada como para a fase sexuada, seguindo o Novo Código Internacional de Nomenclatura para Algas, Fungos e Plantas (30Klaubauf, S.; Tharreau, D.; Fournier, E.; Groenewald, J.Z.; Crous, P.W.; deVries, R.P.; Lebrun, M.-H. Resolving the polyphyletic nature of Pyricularia (Pyriculariaceae). Studies in Mycology, Utrecht, p.1-36, 2014., 46Tosa, Y.; Chuma, I. Classification and parasitic specialization of blast fungi. Journal of General Plant Pathology, v.80, p.202-209, 2014.).

O reconhecimento dos indivíduos sexualmente compatíveis é regulado por genes mating type (48Turgeon, B.G. Application of mating type gene technology to problems in fungal biology. Annual Review of Phytopathology, Palo Alto, v.36, p.115-137, 1998.) e feromônios (43Shen, W.C.; Bobrowicz, P.; Ebbole, D.J. Isolation of pheromone precursor genes of Magnaporthe grisea. Fungal Genetics and Biology,Amsterdam,v.27, p.253-263, 1999.). A indução do desenvolvimento de peritécios negros com longos pescoços e ascas unitunicadas contendo oito ascósporos tri-septados pode ser realizada por pareamento de indivíduos compatíveis in vitro ou em plantas, em tecidos senescentes (20Hayashi, N.; Li, Y.C.; Li, J.L.; Naito, H. In vitro production on rice plants of perithecia of Magnaporthe grisea from Yunnan, China. Mycological Research, Cambridge, v.101, n.11, p.1308-1310, 1997., 44Silue, D.; Notteghem, J.L. Production of perithecia of Magnaporthe grisea on rice plants. Mycological Research, Cambridge, v.94 n.8, p.1151-1152, 1990.). Esta observação pode levar à hipótese de que o teleomorfo ocorra em restos de cultura. No entanto, esta e outras questões permanecem ainda não esclarecidas.

São escassos os estudos sobre o papel da reprodução sexuada na estrutura genética de populações de P. oryzae, bem como na biologia reprodutiva do patógeno envolvendo morfogênese, fatores reguladores e métodos de indução.

Compatibilidade sexual em populações de Pyricularia oryzae

Uma vez que P. oryzae é heterotálico (ou auto-incompatível) (27Kang, S.; Chumley, F.G.; Valent, B. Isolation of the Mating-Type Genes of the Phytopathogenic Fungus Magnaporthe grisea Using Genomic Substraction. Genetics, Bethesda, v.138, p.289-296, 1994.), sua fase perfeita só é possível quando ocorre o cruzamento entre dois indivíduos de tipos sexualmente compatíveis (mating types) e que sejam férteis. Isso ocorre quando a estrutura receptora ('feminina') chamada ascogônio está apta a receber o(s) núcleo(s) do indivíduo compatível doador ('macho'), por meio de conídios ou hifas (Figura 1A e B). É possível ainda que estes núcleos possam ser oriundos de microconídios unicelulares e fusiformes produzidos em fiálides (60Zhang, H.; Wu, Z.; Wang, C.; Li, Y.; Xu, J. Germination and infectivity of microconidia in the rice blast fungus Magnaporthe oryzae. Nature communications, London, v.5, n.4518, p.1-9, 2014.).

Figura 1
Esquema ilustrativo do ciclo sexual de Pyricularia oryza e com etapas da morfogênese e a e sua regulação gênica em P. oryzae e/ou outros Ascomycota. A, Presença de indivíduos compatíveis, Mat1-1 e Mat1-2 (27Kang, S.; Chumley, F.G.; Valent, B. Isolation of the Mating-Type Genes of the Phytopathogenic Fungus Magnaporthe grisea Using Genomic Substraction. Genetics, Bethesda, v.138, p.289-296, 1994.);B, Desenvolvimento das estruturas 'masculinas' (hifas e/ou conídios, 'doadores') e 'femininas' (ascogônios, 'receptores'); C, Envelopamento do ascogônio, originando o protoperitécio (34Lichius, A.; Lord, K.M.; Jeffree, C.E.; Oborny, R.; Boonyarungsrit, P. Importance of MAP Kinases during Protoperithecial Morphogenesis in Neurospora crassa. PLOS One, San Francisco-Cambridge, v.7, n.8, e42565, p.1-21, 2012., 35Lord, K.M.; Read, N.D. Perithecium morphogenesis in Sordaria macrospora. Fungal Genetics and Biology, Amsterdam, v.48, p.388-399, 2011.); D, Fertilização: plasmogamia e transferência nuclear precedidos de reconhecimento por meio de feromônios MF1-1 e MF2-1 (43Shen, W.C.; Bobrowicz, P.; Ebbole, D.J. Isolation of pheromone precursor genes of Magnaporthe grisea. Fungal Genetics and Biology,Amsterdam,v.27, p.253-263, 1999.) em receptores específicos de indivíduos compatíveis (25Johnson, A.D. Molecular mechanisms of cell-type determination in budding yeast. Current Opinion in Genetics & Development, Baltimore, v.5, p.552-558. 1995., 29Keszthelyi, A.; Janey, A.; Kerenyi, Z.; Mendes, O.; Waalwijk, C.; Hornok, L. Tagging target genes of the MAT1-2-1 transcriptional factor in Fusarium verticillioides (Gibberella fujikuroi MP-A). Antoine van Leeuwenhoek, Dordrecht, v.91, p.373-391, 2007.), desencadeado uma transdução de sinais (31Kim, H.; Metzenberg, R.L.; Nelson, M.A. Multiple Functions of mfa-1, a Putative Pheromone Precursor Gene of Neurospora crassa. Eukaryotic Cell,Washington, v.1, n.6, p.987-999, 2002., 33Lee, S.; Lee, S.; Choi, D.; Lee, Y.; Yun, S. Identification of the down-regulated genes in a mat1-2-deleted strain of Gibberella zeae, using cDNA substraction and microarray analysis. Fungal Genetics and Biology, Amsterdam, v.43, p.295-310, 2006.) por meio de proteínas G (16Fang, E.G.C.; Dean, R.A. Site-Directed Mutagenesis of the magB Gene Affeccts Growth and Development in Magnaporthe grisea. Molecular Plant-Microbe Interactions, St. Paul,v.13, n.11, p.1214-1227, 2000., 41Seo, J.A.; Han, K.H.; Yu, J.H. Multiple roles of a heterotrimeric G-protein ϒ-subunit in governing growth and development of Aspergillus nidulans. Genetics, Bethesda, v.171, p.81-89, 2005.), MAP quinases (34), transferases, proteases, e fatores de transcrição, entre estes, genes MAT (26Kanamori, M.; Kato, H.; Yasuda, N.; Koizumi, S.; Peever, T. L.; Kamakura, T.; Teraoka, T.; Arie, T. Novel mating type-dependent transcripts at the mating type locus in Magnaporthe oryzae. Gene, Orlando-Amsterdam, v.403, p.6-17, 2007., 48Turgeon, B.G. Application of mating type gene technology to problems in fungal biology. Annual Review of Phytopathology, Palo Alto, v.36, p.115-137, 1998.), para a indução da expressão de genes necessários à morfogênese sexual.E, Desenvolvimento do protoperitécio em peritécio imaturo com hifas ascógenas fertilizadas (34, 35) muitas vezes dependente da expressão de genes MAT (7Coppin, E.; de Renty, C.; Debuchy, R. The function of the coding sequences for the putative pheromone precursors in Podospora anserina is restricted to fertilization. Eukaryot Cell, Whashington, v.4, p.407-420, 2005., 32Klix, V.; Nowrousian, M.; Ringelberg, C.; Loros, J.J.; Dunlap, J.C.; Poggeler, S. Functional Characterization of MAT1-1-Specific Mating-type Genes in the Homothallic Ascomycete Sordariama crospora Provides New Insights into Essential and Nonessential Sexual Regulators. Eukaryotic Cell, Washington, v.9, p.894-905, 2010.), de feromônios(7Coppin, E.; de Renty, C.; Debuchy, R. The function of the coding sequences for the putative pheromone precursors in Podospora anserina is restricted to fertilization. Eukaryot Cell, Whashington, v.4, p.407-420, 2005., 17Ferreira, A.V.-N.; An, Z.; Metzenberg, R.L.; Glass, N.L. Characterization of mat A-2, mat A-3 and ΔmatA Mating-type Mutants of Neurospora crassa. Genetics, Bethesda, v.148, p.1069-1079, 1998.) e/ou de proteínas G (16Fang, E.G.C.; Dean, R.A. Site-Directed Mutagenesis of the magB Gene Affeccts Growth and Development in Magnaporthe grisea. Molecular Plant-Microbe Interactions, St. Paul,v.13, n.11, p.1214-1227, 2000.).F, Ascosporo gênese: cariogamia e meiose em hifas ascógenas, seguido de mitoses pós-meióticas, divisão celular, novas mitoses, e septação, para origem de ascósporos tetra-celulares (57Yaegashi, H.; Hebert, T.T. Perithecial Development and Nuclear Behaviour in Pyricularia. Phytopathology, St. Paul, v.66, p.122-166, 1976.); evento muitas vezes dependente da expressão de genes MAT (17Ferreira, A.V.-N.; An, Z.; Metzenberg, R.L.; Glass, N.L. Characterization of mat A-2, mat A-3 and ΔmatA Mating-type Mutants of Neurospora crassa. Genetics, Bethesda, v.148, p.1069-1079, 1998.),de feromônios (49Turina, M.; Prodi, A.; Alfen, N.K.V. Role of the Mf1-1 pheromone precursor gene of the filamentous ascomycete Cryphonectria parasitica. Fungal Genetics and Biology, Amsterdam, v.40, p.242-251, 2003.), e/ou de proteínas G (16Fang, E.G.C.; Dean, R.A. Site-Directed Mutagenesis of the magB Gene Affeccts Growth and Development in Magnaporthe grisea. Molecular Plant-Microbe Interactions, St. Paul,v.13, n.11, p.1214-1227, 2000.), ou seja, sem a expressão destes genes pode ocorrer esterilidade.G, Peritécio maduro e liberação dos ascósporos por meio de deliquescência de ascas, com origem de novos indivíduos pela germinação de células terminais (57Yaegashi, H.; Hebert, T.T. Perithecial Development and Nuclear Behaviour in Pyricularia. Phytopathology, St. Paul, v.66, p.122-166, 1976.).

A fase sexuada de P. oryza normalmente não é observada naturalmente (20Hayashi, N.; Li, Y.C.; Li, J.L.; Naito, H. In vitro production on rice plants of perithecia of Magnaporthe grisea from Yunnan, China. Mycological Research, Cambridge, v.101, n.11, p.1308-1310, 1997.). No entanto, muitos estudos sugerem que isolados patogênicos ao arroz podem se reproduzir sexuadamente, devido à presença de talos geneticamente compatíveise fêmeas férteis em populações do fungo na Índia (12Dayakar, B.V.; Narayanan, N.N.; Gnanamanickam, S.S. Cross-compatibility and distribuition of mating type alleles of the rice blast fungus Magnaporthe grisea in India. Plant Disease, St. Paul,v.84, n.6, p.700-704, 2000.), em Bangladesh (42Shahjahan, A.K.M. Practical approaches to rice blast management in tropical monsoon ecosystems, with special reference to Bangladesh. In: Zeigler, R.S.; Leong, S.A.; Teng, P.S. Rice blast disease. Wallingford: CAB International, 1994. p.465-488.), e no sudeste da Ásia (40Saleh, D.; Xu, P.S.Y.; Li, C.; Adreit, H.; Milazzo, J.; Ravigné, V.; Bazin, E.; Nottéghem, J.; Fournier, E.; Tharreau, D. Sex at the origin: an Asian population of the rice blast fungus Magnaporthe oryzaereproduces sexually. Molecular Ecology, Vancouver, v.21, p.1330-1344, 2012.), centros de origem do arroz. O primeiro relato de elevados níveis de fertilidade (24 a 52%) em isolados provenientes de arroz, em diferentes regiões da Índia, foi feito por Dayakar et al. (12Dayakar, B.V.; Narayanan, N.N.; Gnanamanickam, S.S. Cross-compatibility and distribuition of mating type alleles of the rice blast fungus Magnaporthe grisea in India. Plant Disease, St. Paul,v.84, n.6, p.700-704, 2000.).

No Brasil, isolados de arroz avaliados por Urashima et al. (50Urashima, A.S.; Igarashi, S.; Kato, H. Host Range, Mating Type, and Fertility of Pyricularia grisea from Wheat in Brasil. Plant Disease, St. Paul,v.77, n.12, p.1211-1216, 1993.) desenvolveram peritécios in vitro, mas não produziram ascósporos e não apresentaram compatibilidade sexual com isolados de outros hospedeiros testados. Quanto aos isolados patogênicos a plantas de trigo, ambos os tipos compatíveis foram detectados no campo (4Bruno, A.C.; Urashima, A.S. Inter-relação sexual de Magnaporthe grisea do trigo e de outros hospedeiros. Fitopatologia Brasileira. v.26, n.1, p.21-26, 2001., 50Urashima, A.S.; Igarashi, S.; Kato, H. Host Range, Mating Type, and Fertility of Pyricularia grisea from Wheat in Brasil. Plant Disease, St. Paul,v.77, n.12, p.1211-1216, 1993.), compatíveis sexualmente com outros isolados de trigo, cevadinha (Bromus catharticus Vahl), alpiste (Phalaris canariensis L.) e triticale (X. triticosecal Wittmack) (18Galbieri, R.; Urashima, A.S. Caracterização, compatibilidade e ocorrência de reprodução sexual entre isolados de Pyricularia grisea de diferentes hospedeiros. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.34, n.1, p.22-28, 2008.).

O idiomorfo Mat1-1 predominou nas populações amostradas nos Estados do Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. Por outro lado, Maciel et al. (36Maciel, J.L.N.; Ceresini, P.C.; Castroagudin, V.L.; Zala, M.; Kema, G.H.J.; McDonald, B.A. Population Structure and Pathotype Diversity of the Wheat Blast Pathogen Magnaporthe oryzae 25 Years After Its Emergence in Brazil. Phytopathology, St. Paul,v.104, n.1, p.95-107, 2014.) encontraram populações de isolados de trigo com diferentes distribuições dos idiomorfos Mat1-1 e Mat1-2: no Centro-Oeste (4:1), no Triângulo Mineiro (30:1), em São Paulo (1:0), e no Paraná (15:1). Tendo analisado a estrutura populacional do patógeno (com base em onze microssatélites e testes de patogenicidade) estes autores propuseram que as populações de P. oryzae possuem um sistema reprodutivo misto, onde a reprodução sexuada é seguida da dispersão clonal.O favorecimento da dispersão clonal de P. oryzae pela seleção de indivíduos Mat1-1 com um gene de resistência à estrobilurina foi recentemente descrito para populações do Distrito Federal, e dos Estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo (5Castroagudín, V.L.; Ceresini, P.C.; Oliveira, S.C.; Reges, J.T; Maciel, J.L.N.; Bonato, A.L.V.; Dorigan, A.F.;McDonald, B.A. Resistance to QoI fungicides is widespread in Brazilian populations of the wheat blast pathogen Magnaporthe oryzae. Phytopathology, St. Paul, v.105, n.3, p.284-294, 2015.).

Morfogênese do peritécio de Pyricularia spp.

A fase perfeita de Pyricularia foi primeiramente descrita como Ceratosphaeria grisea, por Hebert (21Hebert, T.T. The Perfect Stage of Pyricularia grisea. Phytopathology, St. Paul, v.61, p.83-87, 1971.), por meio de cruzamentos entre isolados de capim-colchão (Digitaria horizontalis Willdenow), em meio Sachs´ Agar com grãos de cevada e bainhas de arroz e incubados a 25ºC sob luz fluorescente contínua.

Os peritécios de Pyricularia spp. podem estar isolados ou em grupos, fundidos ou não, parcialmente ou totalmente imergidos no substrato, com longos rostros salientes a partir da superfície, hialinos a escurecidos com a idade (Figuras 2 e 3), contendo longas perífises filiformes e deliquescentes. As ascas se originam na base do pescoço, cilíndricas a subclavadas, unitunicadas e com uma fina parede e um opérculo na extremidade superior. Os ascósporos são hialinos, fusiformes, tri-septados, moderadamente curvados, com glóbulos de óleo usualmente presentes, e provavelmente a liberação ocorre pela deliquescência da asca. Podem germinar a partir de uma, ou de ambas as células terminais (Figura 1 G)(21Hebert, T.T. The Perfect Stage of Pyricularia grisea. Phytopathology, St. Paul, v.61, p.83-87, 1971.).

Figure 2
Indução in vitro de produção de peritécios de Pyricularia oryzae pelo pareamento de isolados compatíveis Mat1-1 e Mat1-2, patogênicos ao trigo (A, C e D) e ao arroz (B), em meio de aveia incubados sob iluminação fluorescente e negra (próxima à UV) combinadas de forma contínua a 22 °C por 30 dias. A, imagem em esteriomicroscópio de peritécios dispersos em várias regiões da placa (setas); B, imagem em esteriomicroscópio deperitécios alinhados na região de encontro das colônias (seta); C, imagem em microscópio eletrônico de varredura: vários protoperitécios se desenvolvendo de forma agrupada; D, imagem em microscópio de luz de peritécios encontrados imersos no meio de cultura, apresentando longos pescoços (setas), removidos por meio de escarificação.
Figure 3
Indução da produção de peritécios de Pyricularia oryzaeisolados de trigo emhastes senescentes de plantas de arroz (A) e trigo (B),por meio de inoculação com suspensão conidial mista contendo isolados compatíveis Mat1-1 e Mat1-2.A, imagem em microcópio de luz de peritécios desenvolvidos agrupados e parcialmente submersos nos tecidos vegetais (seta); B, imagem de microscopia eletrônica de varredura: corte transversal de haste, com colonização micelial interna e peritécio com pescoço longo (seta).

Hifas vegetativas uninucleadas dão origem a hifas ascógenas binucleadas, que formam o crozier (Figura 1 F). Eventualmente, é possível também observar dois núcleos em células de hifas vegetativas mais velhas (57Yaegashi, H.; Hebert, T.T. Perithecial Development and Nuclear Behaviour in Pyricularia. Phytopathology, St. Paul, v.66, p.122-166, 1976.).

A fertilização ocorre quando o(s) núcleo(s) do indivíduo doador chega(m) aos ascogônios do indivíduo receptor, estruturas localizadas no interior de protoperitécios. Muitas espécies de Ascomycota possuem tricógines, prolongamentos que saem dos ascogônios e se projetam para o exterior dos protoperitécios. Os tricógines recebem núcleos de indivíduos doadores por meio de plasmogamia com o tubo germinativo de conídios ou de hifas. No entanto, esta estrutura ainda não foi caracterizada em Pyricularia spp., necessitando maior elucidação sobre como ocorre sua fertilização, talvez pela entrada de tubos germinativos e/ou hifas nos protoperitécios, onde estão as hifas ascógenas (Figura 1 D), ou ainda chegando ao ascogônio antes mesmo de seu envelopamento. O núcleo doado migra para o ascogônio (Figura D e E), onde poderá se recombinar com núcleo do indivíduo receptor na meiose (Figura 1 F), o que caracteriza o início do ciclo de reprodução sexuada (8Coppin, E.; Debuchy, R.; Arnaise, S.; Picad, M. Mating types and Sexual development in filamentous ascomycetes. Microbiology and Molecular Biology Reviews, Whashington, v.61, n.4, p.411-428, 1997.). Após, cada um dos quatro núcleos gerados sofrem mitose pós-meiótica, resultando assim nos oito núcleos dos oito ascósporos encontrados em cada asca (Figura 1 F). Novas mitoses ocorrem dentro dos ascósporos, seguido de septação e, ao final, ascósporos com quatro células uninucleadas, à medida que ocorre a maturação final do peritécio (Figura 1 G) (57Yaegashi, H.; Hebert, T.T. Perithecial Development and Nuclear Behaviour in Pyricularia. Phytopathology, St. Paul, v.66, p.122-166, 1976.).

O protoperitécio é uma estrutura esférica a sub-esférica que se desenvolve envolvendo os ascogônios (Figura 1 C), e resulta na origem do peritécio maduro (Figura 1 G). Sua morfogênese em Neurospora crassa Shear & B.O. Dodge (descrita por meio de microscopia eletrônica de varredura (34Lichius, A.; Lord, K.M.; Jeffree, C.E.; Oborny, R.; Boonyarungsrit, P. Importance of MAP Kinases during Protoperithecial Morphogenesis in Neurospora crassa. PLOS One, San Francisco-Cambridge, v.7, n.8, e42565, p.1-21, 2012.)) foi dividida nas fases de formação da hélice ascogonial, expansão do protoperitécio, e emergência do tricógine. O anel ascogonial é estabilizado de forma helicoidal por meio matriz extracelular (MEC). Ramificações de novas células as cogoniais envelopam a hélice,com um envelopamento adicional de hifas ramificadas do envelope original e hifas vizinhas, originando o protoperitécio, com uma capa compacta estabilizada por meio de MEC. Este se expande e origina elongações chamadas de tricógines, marcando a maturação do protoperitécio. Para amorfogênese do peritécio de N. crassa, a fusão com células detipos sexuais compatíveis é requerida. Foi possível caracterizar para Sordaria macrospora Auers wal das fases ascogonial, protoperitecial, e peritecial (35Lord, K.M.; Read, N.D. Perithecium morphogenesis in Sordaria macrospora. Fungal Genetics and Biology, Amsterdam, v.48, p.388-399, 2011.). Ao menos treze tipos de células especializadas e morfologicamente distintas foram classificados em três classes, hifas, células conglutinadas, e esporos. Ainda não existe uma análise descritiva em classes de células para os tecidos sexuados de Pyricularia spp.. A seguir, uma discussão sobre vários fatores genéticos reguladores da compatibilidade e da morfogênese sexual.

Estrutura e função de genes relacionados ao ciclo sexual em Pyriculariaoryzae e em outros Ascomycota

O locus onde estão localizados os genes mating type(MAT) em P. oryzae é chamado Mat1, localizado no cromossomo três. Possui dois idiomorfos, Mat1-1, o qual codifica os transcritos Mat1-1-1, Mat1-1-2 e Mat1-1-3, e Mat1-2, o qual codifica os transcritos Mat1-2-1 e Mat1-2-2 (26Kanamori, M.; Kato, H.; Yasuda, N.; Koizumi, S.; Peever, T. L.; Kamakura, T.; Teraoka, T.; Arie, T. Novel mating type-dependent transcripts at the mating type locus in Magnaporthe oryzae. Gene, Orlando-Amsterdam, v.403, p.6-17, 2007.,48Turgeon, B.G. Application of mating type gene technology to problems in fungal biology. Annual Review of Phytopathology, Palo Alto, v.36, p.115-137, 1998.). Os genes MAT1-1-3 e MAT1-2-2 possuem, respectivamente, as ORFs MAT1-1-3a e MAT1-1-3b, e MAT1-2-2a e MAT1-2-2b, determinadas por splicingalternativo (26Kanamori, M.; Kato, H.; Yasuda, N.; Koizumi, S.; Peever, T. L.; Kamakura, T.; Teraoka, T.; Arie, T. Novel mating type-dependent transcripts at the mating type locus in Magnaporthe oryzae. Gene, Orlando-Amsterdam, v.403, p.6-17, 2007.).

A proteína deduzida do transcrito Mat1-1-1 inclui um motivo α-box, que é conservado como produto de Mat1-1 em vários fungos Ascomycota (48Turgeon, B.G. Application of mating type gene technology to problems in fungal biology. Annual Review of Phytopathology, Palo Alto, v.36, p.115-137, 1998.). Este gene define o idiomorfo Mat1-1, e evidências suportam que sua proteína α é um fator de transcrição que se liga ao DNA via domínio α conservado. Seu gene correspondente em Saccharomyces cerevisae Meyen ex E.C. Hansen é MATα1p, um co-ativador transcricional essencial para a expressão de genes mating type - específicos, bem como de feromônios e receptores de feromônios (25Johnson, A.D. Molecular mechanisms of cell-type determination in budding yeast. Current Opinion in Genetics & Development, Baltimore, v.5, p.552-558. 1995.).

Por outro lado, a proteína deduzida de MAT1-2-1 contém o motivo GAM-box de ligação ao DNA, que é conservado em produtos Mat1-2 de vários Ascomycota, e caracteriza o idiomorfo Mat1-2 (48Turgeon, B.G. Application of mating type gene technology to problems in fungal biology. Annual Review of Phytopathology, Palo Alto, v.36, p.115-137, 1998.). O domínio GAM (Grupo de Alta Mobilidade) possui uma sequência com afinidade a DNA encontrada em proteínas cromossomais não-histonas e fatores de transcrição. As ORFs MAT1-1-3a e MAT1-2-2a (26Kanamori, M.; Kato, H.; Yasuda, N.; Koizumi, S.; Peever, T. L.; Kamakura, T.; Teraoka, T.; Arie, T. Novel mating type-dependent transcripts at the mating type locus in Magnaporthe oryzae. Gene, Orlando-Amsterdam, v.403, p.6-17, 2007.) também codificam para o domínio GAM. Análises estruturais e filogenéticas de GAM-box de MAT1-1-3 e MAT1-2-1 de Podospora anserina (Rabe nh.) Niessl mostraram que estas proteínas são muito dissimilares entre si e que provavelmente se ligam ao DNA de maneira muito diferente (1Arnaise, S.; Debuchy, R.; Picard, M. What is a bona fide mating-type gene? Internuclear complementation of mat mutants in Podospora anserina. Molecular & General Genetics, Berlin, v.256, p.169-178, 1997.,2Arnaise, S.; Zickler, Poisier, C.; Debuchy, R.Pah1: a homeobox gene involved in hyphal morphology and microconidio genesis in the filamentous ascomycete Podospora anserina. Molecular Microbiology, Oxford, v.39, p.54-64, 2001.).

Quanto ao transcrito de MAT1-1-2, SMR1 de P. anserina, foi verificado que seu domínio conservado HPG possui resíduos de histidina, prolina e glicina. Mutações de substituição de triptofano para alanina promoveram completa inibição do desenvolvimento de peritécios, nos estádios iniciais (7Coppin, E.; de Renty, C.; Debuchy, R. The function of the coding sequences for the putative pheromone precursors in Podospora anserina is restricted to fertilization. Eukaryot Cell, Whashington, v.4, p.407-420, 2005.). Estudos de localização celular de SMR1 com GFP indicaram sua localização no citoplasma, mas sua função permanece não elucidada (7Coppin, E.; de Renty, C.; Debuchy, R. The function of the coding sequences for the putative pheromone precursors in Podospora anserina is restricted to fertilization. Eukaryot Cell, Whashington, v.4, p.407-420, 2005.).

A interação entre os transcritos dos genes MAT pode ocorrer (24Jacobsen, S.; Wittig, M.; Poggeler, S. Interaction between mating type proteins from the homothallic fungus Sordaria macrospora. Current Genetics, Göteborg, v.41, p.150-158, 2002.) ou não (1Arnaise, S.; Debuchy, R.; Picard, M. What is a bona fide mating-type gene? Internuclear complementation of mat mutants in Podospora anserina. Molecular & General Genetics, Berlin, v.256, p.169-178, 1997.) em diferentes Ascomycota, sem função conhecida para o ciclo sexual.

A importância do locus MAT na reprodução sexuada parece ser diferente em diferentes fungos (6Coppin, E.; Arnaise, S.; Contamine, V.; Picard, M. Deletion of the mating-type sequence in Podospora anserina abolishes mating without affecting vegetative functions and sexual differentiation. Molecular & General Genetics, Berlin, v.241, p.409-414, 1993.). O nocaute combinado de MAT A-1 (MAT1-1-1) e MAT A-3 (MAT1-1-3) em N. crassareduziu a fertilidade, sem efeitos no corpo de frutificação e na compatibilidade vegetativa (17Ferreira, A.V.-N.; An, Z.; Metzenberg, R.L.; Glass, N.L. Characterization of mat A-2, mat A-3 and ΔmatA Mating-type Mutants of Neurospora crassa. Genetics, Bethesda, v.148, p.1069-1079, 1998.). Já o nocaute de MAT1-1-1 e MAT1-2-1 afetou a fertilidade de P. anserina (14Debuchy, R.; Turgeon, B.G. Mating type in Euascomycetes. In: Kues, U., Fischer, R. The Mycota I. 2(nd) Ed. Berlin Heidelberg: Springer-Verlag, 2006.p.293-323.). Em S. macrospora, o nocaute de SMTA-2 (MAT1-1-2) ou a dupla-deleção SMTA-2/3 (deleção de MAT1-1-1 e MAT1-1-3), teve como consequência o subdesenvolvimento do ascocarpo (32Klix, V.; Nowrousian, M.; Ringelberg, C.; Loros, J.J.; Dunlap, J.C.; Poggeler, S. Functional Characterization of MAT1-1-Specific Mating-type Genes in the Homothallic Ascomycete Sordariama crospora Provides New Insights into Essential and Nonessential Sexual Regulators. Eukaryotic Cell, Washington, v.9, p.894-905, 2010.). As análises de qRT-PCR nestes mutantes revelaram que a proteína SmtA-1 atua como um regulador positivo da expressão de genes de precursores de feromônios ppg1 e ppg2, e SmtA-2 teve um efeito negativo na expressão de ppg2. Já isolados ΔMAT1-2-1 de Fusarium verticillioides (Sacc.) Nirenberg tiveram regulação negativa na expressão de precursores e receptores de feromônio (29Keszthelyi, A.; Janey, A.; Kerenyi, Z.; Mendes, O.; Waalwijk, C.; Hornok, L. Tagging target genes of the MAT1-2-1 transcriptional factor in Fusarium verticillioides (Gibberella fujikuroi MP-A). Antoine van Leeuwenhoek, Dordrecht, v.91, p.373-391, 2007.), e a importância do locus Mat1-2 no ciclo sexual de Fusarium graminearum Schwabe foi verificada por Lee et al. (33Lee, S.; Lee, S.; Choi, D.; Lee, Y.; Yun, S. Identification of the down-regulated genes in a mat1-2-deleted strain of Gibberella zeae, using cDNA substraction and microarray analysis. Fungal Genetics and Biology, Amsterdam, v.43, p.295-310, 2006.), quando observaram que sua deleção reduziu significativamente a quantidade de transcritos de inúmeros genes relacionados direta ou indiretamente com o ciclo sexuado.

Kang et al. (27Kang, S.; Chumley, F.G.; Valent, B. Isolation of the Mating-Type Genes of the Phytopathogenic Fungus Magnaporthe grisea Using Genomic Substraction. Genetics, Bethesda, v.138, p.289-296, 1994.) transformaram isolados de P. oryzae de um mating type com um cosmídeo linearizado contendo o gene MAT do mating type oposto, resultando assim num isolado que continha ambos, ou seja, um transformado homotálico, tanto para isolado Mat1-1 quanto para isolado Mat1-2. Todavia, tanto ascósporos quanto conídios destes indivíduos transformados não reproduziram a característica homotálica, apresentando um mating type ou outro.

Além dos genes MAT, a regulação do reconhecimento específico dos indivíduos de tipo sexual oposto ocorre por meio de feromônios e seus receptores específicos, cuja interação desencadeia uma transdução de sinais para estimular a expressão de outros genes importantes para o ciclo sexual (43Shen, W.C.; Bobrowicz, P.; Ebbole, D.J. Isolation of pheromone precursor genes of Magnaporthe grisea. Fungal Genetics and Biology,Amsterdam,v.27, p.253-263, 1999.). A partir deste reconhecimento é iniciada uma rota de sinalização celular que envia sinais ao núcleo, onde, juntamente com diversos fatores de transcrição, induzem a expressão de genes relacionados à reprodução sexuada (Figura 1 D*). Os principais componentes da rota MAPquinasede resposta a feromônios já elucidados para S .cerevisae, Schizosaccharomyces pombe Lindnere N. crassa, foram citados por Kim et al. (31Kim, H.; Metzenberg, R.L.; Nelson, M.A. Multiple Functions of mfa-1, a Putative Pheromone Precursor Gene of Neurospora crassa. Eukaryotic Cell,Washington, v.1, n.6, p.987-999, 2002.): proteínas regulatórias mating type; fatores mating(precursores de feromônios); proteínas G; proteínas MAP quinase; fatores de transcrição; transferases; endoproteases; e aminopeptidases. Após o sequenciamento do genoma de P. oryzae, verificou-se que diversos destes componentes possuem genes de alta similaridade com genes relacionados em S. cerevisae (13Dean, R.A.; Talbot, N.J.; Ebbole, D.J.; Farman, M.L.; Mitchell, T.K.; Orbach, M.J.; Thon, M.; Kulkarni, R.; Xu, J.R.; Pan, H.; Read, N.D.; Lee, Y.; Carbone, I.; Brown, D.; Oh, Y.Y.; Donofrio, N.; Jeong, J.S.; Soanes, D.M.; Djonovic, S.; Kolomiets, E.; Rehmeyer, C.; Li, W.; Harding, M.; Kim, S.; Lebrun, M.; Bohnert, H.; Coughlan, S.; Butler, J.; Calvo, S.; Ma, L.; Nicol R.; Purcell, S.; Nusbaum, C.; Galagan, J.E.; Birren, B.W. The genome sequence of the rice blast fungus Magnaporthe grisea. Nature, London, v.434, p.980-986, 2005.). A reprodução sexuada de Aspergillus nidulans (Eidam) G. Winter foi correlacionada com o aumento da expressão dos genes MAT e de genes-chave da rota de sinalização de feromônios MAP quinase (37Paoletti, M.; Seymour, F.A.; Alcocer, M.J.C.; Kaur, N.; Calvo, A.M.; Archer, D.B.; Dyer, O.S. Mating Type and the Genetic Basis of Self-Fertility in the Model Fungus Aspergillus nidulans. Current Biology, Maryland Heights-Cambridge, v.17, p.1384-1389, 2007.).

Genes precursores de feromônios já foram caracterizados para S. cerevisae (11Cross, F.; Hartwell, L.H.; Jackson, C.; Konopka, J.B. Conjugation in Saccharomy cerevisae. Annual Review of Cell Biology,Palo Alto, v.4, p.429-457, 1988.), Cryphonectria parasitica (Murrill) M.E. Bar (59Zhang, L.; Baasiri, R.A.; Van Alfen, N.K. Viral Repression of Fungal Pheromone Precursor Gene Expression. Molecular and Cellular Biology, Cambridge, v.18 n.2, p.953-959, 1998.), P. oryzae (43Shen, W.C.; Bobrowicz, P.; Ebbole, D.J. Isolation of pheromone precursor genes of Magnaporthe grisea. Fungal Genetics and Biology,Amsterdam,v.27, p.253-263, 1999.), S. macrospora (38Poeggeler, S. Two pheromone precursor genes are trascriptionally expressed in the homothallic ascomycete Sordaria macrospora. CurrentGenetics, Göteborg, v.37, p.403-411, 2000.) e N. crassa (3Bobrowicz P.; Pawlak R.; Correa A.; Bell-Pedersen, D.; Ebbole D.J. The Neurospora crassa pheromone precursor genes are regulated by the mating type locus and the circadian clock. Molecular Microbiology, Oxford, v.45, p.795-804, 2002.).

Shen et al. (43Shen, W.C.; Bobrowicz, P.; Ebbole, D.J. Isolation of pheromone precursor genes of Magnaporthe grisea. Fungal Genetics and Biology,Amsterdam,v.27, p.253-263, 1999.) identificaram os genes Mating factors, MF1-1 e MF2-1 como precursores de feromônios em P. oryzae. O gene MF1-1 codifica para um polipeptídio de 26 aminoácidos, e possui terminação CAAX, encontrado em genes de feromônios de S. cerevisae. O gene MF2-1 contém sítios potenciais de protease Kex2, e sequências repetidas dipeptídicas na região N-terminal, como em S. cerevisae e C. parasitica.

A deleção de MF1-1 em C. parasitica causa esterilidade em 'doadores' (machos), sem efeitos no ciclo vegetativo (49Turina, M.; Prodi, A.; Alfen, N.K.V. Role of the Mf1-1 pheromone precursor gene of the filamentous ascomycete Cryphonectria parasitica. Fungal Genetics and Biology, Amsterdam, v.40, p.242-251, 2003.). No entanto, foi verificado que o gene precursor de feromônio MFA-1 de N. crassa também pode afetar o crescimento filamentoso (31Kim, H.; Metzenberg, R.L.; Nelson, M.A. Multiple Functions of mfa-1, a Putative Pheromone Precursor Gene of Neurospora crassa. Eukaryotic Cell,Washington, v.1, n.6, p.987-999, 2002.). A regulação da reprodução sexual pode sofrer influência das condições do ambiente, mas, além disso, existe um controle intrínseco do organismo, que obedece a um 'relógio molecular'. Foi verificado que a expressão de MF1-1 em C. parasitica pode variar de acordo com estímulos do ambiente, como a composição do substrato onde o fungo se encontra, e com a idade do isolado (49Turina, M.; Prodi, A.; Alfen, N.K.V. Role of the Mf1-1 pheromone precursor gene of the filamentous ascomycete Cryphonectria parasitica. Fungal Genetics and Biology, Amsterdam, v.40, p.242-251, 2003.). A expressão de precursores de feromônios de N. crassa apresentou padrão circadiano (3Bobrowicz P.; Pawlak R.; Correa A.; Bell-Pedersen, D.; Ebbole D.J. The Neurospora crassa pheromone precursor genes are regulated by the mating type locus and the circadian clock. Molecular Microbiology, Oxford, v.45, p.795-804, 2002.).

As proteínas G são mediadoras em respostas a sinais do ambiente. São compostas pelas subunidades α, β e ϒ, e seus genes são requeridos para formação de corpos de frutificação, como observado para A. nidulans (41Seo, J.A.; Han, K.H.; Yu, J.H. Multiple roles of a heterotrimeric G-protein ϒ-subunit in governing growth and development of Aspergillus nidulans. Genetics, Bethesda, v.171, p.81-89, 2005.). O gene MAGB em P. oryzaeé codifica a subunidade α da proteína G, cujo silenciamento levou a defeitos na formação deperitécios, apressórios e conídios, e no crescimento celular (16Fang, E.G.C.; Dean, R.A. Site-Directed Mutagenesis of the magB Gene Affeccts Growth and Development in Magnaporthe grisea. Molecular Plant-Microbe Interactions, St. Paul,v.13, n.11, p.1214-1227, 2000.).

Métodos para a indução do ciclo sexual de Pyricularia oryzae

Frequentemente os estudos sobre a fase sexuada de Pyricularia spp. são conduzidos in vitro, desde sua primeira caracterização (21Hebert, T.T. The Perfect Stage of Pyricularia grisea. Phytopathology, St. Paul, v.61, p.83-87, 1971.) até os dias atuais (51Urashima, A.S.; Silva, O.S. Characterization of Magnaporthe grisea (Pyricularia grisea) from Black Oat in Brasil. Journal of Phytopathology, Göttingen, v.159, n.11-12, p.789-795, 2011.) (Tabela 1). Itoi et al. (23Itoi, S.; Mishima, T.; Arase, S.; Nozu, M. Mating behaviour of Japanese isolates of Pyricularia oryzae. Phytopathology, St. Paul,v.73, p.155-158, 1983.) desenvolveram um método ainda bastante utilizado (Tabela 1), o método de "cultivo-em-triângulo". Baseia-se no pareamento equidistante entre peças de micélio de três indivíduos em uma mesma placa, onde dois são testadores (conhecidamente férteis), um de cada tipo sexual, e o outro isolado, avaliado quanto à compatibilidade com um dos dois testadores. Linhas duplas de peritécios com ascósporos viáveis na interface entre duas colônias indicam fertilidade, e o lado onde isso ocorre indica a qual tipo sexual pertence o isolado avaliado. No entanto, nem todos os isolados de P. oryzae apresentam este comportamento. Em pareamento de isolados de arroz (linhagens 70-15 e 40-91), linhas de peritécios foram observadas, como no método de Itoi et al. (23Itoi, S.; Mishima, T.; Arase, S.; Nozu, M. Mating behaviour of Japanese isolates of Pyricularia oryzae. Phytopathology, St. Paul,v.73, p.155-158, 1983.) (Figura 2 B), mas quando isolados de trigo são pareados (linhagens 50-46 e 33-1), os peritécios se originaram dispersos de forma irregular nas placas (Figura 2 A, C e D). Provavelmente isto não deva ser uma regra para todos os isolados de arroz ou de trigo, e não são conhecidos os fatores que determinam este comportamento. Assim, sugere-se, neste caso, primeiramente identificar o tipo sexual dos isolados por meio de PCR (47Tredway, L.P.; Stevenson, K.L. Mating type Distribution and Fertility Status in Magnaporthe grisea Populations from Turfgrasses in Georgia. Plant Disease, St. Paul, v.87, n.4, p.435-441, 2003.), seguido de pareamentos com duplas de indivíduos compatíveis, para localização de testadores (hermafroditas férteis) de Mat1-1 e de Mat1-2.

Tabela 1
Métodos para indução da produção de peritécios de Pyriculariaspp.

Métodos para a indução do ciclo sexual de P. oryzae em plantas também já foram desenvolvidos. Silue & Notteghem (44Silue, D.; Notteghem, J.L. Production of perithecia of Magnaporthe grisea on rice plants. Mycological Research, Cambridge, v.94 n.8, p.1151-1152, 1990.) e Hayashi et al. (20Hayashi, N.; Li, Y.C.; Li, J.L.; Naito, H. In vitro production on rice plants of perithecia of Magnaporthe grisea from Yunnan, China. Mycological Research, Cambridge, v.101, n.11, p.1308-1310, 1997.) observaram a formação de peritécios em bainhas senescentes de folhas de arroz por meio da injeção de conídios em suspensões mistas com linhagens Mat1-1 e Mat1-2, patogênicas ao arroz. Repetiu-se este procedimento (20Hayashi, N.; Li, Y.C.; Li, J.L.; Naito, H. In vitro production on rice plants of perithecia of Magnaporthe grisea from Yunnan, China. Mycological Research, Cambridge, v.101, n.11, p.1308-1310, 1997.) com sucesso em plantas de arroz (Figura 3 A) e trigo (Figura 3 B) inoculadas com isolados de trigo. Foram observados peritécios superficiais, parcialmente submersos (Figura 3 A) e internos (Figura 3 B) aos tecidos senescentes de hastes cortadas e incubadas em câmara úmida sob 20 ºC e luz fluorescente contínua por 30 dias. O desenvolvimento dos ascocarpos em tecidos senescentes pode levar à hipótese de que o teleomorfo de P. oryzaeocorra durante a fase necrotrófica, provavelmente em restos de cultura. No entanto, esta questão permanece ainda não esclarecida, sendo potencialmente fundamental em termos de manejo da brusone.

Diversas técnicasde indução do ciclo sexual já foram desenvolvidas (Tabela 1), e as condições ideais de luz, temperatura e nutrientes variam para isolados de diferentes origens geográficas e hospedeiros (56Yaegashi, H.; Hebert, T.T. Effect of Temperature, Light and Nutrients on Production of Perithecia by Pyricularia. Annals of the Phytopathological Society of Japan, Tokyo, v.42, p.556-562, 1976.). Maior número de peritécios foi observado com temperatura de incubação de 20ºC para isolados de capim-colchão dos EUA, e 22 a 25ºC, para isolados de capim-pé-de-galinha (Eleusine indica (L.) Gartner) do Japão (56Yaegashi, H.; Hebert, T.T. Effect of Temperature, Light and Nutrients on Production of Perithecia by Pyricularia. Annals of the Phytopathological Society of Japan, Tokyo, v.42, p.556-562, 1976.). A luz é essencial para a produção consistente de peritécios, e baixos comprimentos de onda (próximo à UV) são mais eficientes (56Yaegashi, H.; Hebert, T.T. Effect of Temperature, Light and Nutrients on Production of Perithecia by Pyricularia. Annals of the Phytopathological Society of Japan, Tokyo, v.42, p.556-562, 1976.). O meio de aveia, comparado aos meios batata-sacarose e Sach'sagarcom bainhas de arroz, apresentou maior número de peritécios (56Yaegashi, H.; Hebert, T.T. Effect of Temperature, Light and Nutrients on Production of Perithecia by Pyricularia. Annals of the Phytopathological Society of Japan, Tokyo, v.42, p.556-562, 1976.).

Cruzamentos in vitro com obtenção de descendentes podem ser úteis em estudos genéticos. Valent et al. (52Valent, B.; Farrall, L.; Chumley, F.G. Magnaporthe grisea Genes for Pathogenicity and Virulence Indentified Through a Series of Backcrosses. Genetics, Bethesda, v.127, p.87-101, 1991.) realizaram pareamentos com isolado de arroz e de capim-chorão (Eragrostis curvula (Schrad.) Nees), tendo utilizado o isolado de arroz como o parental recorrente em seis gerações. Por meio de estudos de patogenicidade e virulência da progênie, foi observado que os parentais possuem diferentes controles genéticos quanto à habilidade de infectar arroz.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muitas são as questões ainda não esclarecidas no ciclo sexual de Pyricularia oryzae, tais como: distribuição de idiomorfos em diversas populações; estudos populacionais com obtenção de progênies da reprodução sexuada; o evento de fertilização; as funções específicas dos genes MAT e feromônios no reconhecimento dos indivíduos, na morfogênes e sexual e na fertilidade; ocorrência da fase sexuada em tecidos vegetais; diferentes condições de indução in vitro. Assim, este objeto de estudos é desafiador, com amplas possibilidades a serem exploradas.

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), à Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), à Fundação de Pesquisa São Paulo (FAPESP 2013/10655-4), e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT-PP 307361/2012-8).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • Arnaise, S.; Debuchy, R.; Picard, M. What is a bona fide mating-type gene? Internuclear complementation of mat mutants in Podospora anserina Molecular & General Genetics, Berlin, v.256, p.169-178, 1997.
  • Arnaise, S.; Zickler, Poisier, C.; Debuchy, R.Pah1: a homeobox gene involved in hyphal morphology and microconidio genesis in the filamentous ascomycete Podospora anserina Molecular Microbiology, Oxford, v.39, p.54-64, 2001.
  • Bobrowicz P.; Pawlak R.; Correa A.; Bell-Pedersen, D.; Ebbole D.J. The Neurospora crassa pheromone precursor genes are regulated by the mating type locus and the circadian clock. Molecular Microbiology, Oxford, v.45, p.795-804, 2002.
  • Bruno, A.C.; Urashima, A.S. Inter-relação sexual de Magnaporthe grisea do trigo e de outros hospedeiros. Fitopatologia Brasileira v.26, n.1, p.21-26, 2001.
  • Castroagudín, V.L.; Ceresini, P.C.; Oliveira, S.C.; Reges, J.T; Maciel, J.L.N.; Bonato, A.L.V.; Dorigan, A.F.;McDonald, B.A. Resistance to QoI fungicides is widespread in Brazilian populations of the wheat blast pathogen Magnaporthe oryzae Phytopathology, St. Paul, v.105, n.3, p.284-294, 2015.
  • Coppin, E.; Arnaise, S.; Contamine, V.; Picard, M. Deletion of the mating-type sequence in Podospora anserina abolishes mating without affecting vegetative functions and sexual differentiation. Molecular & General Genetics, Berlin, v.241, p.409-414, 1993.
  • Coppin, E.; de Renty, C.; Debuchy, R. The function of the coding sequences for the putative pheromone precursors in Podospora anserina is restricted to fertilization. Eukaryot Cell, Whashington, v.4, p.407-420, 2005.
  • Coppin, E.; Debuchy, R.; Arnaise, S.; Picad, M. Mating types and Sexual development in filamentous ascomycetes. Microbiology and Molecular Biology Reviews, Whashington, v.61, n.4, p.411-428, 1997.
  • Couch, B.C.; Kohn, L.M. A multilocus gene genealogy concordant with host preference indicates segregation of a new species, Magnaporthe oryzae Mycologia, Lexington, v.94, n.4, p.692, 2002.
  • Couch, B.C.; Fudal, I.; Lebrun, M.-H.;Tharreau, D.; Valent, B.; van Kim, P.; Nottéghem, J.; Kohn, L.M. Origins of Host-Specific Populations of the Blast Pathogen Magnaporthe oryzae in Crop Domestication with Subsequent Expansion of Pandemic Clones on Rice and Weeds of Rice. Genetics, Bethesda, v.170, p.613-630, 2005.
  • Cross, F.; Hartwell, L.H.; Jackson, C.; Konopka, J.B. Conjugation in Saccharomy cerevisae Annual Review of Cell Biology,Palo Alto, v.4, p.429-457, 1988.
  • Dayakar, B.V.; Narayanan, N.N.; Gnanamanickam, S.S. Cross-compatibility and distribuition of mating type alleles of the rice blast fungus Magnaporthe grisea in India. Plant Disease, St. Paul,v.84, n.6, p.700-704, 2000.
  • Dean, R.A.; Talbot, N.J.; Ebbole, D.J.; Farman, M.L.; Mitchell, T.K.; Orbach, M.J.; Thon, M.; Kulkarni, R.; Xu, J.R.; Pan, H.; Read, N.D.; Lee, Y.; Carbone, I.; Brown, D.; Oh, Y.Y.; Donofrio, N.; Jeong, J.S.; Soanes, D.M.; Djonovic, S.; Kolomiets, E.; Rehmeyer, C.; Li, W.; Harding, M.; Kim, S.; Lebrun, M.; Bohnert, H.; Coughlan, S.; Butler, J.; Calvo, S.; Ma, L.; Nicol R.; Purcell, S.; Nusbaum, C.; Galagan, J.E.; Birren, B.W. The genome sequence of the rice blast fungus Magnaporthe grisea Nature, London, v.434, p.980-986, 2005.
  • Debuchy, R.; Turgeon, B.G. Mating type in Euascomycetes. In: Kues, U., Fischer, R. The Mycota I 2(nd) Ed. Berlin Heidelberg: Springer-Verlag, 2006.p.293-323.
  • Duveiller, E.H.; Hodson, D.; Tiedmann, A. Wheat blast caused by Magnaporthe grisea: A reality and new challenge for wheat research. In: Abstracts inthe 8th International Wheat Conference, 2010, St. Ptesburg. AnnalsSt. Ptesburg: Vavilov Research Instituteof Plant Industry. p.257-248.
  • Fang, E.G.C.; Dean, R.A. Site-Directed Mutagenesis of the magB Gene Affeccts Growth and Development in Magnaporthe grisea Molecular Plant-Microbe Interactions, St. Paul,v.13, n.11, p.1214-1227, 2000.
  • Ferreira, A.V.-N.; An, Z.; Metzenberg, R.L.; Glass, N.L. Characterization of mat A-2, mat A-3 and ΔmatA Mating-type Mutants of Neurospora crassa Genetics, Bethesda, v.148, p.1069-1079, 1998.
  • Galbieri, R.; Urashima, A.S. Caracterização, compatibilidade e ocorrência de reprodução sexual entre isolados de Pyricularia grisea de diferentes hospedeiros. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.34, n.1, p.22-28, 2008.
  • Goulart, A.C.P.; Sousa, P.G.; Urashima, A.S. Danos em trigo causados pela infecção de Pyricularia grisea Summa Phytopathologica, Botucatu, v.33, n.4, p.358-363, 2007.
  • Hayashi, N.; Li, Y.C.; Li, J.L.; Naito, H. In vitro production on rice plants of perithecia of Magnaporthe grisea from Yunnan, China. Mycological Research, Cambridge, v.101, n.11, p.1308-1310, 1997.
  • Hebert, T.T. The Perfect Stage of Pyricularia grisea Phytopathology, St. Paul, v.61, p.83-87, 1971.
  • Igarashi, S.; Utiamada, C.M.; Igarashi, L.C.; Kazuma, A.H.; Lopes, R.S. Pyricularia do trigo. Ocorrência de Pyricularia sp. No Estado do Paraná. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.11, p.351-352, 1986.
  • Itoi, S.; Mishima, T.; Arase, S.; Nozu, M. Mating behaviour of Japanese isolates of Pyricularia oryzae Phytopathology, St. Paul,v.73, p.155-158, 1983.
  • Jacobsen, S.; Wittig, M.; Poggeler, S. Interaction between mating type proteins from the homothallic fungus Sordaria macrospora Current Genetics, Göteborg, v.41, p.150-158, 2002.
  • Johnson, A.D. Molecular mechanisms of cell-type determination in budding yeast. Current Opinion in Genetics & Development, Baltimore, v.5, p.552-558. 1995.
  • Kanamori, M.; Kato, H.; Yasuda, N.; Koizumi, S.; Peever, T. L.; Kamakura, T.; Teraoka, T.; Arie, T. Novel mating type-dependent transcripts at the mating type locus in Magnaporthe oryzae Gene, Orlando-Amsterdam, v.403, p.6-17, 2007.
  • Kang, S.; Chumley, F.G.; Valent, B. Isolation of the Mating-Type Genes of the Phytopathogenic Fungus Magnaporthe grisea Using Genomic Substraction. Genetics, Bethesda, v.138, p.289-296, 1994.
  • Kato, H.; Yamaguchi, T.; Nishihara, N. The Perfect State of Pyricularia oryzae Cav. in Culture. Annals of the Phytopathological Society of Japan, Tokyo, v.42, p.507-510, 1976.
  • Keszthelyi, A.; Janey, A.; Kerenyi, Z.; Mendes, O.; Waalwijk, C.; Hornok, L. Tagging target genes of the MAT1-2-1 transcriptional factor in Fusarium verticillioides (Gibberella fujikuroi MP-A). Antoine van Leeuwenhoek, Dordrecht, v.91, p.373-391, 2007.
  • Klaubauf, S.; Tharreau, D.; Fournier, E.; Groenewald, J.Z.; Crous, P.W.; deVries, R.P.; Lebrun, M.-H. Resolving the polyphyletic nature of Pyricularia (Pyriculariaceae). Studies in Mycology, Utrecht, p.1-36, 2014.
  • Kim, H.; Metzenberg, R.L.; Nelson, M.A. Multiple Functions of mfa-1, a Putative Pheromone Precursor Gene of Neurospora crassa Eukaryotic Cell,Washington, v.1, n.6, p.987-999, 2002.
  • Klix, V.; Nowrousian, M.; Ringelberg, C.; Loros, J.J.; Dunlap, J.C.; Poggeler, S. Functional Characterization of MAT1-1-Specific Mating-type Genes in the Homothallic Ascomycete Sordariama crospora Provides New Insights into Essential and Nonessential Sexual Regulators. Eukaryotic Cell, Washington, v.9, p.894-905, 2010.
  • Lee, S.; Lee, S.; Choi, D.; Lee, Y.; Yun, S. Identification of the down-regulated genes in a mat1-2-deleted strain of Gibberella zeae, using cDNA substraction and microarray analysis. Fungal Genetics and Biology, Amsterdam, v.43, p.295-310, 2006.
  • Lichius, A.; Lord, K.M.; Jeffree, C.E.; Oborny, R.; Boonyarungsrit, P. Importance of MAP Kinases during Protoperithecial Morphogenesis in Neurospora crassa PLOS One, San Francisco-Cambridge, v.7, n.8, e42565, p.1-21, 2012.
  • Lord, K.M.; Read, N.D. Perithecium morphogenesis in Sordaria macrospora Fungal Genetics and Biology, Amsterdam, v.48, p.388-399, 2011.
  • Maciel, J.L.N.; Ceresini, P.C.; Castroagudin, V.L.; Zala, M.; Kema, G.H.J.; McDonald, B.A. Population Structure and Pathotype Diversity of the Wheat Blast Pathogen Magnaporthe oryzae 25 Years After Its Emergence in Brazil. Phytopathology, St. Paul,v.104, n.1, p.95-107, 2014.
  • Paoletti, M.; Seymour, F.A.; Alcocer, M.J.C.; Kaur, N.; Calvo, A.M.; Archer, D.B.; Dyer, O.S. Mating Type and the Genetic Basis of Self-Fertility in the Model Fungus Aspergillus nidulans Current Biology, Maryland Heights-Cambridge, v.17, p.1384-1389, 2007.
  • Poeggeler, S. Two pheromone precursor genes are trascriptionally expressed in the homothallic ascomycete Sordaria macrospora CurrentGenetics, Göteborg, v.37, p.403-411, 2000.
  • Prabhu, A.S.; Filippi, M.C.; Silva, G.B. Dinâmica da População do Patógeno. In: Prabhu, A.S.; Filippi, M.C.; Silva, G.B. Brusone em arroz: Controle genético, progresso e perspectivas. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2006. p. 388.
  • Saleh, D.; Xu, P.S.Y.; Li, C.; Adreit, H.; Milazzo, J.; Ravigné, V.; Bazin, E.; Nottéghem, J.; Fournier, E.; Tharreau, D. Sex at the origin: an Asian population of the rice blast fungus Magnaporthe oryzaereproduces sexually. Molecular Ecology, Vancouver, v.21, p.1330-1344, 2012.
  • Seo, J.A.; Han, K.H.; Yu, J.H. Multiple roles of a heterotrimeric G-protein ϒ-subunit in governing growth and development of Aspergillus nidulans Genetics, Bethesda, v.171, p.81-89, 2005.
  • Shahjahan, A.K.M. Practical approaches to rice blast management in tropical monsoon ecosystems, with special reference to Bangladesh. In: Zeigler, R.S.; Leong, S.A.; Teng, P.S. Rice blast disease Wallingford: CAB International, 1994. p.465-488.
  • Shen, W.C.; Bobrowicz, P.; Ebbole, D.J. Isolation of pheromone precursor genes of Magnaporthe grisea Fungal Genetics and Biology,Amsterdam,v.27, p.253-263, 1999.
  • Silue, D.; Notteghem, J.L. Production of perithecia of Magnaporthe grisea on rice plants. Mycological Research, Cambridge, v.94 n.8, p.1151-1152, 1990.
  • Stuckenbrok, E.H.; Mcdonald, B.A. The Origins of Plant Pathogens in Agro-ecosystems. Annual Review of Phytopathology, Palo Alto, v.46, p.75-100, 2008.
  • Tosa, Y.; Chuma, I. Classification and parasitic specialization of blast fungi. Journal of General Plant Pathology, v.80, p.202-209, 2014.
  • Tredway, L.P.; Stevenson, K.L. Mating type Distribution and Fertility Status in Magnaporthe grisea Populations from Turfgrasses in Georgia. Plant Disease, St. Paul, v.87, n.4, p.435-441, 2003.
  • Turgeon, B.G. Application of mating type gene technology to problems in fungal biology. Annual Review of Phytopathology, Palo Alto, v.36, p.115-137, 1998.
  • Turina, M.; Prodi, A.; Alfen, N.K.V. Role of the Mf1-1 pheromone precursor gene of the filamentous ascomycete Cryphonectria parasitica Fungal Genetics and Biology, Amsterdam, v.40, p.242-251, 2003.
  • Urashima, A.S.; Igarashi, S.; Kato, H. Host Range, Mating Type, and Fertility of Pyricularia grisea from Wheat in Brasil. Plant Disease, St. Paul,v.77, n.12, p.1211-1216, 1993.
  • Urashima, A.S.; Silva, O.S. Characterization of Magnaporthe grisea (Pyricularia grisea) from Black Oat in Brasil. Journal of Phytopathology, Göttingen, v.159, n.11-12, p.789-795, 2011.
  • Valent, B.; Farrall, L.; Chumley, F.G. Magnaporthe grisea Genes for Pathogenicity and Virulence Indentified Through a Series of Backcrosses. Genetics, Bethesda, v.127, p.87-101, 1991.
  • Viji, G.; Gnanamanickam, S.S. Mating type Distribution and Fertility Status of Magnaporthe grisea Populations from Various Hosts in India. Plant Disease, St. Paul,v.82, n.1, p.36-40, 1998.
  • 54. Viji, G.; Uddin, W. Distribution of Mating type Alleles and Fertility Status of Magnaporthe grisea Causing Gray Leaf Spot of Perenial Ryegrass and St. Augustinegrass Turf. Plant Disease, St. Paul,v.86, n.8, p.827-832, 2002.
  • Wang, X.; Lee, S.; Wang, J.; Ma, J.; Bianco, T.; Jia, Y. Current Advances on Genetic Resistance to Rice Blast Disease.In: Yan, W. Rice: Germoplasm, Genetics and Improvement Hangzhou: China Jiliang University, 2014.Cap.7, p.195-217. Disponível em: http://www.intechopen.com/books/rice-germplasm-genetics-and-improvement/current-advances-on-genetic-resistance-to-rice-blast-disease . Acessoem: 30 set. 2014.
    » http://www.intechopen.com/books/rice-germplasm-genetics-and-improvement/current-advances-on-genetic-resistance-to-rice-blast-disease
  • Yaegashi, H.; Hebert, T.T. Effect of Temperature, Light and Nutrients on Production of Perithecia by Pyricularia Annals of the Phytopathological Society of Japan, Tokyo, v.42, p.556-562, 1976.
  • Yaegashi, H.; Hebert, T.T. Perithecial Development and Nuclear Behaviour in Pyricularia Phytopathology, St. Paul, v.66, p.122-166, 1976.
  • Zeng, J.; Feng, S.; Cai, J.; Wang, L.; Lin, F.; Pan, Q. Distribution of Mating type and Sexual Status in Chinese Rice Blast Populations. Plant Disease, St. Paul,v.93, n.3, p.238-242, 2009.
  • Zhang, L.; Baasiri, R.A.; Van Alfen, N.K. Viral Repression of Fungal Pheromone Precursor Gene Expression. Molecular and Cellular Biology, Cambridge, v.18 n.2, p.953-959, 1998.
  • Zhang, H.; Wu, Z.; Wang, C.; Li, Y.; Xu, J. Germination and infectivity of microconidia in the rice blast fungus Magnaporthe oryzae Nature communications, London, v.5, n.4518, p.1-9, 2014.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2015

Histórico

  • Recebido
    18 Dez 2014
  • Aceito
    09 Jun 2015
Grupo Paulista de Fitopatologia FCA/UNESP - Depto. De Produção Vegetal, Caixa Postal 237, 18603-970 - Botucatu, SP Brasil, Tel.: (55 14) 3811 7262, Fax: (55 14) 3811 7206 - Botucatu - SP - Brazil
E-mail: summa.phyto@gmail.com