Introdução
A toxoplasmose é uma antropozoonose parasitária causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, parasita intracelular obrigatório (Tenter et al. 2000), que acomete todos os animais homeotérmicos (Webster 2010) distantes da escala zoológica, tendo o gato doméstico como hospedeiro definitivo (Dubey & Jones 2008).
Estima-se que mais de um terço da população mundial encontra-se infectada por T. gondii variando de acordo com as condições econômicas e hábitos culturais das populações estudadas (Aspinall et al. 2002).
Entre as espécies domésticas, os equinos são os mais resistentes à infecção por T. gondii, podendo causar encefalite (Coiro et al. 2012) além de sinais como hiperirritabilidade, incoordenação, desordens oculares e aborto que podem ser observados (Moura et al. 2016).
Nesse contexto, o consumo de carne mal cozida está bem estabelecido como um importante fator de risco para infecção por T. gondii na população humana em todo o mundo (Boughattas et al. 2011). Embora o consumo de carne equina apresente pouca importância epidemiológica, tem-se observado um aumento no consumo de carne de equídeos no Brasil (Coiro et al. 2012) que é um grande distribuidor do produto, sendo o oitavo maior exportador mundial (Brasil 2016).
Vários testes sorológicos para detecção de anticorpos IgG anti-T. gondii em equídeos têm sido realizados na identificação de animais sororreagentes em todo o mundo (Ghazy et al. 2007, Kouam et al. 2010), mostrando prevalências que variam entre zero a 90% (Uggla et al. 1990, Hejlíček & Literák 1994, Jakubek et al. 2006, Tassi 2007, Balkaya et al. 2011, Oliveira Filho et al. 2012, Miao et al. 2013, Gharekhani 2014), na dependência do teste utilizado e local de estudo (Dubey et al. 2014).
Da mesma forma, no Brasil, estudos sorológicos apontam diferentes prevalências com variação entre 0% e 70% (Ishizuka et al. 1975, Silva et al. 1981, Larangeira et al. 1985, Costa et al. 1986, Braccini et al. 1992, Barcelos et al. 1997, Vidotto et al. 1997, Gazêta et al. 1997, Garcia et al. 1999, Mendonça et al. 2001, Navarro et al. 2002, Carletti et al. 2002, Naves et al. 2005, Villalobos et al. 2005, Locatelli-Dittrich et al. 2006, Coiro et al. 2012, Oliveira Filho et al. 2012, Evers et al. 2013, Oliveira et al. 2013, Valença et al. 2015).
Considerando a importância da equideocultura no Brasil aliada à repercusão da toxoplasmose em saúde pública, este estudo tem como objetivo determinar a soroprevalência da toxoplasmose em equídeos mantidos em diferentes formas de manejo.
Material e Métodos
Área de estudo e animais. Esse trabalho foi realizado no estado de Pernambuco (8°4′14″S, 37°15′57″O) que está localizado na região Nordeste do Brasil e é dividido em quatro mesorregiões, a saber: Região Metropolitana do Recife, Zona da Mata, Agreste e Sertão (IBGE 2010). Quanto à população de equídeos, o estado possui 189.757 animais (IBGE 2006).
Considerando-se o número de equídeos de Pernambuco (n>10.000), com uma prevalência estimada de 50%, margem de erro de ±5% e um nível de confiança de 95%, o cálculo amostral resultou em 384 amostras.
Um total de 400 amostras de soro de equídeos clinicamente saudáveis, incluindo equinos (387/400), muares (4/400) e asininos (9/400) de ambos os sexos com idade de até 25 anos foram analisadas. Entre os equídeos utilizados, havia animais de reprodução bem como atletas que participavam principalmente de vaquejadas, os quais eram mantidos, na sua maioria, semi-estabulados ou estabulados. Além desses, existiam outros destinados ao trabalho no campo sendo a maior parte criada a campo. Esses animais eram provenientes de 41 propriedades rurais (Quadro 1), de quatro diferentes mesorregiões (Fig.1) do estado de Pernambuco (8°4′14″S, 37°15′57″O).
Quadro 1. Coordenadas geográficas das propriedades no estado de Pernambuco
Ponto | Município | Latitude | Longitude |
1 | Bodocó 1 | -07 45’ 08,97415” | -39 58’ 07,85099” |
2 | Bodocó 2 | -07 44’ 45,50133” | -40 00’ 26,96469” |
3 | Bodocó 3 | -07 44’ 41,45777” | -40 00’ 34,28611” |
4 | Bodocó 4 | -07 44’ 41,50432” | -40 01’ 00,84211” |
5 | Bodocó 5 | -07 46’ 18,80425” | -39 57’ 37,17433” |
6 | Bodocó 6 | -07 45’ 58,74057” | -39 56’ 54,87055” |
7 | Cabo 1 | -08 18’ 02,23575” | -35 03’ 29,12380” |
8 | Camocim 1 | -08 20’ 40,54688” | -35 46’ 38,39455” |
9 | Camocim 2 | -08 20’ 57,54059” | -35 46’ 31,18511” |
10 | Camocim 3 | -08 20’ 26,96303” | -35 46’ 37,54494” |
11 | Igarassu 1 | -07 51’ 56,09086” | -34 55’ 41,84914” |
12 | Itamaracá 1 | -07 42’ 52,90505” | -34 50’ 14,29776” |
13 | Jaboatão 1 | -08 10’ 36,26206” | -35 00’ 09,85791” |
14 | Lagoa 1 | -07 50’ 44,88072” | -35 17’ 49,07876” |
15 | Lagoa 2 | -07 50’ 42,51450” | -35 17’ 51,91043” |
16 | Lagoa 3 | -07 50’ 42,52201” | -35 17’ 48,02910” |
17 | Lagoa 4 | -07 50’ 17,67030” | -35 17’ 41,46126” |
18 | Limoeiro 1 | -07 53’ 39,43967” | -35 25’ 42,60819” |
19 | Limoeiro 2 | -07 53’ 38,56796” | -35 25’ 38,30602” |
20 | Limoeiro 3 | -07 53’ 29,57279” | -35 25’ 58,67605” |
21 | Limoeiro 4 | -07 53’ 49,95831” | -35 26’ 27,21517” |
22 | Limoeiro 5 | -07 53’ 24,69632” | -35 25’ 56,77255” |
23 | Moreno 1 | -08 06’ 01,10375” | -35 05’ 04,46294” |
24 | Ouricuri 1 | -07 50’ 21,03414” | -40 04’ 01,04681” |
25 | Ouricuri 2 | -07 51’ 00,44716” | -40 03’ 34,97971” |
26 | Ouricuri 3 | -07 50’ 50,23540” | -40 02’ 20,12848” |
27 | Ouricuri 4 | -07 50’ 49,13946” | -40 02’ 00,87680” |
28 | Ouricuri 5 | -07 50’ 23,58455” | -40 01’ 37,55474” |
29 | Ouricuri 6 | -07 50’ 07,91591” | -40 01’ 13,18492” |
30 | Ouricuri 7 | -07 49’ 39,90624” | -40 00’ 36,62414” |
31 | Ouricuri 8 | -07 50’ 00,46400” | -40 01’ 07,85356” |
32 | Paudalho 1 | -07 55’ 59,59128” | -35 07’ 50,09376” |
33 | Paudalho 2 | -07 55’ 42,71233” | -35 08’ 22,37079” |
34 | Surubim 1 | -07 51’ 07,15375” | -35 45’ 36,75855” |
35 | Surubim 2 | -07 51’ 01,29399” | -35 44’ 41,13232” |
36 | Surubim 3 | -07 49’ 55,25134” | -35 46’ 41,70498” |
37 | Surubim 4 | -07 49’ 53,96314” | -35 44’ 44,30235” |
38 | Surubim 5 | -07 51’ 21,34232” | -35 44’ 21,74619” |
39 | Surubim 6 | -07 50’ 05,30249” | -35 46’ 30,58097” |
40 | Surubim 7 | -07 50’ 11,13665” | -35 44’ 37,30367” |
41 | Surubim 8 | -07 49’ 48,91579” | -35 44’ 38,53657” |
Dados referentes às características dos animais e dos rebanhos, sistema de criação, presença de outros animais, idade, sexo, raça, aptidão, condição física foram coletados por meio de questionários investigativos. O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética Para o Uso de Animais (CEUA) da Universidade Federal Rural de Pernambuco sob a licença de número 036/2014.
Teste de aglutinação modificada. O teste de Aglutinação Modificado foi realizado de acordo com técnica descrita por Desmonts & Remington (1980) considerando-se o cut-off de 1:25 (Alvarado-Esquivel et al. 2012).
O antígeno utilizado foi preparado a partir de cepa RH de Toxoplasma gondii obtido de camundongos previamente inoculados no Laboratório de Doenças Infecciosas dos Animais Domésticos, Universidade Federal Rural de Pernambuco.
As amostras de soro foram diluídas (1:25) em tampão fosfato salino (PBS) contendo 2- Mercaptoetanol 0,2M e adicionados 50μL da diluição em poços de placas de poliestireno de fundo em U. Em seguida, adicionou-se a cada diluição de soro, 50μL dos taquizoítos de T. gondii preservados com formalina sendo mixados imediatamente com um pipetador por várias vezes. Após isso, as placas foram cobertas e incubadas em estufa a 37°C por 16 horas.
Em todas as reações foram usados soros de equinos como controles positivos e negativos, previamente testados e confirmados (Valença et al. 2015).
Quanto aos resultados, foram considerados positivos quando se visualizava botão de contorno definido no fundo do poço da placa enquanto que resultado negativo na ausência de botão.
Análise dos dados. Para a análise dos fatores de risco associados à infecção, primeiramente, realizou-se uma análise univariada e, posteriormente, uma análise de regressão logística considerando como variável dependente o resultado obtido na sorologia (positiva ou negativa). As variáveis independentes ou explanatórias consideradas no modelo foram aquelas que apresentaram significância estatística inferior a 0,20. O programa EpiInfoTM 7 foi utilizado para a execução dos cálculos estatísticos e o nível de significância adotado foi de 5,0%.
Resultados
Anticorpos IgG anti-Toxoplasma gondii foram detectados em 12,5% (50/400) dos animais analisados, sendo identificados títulos de 1:25 e 1:50 em 72% (36/50) e 28% (14/50), respectivamente. Dos 12 municípios estudados, houve positividade em 91,67% (11/12) os quais apresentaram variação entre 4,4% e 33,3%.
Quando avaliados os fatores de risco, apenas o fator mesorregião (p=0,029) apresentou associação com a infecção, particularmente Zona da Mata (OR=3), seguida de RMR (OR=2,2), Agreste (OR=1,7) e Sertão (OR=1) (Quadro 2).
Quadro 2. Fatores de risco associados à infecção por Toxoplasma gondii em equídeos
Variáveis | N | Sorologia positiva |
Valor P | Regressão logística OR (IC 95%) |
Valor P | ||
Alimentação | |||||||
Sem suplementação | 89 | 11 | (12,4%) | 0,844a | |||
Com suplementação | 170 | 23 | (13,5%) | ||||
Mista | 141 | 16 | (11,3%) | ||||
Espécie | |||||||
Equina | 387 | 48 | (12,4%) | 1 | |||
Asinina | 4 | 2 | (50,0%) | 0,040a | 7,0 (0,9-51,3) | 0,053 | |
Muar | 9 | 0 | (0,0%) | ** | 0,973 | ||
Idade (anos) | |||||||
< 2,5 | 90 | 8 | (8,9%) | 0,339a | |||
Entre 2,5 e 11 | 276 | 39 | (14,1%) | ||||
≥ 11 | 34 | 3 | (8,8%) | ||||
Presença de gatos | |||||||
Sim | 28 | 4 | (14,3%) | 0,766b | |||
Não | 372 | 46 | (12,4%) | ||||
Raça de equinos | |||||||
Mangalarga (ML) | 5 | 1 | (20,0%) | 0,637a | |||
Marchador (MM) | 103 | 15 | (14,6%) | ||||
Quarto de milha | 201 | 21 | (10,4%) | ||||
Sem raça definida | 91 | 13 | (14,3%) | ||||
Sexo | |||||||
Fêmea | 165 | 21 | (12,7%) | 0,908a | |||
Macho | 235 | 29 | (12,3%) | ||||
Tipo de criação | |||||||
A campo | 158 | 17 | (10,8%) | 0,310b | |||
Estabulado | 101 | 17 | (16,8%) | ||||
Semi-estabulado | 141 | 16 | (11,3%) | ||||
Região | |||||||
Sertão | 88 | 6 | (6,8%) | 0,142a | 1 | ||
Agreste | 116 | 13 | (11,2%) | 1,7 (0,6-4,7) | 0,290 | ||
RMR | 107 | 15 | (14,0%) | 2,2 (0,8-6,0) | 0,113 | ||
Zona da Mata | 89 | 16 | (18,0%) | 3,0 (1,1-8,0) | 0,029* |
a Teste X2, b Teste do Exato de Fisher; N = Total de Amostras, OR = Odds Ratio, IC = Intervalo de Confiança; * Associação significativa ao nível de 5,0%, ** Indefinido.
Discussão
A prevalência de 12,5% de anticorpos IgG anti-Toxoplasma gondii aqui observada foi superior aos resultados encontrados em estudos na Grécia (Kouam et al. 2010), Turquia (Karatepe et al. 2010), República Tcheca (Hejlíček & Literák 1994) e Brasil (Oliveira Filho et al. 2012), que relataram taxas de prevalência variando entre 1,8% e 8,0% e inferior àquelas observadas no Egito (Ghazy et al. 2007), Itália (Rinaldi & Scala 2008) e Iran (Tavalla et al. 2015) com prevalências variando entre 29% e 48,5%.
A diferença na variação nas taxas de soroprevalência para T. gondii em equídeos pode ser justificada em função da utilização dos diferentes testes sorológicos utilizados, cepas de T. gondii, o estado imunitário dos animais, idade, manejo e procedência dos animais (Dubey & Beattia 1988), aliado ao fator resistência natural dos equídeos à infecção por T. gondii (Mendonça et al. 2001).
No Brasil, outros estudos sorológicos já foram conduzidos utilizando-se técnicas como a reação de imunofluorescência indireta (Valença et al. 2015), hemaglutinação indireta (Barcelos et al. 1997) e teste de aglutinação modificado (Langoni et al. 2007).
Nesse sentido, Camossi et al. (2010) realizaram estudo utilizando RIFI e MAT, constatando que ambas as técnicas apresentam alta sensibilidade e especificidade. Entretanto, esses autores ressaltaram que há aspectos favoráveis relacionados com o MAT, como simplicidade da técnica e custo, e pelo fato de não haver necessidade de equipamentos sofisticados além da maior sensibilidade comparada à RIFI. Esse fato deve estar relacionado com diferentes subtipos de IgG detectados em cada teste sorológico, ou essas diferenças para baixas diluições do soro podem ser atribuídas a reações inespecíficas (Dubey 1985).
Assim, o teste de aglutinação modificado é uma técnica amplamente utilizada e validada para diferentes espécies animais, devido à facilidade de realização e concordância aos outros testes de diagnóstico, resultando em um maior número de resultados positivos e títulos ligeiramente mais altos quando comparados com a RIFI (Silva et al. 2002), sendo apontado como prova de escolha frente ao ELISA e à RIFI para o diagnóstico de anticorpos anti-T. gondii em ovinos (Seefeldt et al. 1989).
Neste estudo, a maior prevalência foi detectada na Zona da Mata (17,98%; OR=3), seguida da Região Metropolitana do Recife (14,02%; OR=2,2), Agreste (11,21%; OR=1,7) e Sertão (6,82%; OR=1).
Esta diferença pode ser justificada em virtude das diferenças climáticas existentes, pois o microclima da Zona da Mata e Região Metropolitana do Recife favorece a esporulação do oocisto de T. gondii e consequentemente a contaminação de alimentos, água e solo (Villena et al. 2012) e posterior infecção nos animais, diferente do Agreste e Sertão, cujo clima é seco e árido, com baixos índices pluviométricos, dificultando a viabilidade do agente no ambiente (Lúcio et al. 2016).
Não obstante, a infecção pelo T. gondii em gatos apresenta grande importância na vigilância epidemiológica sendo a presença destes animais um importante fator de risco, que pode quando em número de três ou mais gatos, aumentar em 70% o risco de infecção por T. gondii (Jones et al. 2009) nas espécies que co-habitam um determinado ambiente, notadamente em áreas metropolitanas do Brasil (Camargo et al. 1995)
Estudos realizados no Brasil, registraram uma associação entre as variáveis soropositividade à infecção e temperatura ambiente, sendo relatada que em temperaturas mais amena, umidade relativa alta, solo úmido e maior precipitação pluviométrica (Alves et al. 1997), observa-se maiores taxas de prevalência. Estas características são semelhantes às que ocorrem na Zona da Mata e Região Metropolitana do Recife, onde foram constatadas as maiores positividades no presente estudo.
Em função da não observância de diferença significativa na população de felinos, a prevalência de toxoplasmose em equinos em diferentes regiões aqui relatada, parece estar associada a fatores ambientais tais como umidade, temperatura e altitude (Gazêta et al. 1997) que interferem na sobrevivência dos oocistos no ambiente por um longo período (Villena et al. 2004), e consequentemente a ocorrência da infecção (Amendoeira et al. 2003).
Contudo, deve ser levado em consideração o deslocamento dos animais entre as regiões (Langoni et al. 2007), já que boa parte dos animais aqui avaliados são atletas e participam de competições hípicas em diferentes localidades do Brasil. Além destes, alguns outros equídeos são criados livres às margens de rodovias e podem sofrer acidentes, sendo importante fonte de infecção para carnívoros e assim disseminarem a toxoplasmose no ambiente e para outras espécies (Alvarado-Esquivel et al. 2015).
Quanto ao tipo de criação, observou-se uma maior prevalência da infecção entre os animais estabulados (16,8%), seguidos daqueles semi-estabulados (11,3%) e a campo (10,8%). Da mesma forma que justificado anteriormente, com relação à influência do ambiente, na sua grande maioria, os cavalos estabulados eram animais atletas, o que possibilita contato com diferentes ambientes contaminados.
Os animais estabulados eram alimentados com feno, o qual pode ter sido produzido inadequadamente ou mal armazenado fator que pode levar à contaminação com oocistos liberados nas fezes de felinos, particularmente gatos domésticos. Sabe-se que gatos tinham acesso aos armazéns de feno nas propriedades o que reforça a suspeita de contaminação. Apesar disso, a presença de gatos não foi significativa neste estudo, corroborando com Valença et al. (2015) que pesquisando os fatores de risco de ocorrência de toxoplasmose em equídeos no estado de Alagoas também não identificou esse como fator de risco.
Avaliando-se a variável idade, observou-se que a maior prevalência ocorreu nos animais adultos (2,5-11 anos) com 13,78% seguidos dos jovens (<2,5 anos) com 9,64% e por último os mais velhos (>11 anos) que apresentaram 8,82% de positividade, sem significância estatística. Resultado semelhante foi relatado em estudo na Espanha onde foi observada uma maior soropositividade em equídeos adultos (García-Bocanegra et al. 2012).
Apesar de animais poderem se infectar em qualquer fase de sua vida (García-Bocanegra et al. 2012), é provável que a taxa de prevalência seja proporcional à idade do animal em função de maior exposição ao agente etiológico (Boughattas et al. 2011).
Por sua vez, quando avaliada a variável alimentação, também não foram observadas diferenças estatisticamente significativas neste estudo, corroborando com Oliveira Filho et al. (2012) que trabalhando com equídeos no Nordeste do Brasil também não encontrou diferenças.
A prevalência de anticorpos anti-T. gondii aqui observada (12,5%) comprova a circulação do parasito na população de equídeos sendo um dado de grande relevância na saúde pública, pois, apesar de não existir o hábito de consumir carne de equídeos, o Brasil é oitavo maior exportador mundial do produto (Brasil 2016).