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Decidir sobre nós mesmos

Deciding on ourselves

Decidir sobre nuestro presente

O presente número da RBCE traz, uma vez mais, a pluralidade da produção em educação física/ciências do esporte. A leitura em conjunto dos artigos que temos publicado, e não é diferente na presente edição, que contém 15 trabalhos originais, mostra que na área se faz pesquisa de todo tipo e com interfaces muito variadas. Além disso, há artigos escritos individualmente, assim como outros com um número de autores que operam em cooperação ou em divisão social do trabalho acadêmico, até com pesquisadores do exterior. A conformação de redes de pesquisa é uma realidade cada vez mais visível e profícua nesses tempos de comunicação muito rápida.

Se tudo isso, e muito mais, expressa o movimento da área, apresenta desafios para a organização da pesquisa e também para a veiculação de resultados, seu tópico mais premente diz respeito a uma tensão que precisa ser equacionada. Referimo-nos à posição da Educação Física/Ciências do Esporte na grande área da saúde, mas à presença, em seu interior, de trabalhos oriundos das ciências humanas e sociais. Programas de pós-graduação apresentam pesquisadores de humanidades, ainda que em número muito menor do que aqueles vincados na saúde; bolsas de produtividade em pesquisa e outras modalidades de financiamento são destinadas a pesquisadores de história da Educação Física e dos esportes, de formação de professores e outras subáreas correlatas; os periódicos apresentam um equilíbrio variável entre artigos de uma e outra área. A RBCE tem mantido há vários anos uma relação numérica igualitária entre trabalhos de saúde e humanidades, fiel ao projeto do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte de representar a pluralidade da área. O próprio CBCE, no entanto, apresenta dificuldades nessa representação, o que se pode observar em seus grupos de trabalho temático, quase todos dedicados ao estudo e debate de questões internas às humanidades. Já sabemos que a delimitação de objetos, metodologias e abordagens, bem como os critérios de avaliação, não são sempre os mesmos em diferentes áreas ou subáreas de conhecimento. Mas que consequências tiramos dessa conclusão ainda é uma pergunta que não foi respondida, talvez porque nos falte coragem para pautá-la.

Os desafios e as tensões mencionados, que são da RBCE, do CBCE e da Educação Física/Ciências do Esporte, se colocam em outro patamar com a intensificação das exigências para indexação. Bases importantes demandam cada vez mais rigidamente no que se refere às normas para os formatos da produção do conhecimento, movimento no qual a internacionalização desponta como meta e mito, simultaneamente. Internacionalizar obriga ao passo de redigir em inglês, seja originalmente ou em forma de tradução, o que requer recursos não apenas, mas principalmente, financeiros. Por outro lado, significa receber artigos de pesquisadores de outros países, assim como manter editores e revisores também extrafronteiras. Somam-se ainda as dificuldades técnicas de estruturação material dos periódicos. Que queremos fazer com tudo isso além de ganhar pontos no atletismo acadêmico? Como dar conta disso sem profissionalizar as editorias? O que, definitivamente, queremos com as humanidades Em Educação Física/Ciências do Esporte?

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2015
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