Acessibilidade / Reportar erro

Reprodução sexuada em musgos acrocárpicos do Estado de Pernambuco, Brasil

Sexual reproduction in acrocarpous mosses of Pernambuco State, Brazil

Resumos

A freqüência de reprodução sexuada através da produção de esporófito foi determinada para musgos acrocárpicos, coletados no Estado de Pernambuco e depositados no Herbário UFP. Cada exsicata foi observada ao estereomicroscópio para verificação da ocorrência e do estádio de desenvolvimento do esporófito. Às informações obtidas acrescentaram-se dados de coleta e outros específicos pesquisados em literatura. Examinaram-se 770 exsicatas, pertencentes a 11 famílias e 59 espécies. Destas, 26 são monóicas, 27 dióicas e as seis restantes têm sistema reprodutivo desconhecido. A ocorrência de esporófito por amostras foi de 3:1, de monóica em relação à dióica. Apresentaram esporófito 88% das espécies com maior riqueza de amostras, havendo tendência, entre as dióicas, de produção ocasional ou rara de esporófito. A análise do estádio de desenvolvimento dos esporófitos por ocasião da coleta demonstrou que a produção ocorre principalmente durante o período chuvoso. Confirma-se então a importância da umidade e da autofecundação na reprodução sexuada destes musgos.

musgos acrocárpicos; fenologia; esporófito; monóicos; dióicos


The frequency of sexual reproduction in acrocarpous mosses collected in Pernambuco State, and subsequently deposited in the UFP Herbarium, was determined based on sporophyte production. Each voucher was observed under a dissecting microscope for recording the presence of the sporophyte and its developmental stage. The data obtained from literature was also registered. 770 voucher, distributed in 11 families and 59 species, were examined. 26 species have a monoecious reproductive system, 27 a dioicous one, and the six remaining ones have an unknown breeding system. The rate of fruiting specimens was higher in monoicous (3:1) than dioicous ones. Sporophytes were found in 88% of the best represented species. The frequency of fruiting specimens of dioicous species is either occasional or rare. The analysis of the developmental stages of sporophyte throughtout the year demonstrated that the production of sporophytes mainly occurs during the rainy season. Finally, humidity and self-fertilization play an important rule in the sexual reproduction of the acrocarpous mosses.

acrocarpous mosses; phenology; sporophyte; monoicous; dioicous


Reprodução sexuada em musgos acrocárpicos do Estado de Pernambuco, Brasil

Sexual reproduction in acrocarpous mosses of Pernambuco State, Brazil

Sylvia Mota de Oliveira; Kátia Cavalcanti Pôrto

Departamento de Botânica, CCB, Universidade Federal de Pernambuco, Av. Prof. Moraes Rego s.n., CEP 50.670-901, Recife, PE, Brasil, e-mail: sylviamota@hotmail.com kporto@npd.ufpe.br

RESUMO

A freqüência de reprodução sexuada através da produção de esporófito foi determinada para musgos acrocárpicos, coletados no Estado de Pernambuco e depositados no Herbário UFP. Cada exsicata foi observada ao estereomicroscópio para verificação da ocorrência e do estádio de desenvolvimento do esporófito. Às informações obtidas acrescentaram-se dados de coleta e outros específicos pesquisados em literatura. Examinaram-se 770 exsicatas, pertencentes a 11 famílias e 59 espécies. Destas, 26 são monóicas, 27 dióicas e as seis restantes têm sistema reprodutivo desconhecido. A ocorrência de esporófito por amostras foi de 3:1, de monóica em relação à dióica. Apresentaram esporófito 88% das espécies com maior riqueza de amostras, havendo tendência, entre as dióicas, de produção ocasional ou rara de esporófito. A análise do estádio de desenvolvimento dos esporófitos por ocasião da coleta demonstrou que a produção ocorre principalmente durante o período chuvoso. Confirma-se então a importância da umidade e da autofecundação na reprodução sexuada destes musgos.

Palavras-chave: musgos acrocárpicos, fenologia, esporófito, monóicos, dióicos

ABSTRACT

The frequency of sexual reproduction in acrocarpous mosses collected in Pernambuco State, and subsequently deposited in the UFP Herbarium, was determined based on sporophyte production. Each voucher was observed under a dissecting microscope for recording the presence of the sporophyte and its developmental stage. The data obtained from literature was also registered. 770 voucher, distributed in 11 families and 59 species, were examined. 26 species have a monoecious reproductive system, 27 a dioicous one, and the six remaining ones have an unknown breeding system. The rate of fruiting specimens was higher in monoicous (3:1) than dioicous ones. Sporophytes were found in 88% of the best represented species. The frequency of fruiting specimens of dioicous species is either occasional or rare. The analysis of the developmental stages of sporophyte throughtout the year demonstrated that the production of sporophytes mainly occurs during the rainy season. Finally, humidity and self-fertilization play an important rule in the sexual reproduction of the acrocarpous mosses.

Key words: acrocarpous mosses, phenology, sporophyte, monoicous, dioicous

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Referências

Delgadillo, C; Bello, B & Cárdenas, A . 1995. Latmoss, a catalogue of Neotropical mosses. Annals of the Missouri Botanical Garden 56: 1-191.

Egunyomi, A. 1979. Autoecology of Octoblepharum albidum Hedw. in Western Nigeria II. Phenology and water relations. Nova Hedwigia 31(1/2): 377-387.

Gemmel, A. R. 1950. Studies in the Bryophyta. I. The influence of sexual mechanisms on varietal production and distribution of British Musci. New Phytologist 49: 64-71.

Longton, R. E. & Schuster, R. M. 1983. Reproductive biology. In: New manual of Bryology. R. M. Schuster (Ed. ), Journal of the Hattori Botanical Laboratory, Nichinan.

Longton, R. E. 1990. Sexual reproduction in bryophytes in relation to physical factors of the environment Pp. 139-146. In: R. N. Chopra & S. C. Bhatla (Ed.), Bryophytes development, physiology and biochemistry. CRC Press, Boca Raton.

Moya, M. T. 1992. Phenological observations and sex ratios in Marcliantia chenopoda L. (Hepaticae: Marchantiaceae). Tropical Bryology 6: 161-168.

Odu, E. A. 1982. Phenology of west tropical african mosses. Journal of the Hattori Botanical Laboratory 52: 283-285.

Pôrto, K. C. 1990. Bryoflores d'une forêt de plaine et d'une forêt d'altitude moyenne dans l'Etat de Pernambuco (Brésil). Analyse floristique. Cryptogamie, Bryologie Lichénologie 13(3): 187-219.

Rohrer, J. R. 1982. Sporophyte production and sexuality of mosses on two Northern Michigan habitats. The Bryologist 85(4): 394-400.

Sharp, A. J.; Crum, H. & Eckel, P. M. 1994. The moss flora of Mexico. Memoirs of the New York Botanical Garden 69(1-2): 1-1113.

Valdevino, J. A. 1994. Bryopsida do Bituri Grande, Brejo da Madre de Deus - PE (Brasil). Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco, Recife.

Yano, O. 1982. Leucobryaceae (Bryopsida) do Brasil. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo.

Recebido em 28/01/1999.

Aceito em 16/04/1999

  • Delgadillo, C; Bello, B & Cárdenas, A . 1995. Latmoss, a catalogue of Neotropical mosses. Annals of the Missouri Botanical Garden 56: 1-191.
  • Egunyomi, A. 1979. Autoecology of Octoblepharum albidum Hedw. in Western Nigeria II. Phenology and water relations. Nova Hedwigia 31(1/2): 377-387.
  • Gemmel, A. R. 1950. Studies in the Bryophyta. I. The influence of sexual mechanisms on varietal production and distribution of British Musci. New Phytologist 49: 64-71.
  • Longton, R. E. & Schuster, R. M. 1983. Reproductive biology. In: New manual of Bryology. R. M. Schuster (Ed.
  • ), Journal of the Hattori Botanical Laboratory, Nichinan.
  • Longton, R. E. 1990. Sexual reproduction in bryophytes in relation to physical factors of the environment Pp. 139-146. In: R. N. Chopra & S. C. Bhatla (Ed.), Bryophytes development, physiology and biochemistry. CRC Press, Boca Raton.
  • Moya, M. T. 1992. Phenological observations and sex ratios in Marcliantia chenopoda L. (Hepaticae: Marchantiaceae). Tropical Bryology 6: 161-168.
  • Odu, E. A. 1982. Phenology of west tropical african mosses. Journal of the Hattori Botanical Laboratory 52: 283-285.
  • Pôrto, K. C. 1990. Bryoflores d'une forêt de plaine et d'une forêt d'altitude moyenne dans l'Etat de Pernambuco (Brésil). Analyse floristique. Cryptogamie, Bryologie Lichénologie 13(3): 187-219.
  • Rohrer, J. R. 1982. Sporophyte production and sexuality of mosses on two Northern Michigan habitats. The Bryologist 85(4): 394-400.
  • Sharp, A. J.; Crum, H. & Eckel, P. M. 1994. The moss flora of Mexico. Memoirs of the New York Botanical Garden 69(1-2): 1-1113.
  • Valdevino, J. A. 1994. Bryopsida do Bituri Grande, Brejo da Madre de Deus - PE (Brasil). Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco, Recife.
  • Yano, O. 1982. Leucobryaceae (Bryopsida) do Brasil. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Jun 2011
  • Data do Fascículo
    1998

Histórico

  • Aceito
    16 Abr 1999
  • Recebido
    28 Jan 1999
Sociedade Botânica do Brasil SCLN 307 - Bloco B - Sala 218 - Ed. Constrol Center Asa Norte CEP: 70746-520 Brasília/DF. - Alta Floresta - MT - Brazil
E-mail: acta@botanica.org.br