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Editorial

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EDITORIAL

Editor científico: desafios do ofício

Quem é esse que cumpre o seu destino

em barro e volta ao barro? Vitalino.

Depois de modelar o seu Nordeste

em formas gráceis que a poesia veste

de candura primeva, ei-lo deitado,

ele próprio em silêncio modelado.

Carlos Drummond de Andrade,

Jornal em Verso

Para Sigmund Freud, existiriam três ofícios impossíveis: educar, curar e governar. Editar bem poderia ser o quarto! Catalisador do processo de publicação, o editor busca conjugar os desejos – muitas vezes conflitantes – do pesquisador, do autor, dos consultores e dos conselheiros, dos revisores de texto e do diagramador, dos membros da comunidade científica, dos profissionais da área de conhecimento e dos leitores. E, acima de tudo, tem a missão de cuidar do projeto editorial da revista para que continue atendendo às aspirações da coletividade, sem se descaracterizar, apesar das solicitações discordantes. Em outras palavras, os desafios deste ofício são incontáveis, pois se estendem da esfera financeira à científica.

Assim, ao longo destes dois anos, como responsável pela gestão editorial de Psicologia: Teoria e Pesquisa, procurei assegurar que o periódico cumprisse seus principais objetivos:

– Divulgar a produção brasileira e internacional em Psicologia, fornecendo um panorama global da produção teórico-metodológica e técnica atual, atendendo à necessidade de comunicação científica.

– Contribuir para a manutenção dos padrões exigidos na área da editoração científica em Psicologia, adotando procedimentos que garantam rigor e ética de análise e seleção de trabalhos encaminhados.

– Manter intercâmbio com importantes instituições de ensino e pesquisa no Brasil e no exterior através da participação do Conselho Editorial e dos consultores ad hoc.

– Atualizar estudantes, profissionais e pesquisadores quanto à evolução dos conhecimentos.

– Favorecer o aprimoramento dos trabalhos encaminhados para publicação ao instituir o sistema de revisão por pares.

– Orientar autores e colaboradores na adoção das Normas de Publicação e procedimentos usuais de editoração.

– Garantir ampla visibilidade e acesso das publicações pela inclusão sistemática em diversos indexadores nacionais e internacionais.

– Contribuir para o acesso à informação em bibliotecas nacionais e internacionais por intermédio do sistema de permutas e doações.

– Disponibilizar a versão eletrônica da revista para a SciELO (Scientific Electronic Library Online) e, mais recentemente, a versão em CD-ROM destinada a deficientes visuais.

– Manter a regularidade e periodicidade dos números publicados.

Também são atividades executadas ou supervisionadas pelo editor: representação do periódico nos fóruns de atualização e discussão da editoração científica; aperfeiçoamento de pessoal especializado; divulgação do periódico em campanhas para levantamento de assinaturas individuais e institucionais; manutenção de correspondências sistemáticas com autores, instituições, consultores e conselheiros; arquivamento e conservação do material encaminhado para publicação e registros das atividades; acompanhamento da tesouraria e levantamento de fontes de financiamento; elaboração de relatórios de atividade e prestação de contas para os órgãos de fomento e para o Instituto de Psicologia e coordenação de reuniões com os membros da Diretoria e com o Conselho Editorial.

Considerando as injunções da tarefa como editora e suas implicações, é importante insistir nos agradecimentos para aqueles que aliviaram o fardo assumido no desempenho do papel:

– ao Professor Louis Marmoz (Unesco, França), que aceitou minha orientação durante o estágio pós-doutoral em editoração científica;

– à Professora Maria Angela Guimarães Feitosa, diretora, e aos membros do Conselho do Instituto de Psicologia, pelo apoio nos momentos de maior dificuldade em razão do adiamento do financiamento pelo CNPq;

– aos pesquisadores, que contribuíram com seus conhecimentos arduamente construídos e disponibilizados na condição de autor ou consultor;

– aos conselheiros pela colaboração segura e eficiente;

– aos colegas da Diretoria, Rachel, Laros, Inês, Mário, Raquel e Rosana, por compartilhar a responsabilidade e pela contribuição singular, para além das atribuições estatutárias;

– ao Alexandre Augusto Martins Lima, que aceitou as penosas e urgentes revisões de texto em inglês;

– aos técnicos e bolsistas da revista, Mariana, Camila, Reina e Carlos, que, com paciência, otimismo e coragem para aprender e ajudar, me acompanharam nesta jornada;

– aos meus alunos e ex-alunos de graduação e pós-graduação pela compreensão carinhosa;

– à Thereza Pontual de Lemos Mettel pelo apoio discreto e sábio e que, antecipando os infortúnios da tarefa, ofereceu o estímulo essencial para o seu enfrentamento.

Então, é com grande satisfação, que entregamos este segundo número de 2005, em que Maria Helena Leite Hunziker propõe uma revisão crítica dos estudos sobre desamparo aprendido e alerta quanto aos limites de sua associação com a depressão clínica. Maria Lucia Seidl de Moura apresenta uma breve história da concepção da mente, nas últimas décadas, discutindo os modelos evolucionistas a partir de uma perspectiva otimista de integração teórica. Também interessado na compreensão mente-cérebro, Gilberto Gomes retoma a concepção freudiana desta relação. No campo experimental, Nelson Torro Alves e Sérgio Sheiji Fukusima investigam o papel das instruções de julgamento e de informações pictóricas de profundidade na percepção de tamanho. Júlia Issy Abrahão, Alexandre Magno Dias Silvino e Maurício Miranda Sarmet desenvolvem uma discussão crítica da problemática da navegabilidade em aplicativos e sítios da internet, adotando uma perspectiva antropocêntrica. Tatiane Paschoal e Alvaro Tamayo pesquisam a influência da interferência família-trabalho e dos valores do trabalho sobre o estresse ocupacional. Ainda no âmbito da família, Adriana Wagner, Juliana Pedrobon, Clarisse Mosmann e Fabiana Verza analisam papéis e funções desempenhados por progenitores na criação e educação de seus filhos. Um estudo de caso qualitativo, realizado por Simone Paludo e Sílvia Helena Koller, descreve o processo de resiliência na trajetória de vida de uma adolescente em situação de rua. Lia Beatriz de Lucca Freitas e Terri Lisbeth Shelton debatem políticas públicas de atendimento à criança pequena em uma análise histórica e comparativa entre Estados Unidos e Brasil. Na esfera educacional, Lúcia Pereira Leite e Maria Salete Fábio Aranha verificam que a interação reflexiva é instrumento útil para a formação continuada de professores. Apoiada nas proposições de Vergnaud e Piaget, Maria Lucia Faria Moro descreve as concepções infantis da divisão por partição em tarefas de aprendizagem. Carla Guanaes e Marisa Japur descrevem sentidos de doença mental produzidos por um grupo terapêutico em um ambulatório de saúde mental. Gustavo Fonseca d'El Rey e Carla Alessandra Pacini pesquisam o impacto negativo do medo de falar em público. Carmen Flores-Mendoza, Francisco Abad e Alvaro Lelé fornecem uma análise psicométrica dos itens da figura masculina do Desenho da Figura Humana, um dos instrumentos mais utilizados na avaliação psicológica de crianças.

Por fim, a homenagem de Gerson Yukio Tomanari à Maria Amelia Matos – falecida em maio – pelo seu legado à Psicologia.

Aos colegas da nova Diretoria 2005-2007, nossos votos de bom trabalho!

Tereza Cristina Cavalcanti Ferreira de Araujo

Editora

Referência

Andrade, C. D. de (2002). Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar (Originalmente publicado em 1963).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Set 2005
  • Data do Fascículo
    Ago 2005
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