Acessibilidade / Reportar erro

Estratégias preventivas ao suicídio para equipe de enfermagem na COVID-19: uma revisão de escopo

Estrategias preventivas al suicidio para un equipo de enfermería durante el COVID-19: una revisión de alcance

Resumo

Objetivo

Identificar as estratégias de prevenção da ideação suicida e do suicídio durante a pandemia de COVID-19 para a equipe de enfermagem.

Métodos

Revisão de escopo realizada nas bases de dados PubMed, BVS, SCOPUS, Web of Science, LILACS, CINAHL, Embase, PsycINFO e na literatura cinzenta como Google Acadêmico.

Resultados

Compõem esta revisão 11 artigos, todos publicados em inglês, a maioria publicada no ano de 2021, nos Estados Unidos da América. As estratégias identificadas perpassam a psicoeducação; espaços para acolhimento das demandas dos profissionais, escuta, apoio e promoção de bem-estar; avaliação e rastreio da saúde mental; encaminhamento para serviços de apoio especializados; intervenção psicológica e aconselhamento; estratégias para reconhecer e lidar com gatilhos, emoções e pensamentos negativos; ações de autocuidado; escuta; apoio e promoção de bem-estar; dentre outras.

Conclusão

As estratégias que resultaram em impacto positivo na saúde mental das equipes de enfermagem foram a criação de espaços para acolhimento das demandas dos profissionais, escuta, apoio e promoção de bem-estar, além da avaliação e do rastreio da saúde mental como formas de prevenção às ações e às ideações suicidas. Destaca-se a importância de estudos que avaliem o efeito das estratégias na saúde mental das equipes de enfermagem para que protocolos possam ser criados na mitigação do problema.

Suicídio; Equipe de enfermagem; Saúde mental; Saúde do trabalhador; COVID-19; Pandemias

Resumen

Objetivo

Identificar las estrategias de prevención de la ideación suicida y del suicidio durante la pandemia de COVID-19 para el equipo de enfermería.

Métodos

Revisión de alcance realizada en las bases de datos PubMed, BVS, SCOPUS, Web of Science, LILACS, CINAHL, Embase, PsycINFO y en la literatura gris, como Google Académico.

Resultados

Integran esta revisión 11 artículos, todos publicados en inglés, la mayoría publicada en el año 2021, en Estados Unidos de América. Las estrategias identificadas abarcan la psicoeducación; espacios para la acogida de las demandas de los profesionales, escucha, apoyo y promoción del bienestar; evaluación y rastreo de la salud mental; derivación para servicios de apoyo especializados; intervención psicológica y orientación; estrategias para reconocer y lidiar con disparadores, emociones y pensamientos negativos; acciones de autocuidado; escucha; apoyo y promoción del bienestar; entre otras.

Conclusión

Las estrategias que tuvieron un impacto positivo en la salud mental de los equipos de enfermería fueron la creación de espacios para acoger las demandas de los profesionales, escucha, apoyo y para la promoción del bienestar, además de la evaluación y el rastreo de la salud mental como formas de prevención de las acciones y de las ideaciones suicidas. Se destaca la importancia de estudios que evalúen el efecto de las estrategias en la salud mental de los equipos de enfermería para que se puedan crear protocolos para mitigar el problema.

Suicídio; Grupo de enfermeira; Salud mental; Salud laboral; COVID-19; Pandemias

Abstract

Objective

To identify strategies for the prevention of suicidal ideation and suicide during the COVID-19 pandemic for the nursing team.

Methods

Scoping review performed in PubMed, VHL, SCOPUS, Web of Science, LILACS, CINAHL, Embase, PsycINFO databases and in the gray literature, such as Google Scholar.

Results

This review comprises 11 articles, all published in English, mostly in year 2021 in the United States of America. The identified strategies include psychoeducation; spaces for embracement of professionals’ demands, listening, support and promotion of wellbeing; mental health assessment and screening; referral to specialized support services; psychological intervention and counseling; strategies for recognizing and dealing with triggers, emotions and negative thoughts; self-care actions, among others.

Conclusion

Strategies that had a positive impact on the mental health of nursing teams were the creation of spaces for embracement of professionals’ demands, listening, support and promotion of wellbeing, and the assessment and screening of mental health as ways of preventing suicidal actions and ideations. The importance of studies that evaluate the effect of strategies on the mental health of nursing teams stands out, so that protocols can be created to mitigate the problem.

Suicide; Nursing, team; Mental health; Occupational health; COVID-19; Pandemics

Introdução

A pandemia da COVID-19 gerou impactos na saúde, na economia, no ensino, no lazer e no trabalho. Os profissionais da saúde, em especial os profissionais de enfermagem, que trabalharam na linha de frente da assistência à saúde enfrentaram maiores riscos de exposição e de contaminação pelo vírus. O aumento do fluxo e da carga horária de trabalho, o número elevado de óbitos, a falta de insumos e de equipamentos de proteção individual (EPIs), além da pressão psicológica em decorrência de atividades assistenciais realizadas em um momento tão delicado, potencializam os prejuízos à saúde física e mental destes profissionais,(11. Hong S, Ai M, Xu X, Wang W, Chen J, Zhang Q, et al. Immediate psychological impact on nurses working at 42 government-designated hospitals during COVID-19 outbreak in China: a cross-sectional study. Nurs Outlook. 2021;69(1):6-12.

2. Bassi M, Negri L, Delle Fave A, Accardi R. The relationship between post-traumatic stress and positive mental health symptoms among health workers during COVID-19 pandemic in Lombardy, Italy. J Affect Disord. 2021;280(Pt B):1-6.
-33. Polat O, Coskun F. Working in a pandemic hospital during COVID-19 outbreak: current conditions and depression, anxiety, and stress levels. Eur Arch Med Res. 2021;37(3):183-91.) cujas prevalências de internação por transtornos mentais, ideação suicida e maior risco de suicídio já eram maiores do que na população em geral.(11. Hong S, Ai M, Xu X, Wang W, Chen J, Zhang Q, et al. Immediate psychological impact on nurses working at 42 government-designated hospitals during COVID-19 outbreak in China: a cross-sectional study. Nurs Outlook. 2021;69(1):6-12.,33. Polat O, Coskun F. Working in a pandemic hospital during COVID-19 outbreak: current conditions and depression, anxiety, and stress levels. Eur Arch Med Res. 2021;37(3):183-91.

4. Rahman A. A scoping review of COVID-19-related stress coping resources among nurses. Int J Nurs Sci. 2022;9(2):259-67. Review.

5. Alderson M, Parent-Rocheleau X, Mishara B. Critical Review on Suicide Among Nurses. Crisis. 2015;36(2):91-101.
-66. Lasalvia A, Amaddeo F, Porru S, Carta A, Tardivo S, Bovo C, et al. Levels of burn-out among healthcare workers during the COVID-19 pandemic and their associated factors: a cross-sectional study in a tertiary hospital of a highly burdened area of north-east Italy. BMJ Open. 2021;11(1):e045127.) As equipes de enfermagem podem enfrentar condições que afetam a sua saúde mental, tornando-as ainda mais vulneráveis em situações de endemias e pandemias, pois integram os principais cuidadores e trabalhadores na linha de frente.(44. Rahman A. A scoping review of COVID-19-related stress coping resources among nurses. Int J Nurs Sci. 2022;9(2):259-67. Review.)

Os estressores relacionados às atividades laborais, no que se refere aos cuidados aos pacientes, conflitos na equipe, sobrecarga de atribuições e falta de autonomia já explorados na literatura,(55. Alderson M, Parent-Rocheleau X, Mishara B. Critical Review on Suicide Among Nurses. Crisis. 2015;36(2):91-101.) foram agravados pelas implicações da pandemia no cotidiano desses profissionais. Fatores como o distanciamento social de familiares e amigos, o medo de contaminar entes queridos e a falta de atividades de lazer geraram impactos na saúde mental e potencializaram a morbidade psicológica entre os profissionais de enfermagem, desencadeando insônia, transtorno do estresse pós-traumático, burnout, ansiedade, depressão, ideação suicida e suicídio.(66. Lasalvia A, Amaddeo F, Porru S, Carta A, Tardivo S, Bovo C, et al. Levels of burn-out among healthcare workers during the COVID-19 pandemic and their associated factors: a cross-sectional study in a tertiary hospital of a highly burdened area of north-east Italy. BMJ Open. 2021;11(1):e045127.)

Um estudo sobre transtornos mentais, traumas e distúrbios do sono, entre profissionais de saúde durante a pandemia de COVID-19, apontou que a prevalência de ansiedade foi de 30,0%, sintomas depressivos de 31,1% e estresse agudo de 56,5%, revelando aumento do desgaste e do sofrimento psíquico em todas as áreas analisadas.(77. Marvaldi M, Mallet J, Dubertret C, Moro MR, Guessoum SB. Anxiety, depression, trauma-related, and sleep disorders among healthcare workers during the COVID-19 pandemic: a systematic review and meta-analysis. Neurosci Biobehav Rev. 2021;126:252-64. Review.) A sobrecarga acarretada pela pandemia da COVID-19 e a falha nos sistemas de gestão em saúde são fatores que levam os profissionais a cometerem suicídio, em especial aqueles que se encontram na linha de frente – como a equipe de enfermagem.(88. Rahman A, Plummer V. COVID-19 related suicide among hospital nurses; case study evidence from worldwide media reports. Psychiatry Res. 2020;291:113272.,99. Höller I, Forkmann T. Ambivalent heroism? Psychological burden and suicidal ideation among nurses during the Covid-19 pandemic. Nurs Open. 2022;9(1):785-800.) Um levantamento realizado após a morte autoprovocada de uma enfermeira, durante a pandemia, apontou, como fatores que contribuíram para essa situação: falta de kits de EPIs; problemas de transporte; falta de acomodação; profissionais forçados a atender casos suspeitos de COVID-19 sem material adequado; e distanciamento social durante os atendimentos.(1010. Kapilan N. Suicides cases among nurses in India due to COVID-19 and possible prevention strategies. Asian J Psychiatr. 2020;54:102434.)

No Brasil, ainda são escassos trabalhos publicados que tenham se ocupado de estudar o tema. Uma pesquisa sobre a saúde mental da equipe de enfermagem apontou a prevalência de 36,6% para episódios depressivos maiores e 43,9% para transtornos psiquiátricos menores – além de revelar que a prevalência de ideação suicida, referente aos 30 dias anteriores ao estudo, foi de 7,4% (n = 66) entre os enfermeiros durante a pandemia; problemas estes associados às condições de trabalho ruins, que foram potencializados ainda mais durante a pandemia.(1111. Oliveira MM, Treichel CA, Bakolis I, Alves PF, Coimbra VC, Cavada GP, et al. Mental health of nursing professionals during the COVID-19 pandemic: a cross-sectional study. Rev Saude Publica. 2022;56:8.)

De maneira geral, outros autores brasileiros convergem com a ideia de que as mudanças na rotina de trabalho, as jornadas prolongadas, a sensação de cansaço, o humor deprimido, a falta de segurança e outros aspectos contribuíram para a alta prevalência de sintomas de depressão, ansiedade, estresse e ideação suicida.(1212. França AB, Trzesniak C, Schelini PW, Junior GH, Vitorino LM. Exploring depressive symptoms among healthcare professionals and the general population during the COVID-19 pandemic in Brazil. Psychol Rep. 2021:332941211025264.,1313. Campos JA, Martins BG, Campos LA, Fátima Valadão-Dias F, Marôco J. Symptoms related to mental disorder in healthcare workers during the COVID-19 pandemic in Brazil. Int Arch Occup Environ Health. 2021;94(5):1023-32.) Além do trabalho, fatores sociais também afetam a saúde mental, como o pouco suporte dos familiares e das autoridades, a discriminação e estigmatização sofrida pelos profissionais, por serem considerados “fonte de infecção”, também prejudicam a saúde mental e contribuem para o adoecimento, além do impacto na performance e na qualidade de seus cuidados.(11. Hong S, Ai M, Xu X, Wang W, Chen J, Zhang Q, et al. Immediate psychological impact on nurses working at 42 government-designated hospitals during COVID-19 outbreak in China: a cross-sectional study. Nurs Outlook. 2021;69(1):6-12.)

Com intuito de aumentar a base de evidências e estratégias protetivas para essa população, e considerando a possibilidade de novas catástrofes que exigiram medidas de mitigação dos impactos na saúde mental desses trabalhadores, faz-se necessário conhecer estratégias para mitigação do suicídio e da ideação suicida entre esses profissionais. Assim, esta revisão pretende subsidiar profissionais e serviços para o enfrentamento da ideação suicida e do suicídio nos períodos de sobrecarga e crise sanitária – eventos que tendem a causar exaustão física e mental entre membros da equipe de enfermagem.

Neste contexto o estudo teve como objetivo: identificar as estratégias de prevenção da ideação suicida e do suicídio durante a pandemia de COVID-19 para a equipe de enfermagem.

Métodos

O delineamento de revisão de escopo visa reunir a literatura existente sobre a temática, sumarizando os dados, e identificar lacunas existentes na literatura.(1414. Arksey H, O’Malley, L. Scoping studies: towards a methodological framework. Int J Soc Res Methodol. 2005;8(1):19-32.) Para apoiar e orientar este estudo, utilizou-se a extensão específica para revisão de escopo PRISMA-SrC.(1515. Tricco AC, Lillie E, Zarin W, O’Brien KK, Colquhoun H, Levac D, et al. PRISMA Extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR): Checklist and Explanation. Ann Intern Med. 2018;169(7):467-73.)

A pergunta a ser respondida com esta revisão foi “Quais são as estratégias para a prevenção da ideação suicida e do suicídio durante a pandemia de COVID-19 entre a equipe de enfermagem?”. Utilizou-se o acrônimo PCC (P: população= equipe de enfermagem, C: conceito/fenômeno de interesse= estratégias protetivas para ideação suicida e suicídio, C: contexto= pandemia de COVID- 19).

A estratégia de busca foi realizada em três etapas: inicialmente, foi realizada uma busca limitada no Medline e na Biblioteca Virtual em Saúde, para analisar as palavras-chave, os descritores e os termos de entrada utilizados para descrever os artigos; em seguida, foram utilizados os descritores e as palavras-chave. Com o auxílio dos operadores booleanos (AND, OR, NOT), buscas foram realizadas nas seguintes bases eletrônicas de dados: PubMed, BVS, SCOPUS, Web of Science, LILACS, CINAHL, Embase, PsycINFO. Também foi pesquisada a literatura cinzenta: Google Acadêmico. Por fim, foi realizada busca nas referências dos artigos selecionados, para encontrar os estudos que não foram coletados pela estratégia de busca. Nenhuma restrição de idiomas foi aplicada à pesquisa. As buscas foram feitas do dia 13 de dezembro de 2021 e dia 10 de março de 2022. A estratégia de busca inicial utilizada foi (suicide OR ‘suicidal ideation’) AND (‘coronavirus disease 2019’ OR ‘covid 19’) AND nurs*. Para cada base de dados, a estratégia de busca foi adaptada. Foram considerados estudos como artigos de opinião, revisões, estudos de caso, quase-experimentais, ensaios clínicos randomizados, coorte, caso-controle, transversal, qualitativos que abordassem estratégias para a prevenção do comportamento suicida durante a pandemia de COVID-19 entre membros da equipe de enfermagem. Como critérios de exclusão: artigos publicados previamente a pandemia de COVID-19, que não deixassem claro que a amostra era composta por profissionais da equipe de enfermagem e que não apontasse estratégias para a prevenção do comportamento suicida.

Após a busca nas bases de dados e na literatura cinzenta, foram removidos os artigos duplicados – com o auxílio do software EndNote® – e, posteriormente, foi realizada a leitura dos títulos e dos resumos, levando em consideração os critérios de elegibilidade para o estudo. Os critérios de elegibilidade foram os estudos que abordassem estratégias de prevenção ao suicídio para a equipe de enfermagem (Enfermeiro, Técnico de Enfermagem e Auxiliar de Enfermagem) durante a pandemia da COVID19. Em relação à metodologia, foram incluídos artigos de opinião, revisões, estudos experimentais, observacionais, qualitativos e de metodologia mista. Aqueles estudos considerados adequados foram incluídos, para uma leitura na íntegra, a fim de compor a literatura desta revisão. Na ocorrência de discordância entre os revisores, um revisor adicional foi convidado para definir o impasse.

Os dados foram extraídos com auxílio de uma tabela no Excel, visando organizar os achados relevantes para a estruturação e o agrupamento da literatura. Entre eles: autor(es), ano de publicação, país de origem do autor correspondente, objetivo do estudo, método, população, estratégias utilizadas/recomendadas, achados/resultados e conclusão. As estratégias encontradas foram categorizadas, sintetizadas de forma narrativa e apresentadas em quadro.

Resultados

O processo de busca dos resultados encontrou inicialmente 2.545 registros, dos quais 1.482 eram duplicatas. Foram incluídos para a primeira leitura 1.063 artigos, sendo que destes 75 atenderam os critérios de elegibilidade. A estratégia de busca realizada nas bases de dado PubMed, BVS, SCOPUS, Web of Science, LILACS, CINAHL, Embase, PsycINFO, no dia 10 de março de 2022, encontra-se descrita (Quadro 1). Depois da segunda leitura, 64 trabalhos foram excluídos: quatro artigos não foram acessados na íntegra, mesmo após os revisores terem entrado em contato com os autores, sem sucesso, e 60 não mencionavam os profissionais da enfermagem ou não eram sobre o contexto da pandemia de COVID-19. Foram incluídos na amostra desta revisão 11 artigos, por responderem ao objetivo proposto e aos critérios de elegibilidade (Figura 1).

Quadro 1
Estratégias de busca utilizadas nas bases de dados

Figura 1
Fluxograma do processo de seleção dos estudos

O quadro 2 mostra as publicações selecionadas. A maioria dos artigos foi publicada no ano de 2021 (n=8), nos Estados Unidos (n=6) e tinham como método revisão de literatura (n=4). Todos os artigos foram publicados na língua inglesa.

Quadro 2
Sumarização dos artigos incluídos

Foram categorizadas 10 estratégias. A maior parte dos artigos apresenta mais de uma estratégia protetiva contra a ideação suicida e o suicídio. As estratégias mais recomendadas e adotadas foram: espaço para acolhimento das demandas dos profissionais, escuta, apoio e promoção de bem-estar (n=6); avaliação e rastreio da saúde mental (n=5); encaminhamento e referência para serviços de apoio ou especializados (n=4). O quadro 3 apresenta a distribuição das estratégias e os artigos.

Quadro 3
Distribuição das estratégias em promoção, prevenção e número de estudos

Discussão

A revisão de escopo permitiu identificar as estratégias de prevenção da ideação suicida e do suicídio durante a pandemia de COVID-19 para a equipe de enfermagem. Apenas um estudo nacional foi incluído nesta revisão, o que aponta para uma carência de mais estudos brasileiros que abordem o tema. A maior parte dos estudos foi publicada em 2021, um ano após a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter declarado a pandemia causada pelo novo coronavírus. Esse resultado pode estar relacionado ao fato de tratar-se de um vírus relativamente novo; assim, muitos dos esforços e da atenção de cientistas e pesquisadores estavam voltados para o vírus, suas características, formas de transmissão e suas consequências físicas no organismo. Após maior compreensão neste aspecto, foram sendo observadas outras consequências na saúde mental da população mundial, especialmente nos profissionais da saúde que atuam no cuidado direto ou indireto aos indivíduos infectados pelo SARS-CoV-2 e aos seus familiares. Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), o aumento do sofrimento psicológico e dos transtornos mentais é a quarta onda de consequências da pandemia da COVID-19.(2626. Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). Guia de Saúde Mental Pós-pandemia no Brasil. Brasília (DF): Cofen; 2020 [citado 2022 Mar 29]. Disponível em: http://biblioteca.cofen.gov.br/guia-saude-mental-pos-pandemia-brasil/#
http://biblioteca.cofen.gov.br/guia-saud...
)

Criar espaços para o acolhimento das demandas dos profissionais, a escuta, o apoio e a promoção de bem-estar foram as estratégias mais apontadas nos estudos. As equipes de enfermagem enfrentam longas jornadas e locais de trabalho insalubres onde, além de se sentirem invalidadas e silenciadas, oferecem riscos para si, para a equipe e para os pacientes. Ademais, essas equipes lidam com situações que podem levar ao limite físico e mental, gerando esgotamento – burnout. Locais de trabalho que não apoiam o bem-estar de seu pessoal contribuem para que os profissionais também não priorizem o seu próprio bem-estar e autocuidado, além de gerar estresse e pensamentos negativos.(2222. Awan S, Diwan MN, Aamir A, Allahuddin Z, Irfan M, Carano A, et al. Suicide in healthcare workers: determinants, challenges, and the impact of COVID-19. Front Psychiatry. 2022;12:792925. Review.) Este achado é corroborado por Melnyk et al.,(2727. Melnyk BM, Hsieh AP, Davidson J, Carpenter H, Choflet A, Heath J, et al. Promoting nurse mental health. Am Nurse J. 2021;16(1):20-3.) que afirmaram que as organizações devem apoiar o autocuidado dos funcionários, implantando a cultura do bem-estar e abordando problemas no sistema de funcionamento da instituição. Promover espaços em que os profissionais possam se sentir acolhidos e falar sobre suas dificuldades sem minimizá-los ou ridicularizá-los podem melhorar os níveis de estresse e melhorar a produtividade das equipes.

Avaliação e rastreio da saúde mental dos profissionais, com encaminhamento e referência para serviços de apoio ou especializados, são estratégias complementares quando se trata de prevenção da ideação suicida e do suicídio. Avaliar o estado de saúde mental dos profissionais de enfermagem pode identificar precocemente aqueles que apresentam riscos para a saúde mental, sendo que aqueles que apresentam maior risco e complexidade devem ser encaminhados para serviços e profissionais especialistas, evitando a piora nos sintomas e no sofrimento mental e prevenindo o ato suicida.(2828. Davidson JE, Choflet A, Earley MM, Clark P, Dilks S, Morrow L, et al. Nurse suicide prevention starts with crisis intervention. Am Nurse J. 2021;16(2):14-8.)

Outra estratégia identificada no estudo foi a psicoeducação(1616. Grabbe L, Higgins MK, Baird M, Pfeiffer KM. Impact of a resiliency training to support the mental well-being of front-line workers: brief report of a quasi-experimental study of the community resiliency model. Med Care. 2021;59(7):616-21.,1717. Ornell F, Halpern SC, Kessler FH, Narvaez JC. The impact of the COVID-19 pandemic on the mental health of healthcare professionals. Cad Saude Publica. 2020;36(4):e00063520.) – uma intervenção terapêutica baseada em evidências que busca desenvolver no usuário a autoestabilização de traumas vividos e/ou a expressão de sentimentos subjacentes para que o usuário possa aprender a realizar um melhor manejo desses sentimentos, promover o autocuidado, com melhor estrutura cognitiva para enfrentar diferentes experiências e ajudar a minimizar as respostas adversas.(1616. Grabbe L, Higgins MK, Baird M, Pfeiffer KM. Impact of a resiliency training to support the mental well-being of front-line workers: brief report of a quasi-experimental study of the community resiliency model. Med Care. 2021;59(7):616-21.,2929. Wiseman H, Mousa S, Howlett S, Reuber M. A multicenter evaluation of a brief manualized psychoeducation intervention for psychogenic nonepileptic seizures delivered by health professionals with limited experience in psychological treatment. Epilepsy Behav. 2016;63:50-6.) As estratégias vão desde o desenvolvimento de técnicas para melhora do bem-estar e práticas para aumentar a autoconfiança aos folhetos informativos.(1010. Kapilan N. Suicides cases among nurses in India due to COVID-19 and possible prevention strategies. Asian J Psychiatr. 2020;54:102434.,1616. Grabbe L, Higgins MK, Baird M, Pfeiffer KM. Impact of a resiliency training to support the mental well-being of front-line workers: brief report of a quasi-experimental study of the community resiliency model. Med Care. 2021;59(7):616-21.,1717. Ornell F, Halpern SC, Kessler FH, Narvaez JC. The impact of the COVID-19 pandemic on the mental health of healthcare professionals. Cad Saude Publica. 2020;36(4):e00063520.) Dentre suas variáveis, o Community Resiliency Model (CRM) mostrou-se ser uma estratégia eficaz para melhora do bem-estar psicológico e da resiliência, além da diminuição do estresse pós-traumático, do estresse, do burnout e dos sintomas somáticos associados entre pessoas que passaram por algum trauma ou situação de estresse intenso – e, principalmente, entre os trabalhadores de saúde da linha de frente durante a pandemia de COVID-19.(1616. Grabbe L, Higgins MK, Baird M, Pfeiffer KM. Impact of a resiliency training to support the mental well-being of front-line workers: brief report of a quasi-experimental study of the community resiliency model. Med Care. 2021;59(7):616-21.,3030. Freeman K, Baek K, Ngo M, Kelley V, Karas E, Citron S, et al. Exploring the usability of a community resiliency model approach in a high need/low resourced traumatized community. Community Ment Health J. 2022;58(4):679-88.)

Outrossim, destacam-se intervenção psicológica e aconselhamento(1010. Kapilan N. Suicides cases among nurses in India due to COVID-19 and possible prevention strategies. Asian J Psychiatr. 2020;54:102434.,1717. Ornell F, Halpern SC, Kessler FH, Narvaez JC. The impact of the COVID-19 pandemic on the mental health of healthcare professionals. Cad Saude Publica. 2020;36(4):e00063520.,2525. Xu X, Wang W, Chen J, Ai M, Shi L, Wang L, et al. Suicidal and self-harm ideation among Chinese hospital staff during the COVID-19 pandemic: prevalence and correlates. Psychiatry Res. 2021;296:113654.) como medidas complementares e essenciais para desenvolver estratégias de mitigação do sofrimento psicológico e da ideação suicida. Dada a alta prevalência de sofrimento psicológico, sintomas ansiosos e sintomas depressivos, entre a equipe de enfermagem durante a pandemia, medidas de intervenção psicológica fizeram-se necessárias, para diminuir os impactos mentais sustentados e traçar formas de tratamento mais assertivas.(3131. Liu Z, Han B, Jiang R, Huang Y, Ma C, Wen J, et al. Mental health status of doctors and nurses during COVID-19 epidemic in China [preprint]. Social Science Res Network. 2020 April 3. doi: http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3551329.
http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3551329...
) Tais estratégias possuem o intuito de fornecer aos profissionais informações, ensino, treinamento e EPI adequados, para enfrentar a emergência da COVID-19, além de buscar melhorar as habilidades emocionais e o manejo da ansiedade com apoio psicológico,(3232. Chirico F, Nucera G, Magnavita N. Protecting the mental health of healthcare workers during the COVID-19 emergency. BJPsych Int. 2020;18:1–2.) realizados por meio da criação de linhas diretas de assistência psicológica e do suporte de aconselhamento online.(3333. Xiong H, Yi S, Lin Y. The psychological status and self-efficacy of nurses during COVID-19 outbreak: a cross-sectional survey. Inquiry. 2020;57:46958020957114.)

Porém, apesar de existirem programas voltados para esse âmbito, estes ainda são escassos, sendo que a falta de treinamento de pessoal, a ausência de protocolos de tratamento/manejo da situação e a limitação de recursos para atender essa demanda têm consequência direta no aumento dos fatores de risco para maior incidência de sofrimento psicológico entre os profissionais da saúde. Assim, torna-se essencial que diretrizes governamentais sejam desenvolvidas para apoiar os programas de implementação das estratégias de intervenções de saúde mental e para fornecer suporte aos trabalhadores.(1717. Ornell F, Halpern SC, Kessler FH, Narvaez JC. The impact of the COVID-19 pandemic on the mental health of healthcare professionals. Cad Saude Publica. 2020;36(4):e00063520.)

As ações para a proteção e a mitigação da COVID-19 aumentam a confiança na prática laboral. Ambientes hospitalares que possuem sistemas de circulação do ar reduzem a propagação do vírus – o que, consequentemente, gera sensação de confiança no profissional para atuar em ambientes nos quais transitam pessoas contaminadas pelo novo coronavírus.(1010. Kapilan N. Suicides cases among nurses in India due to COVID-19 and possible prevention strategies. Asian J Psychiatr. 2020;54:102434.) Um ambiente de trabalho estressor e inseguro pode desencadear o desenvolvimento de doenças ocupacionais e transtornos mentais, como o burnout e a depressão, que estão diretamente ligados a casos de suicídio e pensamento suicida.(3434. Carvalho DN, Aguiar VF, Costa RE, Neves LN, Souza ML, Nogueira MA, et al. A enfermagem adoecida: da sobrecarga de trabalho ao suicídio. Rev Recien. 2021;11(36):390-401. Review.) Além de um ambiente seguro, a oferta de EPIs e a realização de teste de COVID-19 também aumentam a sensação de confiança em realizar as atividades assistenciais e reduzem a ansiedade, o medo e os pensamentos negativos.(1010. Kapilan N. Suicides cases among nurses in India due to COVID-19 and possible prevention strategies. Asian J Psychiatr. 2020;54:102434.,2222. Awan S, Diwan MN, Aamir A, Allahuddin Z, Irfan M, Carano A, et al. Suicide in healthcare workers: determinants, challenges, and the impact of COVID-19. Front Psychiatry. 2022;12:792925. Review.)

De modo geral, a Organização Mundial da Saúde estabelece três níveis de prevenção do suicídio, baseados em evidências: as estratégias de prevenção universal, direcionadas para toda população, que fortalecem os processos de proteção, como apoio social e alteração do ambiente físico; as estratégias de prevenção seletiva, direcionadas a grupos vulneráveis, baseadas em características específicas, como idade, sexo e ocupação profissional, e que possuem risco elevado em virtude de condição psicológica, biológica ou socioeconômica; e as estratégias de prevenção indicadas às pessoas específicas e vulneráveis dentro da população, como aquelas que apresentam sinais precoces para o suicídio ou que já fizeram ou são recidivas de tentativas de suicídio.(3535. World Health Organization (WHO). Preventing suicide: a global imperative. Geneve: WHO; 2014 [cited 2022 Mar 29]. Available from: https://www.who.int/publications/i/item/9789241564779
https://www.who.int/publications/i/item/...
)

As abordagens encontradas nesta revisão se distribuem em um ou mais níveis de prevenção. Ressaltam-se os múltiplos fatores que envolvem o comportamento suicida e as variadas formas de prevenção que podem ser executadas, requerendo também uma abordagem multiprofissional e multissetorial na atenção à saúde e na vigilância do comportamento e da tentativa suicida.

A impossibilidade de acesso na íntegra a quatro artigos selecionados limitou os achados desta revisão e ocasionou a perda de dados que poderiam ter contribuído com o estudo. As buscas foram realizadas em bases de dados de contexto latino-americano, norte-americano e mundial, o que também pode ter comprometido os resultados, a se considerar a falta de bases de dados asiáticas, região que se tornou o primeiro epicentro da COVID-19, que não estão indexadas em fontes de abrangência mundial. É importante considerar que, em grande parte, os estudos são dos EUA e que as estratégias adotadas ou recomendadas refletem questões sociais e culturais daquele país – o que, por vezes, pode não atender as necessidades das equipes de enfermagem em outros contextos socioculturais. Por se tratar de uma revisão de escopo, a qualidade dos estudos não foi analisada.

No que se refere às implicações para a área da enfermagem, constata-se a necessidade de estratégias para a prevenção e o enfrentamento da ideação suicida e do suicídio entre profissionais de enfermagem, por meio de avaliação regular da saúde mental, encaminhamento para serviços e profissionais especializados, espaço para acolhimento, escuta e psicoeducação, bem como estratégias e ações organizacionais. A ideação suicida e o suicídio desses profissionais são um risco para a saúde mental e laboral, o que impacta no sistema de saúde e na qualidade da assistência. Além disso, destaca-se a importância de estudos que visem identificar e divulgar intervenções exitosas e subsidiar a superação do problema. Desta forma, faz-se necessário que estas estratégias sejam implementadas com vistas a contribuir para a mitigação dos eventos estressores do ambiente de trabalho, os quais podem ser potencializados com situações catastróficas como aquela vivida no período pandêmico da COVID-19.

Conclusão

Esta revisão encontrou estratégias e ações em comum adotadas para a redução do número de suicídios e ideação suicida entre as equipes de enfermagem. Dentre os achados, a maioria apresentou duas ou mais ações e as mais frequentes foram relacionadas ao bem-estar geral dos profissionais, à comunicação clara entre os gestores e trabalhadores e ao processo de acompanhamento como forma de prevenção às ações e ideações suicidas. Estudos relacionados ao tema devem ser conduzidos futuramente, principalmente em locais mais impactados pela pandemia, como Brasil e demais países das Américas. Revisões sistemáticas, que visem identificar e sintetizar a efetividade das intervenções adotadas, também devem ser consideradas, principalmente de forma quantitativa. Ademais, o impacto negativo da COVID-19 na saúde mental das equipes de enfermagem pode levar seus membros à tentativa de suicídio, ao risco suicida e ao suicídio – o que gera perdas inestimáveis para a classe profissional, para a sociedade e para a saúde, tendo em vista sua importância para a promoção da saúde e prevenção de agravos em momentos de crise sanitária, como a ocasionada pelo novo coronavírus, além de seus reflexos na qualidade da assistência prestada aos pacientes e seus familiares.

Referências

  • 1
    Hong S, Ai M, Xu X, Wang W, Chen J, Zhang Q, et al. Immediate psychological impact on nurses working at 42 government-designated hospitals during COVID-19 outbreak in China: a cross-sectional study. Nurs Outlook. 2021;69(1):6-12.
  • 2
    Bassi M, Negri L, Delle Fave A, Accardi R. The relationship between post-traumatic stress and positive mental health symptoms among health workers during COVID-19 pandemic in Lombardy, Italy. J Affect Disord. 2021;280(Pt B):1-6.
  • 3
    Polat O, Coskun F. Working in a pandemic hospital during COVID-19 outbreak: current conditions and depression, anxiety, and stress levels. Eur Arch Med Res. 2021;37(3):183-91.
  • 4
    Rahman A. A scoping review of COVID-19-related stress coping resources among nurses. Int J Nurs Sci. 2022;9(2):259-67. Review.
  • 5
    Alderson M, Parent-Rocheleau X, Mishara B. Critical Review on Suicide Among Nurses. Crisis. 2015;36(2):91-101.
  • 6
    Lasalvia A, Amaddeo F, Porru S, Carta A, Tardivo S, Bovo C, et al. Levels of burn-out among healthcare workers during the COVID-19 pandemic and their associated factors: a cross-sectional study in a tertiary hospital of a highly burdened area of north-east Italy. BMJ Open. 2021;11(1):e045127.
  • 7
    Marvaldi M, Mallet J, Dubertret C, Moro MR, Guessoum SB. Anxiety, depression, trauma-related, and sleep disorders among healthcare workers during the COVID-19 pandemic: a systematic review and meta-analysis. Neurosci Biobehav Rev. 2021;126:252-64. Review.
  • 8
    Rahman A, Plummer V. COVID-19 related suicide among hospital nurses; case study evidence from worldwide media reports. Psychiatry Res. 2020;291:113272.
  • 9
    Höller I, Forkmann T. Ambivalent heroism? Psychological burden and suicidal ideation among nurses during the Covid-19 pandemic. Nurs Open. 2022;9(1):785-800.
  • 10
    Kapilan N. Suicides cases among nurses in India due to COVID-19 and possible prevention strategies. Asian J Psychiatr. 2020;54:102434.
  • 11
    Oliveira MM, Treichel CA, Bakolis I, Alves PF, Coimbra VC, Cavada GP, et al. Mental health of nursing professionals during the COVID-19 pandemic: a cross-sectional study. Rev Saude Publica. 2022;56:8.
  • 12
    França AB, Trzesniak C, Schelini PW, Junior GH, Vitorino LM. Exploring depressive symptoms among healthcare professionals and the general population during the COVID-19 pandemic in Brazil. Psychol Rep. 2021:332941211025264.
  • 13
    Campos JA, Martins BG, Campos LA, Fátima Valadão-Dias F, Marôco J. Symptoms related to mental disorder in healthcare workers during the COVID-19 pandemic in Brazil. Int Arch Occup Environ Health. 2021;94(5):1023-32.
  • 14
    Arksey H, O’Malley, L. Scoping studies: towards a methodological framework. Int J Soc Res Methodol. 2005;8(1):19-32.
  • 15
    Tricco AC, Lillie E, Zarin W, O’Brien KK, Colquhoun H, Levac D, et al. PRISMA Extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR): Checklist and Explanation. Ann Intern Med. 2018;169(7):467-73.
  • 16
    Grabbe L, Higgins MK, Baird M, Pfeiffer KM. Impact of a resiliency training to support the mental well-being of front-line workers: brief report of a quasi-experimental study of the community resiliency model. Med Care. 2021;59(7):616-21.
  • 17
    Ornell F, Halpern SC, Kessler FH, Narvaez JC. The impact of the COVID-19 pandemic on the mental health of healthcare professionals. Cad Saude Publica. 2020;36(4):e00063520.
  • 18
    Choflet A, Barnes A, Zisook S, Lee KC, Ayers C, Koivula D, et al. The nurse leader’s role in nurse substance use, mental health, and suicide in a peripandemic world. Nurs Adm Q. 2022;46(1):19-28.
  • 19
    Jahan I, Ullah I, Griffiths MD, Mamun MA. COVID-19 suicide and its causative factors among the healthcare professionals: case study evidence from press reports. Perspect Psychiatr Care. 2021;57(4):1707-11.
  • 20
    Heath J, Villaran T, Welch B, Manson D. Kentucky Nurses Association leaders speak out about mental health and wellness for nurses during the pandemic – statewide effort to prevent nurse suicide. Kentucky Nurse (KY NURSE). 2021;69(2):11.
  • 21
    Shah M, Roggenkamp M, Ferrer L, Burger V, Brassil KJ. Mental health and COVID-19: the psychological implications of a pandemic for nurses. Clin J Oncol Nurs. 2021;25(1):69-75.
  • 22
    Awan S, Diwan MN, Aamir A, Allahuddin Z, Irfan M, Carano A, et al. Suicide in healthcare workers: determinants, challenges, and the impact of COVID-19. Front Psychiatry. 2022;12:792925. Review.
  • 23
    Gilmore K. When the provider needs a provider. Columbia, SC: The South Carolina Nurse; 2021. 16 p. [cited 2022 Mar 29]. Available from: https://web.p.ebscohost.com/ehost/detail/detail?vid=0&sid=f00d6eff-8977-4193-90d9-2ee3158802db%40redis&bdata=Jmxhbmc9cHQtYnImc2l0ZT1laG9zdC1saXZl#AN=152480534&db=c8h Accessed
    » https://web.p.ebscohost.com/ehost/detail/detail?vid=0&sid=f00d6eff-8977-4193-90d9-2ee3158802db%40redis&bdata=Jmxhbmc9cHQtYnImc2l0ZT1laG9zdC1saXZl#AN=152480534&db=c8h
  • 24
    Berry PA. Combatting nurse suicide. Prof Case Manag. 2021;26(5):255-7.
  • 25
    Xu X, Wang W, Chen J, Ai M, Shi L, Wang L, et al. Suicidal and self-harm ideation among Chinese hospital staff during the COVID-19 pandemic: prevalence and correlates. Psychiatry Res. 2021;296:113654.
  • 26
    Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). Guia de Saúde Mental Pós-pandemia no Brasil. Brasília (DF): Cofen; 2020 [citado 2022 Mar 29]. Disponível em: http://biblioteca.cofen.gov.br/guia-saude-mental-pos-pandemia-brasil/#
    » http://biblioteca.cofen.gov.br/guia-saude-mental-pos-pandemia-brasil/#
  • 27
    Melnyk BM, Hsieh AP, Davidson J, Carpenter H, Choflet A, Heath J, et al. Promoting nurse mental health. Am Nurse J. 2021;16(1):20-3.
  • 28
    Davidson JE, Choflet A, Earley MM, Clark P, Dilks S, Morrow L, et al. Nurse suicide prevention starts with crisis intervention. Am Nurse J. 2021;16(2):14-8.
  • 29
    Wiseman H, Mousa S, Howlett S, Reuber M. A multicenter evaluation of a brief manualized psychoeducation intervention for psychogenic nonepileptic seizures delivered by health professionals with limited experience in psychological treatment. Epilepsy Behav. 2016;63:50-6.
  • 30
    Freeman K, Baek K, Ngo M, Kelley V, Karas E, Citron S, et al. Exploring the usability of a community resiliency model approach in a high need/low resourced traumatized community. Community Ment Health J. 2022;58(4):679-88.
  • 31
    Liu Z, Han B, Jiang R, Huang Y, Ma C, Wen J, et al. Mental health status of doctors and nurses during COVID-19 epidemic in China [preprint]. Social Science Res Network. 2020 April 3. doi: http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3551329
    » http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3551329
  • 32
    Chirico F, Nucera G, Magnavita N. Protecting the mental health of healthcare workers during the COVID-19 emergency. BJPsych Int. 2020;18:1–2.
  • 33
    Xiong H, Yi S, Lin Y. The psychological status and self-efficacy of nurses during COVID-19 outbreak: a cross-sectional survey. Inquiry. 2020;57:46958020957114.
  • 34
    Carvalho DN, Aguiar VF, Costa RE, Neves LN, Souza ML, Nogueira MA, et al. A enfermagem adoecida: da sobrecarga de trabalho ao suicídio. Rev Recien. 2021;11(36):390-401. Review.
  • 35
    World Health Organization (WHO). Preventing suicide: a global imperative. Geneve: WHO; 2014 [cited 2022 Mar 29]. Available from: https://www.who.int/publications/i/item/9789241564779
    » https://www.who.int/publications/i/item/9789241564779

Editado por

Editor Associado (Avaliação pelos pares): Thiago da Silva Domingos (https://orcid.org/0000-0002-1421-7468) Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Maio 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    5 Abr 2022
  • Aceito
    5 Set 2022
Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo R. Napoleão de Barros, 754, 04024-002 São Paulo - SP/Brasil, Tel./Fax: (55 11) 5576 4430 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: actapaulista@unifesp.br