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EFEITO DA ALIMENTAÇÃO COM CAROTENÓIDES NA COLORAÇÃO DA LÃ LAVADA. II - BORREGAS DA RAÇA IDEAL

NUTRITIONAL CAROTENOIDS EFFECTS ON SCOURED WOOL COLOUR (Y-Z) II - POLWARTH HOGGET EWES

Resumos

RESUMO Vinte borregas ideal mantidas sob condições de cabanha, receberam alimentação diferenciada por um período de três meses. Após o término do mesmo foram retiradas amostras de lã, do costilhar, para posteriores análises laboratoriais da suarda e coloração da lã. Os tratamentos consistiram de dietas baseadas em: capim elefante (pennisetum purpureum) + grão de milho; capim elefante + grão de sorgo; capim elefante + grão de sorgo + pigmento cantaxantina (625mg) e feno de alfafa (Medicago sativa) + sorgo em grão, sendo as mesmas isoprotéicas e isocalóricas (11 % PB e 65% NDT). Entre as características mensuradas, porcentagens de cera e suor, pH, cor e absorbância do suor e brilho (Y) e coloração da lã lavada (Y-Z), não houve diferença significativa entre os tratamentos alimentares. Neste trabalho não ficou evidenciado efeitos dos carotenóides alimentares na cor da lã lavada em animais da raça Ideal, contudo os dados ainda não são conclusivos, devido ao pequeno número de animais por tratamento.

carotenóides alimentares; coloração da lã


SUMMARY Twenty Polwarth hogget ewes were mantained under indoors conditions, receiving diferentiated feeding by a three months period. After it was finished, mid-side wool samples were analysed in yours yolk content and scoured wool colour. The treatments were: Elephant grass (Pennisetum purpureum) + com grain; Elephant grass + sorghum grain; Elephant grass + sorghum grain + cantaxantin pigment and Lucerne hay + sorghum grain that differed in the carotenoids contents: zeaxantin, "zero or control group", cataxantin and lutein, respectively. These diets kept 11% of CP and 65% of TDN. Within the characteristics measured: suint percent, pH colour ad absorbancy, wax percent, brightness and scoured wool colour (Y-Z), no one differed significantly (P> 0.05) among the feeding treatments. Due the small repetition numbers, the results are not conclusives.

feeding carotenoids; scoured wool colour


EFEITO DA ALIMENTAÇÃO COM CAROTENÓIDES NA COLORAÇÃO DA LÃ LAVADA. II - BORREGAS DA RAÇA IDEAL1 1 Parte da dissertação de mestrado em Zootecnia, área de Produção Animal, apresentada pelo primeiro autor na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 97119-900 - Santa Maria, RS.

NUTRITIONAL CAROTENOIDS EFFECTS ON SCOURED WOOL COLOUR (Y-Z) II - POLWARTH HOGGET EWES

Magda Vieira Benavides2 1 Parte da dissertação de mestrado em Zootecnia, área de Produção Animal, apresentada pelo primeiro autor na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 97119-900 - Santa Maria, RS. Wanderney Klein3 1 Parte da dissertação de mestrado em Zootecnia, área de Produção Animal, apresentada pelo primeiro autor na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 97119-900 - Santa Maria, RS. Paulo Roberto Pires Figueiró4 1 Parte da dissertação de mestrado em Zootecnia, área de Produção Animal, apresentada pelo primeiro autor na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 97119-900 - Santa Maria, RS.

RESUMO

Vinte borregas ideal mantidas sob condições de cabanha, receberam alimentação diferenciada por um período de três meses. Após o término do mesmo foram retiradas amostras de lã, do costilhar, para posteriores análises laboratoriais da suarda e coloração da lã. Os tratamentos consistiram de dietas baseadas em: capim elefante (pennisetum purpureum) + grão de milho; capim elefante + grão de sorgo; capim elefante + grão de sorgo + pigmento cantaxantina (625mg) e feno de alfafa (Medicago sativa) + sorgo em grão, sendo as mesmas isoprotéicas e isocalóricas (11 % PB e 65% NDT). Entre as características mensuradas, porcentagens de cera e suor, pH, cor e absorbância do suor e brilho (Y) e coloração da lã lavada (Y-Z), não houve diferença significativa entre os tratamentos alimentares. Neste trabalho não ficou evidenciado efeitos dos carotenóides alimentares na cor da lã lavada em animais da raça Ideal, contudo os dados ainda não são conclusivos, devido ao pequeno número de animais por tratamento.

Palavras-chave: carotenóides alimentares, coloração da lã.

SUMMARY

Twenty Polwarth hogget ewes were mantained under indoors conditions, receiving diferentiated feeding by a three months period. After it was finished, mid-side wool samples were analysed in yours yolk content and scoured wool colour. The treatments were: Elephant grass (Pennisetum purpureum) + com grain; Elephant grass + sorghum grain; Elephant grass + sorghum grain + cantaxantin pigment and Lucerne hay + sorghum grain that differed in the carotenoids contents: zeaxantin, "zero or control group", cataxantin and lutein, respectively. These diets kept 11% of CP and 65% of TDN. Within the characteristics measured: suint percent, pH colour ad absorbancy, wax percent, brightness and scoured wool colour (Y-Z), no one differed significantly (P> 0.05) among the feeding treatments. Due the small repetition numbers, the results are not conclusives.

Key words: feeding carotenoids, scoured wool colour.

INTRODUÇÃO

O efeito nutricional na coloração da lã tem sido pouco estudado em nosso meio. Trabalhos realizados por BENAVIDES (1991) evidenciaram uma pequena influência de carotenóides alimentares em borregas Corriedales mantidas sob condições controladas (em cabanha), recebendo alimentação à base de feno de alfafa (luteína). Na Austrália, LLOIDa testou quantidades crescentes de proteína bruta (PB) e observou uma relação positiva entre níveis crescentes e grau de amarelamento da lã lavada. SUMNER et al. (1981) obtiveram relações positivas entre disponibilidade de matéria seca (gMS/kg pv/dia) que variavam entre 50 e 200g, por outro lado, em outro experimento, SUMNER (1983) não observou diferenças significativas entre disponibilidades de 150 vs 250g.

A nível de exportação, salienta-se a perda de valor da lã lavada e penteada ("tops") em função da sua coloração mais amarelada, situa-se em torno de 10-20%, representando também um maior gasto com processos industriais para o seu branqueamento, visando o tingimeto com cores claras.

O estudo da influência da alimentação sobre a cor da lã é fundamental para o conhecimento dos fatores que alteram tal característica, caso esta hipótese não se confirme, os esforços deverão concentrar-se sob outros fatores como ambiente e genética.

MATERIAL E MÉTODOS

Local e época

O experimento foi realizado na Cabanha de Ovinos do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria, no período de 19 de novembro de 1989 a 6 de março de 1990. Durante o período pré-experimental os animais permaneceram à campo, nas dependências do mesmo departameto.

Animais

Foram utilizadas 20 borregas da raça Ideal, de aproximadamente 16 meses de idade, pesando em média 31,17kg. As mesmas foram manejadas em sistema extensivo (à campo) antes de iniciar o experimento. Os animais foram esquilados no início do período de adaptação e foram tomadas amostras de lã, de aproximadamete 100g, de quatro regiões do velo (quarto, paleta, costilhar e lombo) a fim de analisar as características em meio ambiente distinto do que seria utilizado durante o período experimental e de notar possíveis mudanças que por ventura ocorressem. Essas amostras corresponderam ao nível "antes" da variável de classe "tempo".

A colocação dos animais nos diferentes grupos foi feita em função dos resultados no Teste de Susceptibilidade ao Amarelo (WILKINSON et al.. 1985).

Procedimento experimental

Período de adaptação

Após a esquila, iniciou-se o período de adaptação de 7 dias quando os animais permaneceram em bretes individuais de 1,5m2 dentro da cabanha de ovinos, dispondo de cocho de madeira e fenil e bebedouro. Durante este período foi observado o consumo de alimento e à cada dia adicionava-se 10% à mais do consumido no dia aterior. As quantidades de volumoso e ração oferecidas estavam baseadas no teor de matéria seca contido, verificado paralelamente. As refeições foram oferecidas duas vezes ao dia e cada uma continha a metade do volume total fornecido diariamente. O volumoso foi misturado com o concentrado manualmente. Os tratametos consistiram de:

A - capim elefante + sorgo + farelo de soja;

B - capim elefante + milho + farelo de soja;

C - capim elefante + sorgo + farelo de soja + pigmento sintético: carophyll (cantaxantina);

D - feno de alfafa + sorgo.

O capim elefante (Pennisetum purpureum) foi cortado uma vez à cada dois dias e triturado antes do fornecimento aos animais. As rações foram definidas no início do período experimental, já com base na quantidade de capim elefante consumida e de modo a proporcionar aos animais uma dieta isoprotéica e isocalórica, conforme os requerimentos da categoria animal em questão.

A utilização de ingredientes específicos teve como objetivo testar grãos/volumosos com diferentes tipos de carotenóides na modificação da coloração da lã. Assim, o primeiro tratamento serviu como testemunha uma vez que o sorgo não contém pigmentos, o milho possui zeaxantina e o feno de alfafa, luteína. Foi utilizada ainda a cantaxantina (62,5g a cada 100kg de ração) adicionada ao sorgo como mais uma fonte de carotenóides.

Período experimental

O período experimental foi de 99 dias, de 26/11/1989 a 06/03/1990 e o arraçoamento seguiu o mesmo procedimento do período de adaptação.

As quantidades de volumoso e ração oferecidas aos animais diariamente permaneceram fixas até o término do experimento, sendo apenas ajustada proporcionalmente ao peso corporal dos animais, obtido à cada 28 dias. Foram ofertadas diariamente, por animal, 4000g de capim elefante triturado nos trata-mentos A, B e C; 700g de feno de alfafa no tratamento D e 400g de ração em todos os tratamentos.

Análises laboratoriais das amostras de lã

Local e época

Foram realizadas no Laboratório e Lãs do Lanifício Valurguai da Cooperativa de Lãs Vale do Uruguai Lida, em Uruguaiana, RS, no período de 16 de julho de 1990 a 8 de abril de 1991.

Todas as amostras foram analisadas em duplicata com exceção daquelas com peso insuficente.

Preparação das amostras e técnicas utilizadas

As amostras tiveram suas pontas removidas com tesoura até a linha inferior de penetração de terra para evitar a contaminação mineral nas extrações de suor. Após, as amostras foram colocadas em ambiente acondicionado (65 ± 2% de umidade relativa do ar e 20 ± 2°C) para não haver interferência da umidade contida na amostra de lã na pesagem dos espécimens.

Antes da pesagem, as mesmas foram homogenizadas em um misturador próprio para amostras de 20 de dezembro de 1993 "core-test". A metodologia utilizada foi a seguinte: primeira extração da cera, citada pela técnica da INTERNATIONAL WOOL TEXTILE ORGANIZATION (IWTO) 10-62 (1966) e logo após extração do suor pela técnica citada em HOARE (1968). As modificações realizadas, bem como a descrição detalhada das técnicas estão descritas em BENAVIDES (1991).

A técnica para determiação do pH do suor é descrita em HOARE (1978) e na norma do IWTO 2-60 (1966), revisada em 1987.

Após a extração da cera e suor, procedeu-se à lavagem das amostras de lã, cetrifugação, secagem em estufa de ar forçado à temperatura de 60° por duas horas e colocação em sala climatizada por 12h à 20 ± 2°C e 65 ± 2% de umidade relativa do ar. As amostras foram pesadas e passadas duas vezes em carda tipo "Shirly Analyser" para proceder à leitura de coloração, segundo norma do IWTO 14-88 (E) (1988).

Análise estatística

O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado. As diferenças entre médias foram detectadas pela análise da variância e interpretados pelo teste de Duncan. O modelo matemático utilizado foi o seguinte:

Yij= A + Mi + Eij, onde;

Yij= observações referentes ao tratamento i com j repetições;

A= média geral da variáves;

Mi= efeito do i-ésimo tratamento;

Eij= erro experimental para cada Yij.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As variáveis não mostraram diferenças significativas (P > 0,05) entre os tratamentos, evidenciando que os diferentes tipos de carotenóides não afetaram os componentes da suarda nem a coloração das amostras de lã para a região do costilhar. Estes resultados (Tabela 1) não concordam com os obtidos por BENAVIDES (1991) que, com borregas Corriedale, obteve diferenças significativas (P < 0,05) para a coloração da lã (Y-Z) e cor do suor, sendo que as mesmas foram mais amareladas no tratamento contendo luteína (feno de alfafa). Nesta raça, este caroteóide causou uma maior pigmentação, excretada junto ao suor, e que, de forma ainda desconhecida, pode ter influenciado no grau de amarelamento da lã lavada.

O tratamento com milho foi, dentre os tratamentos, o que mostrou tendências a apresentar características mais favoráveis à coloração branca da lã, um pH mais ácido, cor de suor mais branca e menor porcentagem de suor, contudo, devido ao pequeno número de repetições por tratamento, os dados não podem ser considerados conclusivos.

CONCLUSÃO

Na raça ideal não houve diferença entre os tratamentos alimentares; salienta-se, contudo, que estes dados não são conclusivos tendo em vista o baixo número de repetições.

COMUNICAÇÃO PESSOAL

a - LLOYD, J. Estação experimetal do INTA, ESQUEL, Província de Santa Cruz, República da Argentina, 1991.

2Zootecnista, Mestre. Rua Tamandaré, 1386, 97573-531 - Sant'Anna do Livramento, RS.

3Engenheiro Químico, Diretor Técnico da Federação das Cooperativas de Lã do Brasil (FECOLÃ). Avenida Andradas, 1137,9° andar. 90020-007 - Porto Alegre, RS

4Médico Veterinário, Mestre, Professor Titular, Departamento de Zootecnia, UFSM.

  • BENAVIDES, M.V. Efeitos da metodologia de análise, meio-ambiente e alimentação com carotenóides na coloração da lã e a relação desta com características da suarda Santa Maria, 1991. 106 p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Curso de Pós-graduação em Zootecnia, Universidade Federal de Santa Maria, 1991.
  • HOARE, J.L. Chemical aspects of the yellowing of wool. Wool Research Organization of New Zealand Inc, Christchurch, n. 2, 1968, 48 p.
  • HOARE, J. L. Origin and nature of canary stain. I-Aspects related to wool growth. II - Some observations related to the chemistry of staining by aldehydic metabolities. Wool Research Organization of New Zealand Inc, Christchurch, n. 46, p. 162-178, 1978.
  • INTERNATIONAL WOOL TEXTILE ORGANIZATION. Method for the determination of the dichloromethane soluble matter in combed wool sliver IWT010-62 (E), London: Academic Press, 1966. 180 p.
  • INTERNATIONAL WOOL TEXTILE ORGANIZATION. Method for the determination of the pH value of a water extract of wool IWTO 2-60 (E), London: Academic Press, 1966. 180 p.
  • INTERNATIONAL WOOL TEXTILE ORGANIZATION. Test method under examination: method for the measurement of the colour of raw wool IWTO (E)-14-18(E), London: Academic Press, 1988.196 p.
  • SUMNER, R.M.W. Effect of feeding and season on fleeces characteristics of Cheviot, Drysdale and Romeny hogget wool. Proceedings of the New Zealand Society of Animal Production, Weilington, v. 43, p. 79-82, 1983.
  • SUMNER, R.M.W., DURING, C., WEBBY, R.W. Effect of grazing management on hogget fleeces characteristics. Proceedings of the New Zealand Society of Animal Production, Weilington, v. 41, p. 128-132, 1981.
  • VILKINSON, B.R., AITKEN, F.J., TINNOCK, B.M. Prueba para la predicción del amariliamento de la lana. Lanas, Montevideo, V. 1, p. 46-52, 1985.
  • 1
    Parte da dissertação de mestrado em Zootecnia, área de Produção Animal, apresentada pelo primeiro autor na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 97119-900 - Santa Maria, RS.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      02 Set 2014
    • Data do Fascículo
      1994

    Histórico

    • Recebido
      31 Jan 1992
    • Aceito
      14 Jul 1993
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