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O ensino de enfermagem psiquiátrica e saúde mental: um olhar a partir dos programas das disciplinas

Psychiatrc nursing teaching and mental health: an analysis based on courses programs

La enseñanza de la enfermería psiquiátrica y la salud mental: una mirada a través de los programas de la materia

Resumos

O presente artigo aborda o ensino de enfermagem psiquiátrica e saúde mental nos cursos de graduação em enfermagem das universidades públicas do Rio Grande do Sul. Utiliza-se como instrumento fundamentalmente os programas das disciplinas da área, sendo os dados complementados com o depoimento de professores e alunos dos cursos. As disciplinas da área são marcadas pelo enfoque do normal e do patológico no transcorrer do ciclo vital, centradas na psicopatologia e na instituição psiquiátrica.

ensino; enfermagem psiquiátrica; saúde mental


This article addresses psychiatric nursing teaching and mental health in Nursing undergraduate courses at public universities of Rio Grande do Sul, Brazil. It fundamentally uses as an instrument the programs followed in the different related subjects. Data are complemented with accounts given by course teachers and students. The courses in this field focus on what is normal and on what is pathological during life cycles and are centered on psychopathology as well as on psychiatric institutions.

teaching; psychiatric nursing; mental health


El presente artículo aborda la enseñanza de la enfermería psiquiátrica y la salud mental en los cursos de pregrado en enfermería de las universidades públicas de Rio Grande del Sur. Los programas de las materias del área son utilizados como instrumentos fundamentales, siendo complementados con las declaraciones de profesores y alumnos del curso. Las disciplinas del área son marcadas por el enfoque de lo normal y lo patológico a lo largo del ciclo vital, centradas en la psicopatología y en la institución psiquiátrica.

enseñanza; enfermería psiqui


Artigo Original

O ENSINO DE ENFERMAGEM PSIQUIÁTRICA E SAÚDE MENTAL - UM OLHAR A PARTIR DOS PROGRAMAS DAS DISCIPLINAS1 1 Este artigo foi elaborado a partir da tese de doutorado de uma das autoras — Luciane Prado Kantorski — intitulada "O ensino de enfermagem psiquiátrica e saúde mental e a reforma psiquiátrica no Rio Grande do Sul" orientada pela Profa. Dra. Graciette Borges da Silva; 2 Professora Adjunta da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia da Universidade Federal de Pelotas, Doutora em enfermagem pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Pesquisadora do CNPq. Endereço: Rua: Victor Valpírio, 319 - Ap. 302 - Três Vendas - 96020-250 - Pelotas - Rio Grande do Sul - Brasil. E-mail: lenardao@ufpel.tche.br; 3 Professor Associado da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - Brasil

Luciane Prado Kantorski2 1 Este artigo foi elaborado a partir da tese de doutorado de uma das autoras — Luciane Prado Kantorski — intitulada "O ensino de enfermagem psiquiátrica e saúde mental e a reforma psiquiátrica no Rio Grande do Sul" orientada pela Profa. Dra. Graciette Borges da Silva; 2 Professora Adjunta da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia da Universidade Federal de Pelotas, Doutora em enfermagem pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Pesquisadora do CNPq. Endereço: Rua: Victor Valpírio, 319 - Ap. 302 - Três Vendas - 96020-250 - Pelotas - Rio Grande do Sul - Brasil. E-mail: lenardao@ufpel.tche.br; 3 Professor Associado da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - Brasil Graciette Borges da Silva3 1 Este artigo foi elaborado a partir da tese de doutorado de uma das autoras — Luciane Prado Kantorski — intitulada "O ensino de enfermagem psiquiátrica e saúde mental e a reforma psiquiátrica no Rio Grande do Sul" orientada pela Profa. Dra. Graciette Borges da Silva; 2 Professora Adjunta da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia da Universidade Federal de Pelotas, Doutora em enfermagem pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Pesquisadora do CNPq. Endereço: Rua: Victor Valpírio, 319 - Ap. 302 - Três Vendas - 96020-250 - Pelotas - Rio Grande do Sul - Brasil. E-mail: lenardao@ufpel.tche.br; 3 Professor Associado da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - Brasil

O presente artigo aborda o ensino de enfermagem psiquiátrica e saúde mental nos cursos de graduação em enfermagem das universidades públicas do Rio Grande do Sul. Utiliza-se como instrumento fundamentalmente os programas das disciplinas da área, sendo os dados complementados com o depoimento de professores e alunos dos cursos. As disciplinas da área são marcadas pelo enfoque do normal e do patológico no transcorrer do ciclo vital, centradas na psicopatologia e na instituição psiquiátrica.

UNITERMOS: ensino, enfermagem psiquiátrica, saúde mental

PSYCHIATRC NURSING TEACHING AND MENTAL HEALTH - AN ANALYSIS BASED ON COURSES PROGRAMS

This article addresses psychiatric nursing teaching and mental health in Nursing undergraduate courses at public universities of Rio Grande do Sul, Brazil. It fundamentally uses as an instrument the programs followed in the different related subjects. Data are complemented with accounts given by course teachers and students. The courses in this field focus on what is normal and on what is pathological during life cycles and are centered on psychopathology as well as on psychiatric institutions.

KEY WORDS: teaching, psychiatric nursing, mental health

LA ENSEÑANZA DE LA ENFERMERÍA PSIQUIÁTRICA Y LA SALUD MENTAL — UNA MIRADA A TRAVÉS DE LOS PROGRAMAS DE LA MATERIA

El presente artículo aborda la enseñanza de la enfermería psiquiátrica y la salud mental en los cursos de pregrado en enfermería de las universidades públicas de Rio Grande del Sur. Los programas de las materias del área son utilizados como instrumentos fundamentales, siendo complementados con las declaraciones de profesores y alumnos del curso. Las disciplinas del área son marcadas por el enfoque de lo normal y lo patológico a lo largo del ciclo vital, centradas en la psicopatología y en la institución psiquiátrica.

TÉRMINOS CLAVES: enseñanza, enfermería psiquiátrica, salud mental

INTRODUÇÃO

Este artigo reflete sobre as disciplinas da área de enfermagem psiquiátrica e saúde mental ministradas nos cursos de graduação em enfermagem das universidades públicas do Rio Grande do Sul que são: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Fundação Universidade do Rio Grande (FURG).

O presente estudo ocupa-se dos movimentos que perpassam o ensino de graduação em enfermagem psiquiátrica e saúde mental nas universidades públicas do Rio Grande do Sul (RS) enfatizando os programas das disciplinas da área. Neste sentido tem-se como objetivo: caracterizar o ensino de enfermagem psiquiátrica e saúde mental dos cursos de graduação em enfermagem das universidades públicas do Rio Grande do Sul resgatando suas especificidades.

Justifica-se o interesse pela temática por uma das autoras constituir-se em docente da área pretendendo-se contribuir para o repensar do ensino inserindo-se a referida discussão no contexto de definição das bases curriculares para os cursos de graduação em enfermagem que deverá estabelecer um momento de revisão dos currículos em todas as escolas.

REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO

A fim de entender o ensino de enfermagem psiquiátrica e saúde mental utiliza-se do referencial gramsciano, que direciona o entendimento dos diferentes modos como atores/sujeitos sociais se colocam no interior do processo de ensino consolidando uma prática social que passa a conformar modos de pensar e agir em enfermagem psiquiátrica e saúde mental.

Considera-se que entender o ensino como determinado social e historicamente em uma sociedade de classes consiste em conceber a universidade e os cursos enquanto espaços contraditórios que concorrem para a manutenção da hegemonia dominante e, ao mesmo tempo, para a constituição de mecanismos de resistência.

Com relação aos procedimentos metodológicos optou-se em trabalhar com documentos como grades curriculares e programas das disciplinas da área e complementarmente com entrevistas com professores e alunos.

Inicialmente encaminhou-se um ofício para cada uma das instituições falando resumidamente do interesse em realizar um estudo sobre o ensino de enfermagem psiquiátrica e saúde mental, o qual necessitaria de acesso a documentos bem como aos professores e alunos. Solicitou-se que tal situação fosse discutida e dados os encaminhamentos habituais. Posteriormente foi feito um novo contato no qual foi explicitado o interesse dos cursos em colaborar com o presente estudo.

Em seguida procedeu-se um contato inicial com docentes vinculados às universidades mencionadas, solicitando as grades curriculares dos cursos de graduação em enfermagem e os programas das disciplinas da área de enfermagem psiquiátrica e saúde mental vigentes em 1995.

Constatou-se que as grades curriculares e programas das disciplinas por si só eram insuficientes para a compreensão do ensino na área no entanto, eles serviam como um ponto de partida importante na compreensão da temática. Assim, propõem-se neste estudo que as entrevistas realizadas complementem informações obtidas a partir dos programas das disciplinas.

Do total de 17 docentes na área foram entrevistados 15 (os dois docentes não entrevistados encontravam-se afastados temporariamente das instituições em estudo). Com relação aos alunos foi necessário definir uma amostra aleatória (por sorteio) extraída do total de 115 alunos matriculados nas disciplinas da área, o que correspondeu a 14 alunos entrevistados. Dentre os sorteados houveram pessoas que se recusaram a conceder entrevista e outras que não compareceram. A leitura das entrevistas permitiu definir as situações em que novo sorteio era necessário para complementar os dados ou em que estes já se tornavam repetitivos. Da mesma forma que nas entrevistas dos professores, antes da coleta dos dados foi procedida a testagem e a realização dos ajustes no instrumento da entrevista.

Todos os entrevistados foram informados sobre a temática em estudo, colocados a par de sua total liberdade em conceder ou não a entrevista, interrompê-la quando necessário, reservar-se o direito de não responder determinadas perguntas e mesmo solicitar que o gravador fosse desligado sempre que assim desejassem. As entrevistas foram gravadas, com a prévia autorização dos entrevistados, e posteriormente transcritas na íntegra.

Com relação à operacionalização dos dados, obedeceu-se as seguintes etapas: ordenação, classificação e análise final. A ordenação dos dados obtidos ocorreu após releituras sucessivas de todo o material, transcrição literal das entrevistas, agrupamentos e organização dos relatos a partir da reflexão sobre os objetivos da pesquisa. A classificação dos dados iniciou-se com uma primeira tentativa de determinar o conjunto das informações presentes nos mesmos, sendo elaborado, a seguir, um resumo dos dados conforme o instrumento utilizado. Para as grades curriculares e programas das disciplinas procedeu-se um agrupamento por curso de graduação em estudo, compilando-os posteriormente em um quadro geral que teve como critério as convergências e divergências centrais verificadas. Durante todas as etapas da classificação manteve-se a preocupação constante de não perder de vista o contexto geral dos dados, construindo-os conforme as exigências do objeto de estudo e evidenciando as especificidades de cada realidade estudada.

A classificação dos dados das entrevistas exigiu um trabalho minucioso. Na primeira tentativa de classificação realizou-se um resumo de cada entrevista em particular, dividindo-as por grupo social estudado - professores e alunos. Na segunda tentativa manteve-se esta divisão, passando a agrupar os dados por curso de graduação em estudo, reunindo a partir do curso as falas dos seus respectivos professores e alunos. A sucessiva releitura dos dados suscitou uma relação interrogativa com os mesmos, emergindo aspectos da realidade que por sua maior incidência indicavam convergências e divergências do material empírico com os estudos existentes sobre o ensino de enfermagem psiquiátrica e saúde mental.

APRESENTAÇÃO DOS DADOS E DISCUSSÃO

O curso de graduação em enfermagem da UFRGS foi fundado em 1950, já os demais foram fundados na metade da década de 70 quando o Ministério da Educação e Cultura promove a criação de cursos de graduação em enfermagem em todas as universidades federais que não os têm, alegando a insuficiência de enfermeiros e a necessidade de aumento dessa força de trabalho (BRASIL, 1975).

Na área de enfermagem psiquiátrica e saúde mental os cursos possuem respectivamente o seguinte número de professores: 9 (UFRGS), 3 (UFSM), 2 (UFPel) e 2 (FURG). Do referido grupo, 15 professores e 14 alunos foram entrevistados sendo que destes, 10 docentes trabalham nos cursos de enfermagem em estudo e atuam na área de enfermagem psiquiátrica e saúde mental há mais de dez anos.

A análise dos dados elaborada, tem como foco os programas das disciplinas da área e ancora-se nas semelhanças e especificidades observadas que acabam por retratar realidades de ensino diferenciadas. As entrevistas com os professores e alunos serviram complementarmente para subsidiar a análise dos programas. A fim de sistematizar parte das informações obtidas apresenta-se o quadro a seguir, no qual pode-se visualizar de modo geral as disciplinas, semestre em que são ministradas e respectiva carga horária.

Quadro 1


Ao retomar o conteúdo programático das disciplinas, através de seus programas, destaca-se que no curso de graduação em enfermagem da UFRGS se estabelece uma seqüência semestral que engloba o normal e o patológico no ciclo vital, através das disciplinas de Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria I (a infância e adolescência) e Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria II (adulto e velhice), reservando-se um espaço para enfocar o coletivo e o aluno em si em Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria III (grupos e vivências dos alunos). Na graduação da UFPel existe uma semelhança com esta disposição de conteúdos quando nas disciplinas da área de psicologia (disciplinas dadas por enfermeiros docentes) como Psicologia Aplicada à Enfermagem II, ministrada no quinto semestre são abordados conteúdos como teoria do desenvolvimento conforme Piaget, características dos períodos do desenvolvimento (sensório-motor, pré-operacional, operações concretas e formais), adolescência, idade adulta e terceira idade, e na disciplina de Psicologia Aplicada à Enfermagem III - ministrada no sexto semestre são abordados conteúdos como os aspectos psicológicos no ciclo gestacional e puerperal, aspectos psicológicos do envelhecimento (dados do programa da disciplina) e conteúdos sobre terapia de grupo, gestalt e outros assuntos variados em cima de temas previamente estabelecidos pelo professor e aluno (dados das entrevistas). A semelhança observada é a de englobar o normal e o patológico tendo como referência o ciclo vital, assim como trabalhar com o referencial de grupos.

KAPLAN & SADOCK (1990) afirmam que o pressuposto das teorias sobre o ciclo vital é de que o desenvolvimento humano ocorre em estágios sucessivos e claramente definidos, havendo diferenças entre os critérios de desenvolvimento que marcam as diversas fases. Vários autores se ocupam em estudar o ciclo vital desde Sigmund Freud com sua teoria da libido centrada na infância passando por Karl Abraham, Melanie Klein, Carl Jung, Herry Stack Sullivan, Erik Erikson, Margaret Mahler enfatizando a psicodinâmica e os aspectos ambientais do desenvolvimento humano, além de outros como Jean Piaget que aborda o ciclo vital a partir de diferenças qualitativas na cognição durante o desenvolvimento. Nas disciplinas em estudo os autores utilizados são predominantemente Freud, Erikson e Piaget.

O programa da disciplina de Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria I (UFRGS) reafirma que esta aborda as características do desenvolvimento sadio e psicopatológico na infância e adolescência, o conteúdo programático enfocando os modelos teóricos de Freud e Erikson, acerca do desenvolvimento emocional e social da criança e a assistência de enfermagem correspondente. Os docentes entrevistados da UFRGS enfatizam que ocorre um intercâmbio entre as disciplinas Materno-Infantil e a disciplina de Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria I visto que nesta última o aluno realiza um acompanhamento emocional da criança e familiares com quem tem contato no estágio da primeira e esse acompanhamento é discutido na supervisão com o professor de Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria I.

Com relação a tomar como referência o normal e o patológico é importante trazer a contribuição de BARROS (1996) que em seu estudo sobre a prática de ensino da enfermagem em saúde mental evidencia que o ensino retrata a visão de mundo dos docentes construída a partir de concepções e práticas de assistência a saúde fundamentadas na norma, que consiste em um juízo de valor com tendência totalizadora. A referência do normal e do patológico como pólos do estar saudável ou doente, conforme nosso entendimento, reflete uma dicotomia que enquadra o sofrimento psíquico nas normas do existir hegemônico (em seus aspectos econômicos, históricos, sociais, biológicos, afetivos, entre outros).

De acordo com o programa da disciplina a Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria III (UFRGS) trata da assistência de enfermagem à família, grupos e comunidade, nos três níveis de prevenção, na área de saúde mental. O conteúdo programático abordado na disciplina enfoca a promoção da saúde mental nos momentos críticos do final da vida acadêmica e início da vida profissional e a saúde mental comunitária e sua relação com a cultura local. Os entrevistados afirmam que essa é uma disciplina criada para promover uma finalização do curso, visto ser ministrada no oitavo semestre e objetivar trabalhar os sentimentos do aluno em relação ao curso de enfermagem e a sua expectativa profissional. Relatam que nessa disciplina é realizado uma integração com a disciplina de Saúde Pública e o programa da disciplina é construído a cada semestre com o grupo de formandos. Nos relatos é reforçada a necessidade de integração com a área de saúde pública, de maneira que a experiência vivenciada nos grupos e na comunidade sejam objeto de discussões e estudos, a partir de teorias sobre comportamento de grupo, na disciplina de Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria III.

Os depoimentos dos professores reiteram que a disciplina funciona como uma oficina, que para definição dos conteúdos os alunos são divididos em pequenos grupos de discussão sendo os conteúdos definidos posteriormente no grande grupo. Os professores consideram que esta abertura da disciplina e da metodologia adotada é por vezes difícil de ser mantida devido às dificuldades que os alunos têm de assumir mais responsabilidades e passarem da condição de ouvintes a protagonistas da disciplina. Enfatizam às limitações dos docentes, suas ansiedades, os fenômenos grupais e outras dificuldades oriundas da própria formação dos mesmos.

Percebe-se que a disciplina de Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria III da graduação em enfermagem da UFRGS apresenta uma preocupação convergente com a disciplina de Enfermagem em Saúde Mental I do curso da UFSM. Observa-se que em todos os cursos em estudo é explicitada a necessidade de a área criar espaços para trabalhar com os sentimentos do aluno diante do curso, dos estágios, da pessoa que requer assistência, entre outros. Porém nos cursos da UFSM e da UFRGS este espaço procurou ser garantido com a criação de uma disciplina voltada para dois momentos importantíssimos na vida do aluno, que é o seu ingresso na fase profissionalizante do curso através dos estágios e a sua passagem da vida acadêmica para a profissional.

Conforme o programa da disciplina a Enfermagem em Saúde Mental I (UFSM) visa a proporcionar conhecimentos para que o aluno reconheça as reações emocionais mais comuns e aplique os conhecimentos de enfermagem tendo em vista o relacionamento pessoa-pessoa prevenindo a doença mental e promovendo a saúde.

Com relação a essa disciplina uma professora refere que a mesma nasceu de uma preocupação com o momento de ingresso do aluno no ciclo profissionalizante do curso. Relata que no quarto semestre ao ingressar no hospital tomando contato direto e brusco com a morte, o aluno vivencia um período de grande ansiedade e medo, enfrentando uma série de dificuldades e até desistindo do curso. Frente a esta observação os professores tentaram estruturar uma disciplina que, além dos conhecimentos da área de saúde mental, tivesse um espaço para a verbalização das ansiedades e medos, em que estes pudessem ser trabalhados. No horário das aulas práticas a turma é dividida em dois grupos e cada professor procura trabalhar as ansiedades no sub-grupo. As discussões nos sub-grupos objetivam abordar qualquer dificuldade com a disciplina, com o curso, podendo até extrapolar as questões acadêmicas.

É importante assinalar que o processo participativo de elaboração do currículo do curso de graduação em enfermagem da UFSM, de 1988, pôde garantir a emergência de uma disciplina com esta característica de estar lidando com as ansiedades do aluno ao iniciar estágios nos serviços comunitários e hospitalares.

BACKES (1992) realizou um estudo sobre as políticas oficiais de saúde e a evolução do ensino de enfermagem no Brasil, elaborando uma análise de conteúdo dos currículos implementados de 1970-1990 em três cursos de graduação em enfermagem, dentre eles o da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Conforme a autora de 1976 a 1990, o Curso de Enfermagem da UFSM funcionou com base em quatro organizações curriculares, sendo que o primeiro currículo vigorou entre 1976 e 1977, o segundo entre 1978 e 1979, o terceiro entre 1980 e 1987 e o quarto de 1988 em diante.

Segundo a autora o quarto currículo foi estruturado em 1984, sendo implantado em 1988, e encontrando-se em vigência até 1995. A implantação do currículo de 1988 foi um processo construído com participação e avaliações através de seminários. Este currículo difere dos outros por expor sua linha teórico-filosófica através dos objetivos do curso, do perfil do enfermeiro que deseja formar e dos conteúdos a serem desenvolvidos para alcançar o fim proposto. Ocorre também uma ampliação de carga horária total do curso (que passa de 3.195 para 4.170 horas) e a criação de um oitavo semestre para estágio supervisionado. Conforme a autora o currículo de 1988 apresenta um certo equilíbrio entre concepções biologista/mecanicista e sanitária, sendo introduzidos conteúdos embasados nas concepções histórico-estruturais. Considera que o currículo tem uma tendência avançada, com alguns conteúdos até antecipatórios das propostas delineadas na 8ª Conferência Nacional de Saúde. No entanto, esbarra-se no limite de que a adequação às políticas de saúde de cada época é sempre relativa, carecendo assim de pressupostos teórico-metodológicos que o norteiem como um todo e as fases de sua implementação.

A história de construção do currículo de 1988 do curso de enfermagem da UFSM mostra que este foi um processo democrático em que se procurou envolver docentes, alunos, funcionários, egressos, enfim, a comunidade universitária. Esta experiência aponta que os avanços podem ser alcançados somente com discussão e participação, porque um currículo não são apenas disciplinas dispostas em uma grade curricular, mas envolve fundamentalmente visões de mundo em suas expressões no trabalho cotidiano. Assim a discussão sobre o ecletismo das visões de mundo é complexa, visto que as visões diferentes coexistem, explicitando-se e intercambiando-se no coletivo, mas não se anulando. Considerando que em parte a escola reflete as relações que se dão em uma sociedade de classes, neste espaço se reproduz o que ocorre no restante da sociedade. Há diferentes projetos, interesses, visões de mundo, que possibilitam abordagens, compromissos e formas de conservar e transformar diferentes.

GRAMSCI (1991) aponta a existência de um senso comum dominante que traz consigo as marcas das concepções dominantes de determinado tempo histórico, coexistindo no mesmo outras visões de mundo, resultando dessa coexistência contradições que se configuram em embriões do que o autor denomina de bom senso** ** O senso comum para GRAMSCI (1991, p. 14) consiste nas concepções de mundo que se manifestam na ação de determinado grupo social e nas quais o grupo se movimenta (de forma submissa e/ou subordinada) como um conjunto orgânico. O bom senso coincide com a contraposição e a superação do senso comum . Assim a emergência e solidificação de novas concepções e de um novo agir social, carece se trabalhar com as contradições da realidade de modo que as iniciativas transformadoras não sejam a subsumidas ao projeto dominante.

Entende-se que para que a prática transformadora não esteja somente a critério do pensar e agir dos indivíduos isoladamente é preciso que haja espaços emancipatórios na escola, em que a transformação se configure em um projeto que possibilite aos diversos atores sociais constituírem-se como sujeitos sociais. Ressalta-se que mesmo se conquistando uma linha mais democrática e potencialmente transformadora em determinado curso de enfermagem, a divergência de interesses continua existindo em um tipo de sociedade como a nossa e que cabe aos sujeitos sociais organizarem-se e cavar espaços de resistência. Porém é necessário se reforçar que a transformação da escola (ou do ensino) não é uma transformação que independe da sociedade, nem tão poderosa que sozinha possa modificar esta sociedade.

Ainda sobre o currículo implantado em 1988, na enfermagem psiquiátrica e saúde mental, são criadas a partir de então duas disciplinas, a Enfermagem em Saúde Mental I e II. BACKES (1992) considera que a Enfermagem em Saúde Mental I volta-se para uma abordagem técnico-científica aliada a uma dimensão emocional-orgânica, porém não são abordados outros condicionantes do processo saúde/doença mental. Na Enfermagem em Saúde Mental II os conteúdos estão voltados para os três níveis de prevenção e a respectiva assistência de enfermagem, contudo, a doença psiquiátrica em sua fundamentação técnico-científica aparece com ênfase. A autora reitera que se observa uma preocupação com a pessoa, valorizando-se a auto-ajuda, porém não se contemplam explicitamente as inovações da política de saúde mental e não há referência à abordagem histórico-estrutural em saúde presente nas discussões da época.

Ao analisar o conjunto das disciplinas e seus conteúdos programáticos evidencia-se como convergência relevante entre eles a introdução de conceitos com origem no preventivismo tais como saúde mental, promoção e prevenção da mesma, crises evolutivas e acidentais, noção de bem estar biopsicossocial, entre outros.

Cabe destacar que considera-se compreensível que os princípios da psiquiatria preventiva tenham sido incorporados aos currículos de enfermagem durante a década de 70, assim como é compreensível os motivos pelos quais o mesmo não acontece com os princípios da reforma psiquiátrica.

A psiquiatria preventiva trabalha com o referencial da história natural da doença, atribuindo-lhe múltiplos fatores causais, entre eles o social. Assim a doença é considerada como um desvio da ordem social, cabendo aos profissionais de saúde a reintegração do doente. Para realizar esta reintegração, no caso da saúde mental, são necessárias intervenções no sentido de reduzir os transtornos mentais, a sua duração e a deterioração resultante, estabelecendo-se programas de prevenção primária, secundária e terciária (LANCETTI, 1989).

Deste modo a psiquiatria preventiva ampliou seus espaços de intervenção tendo seus princípios implementados em unidades sanitárias, escolas, centros comunitários, clínicas psiquiátricas privadas, sem constituir-se concretamente como alternativa de contraposição ao manicômio.

Os movimentos reformistas - como a psicoterapia institucional, a comunidade terapêutica, a psiquiatria de setor - e em especial, a psiquiatria preventiva, ampliaram o campo de atuação de algumas profissões, entre elas, a enfermagem. A possibilidade de trabalhar com toda a comunidade, o que extrapola o grupo de pacientes psiquiátricos e o espaço do hospital psiquiátrico e de intervir na saúde-doença em níveis de promoção, proteção e recuperação da saúde mental, introduziu uma certa psiquiatrização da sociedade, pois a partir de então todos os espaços eram passíveis de intervenção. A introdução dos novos conceitos reformistas solicitaram a atuação de outros profissionais além do médico psiquiatra e novos espaços institucionais. Além disto, a enfermagem psiquiátrica passa a atuar mais próxima a comunidade, aos familiares, aos grupos terapêuticos, as escolas, aos serviços comunitários ampliando sua perspectiva de atuação.

Portanto, é compreensível que os princípios da psiquiatria preventiva tenham ganhado mais espaço na enfermagem que as proposições da reforma psiquiátrica, que têm como princípio a desconstrução dos saberes e práticas manicomiais, confrontando-se aos interesses de instituições e saberes psiquiátricos hegemônicos. É interessante que esta questão é levantada por BACKES (1992) embora a autora não faça este tipo de análise, apenas constatando a problemática.

Com relação as disciplinas que enfocam as psicopatologias (especialmente no adulto) essas são ministradas no quinto semestre no curso de enfermagem da UFSM e no sexto semestre nos cursos da UFPel e UFRGS. No curso de enfermagem da FURG tais conteúdos específicos do saber psiquiátrico são trabalhados no terceiro semestre, momento em que o aluno ingressa na fase profissionalizante do curso. Neste sentido os entrevistados apontam uma preocupação considerando muito precoce a introdução de tais disciplinas nesta fase do curso.

Considera-se problemático o aluno do terceiro semestre iniciar com a enfermagem psiquiátrica e saúde mental o seu ingresso nas disciplinas específicas da enfermagem. As disciplinas pré-requisitos para a enfermagem psiquiátrica, neste caso, são da área da psicologia, ministradas no curso de enfermagem da FURG por docentes do Departamento de Educação e Ciências do Comportamento, não havendo intercâmbio de modo que tais disciplinas sejam adaptadas ao contexto da enfermagem. Deste modo, no currículo atual não existem disciplinas com a função de introduzir o aluno nas questões da saúde/doença mental e do cuidado psiquiátrico. Além disto, o aluno é introduzido nas disciplinas profissionalizantes da enfermagem por um campo extremamente complexo que trata do sofrimento psíquico e mobiliza muitos sentimentos no próprio aluno.

Segundo os relatos dos professores e alunos essa questão está sendo pensada para o novo currículo, se tendo como proposta que as disciplinas da área de enfermagem psiquiátrica e saúde mental devam vir em dois momentos, possivelmente no terceiro e quarto semestres, com o conteúdo teórico e na seqüência o estágio.

Em todos os cursos em estudo as disciplinas que abordam as psicopatologias (especialmente no adulto) apresentam um discurso permeado por conceitos da psiquiatria preventiva, embora os conteúdos e direcionamento da prática apontam para a utilização de alguns conceitos oriundos da psicanálise e predominantemente para as influências do referencial da psicodinâmica.

Vários autores dentre eles KAPLAN & SADOCK (1990) e LOUZÃ NETO et al. (1995) falam sobre as diversas concepções acerca do sofrimento psíquico e suas etiologias que fundamentaram as abordagens da psiquiatria organicista, psicoterápica, social, entre outras. Os autores ressaltam que Freud em 1890 com seus estudos sobre o inconsciente, com a identificação das causas das doenças as vivências infantis, rompe com a tradição organicista que centrava-se no estudo das causas orgânicas da doença mental originada ainda nas classificações de Kraepelin. Com Freud as doenças passam a ter causas psíquicas e com a psiquiatria social, causas sociais e se inicia a conhecer mais acerca da história do doente e a interpretar o seu discurso.

As influências da psicanálise particularmente no curso de graduação em enfermagem da UFRGS já são mencionadas por UNGARETTI (1956) em seu artigo sobre a orientação da área de enfermagem psiquiátrica nessa escola. A autora cita como métodos terapêuticos utilizados no hospital psiquiátrico da época a insulinoterapia, o eletrochoque, a terapia ocupacional e recreativa e destaca o fato de os professores da área convidarem outros técnicos e psiquiatras não ortodoxos para discorrerem sobre outras vertentes da psiquiatria já que os docentes tinham como orientação a abordagem psicanalítica.

As disciplinas que se ocupam das psicopatologias (especialmente do adulto) nos cursos de graduação em enfermagem da UFPel e da FURG são ofertadas em duas disciplinas separadas, abordando em uma os conteúdos teóricos e na outra o estágio supervisionado, mas mesmo assim as disciplinas são atreladas uma a outra, não podendo serem cursadas em separado. Com relação aos campos de estágio, observa-se que existe uma predominância dos estágios em hospitais psiquiátricos tradicionais em sua maioria de grande porte, como no caso do Hospital Psiquiátrico (UFSM), do Hospital Espírita de Pelotas (UFPel) e do Hospital São Pedro (UFRGS). Assinala-se que o curso de enfermagem da UFRGS mantém outros campos de estágio em clínica psiquiátrica, emergência psiquiátrica e unidade psiquiátrica em hospital geral e o curso da FURG concentra seus estágios em ambulatório de enfermagem em saúde mental e hospital geral.

Ao analisar os dados a partir dos programas das disciplinas e das falas dos professores e alunos percebe-se que o enfoque predominante na área de psiquiatria e saúde mental considerando seus aspectos teóricos e práticos é a orientação psicodinâmica. Através desse enfoque são consideradas fundamentalmente as influências na vida do paciente que contribuíram para a sua doença, os fatores ambientais, genéticos e de personalidade, esboçados os principais mecanismos de defesa utilizados pelo paciente, avaliadas as funções do ego e a partir daí pensada uma intervenção junto ao mesmo. Nos cursos em estudo observa-se que o saber reproduzido na assistência de enfermagem nos campos de estágio baseia-se no referencial do relacionamento terapêutico.

Os professores da UFPel, UFSM e FURG relatam que mantêm uma média de cinco alunos por docente nos campos de estágio na área, sendo que pode ocorrer de o mesmo campo abrigar dois grupos no mesmo período. Na UFRGS a média de alunos por professor no campo de estágio, conforme os relatos, varia entre 7 e 11.

Nos programas das disciplinas não é citado a abordagem de conteúdos sobre a reforma psiquiátrica, apenas no programa das disciplinas do curso da UFRGS é explicitado a abordagem de conteúdos referentes as políticas de saúde mental o que pode sugerir um espaço de discussão de temáticas que envolvem a reforma. No decorrer das entrevistas os docentes, das diferentes instituições mencionam os mecanismos de que se utilizam para introduzir a discussão acerca da reforma psiquiátrica, de certa forma subvertendo o programa das disciplinas.

Com relação a carga horária na área de enfermagem psiquiátrica e saúde mental, se considerarmos, por exemplo, a seqüência de disciplinas no currículo da UFRGS e UFPel como semelhantes em seus conteúdos, temos na UFRGS uma carga horária na área de 300 horas/semestrais e na UFPel temos 105 horas/semestrais em enfermagem psiquiátrica mais 75 horas semestrais das disciplinas de Psicologia Aplicada à Enfermagem II e Psicologia Aplicada à Enfermagem III*** *** Os dados acerca da disciplina de Psicologia Aplicada à Enfermagem II foram obtidos através do programa da disciplina referente ao segundo semestre de 1994 e de Psicologia Aplicada à Enfermagem III conforme o programa de 1991/1992, ambos fornecidos como sendo os mais atuais , perfazendo um total de 180 horas/semestrais. Na UFSM a carga horária das disciplinas da área é de 225 horas/semestrais (incorporando-se a disciplina de Enfermagem em Saúde Mental I) e na FURG de 135 horas/semestrais.

CONCLUSÃO

Conclui-se o presente trabalho enfatizando que o ensino de enfermagem psiquiátrica e saúde mental a partir da realidade estudada tem como referência disciplinas marcadas pelo enfoque do normal e do patológico no transcorrer do ciclo vital, tendo influências do discurso da psiquiatria preventiva, da psicanálise, sendo predominantemente voltadas para o enfoque psicodinâmico. Os estágios na área continuam a ser realizados nos hospitais psiquiátricos enfatizando as psicopatologias, acentuando a manutenção do modelo manicomial. O ensino é reproduzido de forma fragmentada, dicotômica, centrada na instituição psiquiátrica, reforçando os saberes e práticas de exclusão da loucura embora contraditoriamente combatendo-os em seu discurso, mas não na escolha e reprodução do seu conteúdo.

Recebido em: 9.8.1999

Aprovado em: 10.8.2000

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    Para elaboração deste quadro foram utilizados os dados construídos a partir das grades curriculares dos programas das disciplinas dos cursos de graduação em enfermagem obtidos antes da implantação do currículo mínimo articulado pela ABEn (1994) e antes da aprovação da Lei n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB), que por sua vez extingüe os currículos mínimos (Brasil, 1998)
  • 1
    Este artigo foi elaborado a partir da tese de doutorado de uma das autoras — Luciane Prado Kantorski — intitulada "O ensino de enfermagem psiquiátrica e saúde mental e a reforma psiquiátrica no Rio Grande do Sul" orientada pela Profa. Dra. Graciette Borges da Silva;
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    Professora Adjunta da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia da Universidade Federal de Pelotas, Doutora em enfermagem pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Pesquisadora do CNPq. Endereço: Rua: Victor Valpírio, 319 - Ap. 302 - Três Vendas - 96020-250 - Pelotas - Rio Grande do Sul - Brasil. E-mail:
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    Professor Associado da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - Brasil
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    O senso comum para GRAMSCI (1991, p. 14) consiste nas concepções de mundo que se manifestam na ação de determinado grupo social e nas quais o grupo se movimenta (de forma submissa e/ou subordinada) como um conjunto orgânico. O bom senso coincide com a contraposição e a superação do senso comum
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    Os dados acerca da disciplina de Psicologia Aplicada à Enfermagem II foram obtidos através do programa da disciplina referente ao segundo semestre de 1994 e de Psicologia Aplicada à Enfermagem III conforme o programa de 1991/1992, ambos fornecidos como sendo os mais atuais
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      20 Abr 2005
    • Data do Fascículo
      Dez 2000

    Histórico

    • Aceito
      10 Ago 2000
    • Recebido
      09 Ago 1999
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