RESENHA DE LIVRO
Cooperação e desenvolvimento humano: a agenda emergente para o novo milênio
Júlia Trevisan MartinsI; Maria Lúcia do Carmo Cruz RobazziII
IProfessor da Universidade Estadual de Londrina, Doutoranda, e-mail: jtmartins@uel.br
IIProfessor Titular, e-mail avrrmlccr@eerp.usp.br. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o desenvolvimento da pesquisa em enfermagem, Brasil
O livro intitulado Cooperação e desenvolvimento humano: a agenda emergente para o novo milênio, de autoria de Carlos Lopes, foi publicado em português no ano de 2005, pela editora UNESP, Brasil. O autor é guineense, de Canchungo, sociólogo e PhD em História pela Universidade de Paris, Pantheon-Sorbonne. É representante das Nações Unidas e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano.
A obra é apresentada em quatro capítulos e enfoca a necessidade de um amplo debate político para a definição de uma agenda de desenvolvimento e mudança na sociedade para que possa ocorrer a redução da pobreza no mundo globalizado. Destaca que o mundo, além dos denominados fatores clássicos como terra, o capital, o trabalho e o conhecimento, necessita avançar por meio da solidariedade para produzir mudanças significativas na forma de aquisição, divulgação das informações e do conhecimento e, assim, repartir o que tem e o que sabe. Ressalta, também, que as políticas devem considerar as diferentes identidades e culturas e ser empregadas como estratégias para o desenvolvimento sustentável.
Para o autor, o mundo não convive com o choque de civilizações, mas experimenta uma convivência diferente e plural. Isso significa a abertura para a diversidade e liberdade cultural, conseguida por meio de uma efetivação da moral e da ética, entendida como a capacidade de aceitar as diferenças e compreendê-las como enriquecedoras, desenvolvendo a prática de comunicação política e compreendendo o seu papel para estimular novas transformações da sociedade. O planeta globalizado é de uma diversidade cultural complexa; é importante crer que a civilização humana é distinta e plural; a liberdade cultural é fundamental, pois diminui a exclusão que daí pode resultar.
Ele considera que o desenvolvimento de capacidades humanas é um processo de ajuda internacional, respeitando-se as diferenças culturais, e é possível quando são oferecidas e criadas chances individuais e sociais, e a pobreza não é somente a baixa renda, mas um misto de combinações. As estratégias devem ser amplas, holísticas e a longo prazo. Doações em catástrofes ajudam, mas não erradicam a pobreza. As sociedades devem buscar inovações institucionais que visem ao desenvolvimento, à troca de conhecimentos em benefício de todos os envolvidos. Dentre as alternativas para os países menos desenvolvidos, Lopes considera que essas nações devem assumir o processo de desenvolvimento de suas capacidades; de recebedores passivos precisam ter o papel ativo na construção de capacidades relacionadas ao comércio, sendo que o estabelecimento de negociações comerciais deve estar sob a égide da ética e justiça.
Conclui que a globalização é um processo de riscos e chances formatados em função da capacidade de incluir e aproveitar a economia mundial, caracterizada por enfrentamento de novas situações e de polarização de diferentes naturezas, e que o despreparo para enfrentar esse mundo novo pode contribuir para novas formas de exclusão dos indivíduos. Assim, a essência para o desenvolvimento humano é compreendida como uma constante expansão das oportunidades individuais e das sociedades, destacando-se a defesa das liberdades culturais de todos e de cada pessoa.
Recebido em: 29.1.2007
Aprovado em: 10.8.2007
Cooperation and human development: the emerging agenda for the new millennium
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
09 Out 2007 -
Data do Fascículo
Out 2007