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Experiência de mulheres com aborto provocado na adolescência por imposição da mãe

Resumos

OBJETIVO:

compreender a experiência de mulheres que provocaram o aborto na adolescência por imposição da mãe.

MÉTODO:

pesquisa qualitativa com abordagem da fenomenologia social, realizada em 2010, com três mulheres, por meio de entrevista com questões abertas.

RESULTADOS:

as participantes tentaram esconder da mãe a gravidez, e essa, ao descobrir, decidiu que elas deveriam interrompê-la, impondo o aborto, o qual foi realizado de modo inseguro, independentemente da vontade das filhas. Após o acontecimento, o que restou foi sofrimento, culpa e arrependimento por não ter lutado contra a decisão materna. Essas mulheres têm como expectativas ter autonomia para tomar suas próprias decisões, cuidar da saúde e engravidar novamente.

CONCLUSÃO:

o estudo evidenciou a decisão sobre o aborto centrada na mãe da adolescente, o que merece ser explorado em outras investigações que aprofundem a relação estabelecida entre mãe e filha na situação de aborto provocado. Sugere-se a criação de espaços de diálogo para a tríade profissional saúde/adolescente/família, com destaque para a mãe, que, no contexto das relações familiares, pode ajudar a filha a enfrentar de modo seguro a gravidez precoce e a fazer sua prevenção, em vez de influenciá-la sobre a realização do aborto.

Aborto Induzido; Gravidez na Adolescência; Saúde da Mulher; Pesquisa Qualitativa


OBJECTIVE:

to understand the experience of women who induced an abortion during adolescence as demanded by their mothers.

METHOD:

qualitative study with a social phenomenology approach conducted in 2010 with three women through interviews with open questions.

RESULTS:

the participants tried to hide their pregnancies from their mothers and when the mothers found out about the pregnancies they decide to interrupt it, demanding that their daughters have an abortion, which was performed in an unsafe manner, regardless of the adolescents' desire. After the abortion, the adolescents experienced suffering, guilt, and regret for not having fought against their mothers' decisions. These women expect to be autonomous to make their own decisions, take care of their own health and become pregnant again.

CONCLUSION:

the study evidenced the decision for an abortion was centered on the adolescents' mothers, a result that deserves to be further explored in future research deepening the relationship established between daughter and mother in the situation of an induced abortion. We suggest the creation of opportunities for the triad of health professional/adolescent/family to dialogue, especially the mother, who in the context of family relations, can help the daughter to safely deal with an early pregnancy and prevent it instead of influencing the adolescent to induce an abortion.

Induced, Abortion; Pregnancy in Adolescence; Women's Health; Qualitative Research


OBJETIVO:

comprender la experiencia de mujeres que provocaron el aborto en la adolescencia por imposición de la madre.

MÉTODO:

es una investigación cualitativa, con abordaje de la fenomenología social, realizada en 2010, con tres mujeres, por medio de entrevista con preguntas abiertas.

RESULTADOS:

las participantes trataron de esconder de la madre el embarazo, quien al descubrirlo, decidió que ellas deberían interrumpirlo, imponiendo el aborto, el cual fue realizado de modo inseguro, independientemente de la voluntad de las hijas. Después del acontecimiento, lo que restó fue sufrimiento, culpa y arrepentimiento por no haber luchado contra la decisión materna. Esas mujeres tienen como expectativas tener autonomía para tomar sus propias decisiones, cuidar de la salud y quedar embarazadas nuevamente.

CONCLUSIÓN:

el estudio evidenció la decisión por el aborto centrada en la madre de la adolescente, lo que merece ser explorado en otras investigaciones que profundicen la relación establecida entre madre e hija en la situación de aborto provocado. Se sugiere la creación de espacios de diálogo para la tríade profesionales de la salud/adolescente/familia, con destaque para la madre, que, en el contexto de las relaciones familiares, puede ayudar a la hija a enfrentar de modo seguro el embarazo precoz y hacer su prevención, en vez de influenciarla a realizar el aborto.

Aborto Inducido; Embarazo en Adolescencia; Salud de la Mujer; Investigación Cualitativa


Introdução

A gravidez na adolescência é um fenômeno complexo, associado a fatores econômicos, sociais e de comportamento sexual, e tem sido considerada, nessas últimas décadas, importante problema de saúde pública, em virtude da prevalência com que vem ocorrendo( 11. Chalem E, Mitsuhiro SS, Ferri CP, Barros MCM, Guinsburg R, Laranjeira R. Gravidez na adolescência: perfil sócio-demográfico e comportamental de uma população da periferia de São Paulo, Brasil. Cad Saúde Pública. 2007;23(1):177-86. ).

Em todo o mundo, aproximadamente, 15 milhões de adolescentes de 15 a 19 anos dão à luz por ano, representando mais de 10% dos nascimentos( 22. World Health Organization (WHO). Pregnant adolescents: delivering on global promises of hope. 2006. [acesso 4 set 2011]. Disponível em: http://www.who.int/child_adolescent_health/documents/9241593784/en/.
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). Pelo menos 1,25 milhão engravidam a cada ano nos 28 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Dessas, cerca de meio milhão procura a realização do aborto( 33. Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Situação mundial da infância 2011. Adolescência: uma fase de oportunidades. Caderno Brasil. [acesso 10 maio 2011]. Disponível em: http://www.unicef.org.br.
http://www.unicef.org.br...
).

Na América Latina, dados sobre a gravidez na adolescência vêm mostrando aumento na taxa de fecundidade para essa população quando comparada à de mulheres adultas, especialmente nos países mais pobres( 44. Cerqueira-Santos E, Paludo SS, Dei Schirò EDB, Koller SH. Gravidez na adolescência: análise contextual de risco e proteção. Psicol Estudos. 2010;15(1):73-85. ). No Brasil, dados recentes mostram que o ritmo de queda no número de partos na adolescência cresceu nos últimos cinco anos na rede pública. A quantidade desses procedimentos em adolescentes, de 10 a 19 anos, caiu 22,4%, de 2005 a 2009. Ao longo da década, a redução total foi de 34,6%, sendo essa atribuída às campanhas destinadas aos adolescentes e à ampliação do acesso ao planejamento familiar( 55. Ministério da Saúde (BR). Brasil acelera redução de gravidez na adolescência. 2010. [acesso 30 set 2011]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/noticias/default.cfm?pg=dspDetalheNoticia&id_area=124&CO_NOTICIA=11137.
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).

Em estudo realizado na Colômbia, com 3.575 adolescentes, concluiu-se que, aproximadamente, um de cada três participantes apresentou um padrão de comportamento de risco para a saúde sexual e reprodutiva, incluindo a gravidez não planejada( 66. Campo-Arias A, Ceballo Guillermo A, Herazo E. Prevalence of Pattern of Risky Behaviors for Reproductive and Sexual Health Among Middle- and High-School Students. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2010 Abr; 18(2): 170-4. ). Essa, se for também indesejada, pode se revelar grave problema para a saúde sexual e reprodutiva de adolescentes e jovens, como atesta o número de atendimentos decorrentes de aborto( 77. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Marco teórico e referencial: saúde sexual e saúde reprodutiva de adolescentes e jovens. Brasília; 2006. ).

No mundo, de 2,2 a 4 milhões de adolescentes fazem, por ano, um aborto, sendo que, desse total, 14% são procedimentos inseguros( 22. World Health Organization (WHO). Pregnant adolescents: delivering on global promises of hope. 2006. [acesso 4 set 2011]. Disponível em: http://www.who.int/child_adolescent_health/documents/9241593784/en/.
http://www.who.int/child_adolescent_heal...
). No Brasil, essa ocorrência é de 7 a 9% do total de abortos realizados por mulheres em idade reprodutiva, e a maior parte dos casos se dá com adolescentes mais velhas (17 a 19 anos)( 88. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia. 20 Anos de Pesquisas sobre Aborto no Brasil. Brasília; 2009. ).

A ausência de debates sobre a especificidade da interrupção da gravidez favorece uma visão reducionista sobre o significado desse evento no início da trajetória reprodutiva, na medida em que não é levado em conta o fato de que a decisão sobre a continuidade de uma gravidez envolve a eventual possibilidade do ônus e dos riscos da opção pelo aborto. Desse modo, a ocorrência do abortamento na vida das mulheres vai além do que os dados estatísticos mostram, uma vez que se trata de situação permeada por conflitos no âmbito particular e social, pois, conforme resultados de estudos sobre as experiências de mulheres com o aborto provocado, entre os principais motivos que as levam a optar por ele estão a falta de apoio do parceiro e da família e as dificuldades econômicas( 99. Carvalho SM, Paes GO, Leite JL . Mulheres jovens e o processo do aborto clandestino: uma abordagem sociológica. Rev Saúde Sexual e Reprodutiva. 2011;52:1-18. - 1010. Vieira LM, Goldberg TBL, Saes SO, Dória AAB. Abortamento na adolescência: da vida à experiência do colo vazio - um estudo qualitativo. Ciência Saúde Coletiva. 2010;15 Suppl 2:3149-56. ).

Desse contexto emerge a possibilidade da decisão pelo aborto ser uma resposta da própria mulher à ausência de apoio ou constituir uma deliberação imposta pelos sujeitos envolvidos diretamente na situação por ela vivenciada. No presente estudo, dá-se destaque para a mãe, em que o vínculo com a adolescente e o poder de decisão se revestem de grande significado, capaz de levar a filha a provocar o aborto. As seguintes inquietações nortearam esta pesquisa: como as mulheres que provocaram o aborto na adolescência descrevem essa experiência? Que fatores influenciaram a decisão de provocar o aborto? O que elas esperam em relação à vida reprodutiva após terem vivido essa experiência? Objetivou-se, portanto, compreender a experiência de mulheres que provocaram o aborto na adolescência, por imposição da mãe.

Estudos atuais, em nível nacional e internacional, publicados nesta revista e que promovem uma interface com a temática deste estudo, trazem evidências científicas com enfoque social para as situações de vulnerabilidade que perpassam a adolescência, com destaque para o uso de drogas( 1111. Cid-Monckton P, Pedrao LJ. Factores familiares protectores y de riesgo relacionados al consumo de drogas en adolescentes. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2011;19 Suppl:738-45. - 1212. Garcia JJ, Pillon SC, Santos MA. Relações entre contexto familiar e uso de drogas em adolescentes de ensino médio. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2011;19 Suppl:753-61. ), violência doméstica( 1313. Apostólico MR, Nóbrega CR, Guedes RN, Fonseca RMGS, Egry EY. Características da violência contra a criança em uma capital brasileira. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2012;20(2):266-73. ) e saúde sexual e reprodutiva( 66. Campo-Arias A, Ceballo Guillermo A, Herazo E. Prevalence of Pattern of Risky Behaviors for Reproductive and Sexual Health Among Middle- and High-School Students. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2010 Abr; 18(2): 170-4. ).

Não foram identificados estudos recentes que se dediquem a investigar o aborto provocado na adolescência e os fatores/pessoas que interferem na decisão. Desse modo, a compreensão da experiência do aborto provocado na adolescência, por imposição da mãe, constitui contribuição importante à construção do conhecimento produzido sobre o tema, neste periódico.

Espera-se que os resultados deste estudo permitam conhecer questões envolvidas na decisão de provocar o aborto e refletir sobre elas, com destaque para a perspectiva familiar, que deve ser considerada pelos profissionais no cotidiano dos serviços de saúde.

Métodos

Trata-se de pesquisa qualitativa, fundamentada no referencial teórico-metodológico da fenomenologia social de Alfred Schütz, que propicia a compreensão dos fenômenos humanos que ocorrem no mundo da vida, também denominado mundo social( 1414. Schutz A, Luckmann T. Las estructuras del mundo de la vida. Buenos Aires: Amorrortu; 2009. ).

Os pressupostos teóricos mundo da vida, acervo de conhecimentos, situação biográfica, intersubjetividade e ação social, guiaram a discussão dos resultados( 1414. Schutz A, Luckmann T. Las estructuras del mundo de la vida. Buenos Aires: Amorrortu; 2009. ).

O presente estudo é derivado de uma tese de doutorado que pesquisou o aborto na adolescência, envolvendo sete mulheres que o vivenciaram. Contudo, optou-se por fazer o recorte das experiências de provocar o aborto na adolescência por imposição da mãe, utilizando-se dos depoimentos de três mulheres devido à relevância de seus significados.

Desse modo, foram incluídas no estudo três mulheres residentes em uma cidade do interior de Minas Gerais, Brasil, com idade superior a 18 anos, considerando-se a faixa etária estabelecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o ciclo da vida denominado adolescência, ou seja, dos 10 aos 20 anos incompletos( 1515. Organización Mundial de la Salud (OMS). Problemas de salud de la adolescencia. Ginebra: OMS; 1965. (Série de Informes técnicos). ). As participantes foram identificadas e selecionadas por uma das pesquisadoras por meio de conversas informais com pessoas da comunidade que indicaram as mulheres que atendiam os critérios para inclusão na pesquisa, e essas consentiram em participar.

A coleta dos dados aconteceu em 2010, por meio de uma entrevista gravada, com as seguintes questões abertas: conte-me como foi para você descobrir que estava grávida. Como foi para você decidir pelo aborto e realizá-lo? Tendo passado por essa situação, o que você espera em relação às possíveis gestações que venha a ter?

As entrevistas foram agendadas previamente com cada participante em dia, horário e local definidos por elas. Antes da obtenção dos depoimentos das mulheres, procedeu-se à explicação, de modo detalhado, das questões éticas envolvidas; aquelas que concordaram em participar assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), elaborado conforme a Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde. Para garantir o anonimato dos sujeitos, os depoimentos foram identificados com a letra "D", acompanhada de número arábico em ordem crescente, de acordo com a sequência em que foram realizadas as entrevistas.

A análise dos dados foi realizada conforme os passos adotados por pesquisadores da fenomenologia social de Alfred Schütz( 1616. Carvalho GM, Merighi MAB, Jesus MCP. The experience of repeated fatherhood during adolescence. Midwifery. 2010;26:469.74. ): leitura e releitura criteriosa de cada depoimento para apreender o sentido global da experiência vivida; identificação e posterior agrupamento dos aspectos significativos dos depoimentos para composição das categorias concretas - sínteses objetivas dos diferentes significados da ação, emergidos das experiências vividas; análise dessas categorias e discussão dos resultados à luz da fenomenologia social de Alfred Schütz e de estudos relacionados à temática.

As participantes da pesquisa tinham idade entre 18 e 27 anos, eram solteiras, com o ensino médio incompleto. A gestação foi interrompida quando contavam de 14 a 16 anos. Nessa época, moravam com as mães, de quem dependiam financeiramente. Todas mencionaram desejo pela manutenção da gestação, apesar de não a terem planejado.

Esta pesquisa foi submetida à avaliação do Comitê de Ética e Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo e obteve Parecer favorável sob nº909/2010.

Resultados

A experiência das mulheres que provocaram o aborto na adolescência, por imposição da mãe, está evidenciada nas categorias: "abortamento por imposição da mãe" e "autonomia na vida reprodutiva", conforme descrição abaixo.

Abortamento por imposição da mãe

Ao refletir sobre a gravidez na adolescência, as mulheres expressaram lembranças de insegurança e desespero por terem vivenciado uma situação não planejada. Seus relatos mostraram temor em relação à não aceitação da gravidez por suas mães: eu sabia que estava grávida, só que fiquei calada. [...]. Eu pensei que minha mãe fosse me matar (D2). Minha menstruação atrasou e aí eu já sabia que estava grávida. [...]. Eu passei muito aperto porque não podia contar para minha mãe (D3).

Despreparadas para enfrentar essa nova situação, já que não sabiam como dar a notícia às mães, essas jovens mulheres, inicialmente, compartilharam-na com uma amiga de confiança ou com o namorado, pai do concepto, e então tentaram esconder a gestação: ... eu tentei esconder o máximo que eu pude da minha mãe. [...] Sabia que ela não iria aceitar (D2). Eu contei para uma amiga minha. [...] Aí eu fui contar para minha mãe, e ela não aceitou a gravidez (D3).

A evolução do processo gestacional, no entanto, manifestada pelas mudanças ocorridas no corpo das adolescentes, levou as mães a perceberem que algo diferente estava acontecendo com suas filhas e a suporem que elas poderiam estar escondendo uma gravidez: ela (mãe) queria saber que dia minha menstruação vinha. [...] falou que eu estava gordinha demais (D1).

Nesse contexto, as mães impuseram a suas filhas a realização do exame de gravidez e, logo que foi confirmada a gestação, decidiram interrompê-la, independentemente do desejo das adolescentes: ... um dia, eu saí de casa e, quando voltei, dei de cara com minha mãe com um teste de farmácia na minha frente para eu fazer (D1). [...] ... ela me levou para fazer um exame e, aí, deu positivo. [...]. Na mesma hora, [...] me disse que eu não poderia ter aquele filho (D2).

Apesar da vontade de dar continuidade à gestação, as adolescentes mencionaram que não tiveram autonomia para tomar essa decisão, uma vez que se viram obrigadas a aceitar a decisão da mãe: [...] minha mãe me disse que eu não poderia ter aquele filho e me falou que iríamos comprar remédio. [...]. Eu falei para ela que não iria fazer, mas, como eu morava com ela, tinha 16 anos e era menor, eu não tive muito que fazer (D2).

Essa situação de imposição do aborto pela mãe foi relatada pelas participantes como um momento de sofrimento, pois foram agredidas física e psicologicamente. Em suas próprias casas, as mães as coagiram a beber chás e a usar medicação abortiva: [...] ... ela (mãe) [...] foi na farmácia comprar o remédio [...] me fez tomar uma pílula e enfiar a outra. Eu falei que não iria fazer, mas, como eu morava com ela e era muito nova, não tive outra opção. [...] Eu senti muita dor. Eu pedi para morrer (D2). Minha mãe me deu buchinho do norte, chá de maconha, cachaça queimada com canela. Só que nada disso adiantou e eu fui parar no hospital. [...] ... eu passei muito mal. [...] ... eu quase morri (D3).

Como o processo do abortamento não ocorreu conforme esperavam, as mães tiveram que procurar por atendimento médico para salvar a vida da filha que apresentava sérias complicações e corria risco de morrer: ... eu estava sangrando tanto que estava quase morta. Então, minha mãe teve que chamar o corpo de bombeiros (D3).

Após a realização do aborto, o que restou às adolescentes foram sofrimento e frustração por não terem lutado contra a decisão da mãe. A ausência de autonomia e de poder de decisão sobre o próprio corpo e a saúde emergiu nas entrelinhas das falas dessas jovens mulheres, revelando as dificuldades enfrentadas na situação vivida: [...] minha ficha demorou cair. [...]. Senti culpada [...]. Hoje, ao pensar em tudo o que fiz, eu me sinto mal. [...] Sinto raiva da minha mãe e de mim também. Eu devia ter lutado mais (D1). Foi muito triste [...]. Você tirar uma vida não é fácil. [...] ... até hoje eu choro. [...] ... penso que, se eu não quisesse, não precisava ter tomado aqueles chás, mas eu tomei (D3). Desse modo, o que elas buscam hoje em dia é ter autonomia na vida reprodutiva.

Autonomia na vida reprodutiva

A reflexão sobre o processo de abortamento, vivenciado na adolescência, permitiu às mulheres ter como expectativa tomar suas próprias decisões sem a interferência da mãe e da família. Como resposta a esse anseio, projetam uma nova gravidez, reconhecendo que, para isso, é necessário, inicialmente, cuidar da saúde: ... quero casar e ter um filho. [...]. Eu tenho vontade de me cuidar [...] (D1). Foi difícil voltar à vida ao normal. Você fica com medo de engravidar de novo. [...] eu penso em ter filho, mas não agora (D2). Eu penso em ter mais filhos. [...] Agora minha mãe não tira porque eu sou maior de idade (D3).

Como resposta à necessidade de gerir suas próprias escolhas e decisões, a mulher tem como projeto ações que a responsabilize pela sua vida, expressas, pelo desejo de retorno ao trabalho e à escola: [...] ... quero continuar estudando (D1). Agora penso em trabalhar (D3).

Discussão

O aborto na adolescência, por imposição da mãe, aponta para uma preocupação no que diz respeito às questões relacionadas à comunicação interpessoal e às decisões sobre a vida reprodutiva, uma vez que todas as participantes não esperavam engravidar.

O temor pela não aceitação da gestação pela mãe, demonstrado neste estudo, pode ser decorrente do desapontamento pelo acontecimento não esperado, considerando que o contexto familiar e social exige que os jovens cumpram trajetórias ideais e obedeçam a etapas predeterminadas, como a conclusão dos estudos e a inserção na vida profissional, visão que identifica o evento da gravidez como inoportuno e fruto de imprudência( 1717. Peres SO, Heilborn ML. Cogitação e prática do aborto entre jovens em contexto de interdição legal: o avesso da gravidez na adolescência. Cad Saúde Pública. 2006;22(7):1411-20. ). A gravidez nesse momento passa a ser considerada uma ameaça( 1818. Rodrigues DP, Rodrigues FRA, Silva LMS, Jorge MSB, Vasconcelos LDGP. O adolescer e ser mãe. Representações sociais de puérperas adolescentes. Cogitare Enferm. 2009;14(3):455-62. ), pois, além de essa comprometer e alterar a estrutura das famílias, as adolescentes da sociedade moderna têm outros sonhos e necessidades( 1919. Moreira TMM, Viana DS, Queiroz MVO, Jorge MSB. Conflitos vivenciados pelas adolescentes com a descoberta da gravidez. Rev Esc Enferm USP. 2008;42(2):312-20. ).

Na esfera familiar, a gravidez parece indicar dificuldades nas relações entre pais e filhas e nas condições contextuais para o desenvolvimento psicológico dessas( 1818. Rodrigues DP, Rodrigues FRA, Silva LMS, Jorge MSB, Vasconcelos LDGP. O adolescer e ser mãe. Representações sociais de puérperas adolescentes. Cogitare Enferm. 2009;14(3):455-62. ). As jovens mulheres que se mostram seguras e conseguem agir de acordo como próprio padrão de certo ou errado são as que valorizam e demonstram o afeto recebido pela família. Daí se dizer que o respeito às normas e às leis depende de quanto se tem a perder em termos de afeto, cuidado e proteção e que a relação de autoridade se mantém graças às trocas afetivas( 2020. Taquete SR, Vilhena MM. Uma contribuição ao entendimento da iniciação sexual feminina na adolescência. Psicol Estudos. 2008;13(1):105-14. ).

O conflito vivido entre as adolescentes e suas mães, diante da situação da gravidez, demonstra a força do acervo de conhecimentos constituído em experiências anteriores sobre as decisões no âmbito individual que também são de caráter social, uma vez que a pessoa está envolvida em um sistema de relações intersubjetivas no mundo da vida. Esse compõe o mundo de experiências do sujeito, o qual se encontra estruturado previamente, antes do seu nascimento. Trata-se do cenário em que o ser humano vive e interage com os outros, transformando-o continuamente e alterando as estruturas sociais( 1414. Schutz A, Luckmann T. Las estructuras del mundo de la vida. Buenos Aires: Amorrortu; 2009. ).

A decisão da mãe pela interrupção da gestação da filha, por meio da realização do aborto, retrata a carência de comunicação no contexto familiar, ao mesmo tempo em que demonstra a fragilidade da adolescente, evidenciada pela falta de autonomia.

Poucas são as famílias que aceitam a situação da gravidez na adolescência e procuram lidar com compreensão e afeto com as jovens gestantes, respeitando suas limitações. A maioria impõe a experiência do casamento, mesmo que as adolescentes não o queiram, induzindo os jovens a abrir mão de seus desejos e expectativas. Outras impõem o abortamento, o abandono ou usam de violência. Muitos pais expulsam a filha de casa, o que causa o aumento dos problemas que as jovens mães terão que enfrentar( 1919. Moreira TMM, Viana DS, Queiroz MVO, Jorge MSB. Conflitos vivenciados pelas adolescentes com a descoberta da gravidez. Rev Esc Enferm USP. 2008;42(2):312-20. ).

Conforme estudo realizado no interior paulista com familiares de adolescentes grávidas, a frustração de se ter um projeto de vida familiar interrompido e/ou modificado para sempre se fez presente nas representações sobre as mudanças do contexto familiar após a gravidez das adolescentes, as quais eram solteiras na ocasião da concepção( 2121. Silva L, Tonete VLP. A gravidez na adolescência sob a perspectiva dos familiares: compartilhando projetos de vida e cuidado. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2006;14(2):199-206. ).

A imposição da mãe para a realização do aborto da filha remete a reflexões sobre os motivos que desencadeiam essa decisão. Uma questão relevante é a possibilidade de interrupção do processo de formação da adolescente, que a obriga a deixar a escola e dificulta sua inserção no mercado de trabalho, quando engravida precocemente( 2222. Andrade PR, Ribeiro CA, Ohara CVS. Maternidade na adolescência: sonho realizado e expectativas quanto ao futuro. Rev Gaúcha Enferm. 2009;30(4):662-8. ). Outras questões são as dificuldades do diálogo familiar, de compartilhamento de sentimentos e falta de orientação para a vida sexual e reprodutiva. Os pais, por não disporem de informação ou por constrangimento em falar sobre sexo com seus filhos, acabam não cumprindo seu papel de educadores e não transmitem a orientação sexual adequada, deixando o jovem em desvantagem( 1919. Moreira TMM, Viana DS, Queiroz MVO, Jorge MSB. Conflitos vivenciados pelas adolescentes com a descoberta da gravidez. Rev Esc Enferm USP. 2008;42(2):312-20. ).

Grande parte dos problemas das famílias nos dias atuais se deve à falta de diálogo dos pais com os filhos, principalmente naquelas em que há filhos adolescentes e os conflitos específicos da idade tendem a ampliar o confronto familiar. Sendo que, nesse contexto, é necessário que haja aumento na flexibilidade e equilíbrio na autoridade dos pais para com os filhos, de modo a se manter a harmonia familiar para que os adolescentes possam se sentir mais seguros( 2323. Wagner A, Falcke D, Silveira LMBO, Mosmann CP. A comunicação em famílias com filhos adolescentes. Psicol Estudos. 2002;7(1):75-80. ).

No que diz respeito ao papel da mãe, apesar de a mulher ter ingressado no mercado de trabalho e aumentado o número de atividades fora do lar, o dever doméstico e, principalmente, a educação dos filhos ainda são funções desempenhadas prioritariamente por ela, como mostram os resultados de pesquisa realizada em Porto Alegre, RS, com adolescentes escolares, na qual a maioria afirmou conversar mais com a mãe (75%)( 2323. Wagner A, Falcke D, Silveira LMBO, Mosmann CP. A comunicação em famílias com filhos adolescentes. Psicol Estudos. 2002;7(1):75-80. ).

A ocupação do espaço público e privado pela mulher, portanto, não faz com que ela abdique do papel de cuidadora, podendo isso justificar a situação de a mãe ser a principal agressora quando se trata de violência física e negligência contra crianças e adolescentes( 1313. Apostólico MR, Nóbrega CR, Guedes RN, Fonseca RMGS, Egry EY. Características da violência contra a criança em uma capital brasileira. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2012;20(2):266-73. ).

Nesse sentido, percebe-se que o abortamento é um fenômeno complexo, permeado por questões éticas, culturais e religiosas. Além do mais, quando realizado de modo inseguro e na clandestinidade, constitui importante problema de saúde pública, reconhecido internacionalmente, pois pode deixar sequelas graves na saúde da mulher ou levá-la à morte( 2424. Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos - (RedeSaúde). Dossiê - Aborto inseguro. [acesso 25 out 2011]. Disponível em: http://www.observatoriodegenero.gov.br/.../dossie-aborto-inseguro/at.../file
http://www.observatoriodegenero.gov.br/....
).

No presente estudo, as mulheres sentiram-se culpadas e arrependidas por não terem lutado contra a decisão da mãe, pois, apesar de não terem planejado a gestação, queriam ter tido aquele filho. Entretanto, não demonstraram ser merecedoras de castigo, pois, como eram menores e dependiam financeiramente da família, não se viram em condições de ir contra a decisão tomada pela mãe. Esses sentimentos podem estar relacionados ao modo como o aborto é considerado no meio social e, portanto, como está sedimentado no acervo de conhecimento delas.

Esse acervo de conhecimentos depende de sua situação biográfica, que se constitui intersubjetivamente e se estabelece a partir da concepção natural do mundo da vida. É imposto à pessoa que o interioriza como hábitos, costumes, tradições, embora, em qualquer momento, ele possa ser refletido e modificado( 1414. Schutz A, Luckmann T. Las estructuras del mundo de la vida. Buenos Aires: Amorrortu; 2009. ).

Não bastasse o sofrimento permeado pela culpa e arrependimento pela realização do aborto, as mulheres relataram que tal situação trouxe consequências físicas e psíquicas. Conforme estudo realizado na Nova Zelândia, mulheres que praticaram o abortamento apresentaram elevadas taxas de subsequentes problemas de depressão, ansiedade e pensamentos suicidas( 2525. Fergusson DM, Horwood LJ, Ridder EM. Abortion in young women and subsequent mental health. J Child Psychol Psychiatry. 2006;47:16-24. ). Mas esse resultado é contestado em estudo de coorte dinamarquês que evidenciou taxa de incidência de contato psiquiátrico semelhante, antes e depois do aborto, negando a hipótese de que exista risco aumentado de transtornos mentais após o aborto induzido( 2626. Munk-Olsen T, Laursen TM, Pedersen CB, Lidegaard O, Mortensen PB. Induced first-trimester abortion and risk of mental disorder. N Engl J Med. 2011;364(4):332-9. ).

Os oponentes da legalização do aborto têm sugerido que se trata de um evento traumático com consequências graves para a saúde mental das mulheres. Contudo, estudo derivado do relatório da American Psychological Association não encontrou nenhuma evidência de que um aborto provocado cause problemas de saúde mental em mulheres adultas( 2727. Warren JT, Harvey SM, Henderson JT. Do depression and low self-esteem follow abortion among adolescents? Evidence from a national study. Perspect Sexual Reproductive Health. 2010;42(4):230-5. ). Mas o fato é que o aborto inseguro é uma relevante causa de morbimortalidade em mulheres de países em desenvolvimento, pois, além das consequências apresentadas, destacam-se aquelas de caráter econômico, relacionadas aos custos com a prestação de cuidados médicos, perda de produtividade para o país, o impacto sobre as famílias e a comunidade( 2828. Singh S. Global consequences of unsafe abortion. Womens Health (Lond Engl) 2010;6(6):849-60. ).

A reflexão da experiência vivida expressa pelo impacto da gravidez, a realização do aborto, o sofrimento resultante e as consequências advindas trouxeram à tona os sentimentos e significados que constituem o contexto objetivo dos motivos que caracterizam o comportamento social de um grupo de mulheres que, na adolescência, experimentaram o abortamento por decisão da mãe.

Destaca-se que a ação social, ou seja, a conduta humana projetada pelo sujeito de maneira consciente e intencional, se insere em uma dimensão histórica e não se vincula apenas ao passado, mas se abre para um futuro. Isso é, inclui a liberdade, permitindo que sucesso e fracasso sejam igualmente possíveis. Assim, a projeção de intenções tem uma dimensão subjetiva, uma vez que desencadeia a ação antes que ela se torne ato( 1414. Schutz A, Luckmann T. Las estructuras del mundo de la vida. Buenos Aires: Amorrortu; 2009. ), o que remete à reflexão de que o aborto realizado no passado permeia o presente vivido e influencia os projetos das mulheres no tempo presente.

Dessa forma, as mulheres que interromperam a gravidez por imposição da mãe buscam conquistar independência para tomar suas próprias decisões, sem a interferência da família, e desejam engravidar novamente.

No que se refere ao cuidado com a saúde, adolescentes e jovens têm o direito de ter acesso a informações e educação em saúde sexual e reprodutiva, assim como aos métodos contraceptivos que os auxiliem a evitar gravidez não planejada e as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), respeitando-se sua liberdade de escolha( 2929. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Direitos sexuais, direitos reprodutivos e métodos anticoncepcionais. Brasília; 2009. ).

Além do mais, a realização do aborto está diretamente relacionada à vida reprodutiva das mulheres, podendo, desse modo, determinar sua continuidade ou o encerramento dessa. Assim, o reflexo da experiência de realizar o aborto, ainda que distante para umas e mais recente para outras, pode influenciar a mulher no planejamento de sua vida reprodutiva.

A compreensão da experiência do aborto provocado na adolescência se dá de modo perspectival, possibilitando que diferentes pontos de vista clarifiquem facetas de um dado fenômeno social. Nesse sentido, esta pesquisa trouxe evidências que desvelaram o aborto provocado na adolescência, a partir de um grupo específico de mulheres que realizaram esse ato por imposição da mãe.

Considerações Finais

O saber que emergiu do vivido por mulheres que provocaram o aborto na adolescência, por imposição da mãe, sinaliza para a necessidade de se rever as ações de saúde direcionadas a essa díade. Apesar dos avanços conquistados nas últimas décadas, principalmente aqueles referentes à saúde sexual e reprodutiva, muitas mulheres ainda engravidam sem planejar e não têm o suporte familiar necessário para vivenciar essa experiência.

A imposição do aborto pela mãe à filha adolescente, evidenciada neste estudo, constitui-se em um dado novo que merece ser explorado em outras investigações científicas, pois, de modo geral, os estudos até o momento envolvem a questão da gravidez precoce e suas repercussões no contexto familiar e social, sem, contudo, aprofundar a relação social entre mãe e filha no que diz respeito à cogitação e decisão pelo aborto.

Este estudo sinaliza para a importância de se inserir a família, especialmente as mães, nas ações de prevenção da gravidez na adolescência e também nas situações de ocorrência da mesma, em especial quando cogitada a possibilidade do aborto provocado.

Considerando o enfoque da fenomenologia social utilizado neste estudo, sugere-se a criação de espaços de diálogo para a tríade profissional de saúde/adolescente/família, com destaque para a mãe, que, no contexto das relações familiares, pode ajudar a filha adolescente a enfrentar de modo seguro a gravidez precoce e a fazer sua prevenção em vez de influenciá-la a realizar o aborto.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Aug 2013

Histórico

  • Recebido
    31 Jul 2012
  • Aceito
    22 Abr 2013
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