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Intensidade do trabalho em enfermagem nos hospitais públicos* * Artigo extraído da tese de doutorado “Precarização do trabalho em enfermagem em hospitais públicos da Bahia: 2015-2017”, apresentada à Universidade Federal da Bahia, Escola de Enfermagem, Salvador, BA, Brasil. Apoio Financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia, Edital PPSUS 020/2013, Brasil.

Resumo

Objetivo:

analisar a intensidade do trabalho em enfermagem nos hospitais públicos.

Método:

estudo transversal, quantitativo, realizado em 22 hospitais públicos. A amostra totalizou 265 enfermeiras e 810 técnicas e auxiliares em enfermagem. Os dados foram coletados por meio de questionário e analisados com a Análise Fatorial Exploratória. O cálculo da distribuição da intensidade do trabalho por categoria foi feito por escore que abarca de -1 a +1 desvio padrão dos dados e utilizou-se o teste Exato de Fisher (0,05 <p≤0,10) para observar a significância entre os grupos de acordo com o vínculo de trabalho.

Resultados:

a intensidade do trabalho contribuiu com 13% da precarização do trabalho para as enfermeiras e 51,2% para as técnicas e auxiliares. Para as técnicas e auxiliares as variáveis com maior carga fatorial foram trabalho exige mais do que pode fazer (0.6696) e assume múltiplas atribuições devido à escassez de pessoal (0.6156). Entre as enfermeiras as maiores cargas fatoriais foram observadas nas variáveis pressão do tempo no trabalho (0.6779) e ritmo de trabalho (0.6651).

Conclusão:

as variáveis analisadas indicam que a intensidade do trabalho ocorre de forma distinta entre as trabalhadoras em enfermagem, o que se revela pela polivalência, subdimensionamento e flexibilização do trabalho.

Descritores:
Trabalho; Enfermagem; Enfermeiras e Enfermeiros; Auxiliares de Enfermagem; Técnicos de Enfermagem; Hospitais Públicos

Abstract

Objective:

to analyze the intensity of nursing work in public hospitals.

Method:

cross-sectional, quantitative study, carried out in 22 public hospitals. The sample was composed of 265 nurses and 810 nursing technicians and assistants. Data were collected through a questionnaire and analyzed with Exploratory Factor Analysis. The calculation of the distribution of the work intensity by category was done using a score ranging from -1 to +1 standard deviation of the data. Fisher’s exact test (0.05 <p≤0.10) was used to observe the significance between groups according to the employment bond.

Results:

work intensity contributed to the explanation of precarization of work, with a value of 13% for nurses and 51.2% for technicians and assistants. For the technicians and assistants, the variables with the highest factor loadings were ‘work requires more than she can do’ (0.6696) and ‘takes on multiple tasks due to staff shortages’ (0.6156). Among nurses, the highest factor loadings were observed in the variables ‘time pressure at work (0.6779) and ‘Work pace’ (0.6651).

Conclusion:

the variables analyzed indicate that work intensity occurs differently among nursing workers, and is revealed by the versatility, understaffing and flexibility of work.

Descriptors:
Work; Nursing; Nurses; Nurses’ Aides; Licensed Practical Nurses; Hospitals, Public

Resumo

Objetivo:

analizar la intensidad del trabajo en enfermería en los hospitales públicos.

Método:

estudio transversal, cuantitativo, realizado en 22 hospitales públicos. La muestra totalizó 265 enfermeras y 810 técnicas y asistentes de enfermería. Los datos fueron recolectados a través de un cuestionario y analizados con el Análisis Factorial Exploratorio. El cálculo de la distribución de la Intensidad del trabajo, por categoría, se realizó utilizando una puntuación que varía de -1 a +1 desviación estándar de los datos, y se utilizó la prueba Exacta de Fisher (0,05 <p≤0,10) para observar la significancia entre grupos según la relación laboral.

Resultados:

la Intensidad del trabajo contribuyó con el 13% de la explicación trabajo precario para las enfermeras y el 51,2% para técnicas y asistentes. Para las técnicas y auxiliares, las variables con la carga de factor más alta fueron trabajo requiere más de lo que puede hacer (0,6696) y asume múltiples asignaciones debido a la escasez de personal (0,6156). Entre las enfermeras, las cargas de factor más altas se observaron en las variables presión de tiempo en el trabajo (0,6779) y ritmo de trabajo (0,6651).

Conclusión:

las variables analizadas indican que la intensidad del trabajo ocurre de manera diferente entre los trabajadores de enfermería, lo que se revela por la versatilidad, por condiciones laborales reducidas y la flexibilización del trabajo.

Descriptores:
Trabajo; Enfermería; Enfermeros; Auxiliares de Enfermería; Enfermeros no Diplomados; Hospitales Públicos

Introdução

O controle sobre o tempo de trabalho sempre foi o foco dos empregadores na sociedade capitalista. Com isso, a classe que detém os meios de produção busca assegurar o controle desse tempo, impondo a sua concepção de que esse é quantitativo e racional, sendo tal construção ideológica universal e que prefigura como o padrão da sociedade moderna(11 Cardoso ACM. D Right and obligation to disconnection striving for working and non-working time. Rev UFMG. 2016; 23(1,2): 62-85. doi: http://dx.doi.org/10.35699/2316-770X.2016.2756
http://dx.doi.org/10.35699/2316-770X.201...
).

Para compreender o uso do tempo de trabalho pelo empregador é necessário abordar suas três dimensões: a duração desse tempo (jornada de trabalho), a sua distribuição e a intensidade do trabalho. A duração da jornada de trabalho refere-se ao tempo total de trabalho. É a categoria mais perceptível e, por isso mesmo, a que está no cerne do conflito entre sindicatos e empregadores. A distribuição do tempo de trabalho é a organização em dias, semanas, meses e/ou anos. A distribuição inclui o trabalho intermitente, o banco de horas, o tempo de trabalho executado em casa ou remotamente e todo o tempo livre do trabalhador que é usado para a qualificação para o mundo do trabalho(22 Dal Rosso S, Cardoso ACM. Intensity of work: conceptual and methodological questions. Soc Estado. 2015; 30(3): 631-50. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922015.00030003
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922015...
-33 Cardoso ACM. Organization and intensification of working time. Soc Estado. 2013; 28(2): 351-74. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922013000200009
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922013...
).

A intensidade do trabalho é um termo que ainda não é consensual no campo da sociologia do trabalho. Neste artigo adota-se o seguinte conceito: “intensidade é o esforço efetuado pelos trabalhadores para atender aos constrangimentos da organização do trabalho durante uma unidade de tempo”(22 Dal Rosso S, Cardoso ACM. Intensity of work: conceptual and methodological questions. Soc Estado. 2015; 30(3): 631-50. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922015.00030003
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922015...
).

Portanto, a intensidade do trabalho não significa apenas prolongamento da jornada, mas a capacidade do trabalhador de produzir mais trabalho na mesma jornada. Por isso, essa intensidade é difícil de ser percebida, tendo que estudar os constrangimentos que levam o trabalhador a despender mais energia física, psíquica, mental, social, cultural e relacional durante o seu trabalho(11 Cardoso ACM. D Right and obligation to disconnection striving for working and non-working time. Rev UFMG. 2016; 23(1,2): 62-85. doi: http://dx.doi.org/10.35699/2316-770X.2016.2756
http://dx.doi.org/10.35699/2316-770X.201...

2 Dal Rosso S, Cardoso ACM. Intensity of work: conceptual and methodological questions. Soc Estado. 2015; 30(3): 631-50. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922015.00030003
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922015...
-33 Cardoso ACM. Organization and intensification of working time. Soc Estado. 2013; 28(2): 351-74. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922013000200009
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).

É preciso destacar que a intensidade do trabalho afeta, desigualmente, trabalhadores terceirizados e estatutários, homens e mulheres, sendo elas submetidas aos trabalhos mais intensos(33 Cardoso ACM. Organization and intensification of working time. Soc Estado. 2013; 28(2): 351-74. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922013000200009
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4 Souza HS, Mendes AN. Outsourcing and “dismantling” of steady jobs at hospitals. Rev Esc Enferm USP. 2016; 50(2):284-91. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420160000200015
http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342016...
-55 Durand JP. Refoundation of work in the stressed stream. Tempo Soc. 2003;15(1):139-58. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-20702003000100008
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-20702003...
). Dado que o campo profissional em enfermagem é composto majoritariamente por mulheres no Brasil(66 Machado MH, Aguiar W Filho, Lacerda WF, Oliveira E, Lemos W, Wermelinger M, et al. General characteristics of nursing: the socio-demographic profile. Enferm Foco. 2016; 7(SP):9-14. doi: http://dx.doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.686
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), as autoras do presente estudo optam por utilizar os termos no feminino, para dar visibilidade à tal intensidade do trabalho.

A intensidade do trabalho também revela-se pelo fluxo tenso de trabalho, em que o encadeamento de atividades deve ser feito agilmente para não romper o fluxo continuo do trabalho coletivo. O trabalho intenso e de fluxo tenso é cada vez mais comum nos hospitais e está relacionado à forma como o trabalho é organizado(44 Souza HS, Mendes AN. Outsourcing and “dismantling” of steady jobs at hospitals. Rev Esc Enferm USP. 2016; 50(2):284-91. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420160000200015
http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342016...
-55 Durand JP. Refoundation of work in the stressed stream. Tempo Soc. 2003;15(1):139-58. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-20702003000100008
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). O modelo de organização do trabalho em enfermagem mescla características do toyotismo e do taylorismo, que contribuem para a intensificação do trabalho, submetendo as trabalhadoras aos constrangimentos da organização.

O fluxo tenso e intenso é uma das características do trabalho em enfermagem(44 Souza HS, Mendes AN. Outsourcing and “dismantling” of steady jobs at hospitals. Rev Esc Enferm USP. 2016; 50(2):284-91. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420160000200015
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-55 Durand JP. Refoundation of work in the stressed stream. Tempo Soc. 2003;15(1):139-58. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-20702003000100008
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). Estudos revelam que a intensidade do trabalho acarreta sérias consequências para as trabalhadoras da equipe de enfermagem como, por exemplo, a ocorrência de erros profissionais, de acidentes de trabalho e de seu adoecimento físico e psíquico(77 Salvarani V, Rampoldi G, Ardenghi S, Bani M, Blasi P, Ausili D, et al. Protecting emergency room nurses from burnout: The role of dispositional mindfulness, emotion regulation and empathy. J Nurs Manag. 2019; 27:765- 74. doi: http://dx.doi.org/10.1111/jonm.12771
http://dx.doi.org/10.1111/jonm.12771 ...

8 Kaur AP, Levinson AT, Monteiro JFG, Carino GP. The impact of errors on healthcare professionals in the critical care setting. J Crit Care. 2019; 52:16-21. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.jcrc.2019.03.001
http://dx.doi.org/10.1016/j.jcrc.2019.03...

9 Boekhorst JA, Singh P, Burke R. Work intensity, emotional exhaustion and life satisfaction: The moderating role of psychological detachment. Personnel Rev. 2017; 46(5):891-907. doi: http://dx.doi.org/10.1108/PR-05-2015-0130
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-1010 Sülz S, Langhammer K, Becker-Peth M, Roth B. What drives perceived work intensity in neonatal intensive care units? Empirical evidence from a longitudinal. J Adv Nurs. 2017; 73(10):2441-9. doi: http://dx.doi.org/10.1111/jan.13301
http://dx.doi.org/10.1111/jan.13301...
).

A intensidade é uma das formas de precarização do trabalho. A imposição de metas, a extensão de jornada de trabalho e a exigência de polivalência do trabalhador são aspectos da intensidade que precarizam as relações e as condições de trabalho. Cabe ressaltar que todos esses aspectos são sustentados na gestão pelo medo através do assédio moral, o que coage os trabalhadores e trabalhadoras a submeterem-se à intensidade do trabalho(33 Cardoso ACM. Organization and intensification of working time. Soc Estado. 2013; 28(2): 351-74. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922013000200009
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922013...
,1111 Druck G. Labor, precarization and resistances: old and new challenges? Cad CRH. 2011; 24(spe 01):37-57. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-49792011000400004
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).

Na revisão do estado da arte sobre intensidade do trabalho na plataforma Biblioteca Virtual em Saúde, tendo como marcadores o limite temporal entre os anos de 2015 a 2018, dado o aumento de publicações sobre esse tema nesse período, usando o operador booleano and e os artigos em texto completo, foram encontrados 13 artigos que tratam da intensidade do trabalho em enfermagem. Contudo, esses artigos abordam-na como um dos fatores para o estresse ou adoecimento da enfermeira, sem relacioná-la à conjuntura contemporânea de precarização do trabalho.

Posto isso, o objetivo deste artigo é analisar a intensidade do trabalho em enfermagem em hospitais públicos.

Método

Trata-se de um estudo transversal, de natureza quantitativa. Foi executado em 15 (quinze) hospitais públicos com administração direta e 7 (sete) com administração indireta da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (SESAB), que aceitaram participar da pesquisa e forneceram, previamente, o cadastro com o quantitativo de enfermeiras, técnicas e auxiliares em enfermagem.

Para estimar o tamanho da população foi utilizado o software STATA versão 11 e consideraram-se as informações fornecidas pelos cadastros supracitados. Como a prevalência dos fenômenos estudados foi desconhecida (p=0,50), admitiu-se um erro amostral de 3% (d=0,03) sob o intervalo de confiança de 95% (α=0,05). O total de elementos em cada estrato correspondeu ao total de trabalhadores da enfermagem registrados nas organizações com gestão direta (n=7.140, sendo: 1.712 enfermeiras, 2.597 técnicas de enfermagem e 2.831 auxiliares) e nas organizações sob a gestão indireta (n=1.681, sendo: 436 enfermeiras, 1.160 técnicas de enfermagem e 85 auxiliares).

Foi calculada a distribuição da amostragem estratificada com alocação proporcional das trabalhadoras de acordo com o tipo de administração, categoria e vínculo, totalizando 265 enfermeiras (n=161 estatutárias e n=104 terceirizadas) e 810 técnicas e auxiliares em enfermagem (n= 597 estatutárias e n= 213 terceirizadas).

A coleta dos dados ocorreu entre março de 2016 a fevereiro de 2017, realizada pelas pesquisadoras e bolsistas do grupo de pesquisa. A técnica utilizada para a coleta de dados foi o inquérito por meio de questionário com 96 perguntas divididas em sete sessões: I. Características sociodemográficas; II. Informações sobre outros vínculos de trabalho; III. Informações sobre este trabalho; IV. Informações sobre processo de trabalho; V. Informações sobre condições de trabalho; VI. Informações sobre atividades domésticas e VII. Informações salariais. A elaboração do instrumento foi apoiada em extensa revisão de literatura, na experiência em serviço de enfermeiras que trabalham em organizações de saúde e a partir da leitura dos instrumentos utilizados em outras pesquisas.

A validação do instrumento foi realizada no período de janeiro a fevereiro de 2015 com 347 trabalhadoras de uma organização hospitalar externa à amostra e que possuía características semelhantes às esperadas nos campos de coleta. Observou-se a necessidade de adequar a redação de algumas questões para facilitar a compreensão da trabalhadora. O instrumento de coleta foi também validado em múltiplas oficinas das quais participaram enfermeiras expertises sobre o trabalho em enfermagem e trabalhadoras em enfermagem, com posterior orientação de profissional especializado em estatística.

A sistemática de seleção adotada foi a abordagem direta da trabalhadora(or) ativa(o) nos respectivos setores. Os critérios de inclusão foram: enfermeiras, técnicas e auxiliares em enfermagem com mais de 6 (seis) meses de trabalho(1212 Lahoz MA. Indicators of working conditions: perception of social actors. Ação Ergonômica. [Internet]. 2019 [cited Nov 4, 2019]; 13(1):163-85. Available from: http://www.abergo.org.br/revista/index.php/ae/article/view/400/731731759
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) na organização de saúde, bem como ter capacidade de responder as questões, ou seja, compreender o que está sendo perguntado, dado que essa capacidade não se revela, necessariamente, pelo nível de escolaridade.

Para análise dos dados utilizou-se a Análise Fatorial Exploratória (AFE), que permite a redução de dados, buscando-se as variáveis latentes (fatores) que tenham poder explicativo relevante para o objeto de estudo. Os principais motivos para o uso da AFE é a validação dos resultados de uma avaliação e o desenvolvimento de uma teoria, tendo em vista que essa técnica apreende o constructo e a síntese de suas relações, resultando em fatores que podem ser usados em outras análises(1313 Damasio BF. Use of exploratory factorial analysis in psychology. Aval Psicol. [Internet]. 2012 [cited Dec 4, 2018];11(2):213-28. Available from: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/avp/v11n2/v11n2a07.pdf
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/avp/v11n2/...
).

Para o uso da AFE foram desenvolvidas as seguintes etapas: 1. Com base no estudo sobre tipologias da precarização do trabalho(1111 Druck G. Labor, precarization and resistances: old and new challenges? Cad CRH. 2011; 24(spe 01):37-57. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-49792011000400004
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) foram alocadas variáveis no constructo intensidade do trabalho, construindo uma matriz de fatoração; 2. A matriz foi submetida à fatoração segundo categoria de trabalhadora e tipo de vínculo de trabalho. Realizou-se o teste Kaiser Maeyer-Olkin (KMO), com escore global 0.8307 para enfermeiras e de 0.8794 para técnicas e auxiliares. Foi utilizado o Coeficiente Alfa de Cronbach para validar a consistência interna das variáveis, sendo o escore global para a matriz das enfermeiras de 0.8822 e para a matriz das técnicas e auxiliares de 0.8839, o que demonstra forte homogeneidade entre as respostas.

Para a extração dos fatores, utilizou-se o screetest. Prosseguiu-se com a rotação fatorial, com ponto de corte da carga fatorial de 0.40. Posteriormente foram testadas duas formas de rotação fatorial ortogonal, com o método varimax e obliqua, com o método promax, com 4, 5 e 6 fatores cada uma, respectivamente. A decisão de uso da matriz com 4, 5 ou 6 fatores, e se esses deveriam ser dependentes ou independentes, coube às pesquisadoras responsáveis pelo estudo.

Após a fatoração, do total das 96 variáveis iniciais permaneceram 11 na matriz das enfermeiras e 13 na matriz das técnicas e auxiliares em enfermagem para o constructo Intensidade do trabalho.

Para avaliar a contribuição das variáveis na explicação do constructo intensidade do trabalho foi calculada a carga fatorial; já para verificar como a intensidade do trabalho contribuía para o constructo precarização do trabalho calculou-se o eigenvalue, a difference, proporção de explicação, cumulative e o uniqueness. Essas matrizes foram debatidas e avaliadas em seis momentos com expertises sobre trabalho em enfermagem, precarização do trabalho, epidemiologia e estatística.

Após a definição da matriz da intensidade do trabalho pela organização do processo de trabalho, calculou-se a mediana, quartil 1 (Q1) e quartil 3 (Q3), para analisar as respostas das trabalhadoras. Foi utilizada a escala Likert na qual as alternativas eram: 1 = nunca, 2 = raramente, 3 = algumas vezes, 4 = frequentemente e 5 = sempre.

Para observar como a intensidade do trabalho distribuía-se por tipo de vínculo e por categoria de trabalhadora, criou-se um escore que abarca de -1 a +1 desvio padrão (dp) dos dados e utilizou-se o teste Exato de Fisher (0,05 <p≤0,10) para o cálculo da significância entre os grupos de acordo com o vínculo de trabalho. Desse modo, a categoria intensidade do trabalho pela organização do processo de trabalho pode apresentar três escores: <=-1 dp baixa intensidade; > -1dp a < + 1dp intensidade intermediária; >+1dp alta intensidade.

A pesquisa obedeceu aos preceitos éticos emanados na Resolução n. 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e foi apreciada, bem como aprovada pelo Comitê de Ética da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, parecer número 398.772/2013.

Resultados

As participantes do estudo são maioria do sexo feminino (enfermeiras: 90,1%, técnicas e auxiliares: 86,9%), concentradas na faixa etária de 31 a 55 anos (enfermeiras: 76,9%, técnicas e auxiliares: 82,9%), com tempo de experiência na profissão entre 6 a 15 anos (enfermeiras: 79,8%, técnicas e auxiliares: 48,1%) e com maior proporção na raça/cor negra (enfermeiras: 83,9%, técnicas e auxiliares: 91,3%).

O cálculo da proporção demonstra que a intensidade do trabalho contribui com 51,2% da explicação da precarização do trabalho, para as técnicas e auxiliares em enfermagem (Eingevalue: 7.75547; Difference: 5.87457; Cumulative: 0.5198). Para as enfermeiras, essa proporção é de 13,0% (Eingevalue: 2.06570; Difference: 0.20992; Cumulative: 0.5974).

Na Tabela 1 nota-se que para técnicas e auxiliares em enfermagem as variáveis relacionadas com a execução do trabalho assistencial são as que apresentam a maior carga fatorial. Algumas variáveis apresentam carga fatorial negativa, o que indica um impacto reverso no fator, ou seja, embora presentes no cotidiano do trabalho não são consideradas relevantes para a intensidade do trabalho.

Tabela 1
Carga Fatorial, Quartis (Q1* * Q1 = Quartil 1; e Q3 Q3 = Quartil 3 ) e medianas das variáveis da intensidade do trabalho, técnicas e auxiliares em enfermagem (n=810). Bahia, Brasil, 2016-2017

Observa-se que os quartis para as técnicas e auxiliares em enfermagem apresentaram diferença em duas variáveis quando comparados os grupos de trabalhadoras estatutárias e terceirizadas. Na variável assume múltiplas atribuições devido à escassez de pessoal o Q3 é mais elevado entre as estatutárias (5=sempre) do que entre as terceirizadas (4=frequentemente). A variável assiste mais pacientes do que é capaz o Q3 é mais elevado (5=sempre) para o grupo das terceirizadas do que as estatutárias (4=frequentemente) (Tabela 1).

Para as enfermeiras, a maior carga fatorial está na variável que se relaciona com a pressão de tempo para a execução das tarefas, ou seja, as enfermeiras percebem que tem menos tempo para executar cada vez mais tarefas (Tabela 2).

Tabela 2
Carga Fatorial, Quartis (Q1* * Q1= Quartil 1; e Q3 Q3 = Quartil 3 ) e medianas das variáveis de intensidade do trabalho, enfermeiras (n=265). Bahia, Brasil, 2016-2017

As diferenças de respostas entre os grupos das estatutárias e terceirizadas são expressas em seis variáveis. Quanto à variável ritmo de trabalho a mediana das respostas das trabalhadoras estatutárias foi 5 (sempre), enquanto para as terceirizadas foi 4 (frequentemente).

Na variável trabalho exige mais do que pode fazer, o Q1 para as enfermeiras estatuárias foi 2 (raramente), enquanto para as enfermeiras terceirizadas foi 3 (algumas vezes). Entre as estatutárias, a variável assumir múltiplas atribuições devido à escassez de pessoal é uma condição que ocorre raramente (2) para 25% das trabalhadoras. Entre as enfermeiras terceirizadas essa mesma condição ocorre algumas vezes (Q1=3).

A supervisão de mais trabalhadoras do que é capaz nunca ocorre para 25% das estatutárias (Q1=1), enquanto para as terceirizadas isso ocorre raramente (Q1=2). Para 75% (Q3) das estatutárias, as tarefas são frequentemente interrompidas antes que possam concluí-las; já para as terceirizas isso ocorre algumas vezes (Q3=3). Raramente (Mediana = 2) as enfermeiras estatutárias pausam para descansar durante o trabalho, enquanto entre as enfermeiras terceirizadas a mediana das respostas é de algumas vezes (3).

Quanto ao escore da variável precarização pela intensidade pela organização do processo de trabalho (Tabela 3), não se observa diferença estatisticamente significante entre as proporções dos grupos de estatutárias e terceirizadas para as técnicas e auxiliares (p=0,431). Contudo, ao se analisar proporções, nota-se que as trabalhadoras terceirizadas concentram-se mais nos estratos intermediário (62,0%) e alto (21,6%) do que as técnicas e auxiliares estatutárias (intermediário = 60,5% e alto = 19,3%).

Tabela 3
Escore da intensidade do trabalho de técnicas e auxiliares em enfermagem, segundo tipo de vínculo. Bahia, Brasil, 2016-2017

Também, não se observa diferença estatisticamente significante entre as proporções dos grupos de enfermeiras estatutárias e terceirizadas (p=0,449) para o escore da intensidade do trabalho (Tabela 4). No entanto, as enfermeiras estatutárias concentram-se em maior proporção no estrato alto da intensidade do trabalho (21,7%) do que as enfermeiras terceirizadas (15,4%).

Tabela 4
Escore da intensidade do trabalho de enfermeiras, segundo tipo de vínculo. Bahia, Brasil, 2016-2017

Discussão

Segundo o conceito de intensidade(22 Dal Rosso S, Cardoso ACM. Intensity of work: conceptual and methodological questions. Soc Estado. 2015; 30(3): 631-50. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922015.00030003
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922015...
) assumido neste artigo, as trabalhadoras utilizam a sua força de trabalho para sanar os déficits e constrangimentos da organização de saúde, de modo a viabilizar a continuidade da assistência, evidenciando a intensidade do trabalho ao qual estão submetidas.

As matrizes sobre intensidade do trabalho revelam a posição distinta que cada trabalhadora ocupa no processo de trabalho. Para técnicas e auxiliares em enfermagem, as variáveis relacionadas com a assistência direta ao usuário foram as que obtiveram a maior carga fatorial. Com isso, essas trabalhadoras estão propensas ao adoecimento por alta carga de trabalho, bem como a cometerem erros assistências(1414 Mendes JR, Lopes MCB, Vancini-Campanharo CR, Okuno MFP, Batista REA. Types and frequency of errors in the preparation and administration of drugs. Einstein. 2018; 16(3): 41-6. doi: http://dx.doi.org/10.1590/s1679-45082018ao4146
http://dx.doi.org/10.1590/s1679-45082018...
-1515 Souza CS, Tomaschewski-Barlem JG, Rocha LP, Barlem ELD, Silva TL, Neutzling BRS. Patient safety culture in intensive care units: perspective of health professionals. Rev Gaúcha Enferm. 2019; 40(spe):1-9. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1983-1447.2019.20180294
http://dx.doi.org/10.1590/1983-1447.2019...
).

Para as enfermeiras as variáveis refletiram a posição gerencial-assistencial que essa ocupa no processo de trabalho em enfermagem. A intensidade do trabalho para enfermeiras causa impacto na tomada de decisão, comprometendo a parte gerencial de seu trabalho. Ademais, a execução de atividades assistenciais e gerenciais ao mesmo tempo faz com que as enfermeiras percebam, em maior proporção, a intensidade do seu trabalho(1616 Steege LM, Pinekenstein BJ, Rainbow JG, Arsenault Knudsen É. Addressing Occupational Fatigue in Nurses: Current State of Fatigue Risk Management in Hospitals. J Nurs Adm. 2017;47(9):426-33. doi: http://dx.doi.org/10.1097/NNA.0000000000000509
http://dx.doi.org/10.1097/NNA.0000000000...
-1717 Udod SA, Cummings G, Care WD, Jenkins M. Impact of Role Stressors on the Health of Nurse Managers: A Western Canadian Context. J Nurs Adm. 2017;47(3):159-64. doi: http://dx.doi.org/10.1097/NNA.0000000000000459
http://dx.doi.org/10.1097/NNA.0000000000...
).

A intensidade do trabalho é uma das nuances da sua precarização social, que tem por objetivo a dominação do trabalhador pelo medo(1111 Druck G. Labor, precarization and resistances: old and new challenges? Cad CRH. 2011; 24(spe 01):37-57. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-49792011000400004
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-49792011...
), através das novas demandas do modelo de produção em voga - o toyotista- que prega a polivalência, a multifuncionalidade e a flexibilidade. No atual contexto, ser flexível e multifuncional significa aceitar mudanças em curto prazo, ser ágil para cumprir demandas do empregador, assumir riscos, não se basear em normas e regulamentos para a negociação no trabalho, estar o tempo todo disponível seja para cumprir demandas ou para se qualificar para o mercado, utilizando o seu tempo livre(11 Cardoso ACM. D Right and obligation to disconnection striving for working and non-working time. Rev UFMG. 2016; 23(1,2): 62-85. doi: http://dx.doi.org/10.35699/2316-770X.2016.2756
http://dx.doi.org/10.35699/2316-770X.201...
,33 Cardoso ACM. Organization and intensification of working time. Soc Estado. 2013; 28(2): 351-74. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922013000200009
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922013...
). Com isso, a intensidade do trabalho somada à vulnerabilidade das novas formas de contratação, condições de trabalho insalubres e perda de direitos trabalhistas amplia e reforça a precarização social do trabalho.

Estudos do campo da sociologia revelam que a precarização do trabalho não se dá, igualmente, entre os trabalhadores. Mulheres, negros e negras, jovens, bem como trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas estão mais vulneráveis à precarização; logo são mais submetidas e submetidos à intensidade do trabalho(1111 Druck G. Labor, precarization and resistances: old and new challenges? Cad CRH. 2011; 24(spe 01):37-57. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-49792011000400004
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-49792011...
,1818 Druck G. Unrestrained outsourcing in Brazil: more precarization and health risks for workers. Cad Saúde Pública. 2016; 32(6):1-9. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00146315
http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00146...
).

As variáveis relacionadas à intensidade do trabalho identificadas neste estudo demonstram que a polivalência e a flexibilidade são características hodiernas do trabalho em enfermagem nos hospitais públicos da Bahia/Brasil. Contudo, estudos realizados em outros países(1919 Basu H. Deregulation, workplace, and women: Nurses in private health care in India. Asian Soc Work Policy Rev. 2019; 13(2): 179-88. doi: http://dx.doi.org/10.1111/aswp.12168
http://dx.doi.org/10.1111/aswp.12168 ...

20 Sierakowska M, Doroszkiewicz H, Kondzior D, Klimaszewska K, Jemieljańczuk Z, Dolińska C. Prevention of the musculoskeletal system’s dysfunction based on the example of Prevention Program of Spinal Pain Syndrome in Nursing Staff. Medycyna Pracy. 2019; 70(2):189-99. doi: http://dx.doi.org/10.13075/mp.5893.00801
http://dx.doi.org/10.13075/mp.5893.00801...

21 Cañadas-De la Fuente GA, Albendín-García L, Cañadas GR, San Luis-Costas C, Ortega-Campos E, de la Fuente-Solana EI. Nurse burnout in critical care units and emergency departments: Intensity and associated factors. Emergencias. [Internet]. 2018 [cited Nov 15, 2018];30(5):328-31. Available from:http://emergencias.portalsemes.org/numeros-anteriores/volumen-30/numero-5/nurse-burnout-in-critical-care-units-and-emergency-departments-intensity-and-associated-factors/english/
http://emergencias.portalsemes.org/numer...

22 Silva-Santos H, Araújo-dos-Santos T, Alves AS, Silva MN, Costa HOG, Melo CMM. Error-producing conditions in nursing staff work. Rev Bras Enferm. 2018; 71(4):1858-64. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0192
http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017...
-2323 Aiken LH, Clarke SP, Sloane DM, Sochalski J, Silber JH. Hospital nursing staffing and patient mortality, nurse burnout, and job disssatisfaction. JAMA. 2002; 288(16):1987-93.doi: http://dx.doi.org/10.1001/jama.288.16.1987
http://dx.doi.org/10.1001/jama.288.16.19...
) evidenciam que a intensidade do trabalho é um fenômeno global, sendo a polivalência no trabalho a sua principal característica.

Dentre os fatores que intensificam o trabalho em enfermagem, destaca-se o subdimensionamento de pessoal, que “tornou-se modus operandi ‘naturalizado’ de todas as instituições”(44 Souza HS, Mendes AN. Outsourcing and “dismantling” of steady jobs at hospitals. Rev Esc Enferm USP. 2016; 50(2):284-91. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420160000200015
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).. Isso revela a adoção da flexibilidade na racionalização do trabalho em Enfermagem, ou seja, o número de pacientes, o grau de complexidade e, consequentemente, os procedimentos de cuidado requeridos são executados por uma quantidade de profissionais sempre abaixo do necessário(44 Souza HS, Mendes AN. Outsourcing and “dismantling” of steady jobs at hospitals. Rev Esc Enferm USP. 2016; 50(2):284-91. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420160000200015
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).

O subdimensionamento das trabalhadoras, associado com as variáveis que revelam a polivalência, coloca em risco não só a saúde da trabalhadora, mas o próprio usuário. A análise dos processos éticos arquivados no Conselho Regional de Enfermagem da Bahia demonstrou que, todas as vezes que uma trabalhadora cometeu um erro, a intensidade do trabalho provocada pelo subdimensionamento era fator causal(2222 Silva-Santos H, Araújo-dos-Santos T, Alves AS, Silva MN, Costa HOG, Melo CMM. Error-producing conditions in nursing staff work. Rev Bras Enferm. 2018; 71(4):1858-64. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0192
http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017...
). Estudo americano sobre o impacto da intensidade e subdimensionamento na segurança do paciente revelou que a cada paciente adicional internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) investigada gerou sobrecarga de trabalho para a enfermeira, aumentando em 7% a probabilidade de um paciente morrer(2323 Aiken LH, Clarke SP, Sloane DM, Sochalski J, Silber JH. Hospital nursing staffing and patient mortality, nurse burnout, and job disssatisfaction. JAMA. 2002; 288(16):1987-93.doi: http://dx.doi.org/10.1001/jama.288.16.1987
http://dx.doi.org/10.1001/jama.288.16.19...
).

Nesse contexto de trabalho subdimensionado, em que a trabalhadora precisa ser polivalente, aparecem outras características da organização do trabalho no modelo toyotista. O ritmo e a pressão intensa em relação ao tempo aumentam a produtividade no trabalho, o que sempre foi o objetivo do controle de tempo no modo de produção capitalista(11 Cardoso ACM. D Right and obligation to disconnection striving for working and non-working time. Rev UFMG. 2016; 23(1,2): 62-85. doi: http://dx.doi.org/10.35699/2316-770X.2016.2756
http://dx.doi.org/10.35699/2316-770X.201...

2 Dal Rosso S, Cardoso ACM. Intensity of work: conceptual and methodological questions. Soc Estado. 2015; 30(3): 631-50. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922015.00030003
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922015...
-33 Cardoso ACM. Organization and intensification of working time. Soc Estado. 2013; 28(2): 351-74. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922013000200009
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).

Para as trabalhadoras estatutárias, cuja venda da força de trabalho não gera lucro, esse aumento de produtividade faz com que as enfermeiras, técnicas e auxiliares atendam uma demanda elevada de trabalho, ainda que nem sempre tenham as condições necessárias para isso sanando, em parte, os constrangimentos do Estado na oferta dos serviços hospitalares(1111 Druck G. Labor, precarization and resistances: old and new challenges? Cad CRH. 2011; 24(spe 01):37-57. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-49792011000400004
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-49792011...
,1818 Druck G. Unrestrained outsourcing in Brazil: more precarization and health risks for workers. Cad Saúde Pública. 2016; 32(6):1-9. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00146315
http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00146...
).

Para as trabalhadoras terceirizadas, cuja venda da força de trabalho gera mais valia às empresas que as terceirizam, o aumento da produtividade somado ao subdimensionamento de trabalhadoras permite aumentar o lucro das empresas(1111 Druck G. Labor, precarization and resistances: old and new challenges? Cad CRH. 2011; 24(spe 01):37-57. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-49792011000400004
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,1818 Druck G. Unrestrained outsourcing in Brazil: more precarization and health risks for workers. Cad Saúde Pública. 2016; 32(6):1-9. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00146315
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), visto que não contratam o quantitativo necessário de enfermeiras, técnicas e auxiliares e, ainda assim, conseguem extrair mais trabalho, atingindo as metas pactuadas com o Estado - o seu contratante.

Entretanto, estudo sobre a terceirização do serviço de enfermagem em hospital público iraniano revela o não alcance da eficiência nos resultados do trabalho, sobretudo porque após a terceirização houve o aumento nos custos por leito, registrou-se queda na produtividade e variação positiva da satisfação dos usuários inferior a 1%(2424 Ferdosi M, Farahabadi E, Mofid M, Rejalian F, Haghighat M, Naghdi P. Evaluation of Outsourcing in Nursing Services: A Case Study of Kashani Hospital, Isfahan in 2011. Materia Socio-Medica. 2013; 25(1):37-9. doi: http://dx.doi.org/10.5455/msm.2013.25.37-39
http://dx.doi.org/10.5455/msm.2013.25.37...
).

Todas as variáveis analisadas podem determinar o desgaste físico e emocional de enfermeiras, técnicas e auxiliares, o que também pode explicar o desejo manifesto dessas trabalhadoras em abandonar a profissão(2525 Lee YW, Dai YT, Park CG, McCreary LL. Predicting quality of work life on nurses intention to leave. J Nurs Scholarship. 2013; 45(2):160-8. doi: http://dx.doi.org/10.1111/jnu.12017
http://dx.doi.org/10.1111/jnu.12017...
), o adoecimento(2626 Nogueira LS, Sousa RMC, Guedes ES, Santos MA, Turrini RNT, Cruz DALM. Burnout and nursing work environment in public health institutions. Rev Bras Enferm. 2018;71(2):336-42. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0524
http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016...
-2727 Guirardello EB. Impact of critical care environment on burnout, perceived quality of care and safety attitude of the nursing team. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2017;25:e2884. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.1472.2884
http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.1472...
) e/ou o erro no trabalho(2222 Silva-Santos H, Araújo-dos-Santos T, Alves AS, Silva MN, Costa HOG, Melo CMM. Error-producing conditions in nursing staff work. Rev Bras Enferm. 2018; 71(4):1858-64. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0192
http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017...
,2828 Bae SH, Fabry D. Assessing the relationships between nurse work hours/overtime and nurse and patient outcomes: systematic literature review. Nurs Outlook. 2014;62:138-56. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.outlook.2013.10.009
http://dx.doi.org/10.1016/j.outlook.201...
).

A semelhança das respostas nos Quartis e mediana, assim como a não existência de diferença estatística no escore da intensidade do trabalho entre enfermeiras, técnicas e auxiliares estatutárias e terceirizadas demonstra que, independentemente do tipo de vínculo, a intensidade é um fato para todas as trabalhadoras no campo. Alguns estudos da sociologia do trabalho(2929 Carvalho LV, Bridi MA. Work and inequality: the outsourcing and their effects on workers. Rev ABET. [Internet]. 2015 [cited Out 20, 2018];14(1):99-113. Available from:http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/abet/article/view/25703
http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/...

30 Druck G. The outsourcing in public health: various forms of precarization of labor. Trab Educ Saúde. 2016;14(supl. 1):15-43. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1981-7746-sol00023
http://dx.doi.org/10.1590/1981-7746-sol0...
-3131 Valle K, Leite JL. Admirable new world: precarization / intensification of the work on the public employee. Temporalis. 2016; 15(30):161-82. doi: http://dx.doi.org/10.22422/2238-1856.2015v15n30p161-182
http://dx.doi.org/10.22422/2238-1856.201...
) revelam que trabalhadores terceirizados estão mais vulneráveis à intensidade do trabalho do que os não terceirizados; contudo, isso não foi observado nesta pesquisa.

Como limite do estudo registra-se o período de coleta extenso, devido às condições do campo de pesquisa e o fato de ter sido realizado apenas em hospitais públicos.

Destaca-se como avanço para o conhecimento científico para o campo da enfermagem a abordagem da intensidade do trabalho como elemento central da precarização do trabalho, revelando que esta é distinta para cada uma das três categorias de trabalhadoras, necessitando assim de estudos específicos sobre o trabalho e a intensidade, de acordo com a categoria profissional.

Conclusão

Para as trabalhadoras em enfermagem de hospitais públicos da Bahia a intensidade do trabalho foi revelada por meio das variáveis relacionadas ao subdimensionamento de trabalhadoras, polivalência e flexibilidade na execução de tarefas e atividades.

Os resultados das cargas fatoriais demonstram que as variáveis da intensidade do trabalho ocorrem de forma distinta entre as categorias profissionais, guardando relação com o trabalho executado. Assim, para as técnicas e auxiliares em enfermagem são as variáveis relacionadas à execução direta da assistência que mais intensificam o trabalho, enquanto para as enfermeiras são as variáveis vinculadas à gestão do processo de trabalho.

A inexistência de diferença estatística significante entre os grupos de trabalhadoras terceirizadas e estatutárias para o escore da precarização por intensidade do trabalho revela que enfermeiras, técnicas e auxiliares em enfermagem estão submetidas à essa condição nos hospitais do Sistema Único de Saúde.

Sendo a intensidade do trabalho uma das nuances da precarização, esta será mais evidente à medida que o trabalho seja mais precarizado. Para o exercício em enfermagem significa jornada elevada, baixos salários mas, também, subdimensionamento, polivalência e flexibilização do trabalho.

  • *
    Artigo extraído da tese de doutorado “Precarização do trabalho em enfermagem em hospitais públicos da Bahia: 2015-2017”, apresentada à Universidade Federal da Bahia, Escola de Enfermagem, Salvador, BA, Brasil. Apoio Financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia, Edital PPSUS 020/2013, Brasil.

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Editado por

Editora Associada: Maria Lúcia do Carmo Cruz Robazzi

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Maio 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    28 Nov 2018
  • Aceito
    07 Fev 2020
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