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Prevenção da autolesão não suicida: construção e validação de material educativo* * *Este artigo refere-se à chamada temática “Saúde dos adolescentes e o papel do enfermeiro”. Editado pela Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil. A publicação deste suplemento foi apoiada pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS). Os artigos passaram pelo processo padrão de revisão por pares da revista para suplementos. As opiniões expressas neste suplemento são exclusivas dos autores e não representam as opiniões da OPAS/OMS. Artigo extraído da tese de doutorado “Desenvolvimento e validação de material educativo sobre autolesão não suicida para profissionais de saúde”, apresentada à Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil. O presente trabalho foi realizado com apoio da Comissão de Cultura e Extensão Universitária da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, 4º Edital CCEx-EERP-USP de Fomento às Iniciativas de Cultura e Extensão nº 02/2020, Processo 20.1.00496.22.9, Brasil.

Resumo

Objetivo:

elaborar e validar um material educativo para fortalecer a assistência em saúde aos adolescentes sobre a autolesão não suicida.

Método:

pesquisa metodológica delineada em três etapas: (1) construção do material a partir de estudo misto sobre necessidades ligadas à temática por meio das redes sociais e uma revisão guarda-chuva sobre a assistência relacionada à autolesão não suicida; (2) validação com 10 especialistas em saúde mental e/ou violência autoprovocada selecionados pela Plataforma Lattes; (3) avaliação pelo público-alvo, sendo convidados profissionais de saúde, sem restrição de formação. A coleta dos dados de validação e avaliação foi realizada por um questionário sociodemográfico e o Suitability Assessment of Materials for evaluation of health-related information for adults. Foi empregada a estatística descritiva, índice de validade de conteúdo e o teste AC1 de Gwet.

Resultados:

o material obteve boa aceitação geral e confiabilidade na validação pelos especialistas (AC1=0,633; p=0,0000) e na avaliação pelo público-alvo (AC1=0,716; p=0,0000). Todos os profissionais apontaram a contribuição pessoal e potencial educativo do material.

Conclusão:

destaca-se a construção de material educativo embasado em ciência para o fortalecimento da assistência aos adolescentes com autolesão não suicida.

Descritores:
Autolesão Não Suicida; Assistência à Saúde Mental; Adolescência; Enfermagem Psiquiátrica; Pesquisa Metodológica em Enfermagem; Capacitação de Recursos Humanos em Saúde

Abstract

Objective:

to develop and validate educational material to strengthen adolescent health care on non-suicidal self-injury.

Method:

methodological research designed in three stages: (1) construction of the material based on a mixed study on needs related to the theme through social networks and an umbrella review on health care related to non-suicidal self-injury; (2) validation with 10 experts in mental health and/or self-inflicted violence selected through the Lattes Platform; (3) evaluation by the target public, with health professionals being invited, without restriction of training. Validation and evaluation data were collected by using a sociodemographic questionnaire and the Suitability Assessment of Materials for evaluation of health-related information for adults. We used descriptive statistics, content validity index, and Gwet’s AC1 test.

Results:

the material obtained good general acceptance and reliability in the validation by the experts (AC1= 0.633; p=0.0000) and in the evaluation by the target public (AC1=0.716; p=0.0000). All professionals pointed out the personal contribution and educational potential of the material.

Conclusion:

we highlight the construction of science-based educational material to strengthen the health care for adolescents with non-suicidal self-injury.

Descriptors:
Self-Injurious Behavior; Mental Health Assistance; Adolescent; Psychiatric Nursing; Nursing Methodology Research; Health Human Resource Training

Resumen

Objetivo:

elaborar y validar un material educativo para fortalecer la asistencia en salud a los adolescentes sobre la autolesión no suicida.

Método:

investigación metodológica delineada en tres etapas: (1) Construcción del material a partir de un estudio mixto sobre las necesidades vinculadas al tema por medio de las redes sociales y una revisión paraguas sobre la asistencia relacionada con la autolesión no suicida; (2) validación con 10 especialistas en salud mental y/o violencia autoprovocada seleccionados por la Plataforma Lattes; (3) Evaluación por parte del público objetivo, siendo invitados profesionales de salud, sin restricción de formación. La recolección de los datos de validación y evaluación fue realizada por un cuestionario sociodemográfico y el Suitability Assessment of Materials for evaluation of health-related information for adults. Se empleó la estadística descriptiva, el índice de validez de contenido y el test AC1 de Gwet.

Resultados:

el material obtuvo una buena aceptación general y confiabilidad en la validación por parte de los especialistas (AC1=0,633; p = 0,0000) y en la evaluación por el público objetivo (AC1 = 0,716; p=0,0000). Todos los profesionales señalaron la contribución personal y el potencial educativo del material.

Conclusión:

se destaca la construcción de material educativo basado en ciencia para fortalecer la asistencia a los adolescentes con autolesión no suicida.

Descriptores:
Conducta Autodestructiva; Atención a la Salud Mental; Adolescente; Enfermería Psiquiátrica; Investigación Metodológica en Enfermería; Capacitación de Recursos Humanos en Salud

Destaques:

(1) Construção baseada em dados científicos de material educativo para prevenção da autolesão não suicida (ALNS). (2) Aceitação geral e confiabilidade na validação do material por especialistas. (3) Aceitação e confiabilidade na avaliação do material por profissionais de saúde. (4) Disseminação de material para iniciativas de educação em saúde para prevenção da ALNS.

Introdução

A autolesão não suicida (ALNS), popularmente conhecida como automutilação, é considerada um comportamento intencional e autodirigido de agressão, sem intenção consciente de suicídio e por razões não aceitas socialmente ou culturalmente11. Poudel A, Lamichhane A, Magar KR, Khanal GP. Non suicidal self injury and suicidal behavior among adolescents: co-occurrence and associated risk factors. BMC Psychiatry. 2022;22(1):96. https://doi.org/10.1186/s12888-022-03763-z
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2. Liu RT, Sheehan AE, Walsh RFL, Sanzari CM, Cheek SM, Hernandez EM. Prevalence and correlates of non-suicidal self-injury among lesbian, gay, bisexual, and transgender individuals: a systematic review and meta- analysis. Clin Psychol Rev. 2019;74:101783. https://doi.org/10.1016/j.cpr.2019.101783
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3. Taylor PJ, Jomar K, Dhingra K, Forrester R, Shahmalak U, Dickison JM. A meta-analysis of the prevalence of different functions of nonsuicidal self-injury. J Affect Disord. 2018;227:759-69. https://doi.org/10.1016/j.jad.2017.11.073
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-44. Mchugh CM, Sze R, Lee C, Hermens DF, Corderoy A, Large M, et al. Impulsivity in the self-harm and suicidal behavior of young people: a systematic review and meta-analysis. J Psychiatr Res. 2019;116:51-60. https://doi.org/10.1016/j.jpsychires.2019.05.012
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. É um comportamento multifatorial que acomete, em especial, adolescentes a partir de 11 a 13 anos de idade e possui importantes repercussões emocionais, físicas e sociais, a curto e a longo prazo55. Chang TH, Yu CH, Yiang GT, Chang HY, Sim JY. Characteristics of children and adolescents presenting to the emergency department with self-inflicted injury: Retrospective analysis of two teaching hospitals. Pediatr Neonatol. 2022;63(2):131-8.-66. Knipe D, Padmanathan P, Newton-Howes G, Chan LF, Kapur N. Suicide and self-harm. Lancet. 2022;399(10338):1903-16. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(22)00173-8
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.

A ALNS pode ter várias funções ou finalidades e há a possibilidade de coexistência de múltiplas funções77. Taylor PJ, Jomar K, Dhingra K, Forrester R, Shahmalak U, Dickson JM. A meta-analysis of the prevalence of different functions of non-suicidal self- injury. J Affect Disord . 2018;227:759-69. https://doi.org/10.1016/j.jad.2017.11.073
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-88. Peel-Wainwright KM, Hartley S, Boland A, Rocca E, Langer S, Taylor PJ. The interpersonal processes of non-suicidal self-injury: a systematic review and meta-synthesis. Psychol Psychother. 2021;94(4):1059-82. https://doi.org/10.1111/papt.12352
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. As funções intrapessoais (ligadas à gestão ou alteração de um estado interno) são mais frequentes do que as funções interpessoais (relacionadas à comunicação de problemas ou influenciar meio externo)88. Peel-Wainwright KM, Hartley S, Boland A, Rocca E, Langer S, Taylor PJ. The interpersonal processes of non-suicidal self-injury: a systematic review and meta-synthesis. Psychol Psychother. 2021;94(4):1059-82. https://doi.org/10.1111/papt.12352
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. Tal achado enfatiza o sofrimento relacionado ao comportamento e a importância de evitar a banalização77. Taylor PJ, Jomar K, Dhingra K, Forrester R, Shahmalak U, Dickson JM. A meta-analysis of the prevalence of different functions of non-suicidal self- injury. J Affect Disord . 2018;227:759-69. https://doi.org/10.1016/j.jad.2017.11.073
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Adolescentes com ALNS relatam experiências negativas como incompreensão, julgamento, falta de empatia e credibilidade ao buscar assistência em saúde99. Naz A, Naureen A, Kiran T, Husain O, Minhas A, Razzaque B, et al. Exploring Lived Experiences of Adolescents Presenting with Self-Harm and Their Views about Suicide Prevention Strategies: A Qualitative Approach. Int J Environ Res Public Health. 2021;18(9):4694. https://doi.org/10.3390/ijerph18094694
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-1010. Hetrick SE, Subasinghe A, Anglin K, Hart L, Morgan A, Robinson J. Understanding the Needs of Young People Who Engage in Self-Harm: A Qualitative Investigation. Front Psychol. 2020;10:2916. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2019.02916
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. Profissionais de saúde também destacam a falta de capacitação formal, governabilidade e sentimento de despreparo para cuidar de adolescentes com ALNS1111. Babic MP, Bregar B, Radobuljac MD. The attitudes and feelings of mental health nurses towards adolescentes and young adults with nonsuicidal self-injuring behaviors. Child Adolesc Psychiatry Mental Health. 2020;14(37):1-10. https://doi.org/10.1186/s13034-020-00343-5
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. Estudo brasileiro realizado com profissionais de saúde e educação identificou banalização da ALNS, considerada não relevante como questão de saúde1212. Gabriel IM, Costa LC, Campeiz AB, Salim NR, Silva MAI, Carlos DM. Non-suicidal self-injury among adolescents: meanings for education and Primary Health Care professionals. Esc Anna Nery. 2020;24(4):e20200050. https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2020-0050
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. Pesquisadores também apontam uma assistência restritiva, sem vinculação no acompanhamento, além de uma abordagem terapêutica superficial e problemas de adesão1313. Griffiths R, Dawber A, McDougall T, Midgley S, Baker J. Non-restrictive interventions to reduce self-harm amongst children in mental health inpatient settings: Systematic review and narrative synthesis. Int J Mental Health Nurs. 2022;31(1):35-50. https://doi.org/10.1111/inm.12940
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14. Lee JI, Kim E, Kim HJ, Lee DH. Factors influencing the successful connection of deliberate self-injury patients to community-based mental health centers. Asian J Psychiatry. 2022;72:103088. https://doi.org/10.1016/j.ajp.2022.103088
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-1515. Liu BP, Lunde KB, Jia CX, Qin P. The short-term rate of non-fatal and fatal repetition of deliberate self-harm: a systematic review and meta-analisys of longitudinal studies. J Affect Dis. 2020;273:597-603. https://doi.org/10.1016/j.jad.2020.05.072
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. Destacam-se, ainda, fragilidades na notificação compulsória dos casos de ALNS. A subnotificação e o preenchimento incorreto da intencionalidade da violência autoprovocada comprometem gravemente a qualidade do registro dessa informação1616. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde (BR). Boletim epidemiológico [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2017 [cited 2022 Feb 08]. Available from: Available from: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/boletins-epidemiologicos/edicoes/2021/boletim_epidemiologico_svs_33_final.pdf
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.

Estudos apontam a importância de investir na formação profissional e na construção de diretrizes que possam nortear a assistência a adolescentes com autolesão não suicida1111. Babic MP, Bregar B, Radobuljac MD. The attitudes and feelings of mental health nurses towards adolescentes and young adults with nonsuicidal self-injuring behaviors. Child Adolesc Psychiatry Mental Health. 2020;14(37):1-10. https://doi.org/10.1186/s13034-020-00343-5
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,1717. Carter T, Latif A, Callaghan P, Manning JC. An exploration of predictors of children’s nurses’ attitudes, knowledge, confidence and clinical behavioural intentions towards children and young people who self-harm. J Clin Nurs. 2018;27(13-14):2836-46. https://doi.org/10.1111/jocn.14361
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. Pesquisa brasileira com graduandos de enfermagem identificou a relação da leitura de materiais educativos com atitudes mais positivas sobre a violência autoprovocada1818. Vedana KG, Zanetti ACG. Attitudes of nursing students toward to the suicidal behavior. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2019;27:e3116. https://doi.org/10.1590/1518-8345.2842.3116
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. Outra pesquisa australiana destacou a educação e formação para melhorar o conhecimento e as atitudes profissionais na Enfermagem, colaborando com resultados mais positivos no cuidado dos adolescentes que se autolesionam1919. Ngune I, Hasking P, McGough S, Wynaden D, Janerka C, Rees C. Perceptions of knowledge, attitude and skills about non-suicidal self-injury: a survey of emergency and mental health nurses. Int J Mental Health Nurs . 2020;30(3):635-42. https://doi.org/10.1111/inm.12825
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.

No Brasil, a produção de conteúdo textual sobre o comportamento desponta a partir de 2018, sendo, em sua maioria, cartilhas educativas para o público geral e trazendo o comportamento em segundo plano. Este estudo foi pautado na potencialidade da construção de material textual embasado em pesquisa metodológica para subsidiar a educação de profissionais da saúde para a qualificação da assistência aos adolescentes com ALNS. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi elaborar e validar um material educativo para fortalecer a assistência em saúde aos adolescentes sobre a autolesão não suicida.

Método

Este é um estudo metodológico para a construção de produtos com elevado rigor metodológico, validado por especialistas e avaliado pelo público ao qual se destina2020. Polit DF, Beck CT, Hungler BP. Fundamentos de pesquisa em enfermagem. 7. ed. Porto Alegre: Artmed; 2011.. Esta pesquisa atende as recomendações do Consolidated Criteria for Reporting Qualitative Research (COREQ) e seguiu as etapas descritas na Figura 1.

Figura 1
Delineamento das etapas metodológicas para o desenvolvimento, validação e avaliação do material educativo. Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2021

Construção do material educativo

O material educativo foi construído com base em dois estudos científicos, sendo o primeiro misto2121. Flick U. Uma introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman; 2007. e focado no levantamento de tópicos de interesse e necessidades sobre a temática a partir de postagens na rede social Twitter. No primeiro momento foram analisadas, de forma quantitativa, 6.302 postagens públicas sobre ALNS, em língua portuguesa, no período de setembro de 2016 até agosto de 2017. Posteriormente, foi realizada a análise temática2222. Braun V, Clark V. Using thematic analysis in psychology. Qualitative Res. 2006;3(2):77-101. de 663 postagens com conteúdo de incentivo à prática de ALNS. Os resultados oportunizaram a caracterização e identificação de temas relacionados à autolesão não suicida a partir de uma ferramenta contemporânea de discussão social.

O segundo estudo se constituiu em uma revisão guarda-chuva (Joanna Briggs Institute)2323. Aromataris E, Fernandez R, Godfrey C, Holly C, Khalil H, Tungpunkom P. Umbrella reviews [Internet]. In: Aromataris E, Munn Z, editors. JBI Manual for Evidence Synthesis. 2020 [cited 2022 May 13]. Available from: Available from: https://jbi-global-wiki.refined.site/space/MANUAL/4687363/Chapter+10%3A+Umbrella+reviews
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para identificação de melhores práticas para a prevenção e assistência profissional em saúde aos adolescentes com ALNS. Foram analisadas, de forma qualitativa, 73 revisões publicadas de 2011 a 2021 sobre a ALNS. Os resultados dos estudos foram disseminados em dois artigos científicos e nortearam, em conjunto com guidelines e legislação, a elaboração textual do conteúdo do material educativo. A construção visual teve suporte de duas acadêmicas em Design de Produtos de uma empresa júnior de uma instituição de ensino superior pública, além de uma ilustradora.

Validação e avaliação do material educativo

Os especialistas participantes do estudo foram selecionados por meio da Plataforma Lattes, em abril de 2021, a partir de duas buscas distintas com os termos “autolesão não suicida” e “capacitação em saúde mental” e filtro de nacionalidade “brasileira”. Os especialistas foram selecionados de acordo com critérios de expertise2424. Jasper MA. Expert: a discussion of the implications of the concept as used in nursing. J Adv Nurs. 1994;20(4):769-76. https://doi.org/10.1046/j.1365-2648.1994.20040769.x
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e deveriam atender a, no mínimo, um dos critérios a seguir: (1) mestrado ou doutorado concluídos sobre o tema; (2) orientação de trabalhos acadêmicos sobre a área de interesse; (3) experiência na docência na área; (4) palestras proferidas sobre o assunto em algum evento científico nacional ou internacional. Os especialistas que não retornaram à avaliação dentro do prazo estipulado de 30 dias foram considerados desistentes.

O público-alvo (profissionais de saúde) foi selecionado a partir da divulgação da pesquisa em redes sociais e e-mails institucionais. Foram convidados profissionais de saúde de nível superior, sem especificação de formação. Os profissionais que não retornaram à avaliação no tempo estipulado de 30 dias foram considerados desistentes.

Na coleta de dados foram empregados um questionário de caracterização (idade, sexo, formação, procedência e área de experiência: ALNS ou educação em saúde mental), bem como uma versão adaptada do instrumento Suitability Assessment of Materials for evaluation of health-related information for adults (SAM)2525. Souza CS, Turrini RNT, Poveda VB. Translation and adaptation of the instrument “Suitability Assessment of Materials” (SAM) into Portuguese. Rev Enferm UFPE On Line. 2015;9(5):7854-61. http://doi.org/10.5205/1981-8963-v9i5a10534p7854-7861-2015
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O SAM é composto por 22 questões distribuídas nas seguintes áreas: (1) conteúdo, (2) exigência de alfabetização, (3) ilustrações, (4) layout e apresentação, (5) estimulação/motivação para o aprendizado e (6) adequação cultural. Em cada item, a avaliação é realizada por escala do tipo Likert de três pontos (super adequado, adequado e não adequado), podendo ser interpretadas a análise global ou a análise isolada de cada item. A escolha do instrumento justifica-se por sua ampla utilização em estudos científicos, facilidade de compreensão dos itens e o tempo de aplicação2525. Souza CS, Turrini RNT, Poveda VB. Translation and adaptation of the instrument “Suitability Assessment of Materials” (SAM) into Portuguese. Rev Enferm UFPE On Line. 2015;9(5):7854-61. http://doi.org/10.5205/1981-8963-v9i5a10534p7854-7861-2015
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A coleta dos dados ocorreu em 2021 em dois momentos distintos, sendo os especialistas em julho e agosto e os profissionais de saúde em setembro. Os dados foram coletados a partir de mensagem explicativa com hiperlink para acesso ao Survey Monkey ® , que disponibilizou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), o questionário sociodemográfico, o material educativo (para o download) e o instrumento SAM.

Todos os dados foram organizados e tratados no Microsoft Excel 10 e, posteriormente, processados e analisados pelo software estatístico STATA. Para análise dos dados de caracterização foi realizada uma estatística descritiva simples. Para análise dos dados de avaliação do material educativo optou-se pela utilização do Índice de Validade de Conteúdo (IVC) com nível de aceitação em 80%. O IVC mede a proporção de concordância sobre um determinado aspecto do material avaliado2626. Alexandre NM, Colucci MZO. Content validity in the development and adaptation processes of measurement instruments. Cien Saude Colet. 2011;16(1):3061-8. https://doi.org/10.1590/S1413-81232011000800006
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Também foi utilizado o Teste AC1 de Gwet que permite mensurar o grau de concordância ou a confiabilidade da concordância obtida entre os avaliadores. Esse teste é robusto, comunicável, interpretável e não sensível a uma homogeneidade marginal, além de poder ser empregado com variáveis nominais, ordinais e com dados ausentes2727. McGray G. Assessing inter-rater agreement for nominal judgment variables. In: Proceedings of Language Testing Forum; 2013 Nov. 15-17; Notthingham, UK. Nottingham: University of Notthingham; 2013.. Para classificar a confiabilidade obtida foram adotados os parâmetros: confiabilidade pobre (menor ou igual a 0,20); justa (0,21 a 0,40); moderada (0,41 a 0,60); boa (0,61 a 0,80) e muito boa (maior que 0,81)2727. McGray G. Assessing inter-rater agreement for nominal judgment variables. In: Proceedings of Language Testing Forum; 2013 Nov. 15-17; Notthingham, UK. Nottingham: University of Notthingham; 2013..

A pesquisa foi apreciada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo (CEP/EERP-USP) sob o parecer n. 3.627.052 e CAAE 16843419.9.0000.5393.

Resultados

Construção

O material educativo “Autolesão não suicida: assistência e promoção de saúde mental” foi composto por 58 páginas, sendo subdividido em elementos pré-textuais (capa, ficha catalográfica, epígrafe, prefácio e sumário), sete capítulos que continham respostas às dúvidas frequentes sobre o assunto (definição, prevalência, grupos de risco), fortalecendo fatores de proteção (educação emocional, ampliação da educação social sobre a ALNS e saúde mental, redução de vulnerabilidades sociais e fortalecimento de políticas públicas), avaliação (acolhimento, características do comportamento, fatores de risco e proteção, motivações e funções, intencionalidade suicida, estratégias e recursos de apoio, internet e atualidade) e acompanhamento profissional (ações de cuidado, notificação compulsória e parental, intervenções socioemocionais, psicoterapia e farmacologia) ao adolescente com ALNS, rede de apoio (família, escola e internet), além de apêndices (plano de gestão de crises e estrutura para planos institucionais de prevenção da ALNS).

O material educativo foi originalmente distribuído de forma gratuita em versão digital por meio da editora Centro de Apoio Editorial (CAEd/EERP-USP) e do website InspirAção (www.inspiracao-leps.com.br). Conheça o material: http://www.eerp.usp.br/caed/ebook/6/

Validação por especialistas

Participaram da etapa de validação do material educativo 10 especialistas, sendo a maioria do sexo feminino (70%), com média de idade de 51,5 anos (dp=15,48, 29-68 anos) residindo na região Sudeste (70%) nos estados do Rio de Janeiro (30%), São Paulo (20%) e Minas Gerais (20%). Em relação à formação acadêmica, quatro eram psicólogos, três enfermeiros, dois médicos e um assistente social. A maioria com doutorado completo (90%), com experiência na temática autolesão não suicida (90%) ou educação em saúde mental (90%).

No que se refere à aceitação e concordância dos itens do material educativo, todos os itens alcançaram o critério mínimo de aprovação (IVC≥80%) (calculado a partir das somas das respostas adequado e regular). A maioria dos itens relacionados a propósito, conteúdo, contexto, nível de leitura, ilustrações, motivação e autoeficácia foram avaliados em 100% de adequação (IVC=1,0) (Tabela 1).

Tabela 1
Aceitação e concordância com os itens do material educativo na etapa de validação por especialistas (n=10). Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2021

Com relação à confiabilidade da concordância, o material educativo apresentou boa confiabilidade na avaliação geral. Os itens sobre o conteúdo e motivação apresentaram confiabilidade muito boa. As ilustrações, layout e cultura apresentaram boa confiabilidade. E o item linguagem apresentou uma confiabilidade moderada (Tabela 2).

Tabela 2
Confiabilidade da concordância da validação do material educativo por especialistas (n=10). Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2021

As principais sugestões estiveram relacionadas a três temas gerais: (1) clareza do vocabulário (uso do vocabulário e esclarecimento de termos menos comuns), (2) ALNS e assistência (definição operacional da ALNS, notificação e menção a grupos minoritários) e (3) edição (revisão gramatical e exemplos). Mesmo atingindo a aceitação mínima prevista (IVC=0,8), foram realizadas alterações na clarificação de termos menos usuais e implicações da associação do conselho tutelar para melhor compreensão.

Sobre o material educativo, os especialistas destacaram a importância do conteúdo para o cuidado em saúde de adolescentes com ALNS: O conteúdo destaca os pontos importantes para a ALNS (em relação ao adolescente e família) (A2). Além de informações importantes para a rede de apoio (familiares, escolas): O conteúdo é bem útil para pessoas que desejam ter informações sobre ALNS e quais os procedimentos necessários (A6).

Avaliação pelo público-alvo

Nessa etapa, 75 profissionais de saúde aceitaram participar da pesquisa de avaliação do material educativo. Entretanto, 30 profissionais da saúde (40%) finalizaram a avaliação do material educativo. A maioria dos profissionais era do sexo feminino (90%), branca (80%), com média de idade de 36,9 anos (dp=13,1, 23-68 anos) residindo na região Sudeste (96,7%) nos estados de São Paulo (80%), Minas Gerais (16,7%) e Rio de Janeiro (3,3%). Ribeirão Preto (SP) foi a cidade com mais participantes (46,7%), seguida de Divinópolis (MG) (10,0%) e São Paulo (SP) (6,7%).

A maioria dos profissionais era graduada em Enfermagem (60,0%) e tinha mestrado (43,3%). A maioria referiu não ter formação prévia sobre a autolesão não suicida (73,3%), mas ter tido experiência profissional relacionada ao assunto (63,3%).

Todos os itens do material educativo atingiram os critérios mínimos de aprovação (IVC≥80%) na avaliação pelos profissionais de saúde. Todos os itens atingiram validade de aceitação dos profissionais de saúde acima de 90% (Tabela 3).

Tabela 3
Aceitação e concordância com os itens na etapa de avaliação do material pelo público-alvo (n=30). Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2021

Com relação à confiabilidade da concordância, o material educativo apresentou boa confiabilidade na avaliação geral. Os itens sobre a linguagem, ilustrações e motivação apresentaram boa confiabilidade. E os itens sobre o conteúdo, layout e cultura apresentaram confiabilidade muito boa (Tabela 4).

Tabela 4
Confiabilidade da concordância da avaliação pelo público-alvo (n=30) do material educativo. Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2021

Entre as sugestões, os profissionais indicaram características do layout, como uso de mais imagens e infográficos, a exigência do nível de leitura e a revisão ortográfica e gramatical. As sugestões relacionadas aos tópicos foram acatadas, no entanto, mudanças maiores na diagramação não foram realizadas por alcançarem os critérios mínimos de aceitação na avaliação. Os profissionais de saúde destacaram o design e layout do material na facilitação do processo de leitura e compreensão das informações como: a formatação e diagramação do texto tornam sua leitura fácil e agradável, as ilustrações são muito bonitas e contribuem não apenas para embelezar o material, como também para enfatizar os aspectos emocionais do conteúdo discutido no texto (P7) e parabéns pela parte gráfica do texto. Atraente e motivadora (P18).

A exigência do nível de leitura foi bem avaliada e as sugestões destacaram a complexidade: o texto exige bom nível de alfabetização, mas os autores utilizaram com propriedade as palavras comuns para elucidar questões complexas (P18), mas enfatizando a adequação para o público-alvo: atende o perfil cultural dos profissionais de saúde no Brasil (P18). Os profissionais de saúde destacaram o conteúdo, a organização e inserção de exemplos, dicas e sugestões de outros materiais complementares: O uso de tópicos facilita a leitura realizada, gerando dinamismo no que é apresentado (P13) e em a cartilha aborda conceitos que promovem o entendimento da temática de forma organizada, pontuo como positivo os exemplos de manejo e interação (P23).

Todos os participantes (100%) afirmaram sobre contribuição pessoal do material educativo com novos conhecimentos da temática e no acolhimento de adolescentes com ALNS. Todos os participantes (100%) afirmaram que o material educativo tem potencial de contribuição na educação de profissionais da saúde para o acolhimento de adolescentes com ALNS.

Discussão

O material educativo caracteriza o fenômeno da ALNS e aborda conhecimentos úteis para assistência em saúde a partir do acompanhamento interprofissional e intersetorial. Os especialistas e profissionais avaliaram positivamente o material e foi identificada confiabilidade na concordância dos participantes. Todos os profissionais destacaram que a leitura propiciou contribuição pessoal e consideraram que o material pode contribuir na educação profissional para o acolhimento e assistência a adolescentes com ALNS.

A assistência qualificada à pessoa com ALNS requer a compreensão de suas necessidades, preferências individuais, fatores de risco e proteção aos quais está exposta, bem como do contexto e cultura no qual o indivíduo está inserido. O adolescente deve ser estimulado a respeitar seus próprios limites, comunicar como deseja ser ajudado, reconhecer precocemente sintomas e conhecer formas de buscar ajuda e participar ativamente do próprio cuidado. Na assistência de enfermagem, também pode ser importante abordar a avaliação e atenção a necessidades físicas, motivação para a adoção de comportamentos saudáveis, conhecimento e acesso a direitos garantidos por lei, rastreamento, notificação e suporte para situações que envolvem risco de violência, entre outros. Há uma grande variedade de ações possíveis a depender de cada situação. Assim, é importante estabelecer metas personalizadas e atingíveis que sejam atualizadas periodicamente. Todos esses elementos foram abordados no material construído e toda a produção do material esteve fundamentada em recomendações nacionais2828. Ministério da Saúde (BR). Portaria no 3.088, de 26 de dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde [Internet]. Diário Oficial da União, 26 dez. 2011 [cited 2022 May 13]. Available from: Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011_rep.html Acesso em: 10 jun. 2022.
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e internacionais2929. World Health Organization. Guidance on community mental health services: promoting person-centred and rights-based approaches [Internet]. Geneva: WHO; 2021 [cited 2021 Oct 15]. Available from: Available from: https://www.who.int/publications-detailredirect/9789240025707
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sobre a temática e foi orientada por premissas relacionadas à defesa da promoção de saúde, de base comunitária, com participação social e pautada nos direitos humanos.

Nas ações em saúde relacionadas à ALNS, é fundamental investir no fortalecimento de fatores de proteção, tais como o autoconhecimento e expressão assertiva de necessidades, resiliência, regulação emocional, autoestima e autoeficácia, esperança, estilo de vida saudável, estratégias de enfrentamento, habilidades para resolução de problemas, relações interpessoais satisfatórias e rede de apoio1313. Griffiths R, Dawber A, McDougall T, Midgley S, Baker J. Non-restrictive interventions to reduce self-harm amongst children in mental health inpatient settings: Systematic review and narrative synthesis. Int J Mental Health Nurs. 2022;31(1):35-50. https://doi.org/10.1111/inm.12940
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-1414. Lee JI, Kim E, Kim HJ, Lee DH. Factors influencing the successful connection of deliberate self-injury patients to community-based mental health centers. Asian J Psychiatry. 2022;72:103088. https://doi.org/10.1016/j.ajp.2022.103088
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,2828. Ministério da Saúde (BR). Portaria no 3.088, de 26 de dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde [Internet]. Diário Oficial da União, 26 dez. 2011 [cited 2022 May 13]. Available from: Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011_rep.html Acesso em: 10 jun. 2022.
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-2929. World Health Organization. Guidance on community mental health services: promoting person-centred and rights-based approaches [Internet]. Geneva: WHO; 2021 [cited 2021 Oct 15]. Available from: Available from: https://www.who.int/publications-detailredirect/9789240025707
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Destaca-se que o material promove a compreensão ampliada da ALNS enquanto fenômeno multifatorial, que envolve não apenas fatores individuais e relacionais, mas também diversos determinantes sociais de saúde. Nesse sentido, destaca-se a necessidade da garantia de direitos humanos e saúde mental2929. World Health Organization. Guidance on community mental health services: promoting person-centred and rights-based approaches [Internet]. Geneva: WHO; 2021 [cited 2021 Oct 15]. Available from: Available from: https://www.who.int/publications-detailredirect/9789240025707
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e de luta por condições de vida dignas e com qualidade de vida. Tais aspectos são particularmente importantes no cenário brasileiro atual, em que há o aumento da pobreza, insegurança alimentar3030. Food and Agriculture Organization of the United Nations; International Fund for Agricultural Development; United Nations Children’s Fund; World Food Programme; World Health Organization. The state of food security and nutrition in the world 2019: Safeguarding against economic slowdowns and downturns. Rome: FAO; 2019 [cited 2021 Dec 15]. Available from: Available from: https://www.fao.org/3/ca5162en/ca5162en.pdf
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e desestruturação de programas sociais, da saúde e especialmente de saúde mental3535. Cruz NF, Gonçalves RW, Delgado PG. Regresso of the psychiatric reform: the dismantling of the national Brazilian mental health policy from 2016 to 2019. Trab Educ Saúde. 2020;18(3):e00285117. https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00285
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.

Apesar da aprovação de uma política nacional voltada para a prevenção da ALNS representar um avanço3636. Presidência da República, Secretaria Geral, Subchefia para Assuntos Jurídicos (BR). Lei 13.819 de 26 de abril de 2019. Institui a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, a ser implementada pela União, em cooperação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; e altera a Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998 [Internet]. Diário Oficial da União , 26 abr. 2019 [cited 2022 Feb 08]. Available from: Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/l13819.htm
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37. Presidência da República, Secretaria Geral, Subchefia para Assuntos Jurídicos (BR). Lei 13.968 de 26 de dezembro de 2019. Altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para modificar o crime de incitação ao suicídio e incluir as condutas de induzir ou instigar a automutilação, bem como a de prestar auxílio a quem a pratique [Internet]. Diário Oficial da União , 27 dez. 2019 [cited 2022 Feb 08]. Available from: Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13968.htm
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-3838. Presidência da República, Secretaria Geral, Subchefia para Assuntos Jurídicos (BR). Decreto 10.225 de 05 de fevereiro de 2020. Institui o Comitê Gestor da Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, regulamenta a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio e estabelece normas relativas à notificação compulsória de violência autoprovocada [Internet]. Diário Oficial da União , 06 fev. 2020 [cited 2022 Feb 08] Available from: Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/decreto/D10225.htm
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, para que ela se traduza em resultados favoráveis, ainda é necessária a consolidação de políticas públicas que subsidiem condições para uma vida digna e o acesso a cuidados em saúde mental de qualidade. Alguns caminhos para atingir esses resultados são o compromisso com os direitos humanos, a participação social, ampliação do acesso aos serviços de saúde mental3939. Lima IB, Bernardi FA, Yamada DB, Vinci ALT, Rijo RPCL, Alves D, et al. The use of indicators for the management of Mental Health Services. Rev. Latino-Am. Enfermagem . 2021;29:e3409. https://doi.org/10.1590/1518-8345.4202.3409
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, investimento na ciência e o compromisso governamental.

Outra questão a ser discutida é a formação em saúde para prevenção e assistência relacionadas à ALNS. Neste estudo, a maioria dos profissionais destacou a falta de formação formal para assistência a adolescentes com ALNS. Entretanto, os participantes afirmaram ter experiência profissional na temática. Dessa forma, é necessário ampliar e qualificar a formação e capacitação profissional para prevenção da ALNS. É importante investir na construção de novas estratégias de ensino-aprendizagem, mas também na inserção desse conteúdo nos currículos dos cursos de saúde.

No processo de construção do material, destaca-se o uso predominante de literatura científica internacional. Observou-se lacunas na contextualização da ALNS em grupos vulnerabilizados socialmente (indígenas, pretos, LGBTQIA+, quilombolas, entre outros). Tais aspectos destacam a necessidade de investimento em pesquisas científicas diversificadas sobre o fenômeno em diferentes contextos e grupos sociais do Brasil.

Na literatura há poucas indicações de recomendações de cuidado ligadas à ALNS que se relacionem ao ambiente virtual. São necessárias pesquisas sobre melhores práticas e diretrizes para ações de cuidado que considerem a violência autoprovocada e o uso seguro de telas4040. Silva AC, Vedana KGG, Santos JCP, Pillon SC, Ventura CAA, Miasso AI. Analysis of non-suicidal self-injury posts on Twitter: a quantitative and qualitative research. Res Soc Dev. 2021;10(4):e40410413017. https://doi.org/10.33448/rsd-v10i4.13017
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-4141. Silva AC, Botti NCL. Characterization of the profile of participants in a Facebook self-mutilation group. Salud Soc. 2018;9(2):160-9. https://doi.org/10.22199/S07187475.2018.0002.00003
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.

A disseminação do material educativo ocorreu a partir da divulgação via e-mail institucional para Universidades, Secretarias Estaduais de Saúde, órgãos governamentais e não governamentais. Também houve a divulgação do conteúdo em redes sociais do grupo de pesquisa (@inspiracaoleps).

O estudo apresenta limitações ligadas à restrição do processo de validação na região Sudeste. Entretanto, este estudo apresenta o primeiro material educativo brasileiro, produzido a partir de pesquisa metodológica com enfoque na capacitação para a prevenção da ALNS. Espera-se que o material contribua para qualificar a assistência interprofissional e suscite novas discussões, ampliação de perspectivas e possibilidades de cuidado para adolescentes com ALNS.

Conclusão

A partir de pesquisa metodológica foi possível construir um material educativo para promover a qualificação da assistência em saúde sobre a ALNS. Os resultados da validação e da avaliação (por especialistas e público-alvo, respectivamente) destacam a adequação do conteúdo para a realidade dos profissionais de saúde brasileiros e com possibilidade de abordar lacunas identificadas na formação acadêmica em saúde sobre a ALNS. O material educativo, validado por especialistas e pelo público alvo, tem potencial para colaborar em ações de capacitação profissional para a qualificação da assistência aos adolescentes com ALNS.

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  • *
    *Este artigo refere-se à chamada temática “Saúde dos adolescentes e o papel do enfermeiro”. Editado pela Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil. A publicação deste suplemento foi apoiada pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS). Os artigos passaram pelo processo padrão de revisão por pares da revista para suplementos. As opiniões expressas neste suplemento são exclusivas dos autores e não representam as opiniões da OPAS/OMS. Artigo extraído da tese de doutorado “Desenvolvimento e validação de material educativo sobre autolesão não suicida para profissionais de saúde”, apresentada à Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil. O presente trabalho foi realizado com apoio da Comissão de Cultura e Extensão Universitária da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, 4º Edital CCEx-EERP-USP de Fomento às Iniciativas de Cultura e Extensão nº 02/2020, Processo 20.1.00496.22.9, Brasil.

Editado por

Editora Associada: Maria Lúcia Zanetti

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Nov 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    13 Maio 2022
  • Aceito
    15 Jul 2022
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