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Práticas integrativas e complementares, perfil e cuidados de enfermeiras(os) às pessoas com hipertensão: estudo misto * * Artigo extraído da dissertação de mestrado “Perfil de enfermeiras(os) acerca das práticas integrativas e complementares e o cuidado às pessoas com hipertensão arterial: estudo de métodos mistos”, apresentada à Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil. Apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), processo nº 404534/2021-0, Brasil. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) - Código de Financiamento 001, Brasil.

Objetivo:

analisar o perfil de enfermeiras(os) acerca das práticas integrativas e complementares em saúde e compreender como são utilizadas no cuidado às pessoas com hipertensão arterial.

Método:

explanatório sequencial misto. A etapa quantitativa transversal contou com 386 enfermeiras(os), via questionário virtual, abordando perfil sociodemográfico e profissional, formação e atuação, com análise descritiva e inferencial. A etapa qualitativa ocorreu mediante 18 entrevistas virtuais com profissionais que possuem formação nas práticas e as utilizam no cuidado às pessoas com hipertensão, fundamentada na análise participativa. A integração se deu por conexão.

Resultados:

36,8% tinham formação nas práticas, predominando mulheres, brancas, casadas, servidoras públicas, com média de idade de 37 anos (+ 9,4). 14,2% utilizam as práticas no cuidado às pessoas com hipertensão, predominando a auriculoterapia (28,2%) e a sangria na crise hipertensiva. Evidenciou-se a abordagem integral do paciente, não limitada ao sinal vital alterado, com intervenção na ansiedade, estresse, sono e repouso. Como potencialidade, tem-se o auxílio na adesão ao tratamento.

Conclusão:

apresentou-se o perfil de enfermeiras(os) com formação em práticas integrativas e complementares. Compreende-se que tais práticas têm implicação na diminuição da pressão arterial, e são utilizadas no cuidado às pessoas com hipertensão, porém de forma incipiente, considerando o potencial no cuidado de enfermagem.

Descritores:
Enfermagem; Cuidados de Enfermagem; Terapias Complementares; Medicina Tradicional; Medicina Integrativa; Hipertensão


Objetivo:

analizar el perfil de enfermeras(os) acerca de las prácticas integradoras y complementarias en salud y comprender cómo son utilizadas en el cuidado a personas con hipertensión arterial.

Método:

explicativo, secuencial y mixto. La etapa cuantitativa transversal contó con 386 enfermeras(os), a través de cuestionario virtual, abordando el perfil sociodemográfico y profesional y la formación y actuación, con análisis descriptivo e inferencial. La etapa cualitativa se realizó mediante 18 entrevistas virtuales con profesionales que poseían formación en las prácticas y las utilizaban en el cuidado a personas con hipertensión, fundamentadas en el análisis participativo. La integración se realizó por conexión.

Resultados:

el 36,8% tuvo formación en las prácticas con predominio de mujeres, blancas, casadas, funcionarias públicas, con media de edad de 37 años (+ 9,4). El 14,2% utilizaba las prácticas en el cuidado en personas con hipertensión, predominando la auriculoterapia (28,2%) y la sangría en la crisis hipertensiva. Se evidenció el abordaje integral del paciente, no limitado a signos vitales alterados, con intervención en la ansiedad, estrés, sueño y reposo. Como potencialidad, tenemos el auxilio en la adhesión al tratamiento.

Conclusión:

se presentó el perfil de enfermeras(os) con formación en prácticas integradoras y complementarias. Se comprende que esas prácticas tienen implicación en la disminución de la presión arterial y que son utilizadas en el cuidado a personas con hipertensión, sin embargo de manera incipiente, considerando el potencial en el cuidado de enfermería.

Descriptores:
Enfermería; Atención de Enfermería; Terapias Complementarias; Medicina Tradicional; Medicina Integral; Hipertensión


Objective:

to analyze the profile of nurses regarding integrative and complementary practices in health (ICPH) and understand how they are used in the care of people with arterial hypertension.

Method:

mixed-methods sequential explanatory design. The cross-sectional quantitative stage included 386 nurses who completed an online questionnaire addressing sociodemographic and professional information, training, and practice, with a descriptive and inferential analysis. The qualitative stage was performed via 18 online interviews with professionals who had ICPH training and implemented it in the care provided to individuals with hypertension, with a participatory analysis. Integration occurred through a connecting approach.

Results:

36.8% had ICPH training; most were women, Caucasian, married, public servants, aged 37 (+ 9.4) on average; 14.2% incorporated ICPH into the care provided to people with hypertension; predominantly auriculotherapy (28.2%) and bloodletting in hypertensive crises. The results show that nurses integrally approached patients, and their approach was not limited to the vital sign altered at the time, but they also intervened in anxiety, stress, sleep, and rest. A potentiality observed concerns support treatment adherence.

Conclusion:

the profile of nurses with ICPH training is presented, and such practice has implications for lowering blood pressure. ICPH has been incorporated into the care of people with hypertension, but its use is still incipient, considering its potential in nursing care.

Descriptors:
Nursing; Nursing Care; Complementary Therapies; Traditional Medicine; Integrative Medicine; Hypertension


Destaques:

(1) Apresenta o perfil de enfermeiras(os) com formação em PICS em Santa Catarina.

(2) Evidencia quais são as PICS e como são utilizadas no cuidado às pessoas com hipertensão.

(3) Aponta as potencialidades no uso das PICS no cuidado às pessoas com hipertensão.

(4) Identifica os desafios no uso das PICS no cuidado às pessoas com hipertensão.

(5) Fortalece e evidencia o protagonismo da enfermagem no uso das PICS.

Introdução

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são um problema de saúde mundial, responsáveis por aproximadamente 41 milhões de óbitos anualmente, representando 74% das mortes no Brasil ( 11. Organización Mundial de la Salud. Monitoreo de avances en materia de las enfermedades no transmisibles 2020 [Internet]. Ginebra: WHO; 2020 [cited 2022 Apr 18]. Available from: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/332338/9789240002616-spa.pdf?sequence=1&isAllowed=y
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) . Dentre as metas mundiais e brasileiras para a diminuição das DCNT estão a prevenção de agravos e a promoção da saúde, pautadas na diminuição dos fatores de risco, como é o caso da hipertensão arterial (HA), caracterizada pela elevação persistente da pressão arterial (PA) (sistólica maior ou igual a 140 mmHg e/ou diastólica maior ou igual a 90 mmHg) ( 22. Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Mota-Gomes MA, Brandão AA, Feitosa AD de M, et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arq Bras Cardiol. 2021 Mar 25;116(3):516-658. https://doi.org/10.36660/abc.20201238
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) .

No decorrer da história, as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) têm sido utilizadas para manter a saúde, prevenir e tratar doenças, em particular as crônicas ( 33. World Health Organization. WHO traditional medicine strategy: 2014-2023 [Internet]. Geneva: WHO; 2013 [cited 2021 Oct 22]. Available from: https://www.who.int/medicines/publications/traditional/trm_strategy14_23/en/
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) . Existem evidências científicas acerca do emprego das PICS no cuidado às pessoas com HA no mundo todo ( 44. Wong AP, Kassab YW, Mohamed AL, Abdul Qader AM. Review: Beyond conventional therapies: Complementary and alternative medicine in the management of hypertension: An evidence-based review. Pak J Pharm Sci [Internet]. 2018 [cited 2021 Oct 22];31(1):237-44. Available from: http://www.pjps.pk/wp-content/uploads/pdfs/31/1/Paper-33.pdf
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) . No Brasil, em recente revisão de teses e dissertações, apenas 11 abordavam as PICS para o manejo da HA, sendo duas realizadas por enfermeiras(os), e uma dando enfoque à atuação do enfermeiro, o que evidencia uma importante lacuna ( 55. Wickert DC, Schimith MD, Dallegrave D, Gama DM, Silva LMC, Badke MR. Integrative and complementary practices for hypertension: trends in Brazilian graduate studies. Rev Recien. 2021;23;11(35):185-96. https://doi.org/10.24276/rrecien2021.11.35.185-196
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) .

Os preceitos da enfermagem integrativa, área em ascensão, para além de intervenções farmacológicas, consideram o uso concomitante de intervenções não farmacológicas comprovadas cientificamente na segurança e eficácia ( 66. Frisch NC, Rabinowitsch D. What’s in a Definition? Holistic Nursing, Integrative Health Care, and Integrative Nursing: Report of an Integrated Literature Review. J Holist Nurs. 2019;37(3):260-72. https://doi.org/10.1177/0898010119860685
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) , tais como as PICS. Ainda, a enfermagem foi pioneira no reconhecimento das terapias complementares como prática profissional em 1997 ( 77. Conselho Federal de Enfermagem (BR). Resolução COFEN nº 197/1997. Revogada pela resolução COFEN nº 500/2015 [Internet]. Rio de Janeiro: COFEN; 1997 [cited 2021 Jan 03]. Available from: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-1971997_4253.html
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) , sendo que, atualmente, a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) nº 625/2020, atualizou e assegurou o respaldo das especialidades de Enfermagem em PICS, dentre elas a fitoterapia, a homeopatia, a ortomolecular, a terapia floral, a reflexologia podal, o reiki, a yoga, o toque terapêutico, a musicoterapia, a cromoterapia, a hipnose, e a acupuntura ( 88. Conselho Federal de Enfermagem (BR). Resolução COFEN nº 625/2020. Altera a Resolução Cofen nº 581, de 11 de julho de 2018, que atualiza, no âmbito do Sistema COFEN/Conselhos Regionais de Enfermagem, os procedimentos para Registro de Títulos de Pós-Graduação Lato e Stricto Sensu concedido a Enfermeiros e aprova a lista das especialidades [Internet]. Brasília: COFEN; 2020 [cited 2021 Oct 01]. Available from: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-625-2020_77687.html
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) .

Não obstante, o perfil dos profissionais que atuam com PICS ainda é desconhecido no Brasil, mas há destaque para enfermeiras(os) na implementação, bem como na área de pesquisa e extensão. As PICS podem expandir a atuação da(o) enfermeira(o), propiciando maior autonomia e qualidade no cuidado prestado ( 99. Azevedo C, Moura CC, Corrêa HP, Mata LRF, Chaves ÉCL, Chianca TCM. Complementary and integrative therapies in the scope of nursing: legal aspects and academic-assistance panorama. Esc Anna Nery. 2019;23(2):e20180389. https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2018-0389
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) .

Em consonância com a estratégia da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre medicina tradicional (2014-2023) ( 33. World Health Organization. WHO traditional medicine strategy: 2014-2023 [Internet]. Geneva: WHO; 2013 [cited 2021 Oct 22]. Available from: https://www.who.int/medicines/publications/traditional/trm_strategy14_23/en/
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) , destaca-se que no contexto brasileiro, além da escassez de regulamentos para a formação, é desconhecido o perfil das(os) enfermeiras(os) atuantes em PICS, assim como quais são essas práticas e como são empregadas no cuidado de enfermagem às pessoas com HA, sendo este o problema de pesquisa evidenciado.

Compreende-se que responder tais lacunas pode auxiliar no fortalecimento das PICS no Sistema Único de Saúde (SUS), na formação das(os) enfermeiras(os) em PICS, bem como nas práticas de cuidado das(os) enfermeiras(os) às pessoas com HA, justificando a importância da investigação. O estudo teve como objetivo analisar o perfil de enfermeiras(os) acerca das práticas integrativas e complementares em saúde e compreender como elas(es) as utilizam no cuidado às pessoas com hipertensão arterial.

Método

Delineamento do estudo

Estudo de métodos mistos, com estratégia explanatória sequencial, no qual os dados quantitativos (QUAN) foram coletados e analisados primeiro (havendo maior atribuição de peso). A etapa qualitativa (qual) foi desenvolvida a partir dos resultados quantitativos ( 1010. Creswell JW, Clark VLP. Pesquisa de métodos mistos. 2ª ed. Porto Alegre: Penso; 2013. 288 p.) e analisada de forma combinada por conexão. Utilizou-se dos métodos mistos para um aprofundamento na compreensão do problema de pesquisa, sendo a etapa quantitativa de delineamento transversal, e a etapa qualitativa fundamentada na análise participativa ( 1111. Campos RO. Talk to them! The interpretative work and the production of consensus in qualitative health research: innovations from participatory design. Physis. 2011 Dec;21(4):1269-86. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000400006
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) . Ressalta-se a utilização dos guidelines Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) e Standards for Reporting Qualitative Research (SRQR).

Cenário, população e amostra do estudo

Como parte de um projeto multicêntrico nacional, o cenário foi Santa Catarina (SC), e a população composta por enfermeiras(os) atuantes nesse estado. No momento da submissão do projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), havia 16.620 enfermeiras(os) com registro no Conselho Regional de Enfermagem de SC ( 1212. Conselho Federal de Enfermagem (BR). Enfermagem em Números [Internet]. Brasília: COFEN; 2020 [cited 2021 Apr 05]. Available from: http://www.cofen.gov.br/enfermagem-em-numeros
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) , sendo a amostra mínima de 376 profissionais, segundo cálculo de amostragem aleatória simples para populações finitas. Os critérios de inclusão da etapa quantitativa foram: ter diploma de graduação em enfermagem e exercer alguma atividade profissional em SC.

Na etapa qualitativa, sortearam-se os participantes dentre aqueles que contribuíram com a etapa quantitativa e afirmaram utilizar alguma PICS no cuidado às pessoas com HA, tendo em vista o interesse em compreender a utilização dessas práticas no manejo da doença. Assim, a fim de garantir a representatividade, estabeleceu-se sorteio on-line, por meio de programa gratuito, de no mínimo duas/dois enfermeiras(os) por macrorregional de saúde, que variou de acordo com a saturação dos achados. SC tem sete macrorregionais de saúde: 1-Grande Oeste, 2-Meio Oeste e Serra Catarinense, 3-Planalto Norte e Nordeste, 4-Foz do Rio Itajaí, 5-Vale do Itajaí, 6-Grande Florianópolis e 7-Sul. Excluiu-se três profissionais das macrorregionais 1, 5 e 7 que não retornaram após três tentativas de contato. Ainda, três enfermeiras(os) das macrorregionais 1, 5 e 7 declinaram por falta de tempo, uma da 1, que não se sentiu apta pela falta de experiência com as PICS, e uma da macrorregional 3, com a justificativa de estar atuando em urgência e emergência e não utilizar as PICS. Realizou-se novo sorteio na mesma macrorregional até se esgotarem os contatos, seguindo para sorteio naquelas mais próximas geograficamente. A macrorregional 4 não teve enfermeiras(os) que atendessem aos critérios de inclusão, a 2 teve apenas uma enfermeira, e na 5 três enfermeiras(os) atenderam aos critérios de inclusão, e uma teve disponibilidade para participar.

Coleta de dados

Os dados quantitativos foram coletados por meio de questionário virtual, com 63 perguntas, sendo 26 respondidas por todas(os) as(os) enfermeiras(os) (treze questões relacionadas ao perfil sociodemográfico, oito ao perfil profissional e cinco à formação). As demais 36 perguntas foram respondidas especificamente por enfermeiras(os) que possuíam alguma formação em PICS (18 sobre formação nas PICS e 18 sobre atuação profissional). A pergunta final tratava sobre a disponibilidade em participar de entrevista virtual (etapa qualitativa). A concordância em participar do estudo foi manifestada por meio da leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e seleção da opção “Concordo em participar do estudo”.

Estruturado no software LimeSurvey, o questionário passou por avaliação por pares, por quatro enfermeiras da região sul e sudeste com qualificação em PICS e/ou em métodos mistos, a fim de adequar a linguagem e a organização das questões. Em seguida, realizou-se um teste piloto com seis participantes provenientes das cinco regiões do Brasil.

A divulgação da pesquisa se deu via WhatsApp, Facebook, Instagram, páginas institucionais e e-mail. Devido a dificuldades impostas pela pandemia, recuperamos os contatos disponíveis em acesso aberto em sites de universidades e pela estratégia “pirâmide”, em que cada enfermeira(o) indicava novos participantes. Capacitou-se voluntárias(os) e bolsistas via encontros virtuais para auxiliarem nas etapas de divulgação e coleta de dados. As coletas ocorreram de 16/06/2021 a 15/10/2021, atingindo a amostra de 386 participantes.

Após identificar as(os) enfermeiras(os) que utilizavam PICS no cuidado às pessoas com HA, deu-se início às entrevistas virtuais, por meio de roteiro semiestruturado, contendo 12 perguntas relacionadas à formação, atuação, potencialidades e desafios no cuidado às pessoas com HA. Foi realizado teste piloto com enfermeira do Rio Grande do Sul para qualificar o roteiro proposto.

As entrevistas ocorreram de forma virtual e individual, conduzidas pela pesquisadora principal, com o intuito de minimizar dissonâncias no processo de obtenção dos dados, de 01/11/2021 a 20/12/2021, via Plataforma Google Meet, por meio de chamada de vídeo criada com e-mail institucional, visando assim a proteção dos dados, com duração de, em média, 47 minutos. O TCLE foi enviado previamente por e-mail, lido, e o consentimento foi registrado em vídeo ao iniciar a entrevista. As entrevistas foram gravadas após consentimento. O referencial adotado para a análise requereu a construção do consenso das narrativas elaboradas a partir da entrevista, ou seja, foram realizadas duas chamadas de vídeo, uma para a entrevista e outra para a validação, e esta última teve duração média de 31 minutos.

Tratamento e análise dos dados

Os dados quantitativos foram organizados e analisados de forma descritiva e inferencial por meio dos softwares Statistical Product and Service Solutions (SPSS) ® 26.0 e Epi Info™ 7.2 (CDC, Atlanta, EUA). Realizou-se a análise descritiva das características da amostra estudada. Após cálculo da prevalência de formação em PICS e fatores associados, a relação destas foi avaliada pelo Teste de Qui-quadrado, considerando significativo um p-valor <0,05 no teste bicaudal. Para amostras pequenas (menor do que cinco em cada subcategoria), utilizou-se o Teste Exato de Fisher.

A medida de associação adotada foi a razão de prevalência (RP), com os seus respectivos intervalos de confiança a 95%. Para variáveis com mais de duas categorias, investigou-se a hipótese de que existia um relacionamento linear entre as duas variáveis por meio do Qui-Quadrado de Mantel-Haenszel. Nesses casos, quando o Teste de Breslow-Day para a interação da razão apresentou valor>0,05, a RP foi ajustada para a variável em análise.

As entrevistas foram gravadas, baixadas e transcritas manualmente no Microsoft Word. Identificaram-se as(os) 18 participantes por nomes de cristais, seguido pela idade, maior formação acadêmica concluída e macrorregional de saúde de atuação.

As entrevistas foram fundamentadas na análise participativa, e se deram em três momentos: 1º (construção da narrativa): entrevistas gravadas e transcritas da maneira habitual. A partir dessas transcrições, elaboraram-se as narrativas e uma análise prévia; 2º (momento hermenêutico ou de validação): a narrativa foi apresentada às(aos) participantes, por meio de chamada de vídeo via Google Meet para validar os dados e produzir efeitos de intervenção, com aprofundamento de questões ou temas pouco desenvolvidos na primeira discussão; 3º (construção do consenso): discussão, revisão de posicionamentos, encontros e discordâncias. Após o consenso, tem-se a narrativa pronta para análise e identificação dos núcleos argumentais ( 1111. Campos RO. Talk to them! The interpretative work and the production of consensus in qualitative health research: innovations from participatory design. Physis. 2011 Dec;21(4):1269-86. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000400006
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) .

Analisados os dados quantitativos e qualitativos, procedeu-se à interpretação dos métodos mistos, visando à integração dos achados por conexão, visto que se conectam os dados da etapa quantitativa para definir as perguntas e as(os) participantes da etapa qualitativa. Buscou-se apresentar tal integração por meio de joint displays, a fim de facilitar a visualização dos achados ( 1313. Oliveira JLC. Data integration in mixed-method research studies: challenge and opportunity for nursing. Texto Contexto Enferm. 2020;29:e20200203. https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2020-0002-0003
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) .

Aspectos éticos

O projeto de pesquisa obteve parecer favorável pelo CEP do centro coordenador (número 4.618.324), do centro colaborador (número 4.646.717), e todas as etapas do estudo respeitaram as Resoluções n. 466/2012 e n. 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde.

Resultados

Participaram da etapa quantitativa 386 (100,0%) enfermeiras(os), destas(es), 142 (36,8%) possuíam formação em PICS, e 55 (14,2%) mencionaram utilizá-las no cuidado às pessoas com HA. O perfil sociodemográfico está ilustrado na Tabela 1. Ademais, a média de idade foi de 37 anos (+ 9,4), e houve predomínio de profissionais na faixa etária de 31 a 35 anos.

Tabela 1 -
Perfil das(os) enfermeiras(os) sem e com formação em práticas integrativas e complementares em saúde. Santa Catarina, Brasil, 2021 (N=386)

No que tange à faixa etária, quando comparados aos participantes com até 30 anos, os demais apresentaram uma prevalência do desfecho mais significativa, ou seja, a probabilidade de uma(um) enfermeira(o) com idade elevada não procurar a formação em PICS foi 17% maior do que a probabilidade de uma(um) enfermeira(o) mais jovem não buscar a formação. Em relação ao tempo de formação, 41,0% tinham acabado a graduação há mais de 60 meses Tabela 2.

Tabela 2 -
Análise bruta e ajustada dos fatores de risco e proteção para a prevalência de formação em práticas integrativas e complementares em saúde. Santa Catarina, Brasil (N=386)

Na etapa qualitativa, 18 entrevistas e narrativas foram realizadas com as(os) enfermeiras(os) que utilizam as PICS no cuidado às pessoas com HA. Respeitando o sequenciamento do estudo misto, a Figura 1 apresenta quantitativamente quais PICS são utilizadas na HA, e os depoimentos sobre como as(os) enfermeiras(os) as agregam na sua prática, em joint-display.

Figura 1 -
Joint-display das práticas integrativas e complementares em saúde utilizadas no cuidado às pessoas com hipertensão arterial. Santa Catarina, Brasil, 2021

Os depoimentos evidenciam que as(os)enfermeiras(os), por vezes, utilizam diferentes PICS ou avaliam qual(is) utilizar em cada caso. Sendo assim, uma variedade de práticas foi citada e utilizada de diversas formas, tanto como a principal intervenção, quanto como incorporadas enquanto complemento para outras práticas.

A Figura 2 ilustra a distribuição geográfica, dentro do estado de SC, das PICS utilizadas no cuidado às pessoas com HA.

Figura 2 -
Distribuição geográfica das práticas integrativas e complementares em saúde utilizadas no cuidado às pessoas com hipertensão arterial. Santa Catarina, Brasil, 2021

Percebe-se uma maior concentração das PICS nos extremos oeste e leste do estado de SC, o que pode se justificar pelo viés das coletadoras, residentes, em sua maioria, em municípios dessa localização.

Das(os) 142 enfermeiras(os) que têm formação em PICS, 55 relataram utilizar algumas dessas práticas no cuidado às pessoas com HA. Com o intuito de integrar os dados QUAN e qual, elaborou-se um joint-display com essa parcela específica dos respondentes, bem como com depoimentos representativos daqueles que participaram da entrevista, tendo como foco os desafios e potencialidades relacionados ao uso das PICS no manejo da HA Figura 3.

Figura 3 -
Joint-display acerca das dificuldades e potencialidades vivenciadas pelas(os) enfermeiras(os) no desenvolvimento das práticas integrativas e complementares em saúde no cuidado às pessoas com hipertensão arterial. Santa Catarina, Brasil, 2021

No que se refere ao uso das PICS na crise hipertensiva, há diferentes respostas. As(os) enfermeiras(os) apontaram nunca ter utilizado devido a desconhecimento, falta de adesão da equipe, falta de apoio da gestão, insegurança, demanda e falta de tempo. Os depoimentos a seguir evidenciam tais aspectos: Nunca ouvi falar na auriculoterapia para crise hipertensiva, então nunca usei (ESMERALDA, 32 anos, especialista, grande Florianópolis); Nunca usei no pico hipertensivo, muito pela questão da adesão da equipe, porque, nesses casos, já é encaminhado para o médico e não volta mais para mim (QUARTZO ROSA, 33 anos, especialista, grande oeste); Nunca usei as PICS para pico hipertensivo. Não que eu não tivesse vontade, mas eu acabava não fazendo, porque aí o médico já coloca aquele captopril sublingual. Aí eu pensava, vou lá fazer um furinho no dedo dele, fazer uma sangria, mas o que o paciente vai dizer? (SODALITA, 45 anos, especialista, grande oeste); Nunca atendi pico hipertensivo, porque não me achava apta para chegar nesse ponto, tinha pouco tempo de treinamento e não me sentia segura, então sempre ia para medicamento. Também não tinha muito apoio da gestão, então tinha insegurança de acontecer algo e ser mal interpretada (PIRITA, 35 anos, mestra, sul). Ainda, o estigma pelo uso das PICS, e a percepção negativa quanto a isso, apareceram nos depoimentos.

Dentre as experiências positivas no uso das PICS para a crise hipertensiva, destaca-se a sangria da auriculoterapia: Normalmente o hipertenso está muito yang, agitado. Aí você faz a sangria na orelha, e em alguns minutos a pressão baixa (AMAZONITA, 44 anos, especialista, grande oeste); Já atendi paciente hipertenso em crise hipertensiva e utilizei a auriculoterapia, uma técnica de sangria. Temos alguns pontos hipotensores bem importantes, e a gente consegue uma diminuição muito significativa da pressão arterial. Mas quando a crise está ligada à ansiedade, a processos emocionais, não só fisiológicos, usamos também a medicação (QUARTZO BRANCO, 36 anos, especialista, grande Florianópolis). Acupuntura, bioenergética, reiki, florais e geoterapia também foram mencionadas na atuação das(os) enfermeiras(os) na crise hipertensiva: Já utilizei para pico hipertensivo a bioenergética, reiki e florais, temos um floral emergencial específico, e ele vai dando um suporte para a pessoa direcionar até onde ela vai chegar, à s vezes no hospital ou na unidade de saúde (PEDRA DA LUA, 36 anos, especialista, planalto norte e nordeste); [...] sangrias com a agulha pelas práticas da medicina chinesa. Eu acabo avaliando onde esse processo está somatizando, a gente adequa de acordo onde ele tem mais de desconforto, e utilizamos muito a geoterapia como cataplasma céfalo-sacrais (TURMALINA, 46 anos, doutora, grande Florianópolis); [...] sangria em pontos específicos da acupuntura, que verifico pelos cinco elementos o local onde eu preciso fazer a minha intervenção. Eu uso muito VG14 ou R1, que é um ponto que diminui a energia concentrada no superior. Os pontos de ponta de dedo mostram resultados fantásticos para diminuir a pressão (ÁGATA, 50 anos, mestra, meio oeste e serra catarinense).

As(os) enfermeiras(os) utilizam a educação em saúde como forma de estimular o autocuidado e a corresponsabilização. As mudanças de hábitos de vida, como ingesta hídrica e cuidados alimentares, foram associadas ao uso das PICS, contribuindo na promoção da saúde, a fim de evitar o quadro hipertensivo, bem como na prevenção de agravos ocasionados pela HA e suas complicações.

Pode-se considerar o suporte observado na associação das práticas de cuidado, vistas como algo positivo e com potencial pelas(os) enfermeiras(os) na redução dos medicamentos alopáticos, no ajuste de dosagens de medicamentos anti-hipertensivos, no vínculo com o serviço de saúde e na adesão a aspectos relacionados com o tratamento não medicamentoso, como a mudança de hábitos de vida.

Discussão

O perfil das(os) enfermeiras(os) com formação em PICS em SC é semelhante ao evidenciado pela Pesquisa do Perfil da Enfermagem no Brasil ( 1414. Conselho Federal de Enfermagem (BR). Pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil - 2013 [Internet]. Brasília: COFEN; 2013 [cited 2022 Feb 28]. Available from: http://www.cofen.gov.br/perfilenfermagem/index.html
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) . Quanto ao gênero, o predomínio de mulheres reflete o aspecto milenar da identificação da prática de cuidado ao feminino, e não a uma profissão. A enfermagem é uma área histórica e culturalmente constituída por mulheres, que a exerciam como caridade, ligação religiosa, ou ainda, de forma leiga, condizente com a baixa remuneração ( 1515. Lombardi MR, Campos VP. A enfermagem no Brasil e os contornos de gênero, raça/cor e classe social na formação do campo profissional. Braz J Labour Studies. 2018;17(1):28-46. https://doi.org/10.22478/ufpb.1676-4439.2018v17n1.41162
https://doi.org/10.22478/ufpb.1676-4439....
) , e tais aspectos identitários podem afetar a profissão até hoje.

Discussões sobre as PICS no Brasil acontecem desde os anos 70, mas somente em 2006 a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) foi instituída ( 1616. Ministério da Saúde (BR). Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS. 2ª ed. Brasília: MS; 2018 [cited 2022 Jul 27]. Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_praticas_integrativas_complementares_sus_2ed_1_reimp.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicaco...
) . Essa recente implementação da PNPIC pode estar relacionada com a probabilidade de uma(um) enfermeira(o) com idade elevada não procurar a formação em PICS em relação à probabilidade de uma(um) enfermeira(o) mais jovem, demonstrando que políticas públicas podem direcionar a busca por formação em diferentes áreas.

A enfermagem atua em todas as fases da vida, e está presente em todos os municípios brasileiros, representando mais da metade de todos os profissionais de saúde, sendo portanto essencial para a assistência de saúde de qualidade ( 1717. Silva MCN, Machado MH. Health and Work System: challenges for the Nursing in Brazil. Cien Saude Colet. 2020;25(1):7-13. https://doi.org/10.1590/1413-81232020251.27572019
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) . As PICS, importantes ferramentas para atender ao princípio de integralidade no cuidado, possuem potencial para a ampliação do acesso, oferta e qualificação dos serviços. Os depoimentos acerca de como as(os) enfermeiras(os) utilizam as PICS no cuidado às pessoas com HA apontam preocupação do olhar integral, voltado à promoção da saúde, visto que “[...] o enfoque central das PICS é pautado nas respostas humanas, e não nas doenças” ( 55. Wickert DC, Schimith MD, Dallegrave D, Gama DM, Silva LMC, Badke MR. Integrative and complementary practices for hypertension: trends in Brazilian graduate studies. Rev Recien. 2021;23;11(35):185-96. https://doi.org/10.24276/rrecien2021.11.35.185-196
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) .

Dada a problemática mundial da HA e seu caráter modificável, investir em formas de prevenção de doenças e recuperação da saúde pode auxiliar na melhoria da qualidade de vida. Recente modelo apresenta estratégias para a meta 80-80-80 (80% dos indivíduos com HA rastreados e cientes de seu diagnóstico; 80% dos que estão cientes recebendo tratamento prescrito; e 80% das pessoas em tratamento atingindo as metas de controle da PA), com isso, reduzindo a mortalidade por todas as causas em 4 a 7% (76 a 130 milhões de mortes evitadas entre 2022 e 2050). A maioria dos fatores de risco para a HA são modificáveis, e a meta está diretamente relacionada ao alcance das metas globais de reduzir o sobrepeso e a obesidade, o uso nocivo do álcool e o consumo elevado de sal ( 1818. Pickersgill SJ, Msemburi WT, Cobb L, Ide N, Moran AE, Su Y, et al. Modeling global 80-80-80 blood pressure targets and cardiovascular outcomes. Nat Med. 2022. https://doi.org/10.1038/s41591-022-01890-4
https://doi.org/10.1038/s41591-022-01890...
) . Dentre as possibilidades para atingir tais metas, pode-se utilizar as PICS, ou Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas (MTCI), como são conhecidas internacionalmente ( 33. World Health Organization. WHO traditional medicine strategy: 2014-2023 [Internet]. Geneva: WHO; 2013 [cited 2021 Oct 22]. Available from: https://www.who.int/medicines/publications/traditional/trm_strategy14_23/en/
https://www.who.int/medicines/publicatio...
) .

Como uma importante meta mundial e nacional para a diminuição das DCNT, dentre elas a HA, está a promoção da saúde, com a diminuição dos fatores de risco. Considerando a prevenção primária, o controle do estresse é apontado como tratamento não medicamentoso para a HA ( 22. Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Mota-Gomes MA, Brandão AA, Feitosa AD de M, et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arq Bras Cardiol. 2021 Mar 25;116(3):516-658. https://doi.org/10.36660/abc.20201238
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) . Fatores psicológicos merecem atenção, pois, em recente estudo, 60,6% das mulheres referiu se sentir estressada, sendo que 33,6% estava com HA ( 1919. Oliveira G, Schimith MD, Silva LMC, Cezar-Vaz MR, Cabral FB, Silveira VN, et al. Cardiovascular risk factors, knowledge and care practices of women: possibility to review habits. Esc Anna Nery. 2022;26:e20210281. https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2021-0281
https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-20...
) . Tais aspectos refletem os depoimentos das(os) enfermeiras(os) que aplicam as PICS voltadas aos cuidados com questões emocionais, como sono e repouso, estresse, depressão e ansiedade, que são potencializadores dos desequilíbrios relacionados à alteração da PA.

Dentre as PICS empregadas no cuidado às pessoas com HA, a auriculoterapia teve destaque. A auriculoterapia é um microssistema da acupuntura que, por meio de pontos nas orelhas, utiliza agulhas, cristais, sementes, laser, moxa e infravermelho para o tratamento de sinais e sintomas de diversas doenças ( 2020. Rohde CBS, editor. Medicina Integrativa na Prática Clínica. 1. ed. Barueri: Manole; 2021. 736 p.) .

Quanto aos procedimentos mais realizados, dados relacionados às PICS implementadas na Atenção Primária à Saúde brasileira em 2019 ( 2121. Ministério da Saúde (BR). Relatório de Monitoramento Nacional das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde nos Sistemas de Informação em Saúde [Internet]. Brasília: MS; 2020 [cited 2022 Feb 21]. Available from: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/pics/Relatorio_Monitoramento_das_PICS_no_Brasil_julho_2020_v1_0.pdf
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab...
) inferem que, dos 628.239 procedimentos, os mais frequentes foram a auriculoterapia, com 423.774 sessões, e 129.207 sessões de acupuntura com inserção de agulhas, corroborando com os achados dessa pesquisa.

Pesquisas vêm sendo desenvolvidas para avaliar a efetividade das PICS, demonstrando resultados positivos ( 2222. Pereira RDM, Alvim NAT, Pereira CD, Gomes SCDS Junior. Laser acupuncture protocol for essential systemic arterial hypertension: randomized clinical trial. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2018;16(26):e2936. https://doi.org/10.1590/1518-8345.1887.2936
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23. Toneti BF, Barbosa RFM, Mano LY, Sawada LO, Oliveira IG, Sawada NO. Benefits of Qigong as an integrative and complementary practice for health: a systematic review. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2020;28:e3317. https://doi.org/10.1590/1518-8345.3718.3317
https://doi.org/10.1590/1518-8345.3718.3...
- 2424. Gao J, Chen G, He H, Liu C, He Q, Li J, et al. The effect of auricular therapy on blood pressure: A systematic review and meta-analysis. Eur J Cardiovasc Nurs. 2020;19(1):20-30. https://doi.org/10.1177/1474515119876778.
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) , e dentre elas está a auriculoterapia, que aponta alguns protocolos para guiar a prática de cuidado na HA ( 2525. Neves ML. Acupuntura auricular e neuromodulação. 1. ed. Florianópolis: Merithus; 2019. 176 p.) , sendo rim, hipotensor, shen men e coração alguns pontos auriculares utilizados pelas(os) enfermeiras(os).

Uma das técnicas da acupuntura auricular, conhecida como sangria, é realizada por meio da perfuração de capilares da orelha com uma agulha, objetivando a saída de algumas gotas de sangue ( 2525. Neves ML. Acupuntura auricular e neuromodulação. 1. ed. Florianópolis: Merithus; 2019. 176 p.) , sendo a sangria no ápice da orelha evidenciada como a prática mais frequente nos casos de crise hipertensiva. Pesquisa realizada em um município catarinense, que utilizou a sangria uma única vez no ponto reflexo cerebral, mostrou redução da PA sistólica em 80% dos voluntários ( 2626. Oliveira RR, Silvério-Lopes S. Systemic Hypertension: Hypotensive Effect of Bleeding in the Brain Reflection Point of Auriculotherapy. Rev Bras Ter Saúde. 2013;4(1):1-5. https://doi.org/10.7436/rbts-2014.04.01.01
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) .

Evidências apontam efeitos positivos da auriculoterapia na HA ( 44. Wong AP, Kassab YW, Mohamed AL, Abdul Qader AM. Review: Beyond conventional therapies: Complementary and alternative medicine in the management of hypertension: An evidence-based review. Pak J Pharm Sci [Internet]. 2018 [cited 2021 Oct 22];31(1):237-44. Available from: http://www.pjps.pk/wp-content/uploads/pdfs/31/1/Paper-33.pdf
http://www.pjps.pk/wp-content/uploads/pd...
- 55. Wickert DC, Schimith MD, Dallegrave D, Gama DM, Silva LMC, Badke MR. Integrative and complementary practices for hypertension: trends in Brazilian graduate studies. Rev Recien. 2021;23;11(35):185-96. https://doi.org/10.24276/rrecien2021.11.35.185-196
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) , no entanto, existem pesquisas com baixa qualidade metodológica, indicando a necessidade de mais investimentos, visto que, na prática clínica, diversas potencialidades são apontadas. Cabe a reflexão de que, dada a especificidade do paradigma das PICS, os métodos de pesquisa tradicionais podem ser de difícil aplicação.

“Nas últimas décadas, observa-se o crescimento de pesquisas em PIC no Brasil, apesar de elas serem ainda escassas. Isso pode ser evidenciado analisando três aspectos: fomento à pesquisa, grupos/linhas de pesquisas e publicações” ( 2727. Tesser CD, Sousa IMC, Nascimento MC. Traditional and Complementary Medicine in Primary Health Care in Brazil. Saúde Debate. 2018;42(1):174-88. https://doi.org/10.1590/0103-11042018S112
https://doi.org/10.1590/0103-11042018S11...
) . Tais reflexões são relevantes, tendo em vista que apenas em 2013 a pesquisa em PICS no Brasil teve seu primeiro edital de fomento específico ( 2828. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (BR). Chamada MCTI/CNPq/MS - SCTIE - Decit Nº 07/2013 – Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PICS) no Sistema Único de Saúde [Internet]. Brasília: MCTI; 2013 [cited 2022 Feb 26]. Available from: http://www.bvshomeopatia.org.br/texto/edital-PNPIC-SUS-Chamada07-2013versao-final-publicacao.pdf
http://www.bvshomeopatia.org.br/texto/ed...
) .

Pesquisas vêm crescendo exponencialmente, e estudos internacionais amplos vêm sendo desenvolvidos na área da enfermagem, a exemplo do programa Erasmus+, que investiga a enfermagem integrativa, no intuito de melhorar a formação na área ( 2929. Erasmus Universitair Medisch Centrum Rotterdam. Integrative Nursing Education Series [Internet]. Rotterdam: 2019 [cited 2022 Mar 04]. Available from: https://erasmus-plus.ec.europa.eu/projects/eplus-project-details#project/2019-1-NL01-KA203-060478
https://erasmus-plus.ec.europa.eu/projec...
) . Entende-se a pesquisa como importante forma de divulgação e crescimento das PICS, que são amplamente utilizadas e pesquisadas em países desenvolvidos, e no Brasil possuem uma oferta gratuita no SUS desde a PNPIC ( 1616. Ministério da Saúde (BR). Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS. 2ª ed. Brasília: MS; 2018 [cited 2022 Jul 27]. Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_praticas_integrativas_complementares_sus_2ed_1_reimp.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicaco...
) , mas que ainda enfrentam dificuldades para a sua consolidação.

A falta de apoio da gestão esteve repetidamente presente nos depoimentos. Estudo com 45 coordenadores de unidades básicas de saúde apontou que, mesmo havendo a oferta de PICS, o desconhecimento acerca delas é frequente. Cabe ressaltar que a concepção de cuidado biomédico prevalece mesmo em unidades com oferta de PICS, evidenciando que apenas isso não consegue modificar a prática assistencial ( 3030. Silva PHB, Barros LCN, Zambelli JC, Barros NF, Oliveira ESF. (In)compreensões de gestores sobre as práticas integrativas e complementares na Atenção Primária à Saúde. Rev Bras Promoç Saúde. 2021;34:13434. https://doi.org/10.5020/18061230.2021.13434
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) .

Poucos gestores reconhecem a oferta das PICS, reforçando o protagonismo dos profissionais, principais responsáveis pela sua expansão e oferta no SUS ( 3131. Barbosa FES, Guimarães MBL, Santos CR, Bezerra AFB, Tesser CD, Sousa IMC. Supply of Integrative and Complementary Health Practices in the Family Health Strategy in Brazil. Cad Saúde Pública. 2020;36(1):e00208818. https://doi.org/10.1590/0102-311X00208818
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) , o que pode explicar a oferta visualizada no Relatório de Monitoramento Nacional das PICS nos Sistemas de Informação em Saúde ( 2626. Oliveira RR, Silvério-Lopes S. Systemic Hypertension: Hypotensive Effect of Bleeding in the Brain Reflection Point of Auriculotherapy. Rev Bras Ter Saúde. 2013;4(1):1-5. https://doi.org/10.7436/rbts-2014.04.01.01
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) , e é corroborado pelos depoimentos e dados encontrados na presente pesquisa.

Tais aspectos adentram outro desafio apontado nos depoimentos, em relação ao apoio para a qualificação e formação dos profissionais em PICS, o que vai ao encontro de uma pesquisa nacional que evidencia o autofinanciamento da formação dos profissionais em PICS ( 3131. Barbosa FES, Guimarães MBL, Santos CR, Bezerra AFB, Tesser CD, Sousa IMC. Supply of Integrative and Complementary Health Practices in the Family Health Strategy in Brazil. Cad Saúde Pública. 2020;36(1):e00208818. https://doi.org/10.1590/0102-311X00208818
https://doi.org/10.1590/0102-311X0020881...
) .

Outro fator apontado que potencializa os muitos desafios na implementação das PICS no cuidado às pessoas com HA é o preconceito e estigma associados. É necessário refletir que medicinas e práticas de cuidado milenares perderam espaço com o avanço da medicina moderna, o que impulsionou a indústria farmacêutica e o uso de medicamentos. Os avanços e a importância das PICS são primordiais no cuidado à saúde, no entanto, questiona-se a medicalização indiscriminada nos dias atuais, e muitas vezes a visão de que são o único recurso disponível, ignorando a possibilidade de associação com tratamentos não medicamentosos.

Considerando as possibilidades de cuidado, prevenção e cura com “outras medicinas”, uma revisão avaliou o uso das PICS como cuidado nas doenças crônicas, apontando uma inclinação à sua utilização no manejo da HA e diabetes mellitus, e uma maior frequência de uso da fitoterapia. No entanto, as PICS ainda são pouco utilizadas. Apesar da legislação dispor de uma diversidade de práticas, é evidente a falta de capacitação profissional ( 3232. Santos MVJ, Rosa CG, Santos PS, Rausch PC, Bellinati NVC. Integrative practices in health promotion in chronic diseases: a literature review. RIES [Internet]. 2019 [cited 2022 Feb 25];9(2). Available from: https://periodicos.uniarp.edu.br/index.php/ries/article/view/2134/1077
https://periodicos.uniarp.edu.br/index.p...
) .

O desconhecimento do respaldo legal apontado nos depoimentos evidencia uma preocupante realidade, tendo em vista que a enfermagem foi precursora no reconhecimento das PICS como prática profissional ( 77. Conselho Federal de Enfermagem (BR). Resolução COFEN nº 197/1997. Revogada pela resolução COFEN nº 500/2015 [Internet]. Rio de Janeiro: COFEN; 1997 [cited 2021 Jan 03]. Available from: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-1971997_4253.html
http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-19...
) . É sabido que a disputa de classes é algo corriqueiro, e que existem PICS em processo de reconhecimento que requerem avanços quanto aos aspectos legais na profissão, no entanto, diversas práticas estão entre as especialidades reconhecidas na Resolução COFEN nº 625/2020 ( 88. Conselho Federal de Enfermagem (BR). Resolução COFEN nº 625/2020. Altera a Resolução Cofen nº 581, de 11 de julho de 2018, que atualiza, no âmbito do Sistema COFEN/Conselhos Regionais de Enfermagem, os procedimentos para Registro de Títulos de Pós-Graduação Lato e Stricto Sensu concedido a Enfermeiros e aprova a lista das especialidades [Internet]. Brasília: COFEN; 2020 [cited 2021 Oct 01]. Available from: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-625-2020_77687.html
http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-...
) . Além do sistema COFEN/COREN, merece destaque a Associação Brasileira de Enfermeiros Acupunturistas e Enfermeiros de Práticas Integrativas (ABENAH), que faz movimentos nesse sentido.

Potencial destacado nos depoimentos das(os) enfermeiras(os) se relaciona com a redução do uso de medicamentos, apontada em outra pesquisa ( 3333. Dalmolin IS, Heidemann ITSB. Integrative and complementary practices in Primary Care: unveiling health promotion. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2020;28:e3277. https://doi.org/10.1590/1518-8345.3162.3277
https://doi.org/10.1590/1518-8345.3162.3...
) . Contudo, a qualidade desmedicalizante das PICS não pode ser generalizada, e possui múltiplas dimensões. Reflete-se que alguns dos elementos facilitadores para tal se configuram na “[...] tendência de maior horizontalização de relações clínicas, maior estímulo à participação dos pacientes, abordagem ampliada e holística dos problemas, abordagem de aspectos espirituais e valorização das narrativas e experiências individuais, e isso indiretamente facilita uma reflexão e compreensão dos contextos de vida e singularização das vivências, de modo potencialmente desmedicalizador” ( 3434. Tesser CD, Dallegrave D. Complementary and alternative medicine and social medicalization: lack of definitions, risks, and potentials in primary healthcare. Cad Saúde Pública. 2020;36(9):e00231519. https://doi.org/10.1590/0102-311X00231519
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) .

Tal aspecto vai ao encontro da autonomia, outra potencialidade destacada, sendo que as PICS podem influenciar positivamente na capacidade de escolha quanto ao seu cuidado e necessidades de saúde ( 3535. Ferraz IS, Climaco LCC, Boery RNSO, Yarid SD, Sena ELS, Martins FIE. User autonomy in implementing additional integrative practices. Enfermería Actual Costa Rica. 2020;(39):190-201. https://doi.org/10.15517/revenf.v0i39.40199
https://doi.org/10.15517/revenf.v0i39.40...
) . Nesse ínterim, estudo de revisão concluiu que “[...] profissionais e usuários buscam nas PICs possibilidades de melhoria da saúde e da qualidade de vida. Nesse sentido, a insatisfação de muitos usuários com o modelo biomédico pode ampliar o interesse pelas PICs, como suporte para a assistência em saúde. A autonomia dos usuários em optar pelos tratamentos complementares os faz sentir protagonistas e corresponsáveis pelo próprio cuidado” ( 3636. Aguiar J, Kanan LA, Masiero AV. Integrative and Complementary Practices in basic health care: a bibliometric study of Brazilian production. Saúde Debate. 2019;43(123):1205-18. https://doi.org/10.1590/0103-1104201912318
https://doi.org/10.1590/0103-11042019123...
) .

Compreende-se que, ao ofertar e atuar com as PICS, o foco deve ser o cuidado integral da pessoa. No entanto, considerando o panorama da pesquisa, muitas vezes o afunilamento para determinadas doenças pode auxiliar no avanço do conhecimento, como na presente pesquisa. Apresenta-se como lacuna e possibilidade para futuras investigações a elaboração e implementação de protocolos de enfermagem fundamentados nas diversas PICS, que conduzam as práticas de cuidado para ao tratamento da HA.

A principal limitação do estudo se refere à espacialização da captação de enfermeiras(os), visto que as experiências/vivências podem ser distintas em outras localidades do estado, e permitiriam compreender de forma mais aprofundada a realidade. Não obstante, enfermeiras(os) de seis das sete macrorregionais de saúde foram entrevistadas(os), e atingiu-se a amostra mínima para significância da pesquisa.

A pesquisa apresenta implicações para o avanço do conhecimento científico na saúde e na enfermagem, tendo em vista que mostra o perfil de enfermeiras(os) com formação em PICS no estado de SC, antes desconhecido. Ainda, contribui com a compreensão das PICS utilizadas no cuidado às pessoas com HA e o seu potencial, compondo as evidências já disponíveis e fortalecendo o papel das(os) enfermeiras(os) na sua aplicação, considerando que a enfermagem é pioneira nas PICS e possui uma formação alinhada aos seus princípios.

Conclusão

O presente estudo permitiu identificar e compreender quais são as PICS e como são utilizadas no cuidado das pessoas com HA pelas(os) enfermeiras(os) de SC.

Dentre as(os) 386 enfermeiras(os) investigadas, 14,2% referiram utilizar PICS no cuidado às pessoas com HA, sendo a auriculoterapia a prática mais utilizada, seguida da acupuntura e do reiki, objetivando o equilíbrio integral, com efeitos na ansiedade, estresse, sono, repouso, e implicação na diminuição da pressão arterial. Sendo assim, uma variedade de práticas foi citada e utilizada de diversas formas, sendo a principal intervenção, ou então incorporadas como um complemento para outras práticas de cuidado.

Destaca-se nos depoimentos a preocupação das(os) enfermeiras(os) com os hábitos de vida, sendo uma variável percebida no planejamento do cuidado, utilizando a educação em saúde como forma de estimular o autocuidado e a corresponsabilização. As PICS foram mencionadas como uma forma de prevenção, no sentido de evitar a HA ou o seu agravamento. Para a crise hipertensiva, identificou-se um destaque para a técnica de sangria da auriculoterapia com efeito hipotensor.

Dentre os desafios vivenciados pelas(os) enfermeiras(os) no uso das PICS no cuidado às pessoas com HA, a cultura biomédica, centrada na doença e na medicalização, foi citada com frequência, enfatizando a desvalorização das PICS por profissionais de saúde, gestores e pela população em geral. Ainda, apontou-se para uma formação deficitária acerca do assunto.

Dentre as potencialidades, apontou-se a realização de pesquisas como uma possibilidade, visto que tem o potencial de dar visibilidade ao trabalho e promover a reflexão acerca da realização de práticas de cuidado que se utilizem das PICS. A implementação das PICS pode contribuir com a diminuição do uso de medicamentos alopáticos, promovendo maior autonomia, melhoria na qualidade de vida e diminuição dos fatores de risco para outras doenças cardiovasculares.

Agradecimentos

Agradecemos aos bolsistas PIBIC EM Giovana Soares de Moraes e Luiz Eduardo Santos Junges, à bolsista PIBIC Inajara Cagliari Fernandes, e a todas as voluntárias da pesquisa pelas valiosas contribuições. Ademais, agradecemos a todas as pesquisadoras do ENFPICS.

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    Artigo extraído da dissertação de mestrado “Perfil de enfermeiras(os) acerca das práticas integrativas e complementares e o cuidado às pessoas com hipertensão arterial: estudo de métodos mistos”, apresentada à Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil. Apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), processo nº 404534/2021-0, Brasil. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) - Código de Financiamento 001, Brasil.
  • Como citar este artigo

    Wickert DC, Dallegrave D, Piexak DR, Mello MCVA, Corcini LMCS, Schimith MD. Integrative and complementary practices in health, nurses’ profile and care provided to people with hypertension: a mixed study design. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2023;31:e3915. [Access mês dia ano]; Available in: URL . https://doi.org/10.1590/1518-8345.6287.3915
  • Todos os autores aprovaram a versão final do texto.

Editado por

Editora Associada:

Andrea Bernardes

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Maio 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    22 Maio 2022
  • Aceito
    09 Jan 2023
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