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Sintomas de burnout entre médicos e enfermeiros antes, durante e depois do cuidado de pacientes com COVID-19

Objetivo:

este estudo avaliou os sintomas de burnout entre médicos e enfermeiros antes, durante e após o cuidado dos pacientes contaminados com o COVID-19.

Método:

estudo transversal comparativo realizado na unidade de Atenção Pulmonar de um hospital público de nível terciário. Foi utilizado o Inventário de Burnout de Maslach.

Resultados:

280 formulários de pesquisa foram distribuídos em três períodos: antes (n=80), durante (n=105) e após (n=95) os cuidados dos pacientes contaminados com COVID-19; 172 formulários foram respondidos. As taxas de resposta foram de 57,5%, 64,8% e 61,1%, respectivamente. A prevalência de burnout grave foi de 30,4%, 63,2% e 34,5% antes, durante e após o atendimento dos pacientes (p<0,001). Os sintomas de exaustão emocional (p<0,001) e despersonalização (p=0,002) foram mais prevalentes entre os enfermeiros do que entre os médicos. O burnout grave foi mais prevalente em mulheres, enfermeiros e funcionários do turno da noite.

Conclusão:

a alta prevalência de burnout dobrou no primeiro pico de internações hospitalares e voltou aos níveis pré-pandemia um mês após o término dos cuidados dos pacientes contaminados com COVID-19. O burnout variou de acordo com o sexo, turno e profissão, encontrando-se os enfermeiros entre os grupos mais vulneráveis. O foco na avaliação precoce e nas estratégias de mitigação é necessário para apoiar os enfermeiros não apenas durante a crise, mas de forma permanente.

Descritores:
Burnout; COVID 19; Médicos; Enfermeiros; Pandemias; SARS-CoV-2


Objetivo:

este estudio evaluó síntomas de Burnout entre médicos y enfermeros antes, durante y después de la atención provista a pacientes con la enfermedad COVID-19.

Método:

estudio comparativo y transversal realizado en la unidad de Atención Respiratoria de un hospital público de nivel terciario. Se empleó el Inventario de Burnout Maslach.

Resultados:

se distribuyeron 280 encuestas entre los tres períodos: antes (n=80), durante (n=105) y después (n=95) de la atención a pacientes con COVID-19; se obtuvieron 172 encuestas respondidas. Las tasas de respuesta fueron 57,5%, 64,8% y 61,1%, respectivamente. Los valores de prevalencia de Burnout grave fueron 30,4%, 63,2% y 34,5% antes, durante y después de la atención a pacientes por la enfermedad del coronavirus 2019 (p<0,001). Los síntomas de agotamiento emocional (p<0,001) y despersonalización (p=0,002) fueron más prevalentes entre los enfermeros que entre los médicos. El Síndrome de Burnout grave fue más prevalente en las mujeres, los enfermeros y el personal del turno noche.

Conclusión:

la elevada prevalencia de Burnout se duplicó en el primer pico de internaciones y regresó a niveles previos a la pandemia un mes después de finalizada la atención a pacientes por la enfermedad del coronavirus 2019. El Síndrome de Burnout varió por sexo, turno de trabajo y ocupación, y los enfermeros representaron los grupos más vulnerables. Es necesario enfocarse en estrategias de evaluación y mitigación tempranas para asistir a los enfermeros, no solo durante la crisis sino permanentemente.

Descriptores:
Burnout; COVID-19; Médicos; Enfermeras; Pandemias; SARS-CoV-2


Objective:

this study evaluated burnout symptoms among physicians and nurses before, during and after COVID-19 care.

Method:

a cross-sectional comparative study in the Pulmonary Care unit of a tertiary-level public hospital. The Maslach Burnout Inventory was used.

Results:

280 surveys were distributed across three periods: before (n=80), during (n=105) and after (n=95) COVID-19 care; 172 surveys were returned. The response rates were 57.5%, 64.8% and 61.1%, respectively. The prevalence of severe burnout was 30.4%, 63.2% and 34.5% before, during and after COVID-19 care (p<0.001). Emotional exhaustion (p<0.001) and depersonalization (p=0.002) symptoms were more prevalent among nurses than among physicians. Severe burnout was more prevalent in women, nurses and night shift staff.

Conclusion:

the high prevalence of burnout doubled in the first peak of hospital admissions and returned to pre-pandemic levels one month after COVID-19 care ended. Burnout varied by gender, shift and occupation, with nurses among the most vulnerable groups. Focus on early assessment and mitigation strategies are required to support nurses not only during crisis but permanently.

Descriptors:
Burnout; COVID-19; Physicians; Nurses; Pandemics; SARS-CoV-2


Destaques:

(1) Várias manifestações de estresse psicológico foram relatadas no atendimento de pacientes com COVID-19.

(2) Este estudo mostra alta prevalência de burnout em profissionais de saúde mexicanos.

(3) Mulheres, enfermeiros e funcionários do turno noturno foram mais propensos ao burnout.

(4) síndrome de burnout voltou aos níveis pré-pandemia após o término dos cuidados com o COVID-19.

Introdução

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o burnout é uma “síndrome ocupacional caracterizada por esgotamento ou exaustão de energia, aumento da distância mental do trabalho, negativismo ou cinismo relacionado a ele e redução da eficácia profissional resultante do estresse crônico no local de trabalho” ( 1World Health Organization. Burn-out an “occupational phenomenon”: International Classification of Diseases [Internet]. Geneva: WHO; 2019 [cited 2022 Jul 07]. Available from: https://www.who.int/news/item/28-05-2019-burn-out-an-occupational-phenomenon-international-classification-of-diseases
https://www.who.int/news/item/28-05-2019...
). O pessoal de saúde é considerado uma população vulnerável devido à sua propensão a experimentar diferentes formas de estresse relacionado ao trabalho ( 2Selič-Zupančič P, Klemenc-Ketiš Z, Onuk Tement S. The Impact of Psychological Interventions with Elements of Mindfulness on Burnout and Well-Being in Healthcare Professionals: A Systematic Review. J Multidiscip Healthc. 2023;16:1821-31. https://doi.org/10.2147/JMDH.S398552
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). Desde o início da pandemia de SARS-CoV-2, os profissionais de saúde enfrentaram desafios no atendimento a pacientes com COVID-19. O aumento da carga de trabalho, a falta de espaço, equipamentos e suprimentos, o medo do contágio e o estigma social contribuíram para problemas de saúde física e mental entre médicos e enfermeiros na linha de frente dos esforços para combater o COVID-19 ( 3Huo L, Zhou Y, Li S, Ning Y, Zeng L, Liu Z, et al. Burnout and its relationship with depressive symptoms in medical staff during the COVID-19 epidemic in China. Front Psychol. 2021 ; 12 : 616369. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2021.616369
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- 5Toscano F, Tommasi F, Giusino D. Burnout in Intensive Care Nurses during the COVID-19 Pandemic: A Scoping Review on Its Prevalence and Risk and Protective Factors. Int J Environ Res Public Health. 2022 ; 19(19) : 12914. https://doi.org/10.3390/ijerph191912914
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).

O burnout entre os membros da equipe de saúde, provavelmente subnotificado ou não relatado, mas mostrando taxas tão altas quanto 60% antes da pandemia ( 6Abd-Elsayed A, Rupp A, D ’Souza RS, Hussain N, Milam AJ, Strand N, et al. Interventional Pain Physician Burnout During the COVID-19 Pandemic: A Survey from the American Society of Pain and Neuroscience. Curr Pain Headache Rep. 2023 ; 27 : 259-67. https://doi.org/10.1007/s11916-023-01121-6
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), foi maior durante os picos de contágio populacional ( 7Miguel-Puga JA, Cooper-Bribiesca D, Avelar-Garnica FJ, Sanchez-Hurtado LA, Colin-Martínez T, Espinosa-Poblano E, et al. Burnout, depersonalization, and anxiety contribute to post-traumatic stress in frontline health workers at COVID-19 patient care, a follow-up study. Brain Behav. 2021 ; 11(3) : e02007. https://doi.org/10.1002/brb3.2007
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). Sabe-se que o burnout afeta negativamente a qualidade da assistência à saúde devido ao baixo desempenho da equipe e ao aumento da propensão a erros médicos ( 2Selič-Zupančič P, Klemenc-Ketiš Z, Onuk Tement S. The Impact of Psychological Interventions with Elements of Mindfulness on Burnout and Well-Being in Healthcare Professionals: A Systematic Review. J Multidiscip Healthc. 2023;16:1821-31. https://doi.org/10.2147/JMDH.S398552
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). Durante a pandemia, as informações sobre os resultados de saúde mental ao longo do tempo foram amplamente descritas, mas não fornecem dados sobre a saúde mental da amostra testada antes do surto ( 8Tiete J, Guatteri M, Lachaux A, Matossian A, Hougardy JM, Loas G, et al. Mental Health Outcomes in Healthcare Workers in COVID-19 and Non-COVID-19 Care Units: A Cross-Sectional Survey in Belgium. Front Psychol. 2021 ; 11 : 612241. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2020.612241
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). Este estudo teve como objetivo avaliar os sintomas de burnout em profissionais de saúde de uma unidade de Atenção Pulmonar na Cidade do México antes do atendimento, durante o atendimento e um mês após a cessação dos cuidados prestados aos pacientes hospitalizados com COVID-19, bem como examinar se os sintomas diferiam entre médicos e enfermeiros.

Método

Desenho e lugar do estudo

Foram utilizadas as diretrizes do Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) ( 9STROBE Statement. Strengthening the reporting of observational studies in epidemiology [Internet]. 2023 [cited 2023 Jan 07]. Available from: https://www.strobe-statement.org/
https://www.strobe-statement.org/...
). Este estudo transversal foi realizado na unidade de Atenção Pulmonar de um hospital público de ensino de nível terciário na Cidade do México, que havia sido temporariamente convertido e adaptado ao cuidado de pacientes com COVID-19. As instalações da unidade de Atenção Pulmonar incluem um piso de hospitalização com 60 leitos, uma Unidade de Cuidados Intensivos com 12 leitos, salas de cirurgia, um Pronto-Socorro com oito leitos e salas de consulta ambulatorial.

Período, população, critérios de seleção e definição da amostra

Médicos e enfermeiros que estavam permanentemente empregados foram entrevistados uma semana antes da admissão do primeiro paciente com COVID-19 (16 de março de 2020, marcado como o período “PRÉ”), durante o primeiro pico de internações hospitalares no México (2 de julho de 2020, marcado como o período “PICO”) e 1 mês após a unidade ter sido desconvertida e a equipe ter retornado às suas funções normais (4 de julho de 2021, marcado como o período “PÓS”). Uma vez que a unidade de Atenção Pulmonar foi desconvertida, sua equipe não voltou a tratar pacientes com COVID-19, pelo menos durante a aplicação do último formulário de pesquisa. Funcionários temporários cuidaram de pacientes com COVID-19 internados no hospital em outra área redimensionada.

Coleta de dados e instrumentos

As pesquisas foram anônimas e, para evitar que a taxa de resposta fosse afetada de forma negativa, foram solicitadas informações pessoais apenas em relação ao tipo de pessoal, sexo, horário de trabalho e um segundo emprego em áreas COVID-19 em outro hospital. Os pesquisadores entregaram pessoalmente os formulários a cada entrevistado nos dias programados durante os diferentes turnos ou, quando necessário, 2 dias após o dia programado para os turnos noturno e de fim de semana. Os formulários preenchidos foram depositados em uma caixa postal no escritório administrativo da unidade de Atenção Pulmonar. Após a distribuição dos formulários, a caixa permaneceu no local por 48 horas para os turnos da manhã e da tarde, e por 76 horas para o turno da noite durante os três períodos de coleta de dados. Outros profissionais de saúde da unidade de Atenção Pulmonar, incluindo pessoal administrativo, pessoal de limpeza, terapeutas respiratórios e maqueiros não fizeram parte da pesquisa devido ao pequeno número de funcionários em cada categoria e sua rotatividade permanente em outras áreas hospitalares (não COVID-19).

O pessoal de saúde foi avaliado com o Inventário de Burnout de Maslach Human Services Survey (MBI-HSS), validado para a população mexicana em 2016 ( 10Aranda Beltrán C, Pando Moreno M, Salazar Estrada JG. Confiabilidad y validación de la escala Maslach Burnout Inventory (Hss) en trabajadores del occidente de México. Salud Uninorte [Internet]. 2016 [cited 2023 Mar 23]; 32(2) : 218-27. Available from: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=81748361005
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) e contendo 22 itens divididos em três subescalas: Exaustão Emocional (EE, nove itens), Despersonalização (DP, cinco itens) e Realização Pessoal (RP, oito itens). As pontuações totais para cada uma das três dimensões foram 54, 30 e 48, respectivamente. O burnout foi considerado alto com escores EE ≥27, escores DP ≥13 ou escores PA ≤31; moderado com EE entre 17 e 26, DP entre 7 e 12 ou PA entre 32 e 38; e baixo com EE ≤16, DP ≤6 ou PA ≥39. O nível geral de burnout era considerado alto se qualquer uma das três subescalas fosse classificada como alta.

As seguintes medidas foram implementadas em nossa unidade para mitigar e gerenciar o estresse desde o início da pandemia: 1) Disponibilização de um segundo dia de folga para os enfermeiros a cada duas semanas e horários flexíveis para os médicos; 2) Permissão para tocar música nos postos de Enfermagem durante o dia, de acordo com as preferências da equipe; 3) Adoção de um espaço aberto no mesmo prédio para que a equipe não precisasse ir à sala de jantar do hospital para fazer as refeições, e 4) Prestação de assistência pessoal por psicólogos no mesmo prédio, que estavam presentes durante o dia e de plantão à noite. De acordo com o mandato governamental, os profissionais de saúde com uma ou mais comorbidades, como diabetes, hipertensão ou câncer, e/ou aqueles com mais de 60 anos de idade, foram enviados para casa durante a pandemia. Essas medidas se tornaram uma rotina realizada durante a maior parte da pandemia na unidade de Atenção Pulmonar e foram permitidas desde o início até a última coleta de dados durante o período PÓS. Dias adicionais de folga, horários flexíveis e assistência de saúde mental permaneceram em vigor até 31 de dezembro de 2022. A música nos postos de Enfermagem não era mais permitida desde que a unidade foi desconvertida, e as áreas de jantar dentro do prédio permanecem até os dias atuais como uma alternativa à sala de jantar principal do hospital.

Processamento e análise dos dados

O teste do qui-quadrado e o teste exato de Fisher foram utilizados para avaliar as diferenças de frequência. A média marginal estimada das três dimensões do MBI-HSS também foi comparada de acordo com o tipo de ocupação e turno. Para a análise estatística foi utilizado o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS ®), v.25.0.

Aspectos éticos

A permissão para realizar o estudo foi obtida junto aos comitês de ética e pesquisa de nossos Comitês de Revisão Institucional e a pesquisa está em conformidade com as disposições estabelecidas na Declaração de Helsinki, revisada em Edimburgo em 2000.

Resultados

Um total de 280 formulários de pesquisa foram distribuídos nos três períodos (PRÉ=80, PICO=105, PÓS=95). As variações no número total de funcionários foram devidas à contratação, absenteísmo e rescisão. A unidade de Atenção Pulmonar iniciou o atendimento aos pacientes com COVID-19 com 80 trabalhadores, dos quais 25 eram médicos e 55 enfermeiros, enviando posteriormente para casa os portadores de doenças crônicas e com idade superior a 60 anos. A proporção de mulheres que receberam um formulário de pesquisa durante cada período foi de 61,3%, 65,7% e 68,4% para os períodos PRÉ, PICO e PÓS, respectivamente.

Cento e setenta e dois formulários foram preenchidos (62,2% foram respondidos por mulheres): 46 para o período PRÉ, 68 para o período PICO e 58 para o período PÓS. As taxas de resposta foram de 57,5% (46/80), 64,8% (68/105) e 61,1% (58/95), respectivamente. Os dados sobre sexo, profissão e turno de trabalho dos entrevistados estão detalhados na Tabela 1. Do período PRÉ ao período PICO, um médico abandonou seu cargo (taxa de abandono de 1,3%), e quatro médicos e 27 enfermeiros foram contratados. Do período PICO ao período PÓS, um médico e nove enfermeiros se demitiram (taxa de abandono de 9,5%), e todos eram funcionários recém-contratados durante o período PICO. Do total de respondentes em cada período, os percentuais com segundo emprego no atendimento à COVID-19 em outro hospital foram de 10,8% no período PRÉ, 8,8% no período PICO e 8,6% no período PÓS, sendo todos médicos. A prevalência de burnout foi de 30,4% no período PRÉ, 63,2% no período PICO e 34,5% no período PÓS (p<0,001). Entre os médicos, não foram observadas diferenças de sexo; no entanto, o sexo feminino dominou entre os enfermeiros (84%, p=0,008; Tabela 1).

Durante o período PICO, os enfermeiros apresentaram mais sintomas de burnout do que os médicos, com valores aumentados estatisticamente significativos nas subescalas Exaustão Emocional (p<0,001) e Despersonalização (p=0,002) ( Tabela 2).

A Figura 1 mostra as médias marginais das pontuações acumuladas de cada dimensão do MBI-HSS de acordo com o tipo de equipe. Embora seja notada certa sobreposição das barras de erro padrão, as diferenças nos sintomas de burnout ocorreram na fase PÓS e não em qualquer outra ao comparar médicos com enfermeiros.

Tabela 1 -
Características basais da população de estudo segundo profissão e período de coleta de dados. Cidade de México, México, 2020-2021
Tabela 2 -
Categorização de subescalas do Inventário de Burnout de Maslach da população do estudo segundo profissão e período de coleta de dados. Cidade de México, México, 2020-2021

Figura 1 -
As médias marginais estimadas de cada uma das três variáveis do Inventário de Burnout de Maslach são comparadas nos três períodos de acordo com o tipo de profissão: A) Exaustão Emocional; B) Despersonalização; e C) Realização Pessoal

O burnout foi mais comum entre os membros da equipe do turno da noite, e a subescala Realização Pessoal foi mais afetada do que na equipe do turno do dia. A Figura 2 mostra as médias marginais das pontuações acumuladas de cada dimensão do MBI-HSS de acordo com o horário de trabalho.

Figura 2 -
As médias marginais estimadas de cada uma das três variáveis do Inventário de Burnout de Maslach são comparadas nos três períodos de acordo com os turnos do pessoal de saúde: A) Exaustão Emocional; B) Despersonalização; e C) Realização Pessoal

Discussão

A síndrome de burnout refere-se ao estresse relacionado ao trabalho, que afeta a personalidade e a autoestima do trabalhador. Verificou-se que 30,4% dos profissionais de saúde em nossa unidade sofreram burnout grave antes do início dos cuidados com COVID-19, e as proporções foram semelhantes entre médicos e enfermeiros. A prevalência da síndrome de burnout dobrou (63,2%) durante o período PICO, um valor de prevalência que corrobora os achados de outros países durante o mesmo período da curva epidêmica (China: 69,7%; Reino Unido: 55%) ( 11Hu Z, Wang H, Xie J, Zhang J, Li H, Liu S, et al. Burnout in ICU doctors and nurses in mainland China-A national cross-sectional study. J Crit Care. 2021 ; 62 : 265-70. https://doi.org/10.1016/j.jcrc.2020.12.029
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- 12Pappa S, Barnett J, Berges I, Sakkas N. Tired, worried and burned out, but still resilient: a cross-sectional study of mental health workers in the UK during the COVID-19 pandemic. Int J Environ Res Public Health. 2021 ; 18(9): 4457 . https://doi.org/10.3390/ijerph18094457
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), e retornou aos níveis pré-pandemia (34,5%) no período PÓS. Os motivos que explicam a queda no burnout pela metade um mês após o fechamento da unidade de Atenção Pulmonar para atendimento à COVID-19 não estão claros. Uma explicação simples seria que o estressor foi removido ( 5Toscano F, Tommasi F, Giusino D. Burnout in Intensive Care Nurses during the COVID-19 Pandemic: A Scoping Review on Its Prevalence and Risk and Protective Factors. Int J Environ Res Public Health. 2022 ; 19(19) : 12914. https://doi.org/10.3390/ijerph191912914
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). Durante o período PICO, nossa equipe experimentou alta pressão, desempenho sob incerteza, falta de vacinas disponíveis e medo de ser infectado e infectar membros da família. Assim como em outros hospitais públicos do México, em nossa unidade as férias foram postergadas, aspecto que acreditamos ter diminuído ainda mais o entusiasmo pelo trabalho. O retorno às funções normais exerceu algum impacto na redução do burnout em nosso pessoal de saúde; no entanto, a pandemia ainda estava acontecendo durante o período PÓS e as medidas de isolamento eram permanentes dentro e fora dos hospitais, bem como o risco de se infectar. O tempo decorrido desde o primeiro pico de contágios no México até o período PÓS (um ano civil) deveria ter gerado resiliência, assim como o fato de ter vacinas e experiência acumulada no manejo do paciente poderia ter gerado características adaptativas baseadas em habilidades, reduzindo o medo no pessoal de saúde ( 13Maunder RG, Rosen B, Heeney ND, Jeffs LP, Merkley J, Wilkinson K, et al. Relationship between three aspects of resilience-adaptive characteristics, withstanding stress, and bouncing back-in hospital workers exposed to prolonged occupational stress during the COVID-19 pandemic: a longitudinal study. BMC Health Serv Res. 2023 ; 23(1) : 703. https://doi.org/10.1186/s12913-023-09731-x
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).

Um estudo realizado em um hospital pertencente ao Instituto Mexicano de Previdência Social que se converteu ao atendimento COVID-19, utilizando uma versão curta do MBI-HSS, encontrou pequenas variações nos níveis de burnout da equipe de linha de frente antes, durante e após o primeiro pico de internações hospitalares ( 7Miguel-Puga JA, Cooper-Bribiesca D, Avelar-Garnica FJ, Sanchez-Hurtado LA, Colin-Martínez T, Espinosa-Poblano E, et al. Burnout, depersonalization, and anxiety contribute to post-traumatic stress in frontline health workers at COVID-19 patient care, a follow-up study. Brain Behav. 2021 ; 11(3) : e02007. https://doi.org/10.1002/brb3.2007
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). De acordo com o mesmo grupo de pesquisadores, os níveis de estresse, um fator chave que afeta o burnout, foram menores durante o segundo pico de internações hospitalares do que no primeiro ( 14Jáuregui Renaud K, Cooper-Bribiesca D, Martínez-Pichardo E, Miguel Puga JA, Rascón-Martínez DM, Sánchez Hurtado LA, et al. Acute stress in health workers during two consecutive epidemic waves of COVID-19. Int J Environ Res Public Health. 2021 ; 19(1) : 206. https://doi.org/10.3390/ijerph19010206
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).

Em abril de 2020, em conjunto com a Associação Mexicana de Psiquiatria, o Ministério da Saúde do México lançou um programa para atender às necessidades de saúde mental do pessoal de saúde da linha de frente ( 15Ng B. Solutions to prevent and address physician burnout during the pandemic in Mexico. Indian J Psychiatry. 2020; 62(Suppl 3) :S467-S469. https://doi.org/10.4103/psychiatry.IndianJPsychiatry_840_20
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); no entanto, apesar de sua acessibilidade e escopo, o serviço não recebeu demanda substancial, possivelmente por causa da normalização do estresse ou medo do estigma social. Em nossa unidade, apesar do apoio de especialistas em saúde mental no prédio, a demanda por cuidados de saúde mental também foi baixa.

Segundo estudo, os níveis de burnout por despersonalização foram menores no México do que em outros países da América Latina ( 16De la Cerda-Vargas MF, Stienen MN, Campero A, Pérez-Castell AF, Soriano-Sánchez JA, Nettel-Rueda B, et al. Burnout, discrimination, abuse, and mistreatment in Latin America neurosurgical training during the coronavirus disease 2019 pandemic. World Neurosurg. 2022 ; 158: e393-e415 . https://doi.org/10.1016/j.wneu.2021.10.188
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). Muito mais que os médicos, os enfermeiros apresentaram o maior percentual de exaustão emocional entre os hospitais dos Estados Unidos da América de 2021 a 2022 ( 17Sexton JB, Adair KC, Proulx J, Profit J, Cui X, Bae J, et al. Emotional exhaustion among us health care workers before and during the COVID-19 pandemic, 2019-2021. JAMA Netw Open. 2022 ; 5(9) : e2232748. https://doi.org/10.1001/jamanetworkopen.2022.32748
https://doi.org/10.1001/jamanetworkopen....
). Enfermeiros que cuidam de pacientes com COVID-19 em uma população paquistanesa relataram baixa realização pessoal além de exaustão emocional e despersonalização ( 18Andlib S, Inayat S, Azhar K, Aziz F. Burnout and psychological distress among Pakistani nurses providing care to COVID-19 patients: A cross-sectional study. Int Nurs Rev. 2022 ; 69(4) : 529-37. https://doi.org/10.1111/inr.12750
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). Em nosso estudo, a realização pessoal aumentou durante o período PICO em enfermeiros mexicanos, mas não entre os médicos. Uma metanálise recente encontrou níveis comparáveis de prevalência geral de burnout e prevalência por subescala entre médicos e enfermeiros ao reunir estudos observacionais de todo o mundo ( 19Macaron MM, Segun-Omosehin OA, Matar RH, Beran A, Nakanishi H, Than CA, et al. A systematic review and meta analysis on burnout in physicians during the COVID-19 pandemic: A hidden healthcare crisis. Front Psychiatry. 2023 ; 13 : 1071397. https://doi.org/10.3389/fpsyt.2022.1071397
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).

Várias manifestações de estresse psicológico foram relatadas em mulheres durante a pandemia ( 20Manzanares I, Sevilla Guerra S, Lombraña Mencía M, Acar-Denizli N, Miranda Salmerón J, Martinez Estalella G. Impact of the COVID-19 pandemic on stress, resilience and depression in health professionals: a cross-sectional study. Int Nurs Rev. 2021 ; 68(4) : 461-70. https://doi.org/10.1111/inr.12693
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), incluindo choro frequente e ideação suicida ( 21Shen X, Zou X, Zhong X, Yan J, Li L. Psychological stress of ICU nurses in the time of COVID-19. Crit Care. 2020 ; 24(1) : 200. https://doi.org/10.1186/s13054-020-02926-2
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). A ansiedade preexistente entre as profissionais de saúde mexicanas tem sido associada ao estresse agudo durante o primeiro pico de internações hospitalares; além disso, as mulheres jovens apresentam menor resiliência e mais sintomas psicológicos preexistentes, levando a mais estresse pós-traumático ( 7Miguel-Puga JA, Cooper-Bribiesca D, Avelar-Garnica FJ, Sanchez-Hurtado LA, Colin-Martínez T, Espinosa-Poblano E, et al. Burnout, depersonalization, and anxiety contribute to post-traumatic stress in frontline health workers at COVID-19 patient care, a follow-up study. Brain Behav. 2021 ; 11(3) : e02007. https://doi.org/10.1002/brb3.2007
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). Imediatamente antes da pandemia, a alta prevalência de sofrimento moral entre enfermeiros de um Hospital Universitário no Brasil estava associada à baixa realização pessoal e à alta exaustão emocional, sendo mais afetados aqueles que não tinham emprego fixo e tinham horário matutino ( 22Villagran CA, Dalmolin GL, Barlem ELD, Greco PBT, Lanes TC, Andolhe R. Association between moral distress and burnout syndrome in university-hospital nurses. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2023 ; 31 : e3747. https://doi.org/10.1590/1518-8345.6071.3747
https://doi.org/10.1590/1518-8345.6071.3...
). Ansiedade preexistente prediz sintomas de burnout de exaustão emocional e despersonalização, segundo estudo realizado com enfermeiras espanholas ( 23Luceño-Moreno L, Talavera-Velasco B, Martín-García J. Predictors of burnout in female nurses during the COVID-19 pandemic. Int J Nurs Pract. 2022 ; 28(5) : e13084. https://doi.org/10.1111/ijn.13084
https://doi.org/10.1111/ijn.13084...
). As mulheres compõem a maior parte do pessoal de Enfermagem em todo o mundo, e o trabalho nessa profissão tem sido relatado como um fator independentemente associado ao desenvolvimento de burnout ( 3Huo L, Zhou Y, Li S, Ning Y, Zeng L, Liu Z, et al. Burnout and its relationship with depressive symptoms in medical staff during the COVID-19 epidemic in China. Front Psychol. 2021 ; 12 : 616369. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2021.616369
https://doi.org/10.3389/fpsyg.2021.61636...
). Houve discriminação substancial, abuso e até mesmo assédio sexual contra mulheres em programas de neurocirurgia no México e em outros países da América Latina durante a pandemia, resultando em altos níveis de burnout devido à exaustão emocional (44%) e despersonalização (39%), embora sem afetar acentuadamente a realização pessoal ( 16De la Cerda-Vargas MF, Stienen MN, Campero A, Pérez-Castell AF, Soriano-Sánchez JA, Nettel-Rueda B, et al. Burnout, discrimination, abuse, and mistreatment in Latin America neurosurgical training during the coronavirus disease 2019 pandemic. World Neurosurg. 2022 ; 158: e393-e415 . https://doi.org/10.1016/j.wneu.2021.10.188
https://doi.org/10.1016/j.wneu.2021.10.1...
). Esses achados são consistentes com os de estudos realizados no início da pandemia, nos quais a dimensão Realização Pessoal não foi significativamente afetada ( 4Li D, Wang Y, Yu H, Duan Z, Peng K, Wang N, et al. Occupational burnout among frontline health professionals in a high-risk area during the COVID-19 outbreak: a structural equation model. Front Psychiatry. 2021 ; 12 : 575005. https://doi.org/10.3389/fpsyt.2021.575005
https://doi.org/10.3389/fpsyt.2021.57500...
, 24Zhang Y, Wang C, Pan W, Zheng J, Gao J, Huang X, et al. Stress, burnout, and coping strategies of frontline nurses during the COVID-19 epidemic in Wuhan and Shanghai, China. Front Psychiatry. 2020 ; 11 : 565520. https://doi.org/10.3389/fpsyt.2020.565520
https://doi.org/10.3389/fpsyt.2020.56552...
). Dado que 84% dos enfermeiros que participaram da pesquisa eram mulheres, os fatores descritos acima podem ter contribuído para as diferenças na prevalência de burnout entre médicos e enfermeiros. Outro fator de estresse que afeta as enfermeiras que prestam cuidados de linha de frente no México é que a maioria delas também são chefes de família que cuidam de crianças e idosos e que muitas vezes foram forçadas a deixar suas casas e viver em abrigos especialmente projetados por medo de infectar suas famílias. Garantir níveis adequados de pessoal e recursos é fundamental para reduzir o burnout entre os enfermeiros durante uma crise ( 25Al Sabei SD, Al-Rawajfah O, AbuAlRub R, Labrague LJ, Burney IA. Nurses’ job burnout and its association with work environment, empowerment and psychological stress during COVID-19 pandemic. Int J Nurs Pract. 2022; 28(5) : e13077. https://doi.org/10.1111/ijn.13077
https://doi.org/10.1111/ijn.13077...
); no entanto, incentivos financeiros e alternativas para uma comunicação contínua e eficaz entre os profissionais de saúde e suas famílias durante seus turnos (por exemplo, videochamadas e cobertura da Internet) podem potencialmente aliviar esse fardo ( 26Zarowsky Z, Rashid T. Resilience and Wellbeing Strategies for Pandemic Fatigue in Times of Covid-19. Int J Appl Posit Psychol. 2023 ; 8(1):1-36. https://doi.org/10.1007/s41042-022-00078-y
https://doi.org/10.1007/s41042-022-00078...
- 28Lapane KL, Lim E, Mack DS, Hargraves JL, Cosenza C, Dubé CE. Rising to the Occasion: A National Nursing Home Study Documenting Attempts to Address Social Isolation During the COVID-19 Pandemic. J Am Med Dir Assoc. 2023: S1525-8610(23)00482-6. https://doi.org/10.1016/j.jamda.2023.05.018
https://doi.org/10.1016/j.jamda.2023.05....
).

Nossos resultados são limitados pela natureza unicêntrica do estudo e pela não consideração de outros fatores relacionados ao desenvolvimento do burnout. Os não respondentes podem ter sido afetados pelo estresse e pelo burnout. Tentamos realizar um levantamento simples sem recolher dados pessoais ou redundantes para evitar desencorajar a participação do pessoal estressado. Mesmo que a taxa de resposta tenha sido aceitável em nosso estudo, o viés ainda pode permanecer se a prevalência e a gravidade do burnout entre os não respondentes não forem semelhantes às dos entrevistados. Infelizmente, as informações sobre os não respondentes não estavam disponíveis.

O principal ponto forte do estudo é que conseguimos aplicar o instrumento longitudinalmente nos três momentos: durante, após e, principalmente, antes do atendimento prestado aos pacientes com COVID-19. Até onde sabemos, nenhum estudo descreveu dados sobre o estresse do mesmo profissional de saúde no período pré-COVID-19 e sua evolução subsequente.

Conclusão

Concluímos que a prevalência de sintomas de burnout em profissionais de saúde era alta antes da pandemia, dobrou no primeiro pico de internações hospitalares no México e retornou aos níveis pré-pandemia um mês após o término dos cuidados com a COVID-19. Durante a pandemia, o burnout variou de acordo com o sexo, turno e profissão entre os membros da equipe de saúde. Como os enfermeiros parecem ser um dos grupos mais vulneráveis ao burnout, a avaliação precoce e a rápida implementação de ações para mitigar o estresse psicológico entre eles são necessárias, não apenas durante uma crise, mas de forma permanente.

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  • Como citar este artigo

    Valdes-Elizondo GD, Álvarez-Maldonado P, Ocampo-Ocampo MA, Hernández-Ríos G, Réding-Bernal A, Herrnández-Solís A. Burnout symptoms among physicians and nurses before, during and after COVID-19 care. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2023;31:e4047 [cited ano mês dia]. Available from: URL . https://doi.org/10.1590/1518-8345.6820.4047
  • Todos os autores aprovaram a versão final do texto.

Agradecimentos

Agradecemos aos Doutores Catalina Casillas-Suárez e Francisco Navarro-Reynoso, e a toda a equipe da unidade de Pneumologia do Hospital General do México “Dr. Eduardo Liceaga”, que cuidou dos pacientes com COVID-19.

Editado por

Editor Associado:

Juan Manuel Carmona-Torres

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Nov 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    25 Abr 2023
  • Aceito
    13 Ago 2023
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