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Avanços no desenvolvimento dos princípios para a educação da gestão responsável: um estudo em instituições signatárias do PRME no sul e sudeste do Brasil

Advances in the development of principles for responsible management education: a study in PRME signatory institutions in the south and southeast of Brazil

Resumos

A preocupação em implementar uma gestão responsável gerando valor sustentável no ensino superior fez com que a iniciativa denominada Principles for Responsible Management Education (PRME) fosse criada. O objetivo é orientar escolas de negócios a implementar a gestão responsável. Esta pesquisa teve como objetivo analisar como são desenvolvidos os princípios do PRME em quatro escolas de negócios signatárias da iniciativa, localizadas nas regiões sul e sudeste do Brasil. Utilizou-se uma abordagem qualitativa, de natureza descritiva, cuja estratégia foi o estudo de casos múltiplos. Os dados coletados foram por meio de entrevistas semiabertas e documentos. Os resultados evidenciam que as instituições analisadas realizam diferentes ações para operacionalizar os princípios. O desenvolvimento de parcerias e a abordagem da gestão responsável em disciplinas dos cursos de gestão foi uma ação encontrada em todas as universidades. Esta pesquisa contribuiu teoricamente no avanço da literatura sobre o tema, trazendo evidências empíricas de ações e práticas realizadas por escolas de negócios brasileiras para desenvolver os princípios para a educação da gestão responsável. Espera-se que esta pesquisa possa gerar insights em agentes de mudança ligados a escolas de negócios além de auxiliar no planejamento e execução de ações no sentido de operacionalizar os princípios da gestão responsável.

Palavras-chave:
gestão responsável; instituições de ensino superior; PRME.


The concern to implement responsible management, generating sustainable value in higher education, led to the creation of the initiative called Principles for Responsible Management Education (PRME). The objective is to guide business schools to implement responsible management. This research aimed to analyze how the PRME principles are developed in four business schools that are signatories of the initiative, located in the south and southeast regions of Brazil. A qualitative, descriptive approach was used, whose strategy was the study of multiple cases. Data were collected through semi-open interviews and documents. The results show that the analyzed institutions carry out different actions to operationalize the principles. The development of partnerships and the approach of responsible management in disciplines of management courses was an action found in all universities. This research theoretically contributed to the advancement of the literature on the subject, bringing empirical evidence of actions and practices carried out by Brazilian business schools to develop the principles for responsible management education. It is expected that this research can generate insights in change agents linked to business schools, in addition to helping in the planning and execution of actions in order to operationalize the principles of responsible management.

Key words:
responsible management; higher education institutions, PRME.


1 Introdução

Nas últimas décadas observa-se que os sistemas de educação superior têm experimentado a necessidade do desenvolvimento de políticas e iniciativas que promovam a educação de futuros líderes no sentido de desenvolver ações responsáveis em um contexto de maior busca por justiça social e integridade (WERSUN, 2017WERSUN, Alec. Context and the institutionalization of PRME: The case of the University for the Common Good. International Journal of Management Education, London, v. 15, n. 2, p. 249-262, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.ijme.2017.02.012. Acesso em: 05 jun. 2022.; WOOD; PANSARELLA, 2019WOOD, JRT.; PANSARELLA, L. Inside the borders but outside the box: An immersion program aligned with the PRME and the SDG to foster reflexivity. International Journal of Management Education, London, v. 17, n. 3, p. 100306, 2019. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.ijme.2019.100306 . Acesso em: 05 jun. 2022.
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). Nesse sentido, foram criadas iniciativas como o Principles for Responsible Management Education (PRME) que visam orientar as escolas de negócios a implementar a gestão responsável, a sustentabilidade, a ética e a responsabilidade empresarial.

O PRME, criado em 2007, recomenda uma cartilha de princípios que devem ser desenvolvidos pelas escolas de negócios, de forma a orientar suas ações e práticas à gestão responsável. Embora a maioria das escolas de negócios que integram o PRME ainda provenham de países desenvolvidos como os europeus e os da América do Norte (ARAÇ; MADRAN, 2014ARAÇ, S. K.; MADRAN, C. Business school as an initiator of the transformation to sustainability: a content analysis for business schools in PRME. Social Business, Eskişehir, v. 4, n. 2, p. 137-152, 2014. Disponível em: Disponível em: http://dx.doi.org/10.1362/204440814X14024779688115 . Acesso em: 05 jun. 2022.
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; SETÓ-PAMIES; PAPAOIKONOMOU, 2016SETÓ-PAMIES, D.; PAPAOIKONOMOU, E. A Multi-level perspective for the integration of ethics, corporate social responsibility and sustainability (ECSRS) in management education. Journal of Business Ethics, Cham, v. 136, n. 3, p. 523-538, 2016. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.1007/s10551-014-2535-7 . Acesso em: 05 jun. 2022.
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) observa-se, no Brasil, o aumento do interesse das instituições de ensino superior.

De maneira geral, nota-se que as IES têm se interessado tanto na implementação do PRME como em pesquisas que envolvam essa temática (KANASHIRO, 2019KANASHIRO, P. Objetivos de desenvolvimento sustentável das nações unidas: reflexões e soluções oferecidas pela área de ensino em administração. Revista Administração: ensino e pesquisa, Rio de Janeiro, v. 3, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.13058/raep.2019.v20n3.1666. Acesso em: 05 jun. 2022.). É neste cenário que esta pesquisa se insere, uma vez que busca analisar como são desenvolvidos os princípios do PRME em quatro escolas de negócios signatárias da iniciativa localizadas nas regiões sudeste e sul do Brasil, através de ações voltadas para a gestão responsável (GR).

Ainda que existam estudos que discutem a implementação dos PRME em escolas de negócios (GREENBERG et al., 2017GREENBERG, D. N.; DEETS, S.; ERZURUMLU, S.; HUNT, J.; MANWARING, M.; RODGERS, V.; SWANSON, E. Signing to living PRME: learning from a journey towards responsible management education. International Journal of Management Education, London, v. 15, n. 2, p. 205-218, 2017. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.ijme.2017.02.007 . Acesso em: 05 jun. 2022
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; WERSUN, 2017WERSUN, Alec. Context and the institutionalization of PRME: The case of the University for the Common Good. International Journal of Management Education, London, v. 15, n. 2, p. 249-262, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.ijme.2017.02.012. Acesso em: 05 jun. 2022.; ARRUDA FILHO; HINO; BEUTER, 2019ARRUDA FILHO, N. P.; HINO, M. R. M. C.; BEUTER, B. S. P. Strategies for globally responsible education management: a Brazilian case study on executive education. Administração: ensino e pesquisa, Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, 2019. ), ainda são incipientes os estudos que discutem as ações e práticas realizadas para desenvolver os princípios do PRME, no contexto brasileiro.

Dessa forma, espera-se que este estudo possa preencher lacunas ainda existentes nessa temática, a partir da identificação de práticas e ações realizadas por escolas de negócios brasileiras, que visam operacionalizar os princípios do PRME. A partir do conhecimento de tais práticas, bem como de quais ações contribuem para operacionalizar determinados princípios, os agentes de mudanças de escolas de negócios que desejam desenvolver ou melhorar as ações relacionadas à GR podem ter insights acerca dos esforços que devem ser alocados para orientar seu planejamento a práticas voltadas para a GR.

Este artigo se encontra dividido em cinco seções, além da presente introdução, sendo elas: o referencial teórico, no qual é contextualizado o PRME e pesquisas que o discutem; a metodologia, na qual são apresentadas a abordagem, natureza, estratégia de pesquisa, fontes de coleta e análise de dados aqui utilizadas; a apresentação e análise dos dados dos quatro casos aqui estudados, bem como a representação visual das ações realizadas pelas instituições aqui analisadas, com vistas a operacionalizar os princípios do PRME. A seguir, na discussão, apresentam-se os principais aspectos que relacionam os resultados obtidos e a teoria que serviu de base para essa pesquisa. Por fim, nas considerações finais são apresentadas as conclusões da pesquisa, suas limitações, sugestões de estudos futuros e contribuições práticas e teóricas.

2 Principles for Responsible Management Education (PRME)

O Principles for Responsible Management Education (PRME) foi lançado em 2007 pelas Nações Unidas, a partir da discussão com representantes de escolas de negócios e instituições acadêmicas (PRME BRAZIL, 2020PRME BRAZIL. Disponível em: Disponível em: http://prmebrazil.com.br/ . Acesso em: 21 jun. 2020.
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) em parceria com diversas outras entidades como a United Nations Global Compact (UNGC), Association to Advance Collegiate Schools of Business (AACSB), Aspen Institute’s Business and Society Program, Globally Responsible Leadership Initiative (GRLI), European Academy of Business in Society (EABIS), entre outras (GODEMANN et al., 2014GODEMANN, J.; HAERTLE, J.; HERZIG, C.; MOON, J. United Nations supported Principles for Responsible Management Education: purpose, progress and prospects. Journal of Cleaner Production, Netherlands, v. 62, p. 16-23, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2013.07.033. Acesso em: 05 jun. 2022.). O objetivo foi criar uma plataforma para levantar fundos para sustentabilidade em escolas de negócios ao redor do mundo e possibilitar aos estudantes entendimento e habilidades de entregar uma mudança futura voltada à gestão responsável (PRME, 2020PRME. 2020 Disponível em: Disponível em: https://www.unprme.org/ . Acesso em: 10 mar. 2020.
https://www.unprme.org/...
).

A iniciativa foi especialmente direcionada às escolas de negócios porque essas são consideradas um componente importante na formação de gestores para uma sociedade global, sendo, portanto, um ponto crítico na criação de uma sociedade sustentável (ARAÇ; MADRAN, 2014ARAÇ, S. K.; MADRAN, C. Business school as an initiator of the transformation to sustainability: a content analysis for business schools in PRME. Social Business, Eskişehir, v. 4, n. 2, p. 137-152, 2014. Disponível em: Disponível em: http://dx.doi.org/10.1362/204440814X14024779688115 . Acesso em: 05 jun. 2022.
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; ARRUDA FILHO; HINO; BEUTER, 2019ARRUDA FILHO, N. P.; HINO, M. R. M. C.; BEUTER, B. S. P. Strategies for globally responsible education management: a Brazilian case study on executive education. Administração: ensino e pesquisa, Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, 2019. ). Além disso as escolas de administração são muitas vezes apontadas como responsáveis pela ampla agenda de sustentabilidade social, econômica e ecológica (GODEMANN et al., 2014GODEMANN, J.; HAERTLE, J.; HERZIG, C.; MOON, J. United Nations supported Principles for Responsible Management Education: purpose, progress and prospects. Journal of Cleaner Production, Netherlands, v. 62, p. 16-23, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2013.07.033. Acesso em: 05 jun. 2022.).

O PRME abrange valores-chave como direitos humanos, normas trabalhistas, gerenciamento ambiental e anticorrupção. Além disso, atua para possibilitar uma reforma educacional relacionada à sustentabilidade (DICKSON et al., 2013DICKSON, M. A.; ECKMAN, M.; LOKER, S.; JIROUSEK, C. A model for sustainability education in support of the PRME. Journal of Management Development, Bingley, v. 32, n. 3, p. 309-318, 2013. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.1108/02621711311318337 . Acesso em: 05 jun. 2022.
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). De forma a orientar as escolas de negócios de IES a contemplar em suas atividades de ensino, pesquisa e extensão, o desenvolvimento de competências para a gestão responsável, é recomendada uma cartilha de princípios, os quais se encontram apresentados no Quadro 1.

Quadro 1
Os princípios do PRME

Esses princípios visam contribuir com as IES, de forma que adotem “valores universais em seus currículos de ensino e atividades de pesquisa, para assim, contribuir de fato, com a construção de uma sociedade mais justa” (FIATES et al., 2012FIATES, G. G. S.; PARENTE, E. G. V.; LEITE, A. L.; PFITSCHER, E. D. Os princípios instituídos pela Organização das Nações Unidas para uma educação responsável em gestão: uma proposta inovadora para o ensino de administração. Estratégia & Negócios, Florianópolis, v. 5, n. 1, p. 3-27, 2012. Disponível em: https://doi.org/10.19177/reen.v5e120123-27. Acesso em: 05 jun. 2022., p.5). O PRME é uma iniciativa global que se pauta em orientar as escolas de negócios e universidades de todo o mundo a adaptar seus currículos, pesquisas, metodologias de ensino e estratégias institucionais de forma a alinhar tais ações aos valores voltados a uma economia global sustentável e inclusiva (PRME, 2020). Tais princípios recomendam que as IES contemplem em seus modelos pedagógicos não só valores relacionados à sustentabilidade, mas também valores relativos à gestão responsável, como a ética e a responsabilidade social (FIATES et al., 2012).

Qualquer escola de negócios ou educação para a gestão pode se engajar na iniciativa contanto que se comprometa a aderir os princípios e também relate o progresso e as práticas de sua iniciativa a todas as partes interessadas (ARAÇ; MADRAN, 2014ARAÇ, S. K.; MADRAN, C. Business school as an initiator of the transformation to sustainability: a content analysis for business schools in PRME. Social Business, Eskişehir, v. 4, n. 2, p. 137-152, 2014. Disponível em: Disponível em: http://dx.doi.org/10.1362/204440814X14024779688115 . Acesso em: 05 jun. 2022.
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; ARRUDA FILHO; HINO; BEUTER, 2019ARRUDA FILHO, N. P.; HINO, M. R. M. C.; BEUTER, B. S. P. Strategies for globally responsible education management: a Brazilian case study on executive education. Administração: ensino e pesquisa, Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, 2019. ). Esse progresso é relatado em reuniões e, de maneira formal, em relatórios enviados pelas escolas de negócios ao PRME, denominados Sharing Information on Progress (SIP).

Instituições de ensino superior que decidem implementar programas de educação para sustentabilidade enfrentam transformações que são muitas vezes desafiadoras. É justamente neste cenário que as iniciativas voltadas à EpS devem ser coordenadas e apoiadas pela alta gestão das IES, visto que uma das dificuldades por elas enfrentadas é a existência de iniciativas isoladas (NAEEM; PEACH, 2011NAEEM, M.; PEACH, N. W. Promotion of sustainability in postgraduate education in the Asia Pacific region. International Journal of Sustainability in Higher Education, Bingley, v. 12, n. 3, p. 280-290, 2011. Disponível em: https://doi.org/10.1108/14676371111148063. Acesso em: 05 jun. 2022.), em disciplinas ou cursos específicos, ou por conta do perfil de determinados professores estar alinhado à temática da sustentabilidade.

Young e Nagpal (2013YOUNG, S..; NAGPAL, S. Meeting the growing demand for sustainability-focused management education: a case study of a PRME academic institution. Higher Education Research & Development, London, v. 32, n. 3, p. 493-506, 2013. ) detalham o caso da La Trobe University na Austrália, a primeira universidade australiana a implementar o PRME em 2008. As autoras relatam que a implementação dos princípios ofereceu para a universidade a oportunidade de estruturar um desejado processo de mudança e de fornecer suporte por meio de parcerias. As maiores dificuldades encontradas foram no sentido de limitações de recursos, inércia e resistências à mudança. A implantação das ações orientadas à EpS, na referida universidade, se deu tanto “de cima para baixo” (do nível estratégico para o operacional), quanto de “baixo para cima” (no nível operacional para o estratégico), por meio do engajamento dos estudantes nas ações da universidade. Tal ação vai ao encontro de Czykiel, Figueiró e Nascimento (2015CZYKIEL, R.; FIGUEIRÓ, P. S.; NASCIMENTO, L. F. Incorporating education for sustainability into management education: how can we do this? International journal of innovation and sustainable development, Geneva, v. 9, n. 3/4, 2015. Disponível em: Disponível em: https://www.inderscienceonline.com/doi/abs/10.1504/IJISD.2015.071854 . Acesso em: 05 jun. 2022.
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), que destacam a importância do envolvimento dos alunos nas abordagens pedagógicas para a EpS, principalmente através da cocriação dos planos de ensino.

O fato de uma IES ser signatária do PRME também contribui para concretizar ações orientadas para a EpS, como apontado no estudo de Singh e Segatto (2018SINGH, A. S.; SEGATTO, A. P. Challenges for education for sustainability in business courses: a multicase study in Brazilian higher education institutions. International Journal of Sustainability in Higher Education, Bingley, v. 21 n. 2, p. 264-280, 2020. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.1108/IJSHE-07-2019-0238 . Acesso em: 05 jun. 2022.
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). Em uma das IES analisadas, afiliar-se ao PRME permitiu desenvolver ações voltadas ao ensino da gestão responsável não só na pesquisa e extensão, mas também no ensino. A troca de conhecimento com outras IES signatárias, durante as reuniões periódicas do PRME, também se mostrou benéfica para orientar as ações realizadas pelas IES, no seu cotidiano, de forma a alcançar os princípios do PRME.

No contexto brasileiro Arruda Filho, Hino e Beuter (2019) narram o caso da ISAE Business School, localizada em Curitiba-PR e que aderiu ao PRME em 2007. O artigo trata da criação da disciplina de sustentabilidade, que aplicada de modo transversal, teve a evolução de aprendizado dos alunos analisada e medida. De acordo com os autores, o curso encorajou a integração, a transculturalidade na educação e promoveu a sensibilização entre os estudantes para a importância de desenvolver novos comportamentos a fim de enfrentar os desafios econômicos, sociais e de sustentabilidade.

Avelar et al. (2022AVELAR, A. B. A.; SILVA-OLIVEIRA, K. D.; FARINA, M. C.; PEREIRA, R. S. Contribution of PRME in education, research, and outreach in Brazilian higher education institutions. International Journal of Sustainability in Higher Education, Bingley, v. 23, n. 2, 2022.) também analisar o PRME no contexto de IES brasileiras, evidenciando como resultado de sua pesquisa que algumas das ações realizadas por estas instituições, para que os princípios do PRME sejam alcançados são: a realização de projetos comunitários locais para promover a responsabilidade social e a realização de parcerias, iniciativas e abordagens pedagógicas de IES de outros países contribuíram para que estudantes e professores tivessem acesso a experiências internacionais. Os autores também evidenciaram a importância de se realizar ações voltadas à mensuração dos esforços voltados à EpS, a partir do desenvolvimento de indicadores, com vistas a melhor analisar e impulsionar o perfil orientado à sustentabilidade das IES analisadas signatárias do PRME.

Ainda que seja evidente a necessidade de mensurar os esforços para a EpS, realizados pelas IES, vale destacar que essas mensurações são difíceis, sendo uma das formas de fazê-las, convidar outras IES para avaliar as ações desenvolvidas (CEBRIÁN, 2016CEBRIÁN, G. The I3D model for embedding education for sustainability within higher education institutions, Environmental education research, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1080/13504622.2016.1217395. Acesso em: 05 jun. 2022.; SHEPHARD et al, 2015SHEPHARD, K.; HARRAWAY, J.; LOVELOCK, B.; MIROSA, M.; SKEAFF, S.; SLOOTEN, L.; STRACK, M.; FURNARI, M; JOWETT, T.; DEAKER, L. Seeking learning outcomes appropriate for ‘education for sustainable development’ and for higher education. Assessment & Evaluation in Higher Education, London, v. 40, n. 6. 2015. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.1080/02602938.2015.1009871 . Acesso em: 05 jun. 2022.
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), de forma crítica e com vistas a identificar se os ‘indicadores’ da EpS estão aquém, iguais ou além daqueles esperados.

Assim, evidencia-se que há espaço para maior aprofundamento em pesquisas acerca das particularidades envolvidas nas IES brasileiras que aderiram ao PRME.

3 Metodologia

A presente pesquisa possui uma abordagem qualitativa, uma vez que pretende, conforme sugere Merriam (2009MERRIAM, S. B. Qualitative research: a guide to design and implementation. San Francisco: Jossey-Bass, 2009.), discutir o fenômeno estudado a partir das interpretações do entrevistado, ou seja, da visão de mundo de uma pessoa diretamente envolvida com a temática escolhida para estudo. Possui natureza descritiva, dado que não interferiu sobre os fatos, apenas realizou seu registro, análise, classificação e interpretação (RAUPP; BEUREN, 2003RAUPP, F. M.; BEUREN, I. M. Metodologia da pesquisa aplicável às ciências sociais. In: BEUREN, Ilse Maria (org.). Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2003, p. 76-97.).

A estratégia de pesquisa utilizada foi o estudo de caso, pois, conforme recomenda Yin (2015YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2015. ), esta estratégia evidencia-se adequada para analisar, em profundidade, fenômenos complexos, como é o caso do analisado nesta pesquisa (o desenvolvimento dos princípios do PRME em escolas de negócios brasileiras).

Os critérios de seleção dos casos em análise podem ser caracterizados como não-aleatórios, intencionais e por acessibilidade (EISENHARDT, 1989EISENHARDT, K. M. Building Theories from Case Study Research. Academy of Management Review, New York, v. 14, n. 4, p. 532-550, 1989. Disponível em: https://doi.org/10.2307/258557. Acesso em: 05 jun. 2022.). Ademais, as escolas de negócios das IES analisadas deveriam ser signatárias do PRME e possuir ações declaradas e de acesso público direcionadas para o desenvolvimento desses princípios. Assim, das quatro escolas de negócios selecionadas para este estudo, duas estão localizadas na região sudeste do Brasil e duas encontram-se na região sul do Brasil. Para fins dessa pesquisa, elas serão denominadas UNIVERSIDADE 1, UNIVERSIDADE 2, UNIVERSIDADE 3 e UNIVERSIDADE 4.

Os dados foram coletados a partir de entrevistas semiestruturadas e documentos. As estratégias de coleta de dados foram utilizadas com o objetivo de contrapor e confirmar informações a fim de aumentar o rigor da pesquisa (CRESWELL, 2010CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Porto Alegre: Artmed, 2010.). Os documentos analisados foram os websites das escolas de negócios investigadas, o Projeto Pedagógico de Curso (PPC’s) e/ou Projeto Político Institucional (PPI) e os mais recentes relatórios SIP publicados (de 2018 a 2020), elaborados pelas signatárias do PRME. O roteiro de entrevista e de análise dos documentos compreendia ações e práticas realizadas pelas escolas estudadas, de forma a desenvolver cada um dos princípios do PRME.

Ao todo quatro entrevistas foram realizadas, gravadas com o consentimento dos participantes e posteriormente transcritas. Elas foram realizadas no período de abril a junho de 2019, de forma presencial, com um participante de cada escola de negócios e duração aproximada de quarenta minutos cada. Os participantes da pesquisa consistiram nos chamados “PRME leaders”, que são aqueles professores nos quais são centralizadas as questões relacionadas ao PRME em suas instituições de ensino. Os entrevistados foram denominados de E1 (representante da UNIVERSIDADE 1), E2 (representante da UNIVERSIDADE 2), E3 (representante da UNIVERSIDADE 3) e E4 (representante da UNIVERSIDADE 4).

Os dados coletados, tanto oriundos das entrevistas quanto dos documentos, foram analisados a partir da técnica da análise de conteúdo recomendada por Bardin (2016BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2016.). As etapas sugeridas pela autora são: pré-análise, exploração do material e tratamento dos dados. A pré-análise consistiu da ‘leitura flutuante’ dos materiais, de forma a possibilitar a familiarização dos pesquisadores com o tema estudado. Para isso, foram analisados websites do PRME, bem como documentos das IES signatárias das iniciativas. A exploração do material permitiu delinear as categorias de análise, sendo elas os seis princípios do PRME, ou seja, proposto, parcerias, metodologia, valores, diálogo e pesquisa. A última etapa, do tratamento e interpretação dos dados, foi realizada a partir da análise dos dados empíricos em relação à teoria que embasa a pesquisa, propiciando a discussão dos dados, bem como de inferências acerca das ações realizadas pelas IES analisadas, visando atender aos princípios do PRME.

A triangulação dos dados, a partir de diferentes fontes contribuiu para assegurar a validade da pesquisa, e a confiabilidade da mesma foi garantida pela possibilidade de replicação do estudo, oriunda da transparência das questões analisadas a partir do protocolo de pesquisa (roteiro de entrevistas e análise de documentos) (YIN, 2015YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2015. ).

4 Resultados

4.1 Apresentação e análise dos dados

Os dados empíricos referentes à UNIVERSIDADE 1 permitiram observar ações realizadas pela escola de negócios que contribuem para atender aos princípios do PRME. A partir dos dados coletados, observou-se que algumas dessas ações, desenvolvidas pela escola de negócios, são: treinamentos fornecidos aos estudantes para o desenvolvimento de competências para a sustentabilidade, busca por pesquisadores de fora do país para realizar palestras e workshops na instituição, dentre outros. Além das ações mencionadas, a instituição também possui um “Programa Integrado de Capacitação Empreendedora” (PICI), criado na década de 1990, sendo, conforme aponta E1, “um dos braços do PICI a educação ambiental de jovens”. Este programa exigiu que competências fossem desenvolvidas nos alunos dos cursos de Contabilidade, Administração e Economia para que eles se tornassem educadores nas escolas de ensino médio da cidade.

Também é apontado no SIP (2018) da instituição, a existência de um escritório de sustentabilidade, criado no ano de 2015, para tratar questões referentes ao PRME junto aos estudantes e professores. Nesse escritório são debatidos programas e projetos socioambientais da escola de negócio e são discutidas atividades que aproximem os estudantes aos propósitos da Agenda 2030, os ODS e o PRME.

Estas ações contribuem para capacitar os alunos, municiando-os de informações e conhecimentos acerca da gestão responsável, através da aproximação com empresas - que contribui para que os estudantes tenham contato com problemas reais por elas enfrentados - de treinamentos, programas de capacitação e palestras. Ademais, a escola de negócios oferta disciplinas que abordam a temática da gestão responsável na grade curricular dos cursos, por meio de eventos acadêmicos e de projetos de extensão.

Além dos eventos, ressalta-se ainda, discussões relacionadas aos ODS e PRME envolvendo alunos e professores no escritório de sustentabilidade, bem como menções aos ODS em algumas disciplinas que compõem a grade curricular dos cursos de graduação da referida escola de negócios.

As ações mencionadas contribuem para incentivar os estudantes a desenvolverem suas capacidades para se tornarem futuros geradores de valor sustentável - contribuindo, assim, para operacionalizar o princípio “Propósito” - bem como para integrar valores de responsabilidade social no currículo e em atividades acadêmicas - operacionalizando o princípio “Valores”.

O princípio “Metodologia” destaca criar experiências de aprendizagem que envolvam gestão e liderança responsável a partir de materiais, processos, ambientes e estruturas de ensino que proporcionem essa vivência. A partir das falas de E1, evidenciou-se que as metodologias de ensino voltadas para a GR ocorrem de formas diferenciadas, dependendo da metodologia utilizada por cada professor. Evidenciou-se ainda uma disciplina optativa da graduação na qual é possível trabalhar uma abordagem de ensino mais vivencial e metodologias diferenciadas, como a cocriação e oficinas práticas na comunidade. E1 aponta também, que um elemento que facilita a utilização destas metodologias consiste na menor quantidade de alunos em sala de aula, justamente por não ser uma disciplina obrigatória. Abordagens metodológicas como essa, utilizadas na disciplina optativa, ajudam os alunos a incorporar em atividades acadêmicas e currículos, os valores da responsabilidade social global, contribuindo, assim, para desenvolver também o princípio “Valores”.

O princípio “Pesquisa”, por sua vez, propõe às escolas de negócios envolverem em suas pesquisas questões que abranjam e/ou estimulem a criação de valor social, ambiental e econômico sustentável. Segundo E1, existem grupos de pesquisa voltados para o estudo da sustentabilidade, como o grupo de pesquisa de Mindfullness dentro do curso de Administração, o Golden for Sustainability Brasil, o Laboratório de Economia Social, dentre outros. Além disso, há incentivo aos alunos para que participem de chamadas para publicação de artigos científicos e foi observado, a partir de publicações disponíveis no repositório de dissertações e teses da escola da referida escola de negócios, que este princípio também é desenvolvido por meio de pesquisas que discutem a temática da GR.

No princípio “Parcerias” a instituição desenvolve parcerias diversas com empresas. Essas parcerias contribuem para trazer para a escola de negócios as demandas do mercado. A instituição também realiza parcerias com outras IES, com setor público e com ex-alunos, que voltam à escola de negócios como palestrantes e como promotores de eventos. Além disso, a escola de negócios interage com um parque tecnológico de incubação de start-ups, de incubação de negócios sociais e de cooperativas. Esses relacionamentos colaborativos contribuem para a troca de experiências, de conhecimento e para que as demandas do mercado sejam conhecidas pela escola de negócios e consequentemente, para que seus discentes estejam preparados para atuar como colaboradores e gestores de negócios geradores de valor sustentável.

O princípio “Diálogo” salienta a necessidade de dialogar com os stakeholders (educadores, estudantes, empresas, governos, consumidores, mídia, organizações da sociedade civil) a respeito de pontos que norteiam a discussão sobre responsabilidade social global e sustentabilidade. Neste sentido, a UNIVERSIDADE 1 desenvolve ações que promovem o diálogo da escola de negócios com a comunidade, como verificado no projeto “Diálogos com a comunidade” que busca envolver a comunidade e docentes por meio de palestras que contemplam temáticas atuais a fim de aproximar a pesquisa de sua aplicação prática.

Já na UNIVERSIDADE 2, intenções voltadas ao “Propósito” podem ser notadas desde a missão do curso de administração, conforme exposto no seu projeto pedagógico:

Produzir e disseminar conhecimento e serviços de excelência em gestão para a sociedade brasileira e internacional, por meio do ensino, pesquisa e extensão, respeitando princípios éticos e contribuindo para o desenvolvimento sustentável do país (PROJETO PEDAGÓGICO UNIVERSIDADE 2, 2019).

A preocupação em contribuir para o desenvolvimento sustentável e transmitir valores relacionados a essa forma de se desenvolver, é evidenciada no SIP da referida escola de negócio e por meio da existência de um espaço físico para comportar o escritório PRME. O chamado PRME Office também contribui para operacionalizar o princípio “Propósito”, uma vez que busca discutir projetos ligados ao PRME e tem como integrantes estudantes do curso de administração, estudantes de mestrado e docentes.

Eventos acadêmicos contribuem para operacionalizar o princípio “Valores”, em conjunto com os projetos de extensão e as disciplinas ministradas por docentes da instituição e que abordam a temática da gestão responsável na grade curricular dos cursos. Ademais, conforme E2, são realizadas atividades em sala de aula, por parte de alguns professores, voltadas para a incorporação da responsabilidade global nos alunos de cursos de gestão. No entanto, a abrangência dessas atividades ainda carece de avanços, de forma a contribuir para um maior envolvimento do corpo discente da escola de negócios.

No tocante ao princípio “Metodologia”, através dos dados empíricos coletados, observou-se que a UNIVERSIDADE 2 possui dificuldades em desenvolvê-lo, principalmente por conta da maneira que os docentes ensinam a sustentabilidade. A metodologia de ensino, que deveria ser interdisciplinar, ainda é realizada de forma verticalizada, por conta da forma como os docentes ensinam temáticas compreendidas pela GR. Isso, pois, conforme E2, “a gente ainda não conseguiu tratar as competências inter-relacionais, as questões de formação de valores dentro de disciplinas técnicas”.

Em relação ao princípio “Pesquisa”, observou-se que a instituição participa de três grupos de pesquisa - Golden for Sustainability (Chapter Brazil); Social Systems and Sustainable Development (SSYSD) e Latin America Society for System and Sustainability (Latin2S). Tais grupos estão voltados para novos estudos sobre sustentabilidade, abrangendo também as questões ambientais, e não apenas as sociais.

Já no que diz respeito ao princípio “Parcerias”, observou-se que a mais relevante foi a realizada com a prefeitura da cidade onde a universidade se situa. Tal parceria foi realizada com a finalidade de que os alunos de graduação de diversos cursos elaborassem um projeto de gestão para a prefeitura, de tal maneira que as ações propostas estivessem alinhadas aos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) apresentados na Agenda 2030. A parceria gerou resultados positivos não só para a prefeitura, que se beneficiou com o projeto, mas também para os alunos envolvidos que aprenderam, na prática, como se envolver e contribuir para projetos com a temática da sustentabilidade.

O princípio “Diálogo” é evidenciado entre professores da instituição que participam de um grupo de pesquisa e estudos na área de gestão ambiental. Neste, alunos e professores debatem e disseminam para a comunidade acadêmica os conceitos e princípios do PRME.

Em relação à UNIVERSIDADE 3, no que tange os princípios “Propósito” e “Valores”, foi possível observar que a instituição vem trabalhando nesse âmbito desde 2010. De acordo com E3, os objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS), inicialmente representados pelos objetivos do milênio (ODM), são referenciados pelo professor responsável no momento do registo de um determinado projeto de extensão, indicando de certa forma, a maneira como as ações são desenvolvidas nos projetos. Associar os ODS a todo projeto de extensão é uma obrigatoriedade que foi oriunda de uma sugestão feita pela diretoria de extensão, e aceita pela reitoria. O mesmo se repete ao montar um novo curso quando os professores e coordenadores devem identificar a qual ODS estão atendendo dentro do novo curso ou das novas disciplinas. Neste cenário, a obrigatoriedade de atrelar os cursos e projetos de extensão aos ODS têm contribuído para disseminar os conceitos de sustentabilidade e iniciativas internacionais relacionadas.

E3 relata a existência de disciplinas que abarcam a temática do desenvolvimento sustentável, bem como questões ambientais e/ou sociais em vários cursos dos campi. O entrevistado conta ainda que, após a instituição se tornar signatária do PRME, houve um fortalecimento de ações, bem como a formalização e institucionalização de procedimentos e formas de corresponder aos princípios preconizados por esse modo de gestão educacional.

Tais ações contribuem para que os alunos desenvolvam suas capacidades para se tornarem geradores de valor sustentável (princípio “Propósito”, uma vez que as disciplinas que irão cursar estarão, de alguma formam, alinhadas aos ODS. Além disso, elas contribuem para que sejam integrados os valores de responsabilidade social global nos currículos e atividades acadêmicas (princípio “Valores”). Por este motivo, ao alinhar as disciplinas e projetos de extensão aos ODS, a UNIVERSIDADE 3 está operacionalizando tanto o princípio “Valores” quanto o princípio “Propósito” do PRME.

Ademais, são realizados eventos que contribuem para incorporar os valores da responsabilidade social global. Segundo E3, nesses eventos cada campus atua com palestras, oficinas, atividades e ações voltadas para a referida temática. Assim, além de contribuírem para a operacionalização do “Propósito” e dos “Valores”, estes eventos também contribuem para que o “Diálogo” entre diversos stakeholders (alunos, professores, palestrantes) acerca da temática da responsabilidade social global e sustentabilidade ocorra.

Em relação ao princípio “Metodologia”, a partir das falas de E3, evidenciou-se que as metodologias de ensino voltadas para o ensino da gestão responsável, assim como de outras disciplinas, ocorrem de formas diversas na IES analisada, dependendo de cada professor.

Em relação à “Pesquisa”, a UNIVERSIDADE 3 realizou um benchmarking de uma metodologia utilizada pela Universidade de Michigan, com a finalidade de aplicar uma metodologia de avaliação de alunos ingressantes dos cursos de gestão, bem como com alunos egressos destes cursos, para verificar qual foi a evolução do entendimento destes alunos acerca de questões relacionadas à sustentabilidade.

Em relação ao princípio “Parcerias” evidenciou-se que a universidade desenvolve várias parcerias com outras IES, e com outras instituições também signatárias do PRME. Tais parcerias contribuem para estimular discussões sobre responsabilidade social global e sustentabilidade, favorecendo assim, a operacionalização também do princípio “Diálogo”.

Em relação ao “Diálogo”, observou-se que ele é operacionalizado a partir de ações como a participação em um Fórum de Responsabilidade Social. No Fórum são discutidas ações para trabalhar a responsabilidade social e a logística sustentável nas instituições participantes. Além disso, para operacionalizar esse princípio, são realizadas reuniões frequentes com outras signatárias do PRME. Essas reuniões contribuem para manter constante o debate entre educadores acerca de questões relacionadas à GR e à sustentabilidade. Além disso, é importante destacar que a instituição faz parte de um fórum chamado Sustenta Paraná, criado com o intuito de debater questões sobre a Responsabilidade Social e implementação de programas e ações interinstitucionais de responsabilidade socioambiental. Desse fórum, fazem parte outras vinte instituições federais de variadas áreas de atuação que visam mobilizar iniciativas conjuntas entre entes públicos.

A UNIVERSIDADE 4 apresentou um direcionamento em busca de ações que visam que os estudantes desenvolvam capacidades para se tornarem futuros geradores de valor sustentável (princípio “Propósito”), a partir da preocupação com temáticas da GR em seu Projeto Político Institucional (PPI), conforme pôde ser verificado inclusive em sua missão e visão.

No princípio “Propósito”, além de favorecer o desenvolvimento de capacidades dos alunos para que se tornem gestores responsáveis existe a preocupação em integrar os valores de responsabilidade social global nos currículos e atividades acadêmicas, o que também configura o princípio “Valores”. Segundo E4, “a gente fez um estudo e resolveu transformar a disciplina que era Gestão Ambiental em Responsabilidade Social Empresarial, ampliando o escopo da disciplina e criando alguns mecanismos que pudessem atuar de forma transversal”.

A abordagem de temas relacionados à GR em projetos de extensão e em disciplinas obrigatórias e eletivas do curso de Administração da UNIVERSIDADE 4 também contribui para operacionalizar os princípios “Propósito” e “Valores”. Ressalta-se também, o incentivo por parte da coordenação do curso de administração para que professores de variadas disciplinas possam inserir em suas aulas, de maneira interdisciplinar, conteúdo que faça referência aos ODS.

As ações previamente mencionadas, aliadas a eventos acadêmicos como a Feira do Empreendedor e a Feira de Responsabilidade Social e Empresarial, contribuem para operacionalizar não só os princípios “Propósito” e “Valores”, mas também o “Diálogo”, uma vez que propiciam momentos e espaços nos quais alunos, docentes, palestrantes externos e outros stakeholders interagem e discutem assuntos compreendidos pela temática da GR. Outros eventos, como gincanas, feiras, encontros e simpósios, que discutem os ODS foram encontrados e também contribuem para operacionalizar os princípios “Propósito”, “Valores” e “Diálogo”.

No que diz respeito ao princípio “Metodologia”, acontece no primeiro ano do curso de administração a disciplina de Responsabilidade Social, que estimula a liderança responsável e a temática de sustentabilidade. A disciplina possui caráter transversal e os discentes podem retomar a proposta trabalhada anos mais tarde na Feira de Responsabilidade Social e Empresarial. Isso dá sequência ao projeto que culmina no quarto ano da graduação, com a apresentação do trabalho final na Feira de Empreendedorismo. Tais atividades ajudam os alunos a incorporar os valores da responsabilidade social global, contribuindo, assim, para desenvolver também o princípio “Valores”.

Apesar de terem sido notados indícios voltados a aprimorar o princípio “Pesquisa”, conforme evidenciando em uma das metas do item “Políticas acadêmicas” do PPI da instituição, não foi possível identificar nos outros dados coletados, ações diretamente relacionadas a pesquisas orientadas para a GR. Nesse sentido, E4 mencionou a possibilidade de avanços neste princípio, por meio de pesquisas colaborativas (entre pesquisadores internos e/ou externos) que incrementem a produção intelectual dentro da temática.

Com relação ao princípio “Parcerias” verificou-se que a UNIVERSIDADE 4 possui relacionamentos estreitos com empresas, com outras IES para a troca de experiências, com egressos dos cursos de pós-graduação e graduação com vistas a identificar as demandas do mercado acerca dos profissionais de Administração. Também possui parceria com o SEBRAE, que atua como avaliador de projetos apresentados na Feira do Empreendedor e como palestrante em eventos acadêmicos. Ademais, outra parceria desenvolvida é por meio do Programa Patronato, com ex-presidiários, em que os envolvidos trabalham na prática, a dimensão social do desenvolvimento sustentável, bem como buscam contribuir com os ODS. As parcerias desenvolvidas também contribuem para desenvolver o princípio “Diálogo”, por meio de discussões relacionadas à sustentabilidade com docentes, discentes, egressos e outros stakeholders da universidade.

A adequação ao princípio “Diálogo” pode ser visualizada em eventos como a Feira de Responsabilidade Social e Empresarial e a Feira do empreendedor. Nessa última, organizações como o SEBRAE também participam avaliando projetos expostos, o que favorece o diálogo e a troca de experiências. A presença de pesquisadores de outras IES em palestras e workshops promovidos pela UNIVERSIDADE 4 também contribui para desenvolver esse princípio.

4.2 Representação das ações voltadas à GR

A partir do exposto, foi possível notar que as IES aqui investigadas buscam incorporar os princípios do PRME, ainda que de diferentes maneiras devido às particularidades, recursos e importância dada à GR, por cada escola de negócios. Em função dos resultados encontrados, foi possível elaborar um modelo de como as instituições estudadas operacionaliza os princípios do PRME, conforme Figura 1:

A partir da Figura 1 é possível observar que diversas ações realizadas pelas instituições de ensino contribuem para desenvolver não só um princípio, mas dois (ações em caixas tracejadas em azul) ou mais (ações em caixas tracejadas em laranja). Ações como eventos acadêmicos contribuem para desenvolver o “Diálogo”, o “Propósito” e os “Valores”; enquanto grupos pesquisa, por exemplo, contribuem para desenvolver a “Pesquisa” e o “Diálogo” concomitantemente.

Além disso, também é possível verificar, a partir da Figura 1, que as parcerias contribuem para operacionalizar todos os outros princípios do PRME. As pesquisas podem ser realizadas em parceria com outras IES, como faz a UNIVERSIDADE 3; as metodologias podem ser desenvolvidas a partir de parcerias com outras IES, trazendo para a instituição focal boas práticas; os valores para a GR podem ser melhor desenvolvidos a partir de parcerias para a realização de eventos acadêmicos e para o desenvolvimento de projetos com a comunidade, como aqueles realizados pela UNIVERSIDADE 4 no programa Patronato.

O propósito também pode ser operacionalizado a partir de parcerias com docentes de outras IES, visto que podem contribuir para capacitar os discentes a partir de treinamentos e palestras ministradas com frequência; e o diálogo se mostra mais evidente em relações de parceria desenvolvidas pela instituição de ensino com outras IES e com a comunidade em eventos acadêmicos e em fóruns voltados à discussão de temáticas compreendidas pela GR.

Assim, observa-se que as ações para desenvolver os princípios do PRME são diversas, demandando desde esforços mais simples, como aqueles envolvidos na realização de eventos acadêmicos de pequeno porte até mais complexos, como aqueles demandados pelo alinhamento dos ODS às disciplinas e projetos de extensão, por exemplo.

5 Discussão

Em todas as instituições estudadas foram evidenciados os princípios do PRME, orientados a escolas de negócios, com vistas a contribuir com a formação de gestores responsáveis e comprometidos com a criação de uma sociedade sustentável (ARAÇ; MADRAN, 2014ARAÇ, S. K.; MADRAN, C. Business school as an initiator of the transformation to sustainability: a content analysis for business schools in PRME. Social Business, Eskişehir, v. 4, n. 2, p. 137-152, 2014. Disponível em: Disponível em: http://dx.doi.org/10.1362/204440814X14024779688115 . Acesso em: 05 jun. 2022.
http://dx.doi.org/10.1362/204440814X1402...
; ARRUDA FILHO; HINO; BEUTER, 2019ARRUDA FILHO, N. P.; HINO, M. R. M. C.; BEUTER, B. S. P. Strategies for globally responsible education management: a Brazilian case study on executive education. Administração: ensino e pesquisa, Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, 2019. ), global e inclusiva (PRME, 2020).

Os dados empíricos permitiram observar a reforma educacional (DICKINSON et al., 2013) decorrente da operacionalização destes princípios, uma vez que novas ações foram planejadas e executadas para assegurar que os valores, propósitos, metodologias, pesquisas, parcerias e diálogos sejam orientados à educação da gestão responsável. Além disso, ações previamente existentes na escola de negócios foram repensadas, tal qual ocorreu com a reformulação de uma disciplina da UNIVERSIDADE 4, de forma que as atividades acadêmicas e curriculares contemplam a preocupação com a formação de gestores mais responsáveis.

As evidências obtidas nessa pesquisa corroboram com Araç e Madran (2014ARAÇ, S. K.; MADRAN, C. Business school as an initiator of the transformation to sustainability: a content analysis for business schools in PRME. Social Business, Eskişehir, v. 4, n. 2, p. 137-152, 2014. Disponível em: Disponível em: http://dx.doi.org/10.1362/204440814X14024779688115 . Acesso em: 05 jun. 2022.
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) e Arruda Filho, Hino e Beuter (2019), uma vez que foi observado que qualquer escola de negócios pode se engajar na iniciativa. Isso se dá, pois, cada um dos princípios do PRME pode ser operacionalizado de diversas maneiras, não havendo uma ação única ou específica para desenvolvê-los. Assim, amplia-se a gama de possibilidades para se implementar ações que efetivamente contribuam para que os princípios do PRME sejam desenvolvidos, independentemente dos recursos, natureza e contexto da escola de negócios que deseja fazê-lo.

Neste cenário, escolas de negócios que possuem poucos recursos podem se valer de ações mais simples, tal qual a realização de eventos acadêmicos internos. Ações como essa contribuem para operacionalizar mais de um princípio do PRME- no caso, propósito, valores e diálogo -, como observado nos dados empíricos desta pesquisa. Assim, ações menos complexas, que demandam menores esforços e mudanças também contribuem para minimizar resistências, inércia e a falta de recursos como aquelas identificadas no estudo de Young e Napal (2013YOUNG, S..; NAGPAL, S. Meeting the growing demand for sustainability-focused management education: a case study of a PRME academic institution. Higher Education Research & Development, London, v. 32, n. 3, p. 493-506, 2013. ) para desenvolver os princípios do PRME.

O apoio da alta liderança se mostrou significativo para que essas ações, desde as mais simples até as mais complexas, fossem efetivamente implementadas nas instituições de ensino estudadas. Sem tal apoio, a inclusão da preocupação com a GR na missão e visão (GREENBERG et al., 2017GREENBERG, D. N.; DEETS, S.; ERZURUMLU, S.; HUNT, J.; MANWARING, M.; RODGERS, V.; SWANSON, E. Signing to living PRME: learning from a journey towards responsible management education. International Journal of Management Education, London, v. 15, n. 2, p. 205-218, 2017. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.ijme.2017.02.007 . Acesso em: 05 jun. 2022
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) - como visto na UNIVERSIDADE 2 e 3 - não seria possível, bem como a realização de mudanças estratégicas de longo prazo nas instituições. O apoio da alta liderança contribuiu, para o comprometimento institucional, para a priorização da GR nas atividades e currículos das instituições (WERSUN, 2017WERSUN, Alec. Context and the institutionalization of PRME: The case of the University for the Common Good. International Journal of Management Education, London, v. 15, n. 2, p. 249-262, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.ijme.2017.02.012. Acesso em: 05 jun. 2022.) e para o envolvimento e sensibilização de agentes de mudança, como discentes e docentes (ARRUDA FILHO; HINO; BEUTER, 2019ARRUDA FILHO, N. P.; HINO, M. R. M. C.; BEUTER, B. S. P. Strategies for globally responsible education management: a Brazilian case study on executive education. Administração: ensino e pesquisa, Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, 2019. ).

A partir das evidências das instituições aqui analisadas, observou-se que ações para desenvolver o princípio de “Metodologia” são aquelas que ainda carecem de melhorias, uma vez que as abordagens metodológicas para se ensinar temáticas compreendidas pela GR variam bastante de professor para professor. Abordagens pedagógicas focadas na transversalidade (ARRUDA FILHO; HINO; HEUTER, 2019ARRUDA FILHO, N. P.; HINO, M. R. M. C.; BEUTER, B. S. P. Strategies for globally responsible education management: a Brazilian case study on executive education. Administração: ensino e pesquisa, Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, 2019. ), como aquela utilizada pela UNIVERSIDADE 3 em disciplinas do curso de Administração, mostraram-se relevantes para o ensino de disciplinas compreendidas pela GR. Por este motivo sugere-se que sejam alocados esforços para treinar os docentes acerca da utilização destas abordagens e realizar parcerias com instituições que já a utilizam de forma bem-sucedida, com vistas a conhecer e adequar boas práticas à instituição que deseja aproximar seu ensino à GR.

Os dados empíricos permitiram afirmar que algumas escolas de negócios possuem uma diversidade maior de ações para desenvolver um princípio do PRME, como é o caso da UNIVERSIDADE 1. Ela desenvolve ações que outras escolas de negócios aqui analisadas não desenvolvem, como por exemplo, a capacitação de discentes, a cocriação de planos de ensino de disciplinas que abordam a temática da GR e a utilização de oficinas práticas nessas disciplinas. Desta forma, é possível identificar que as diversas universidades estudadas estão em diferentes momentos para a consolidação aos princípios da PRME, entretanto, todas elas estão rumando para institucionalizar internamente esses princípios.

Com isso, ainda que paulatina e gradativamente, foi possível constatar que a preocupação com a GR está passando a ser contemplada nos planos e ações das universidades brasileiras, que vêm dando cada vez mais destaque a esse tema.

6 Considerações finais

De forma a orientar as escolas de negócios a implementarem a GR em suas atividades de ensino, pesquisa e extensão, iniciativas como os princípios da educação para a gestão responsável (PRME) foram criados. No entanto, muitas escolas de negócios ainda enfrentam dificuldades para operacionalizar esses princípios e para transformá-los em ações concretas para abarcar as temáticas compreendidas pela GR em suas atividades acadêmicas e valores. Neste cenário, essa pesquisa buscou avaliar como ocorria o desenvolvimento de ações e práticas voltadas para operacionalizar cada um dos princípios do PRME em quatro instituições de ensino localizadas nas regiões sul e sudeste do Brasil.

As evidências demonstram uma diversidade de ações para tal, o que indica uma ampla gama de possibilidades para que as instituições de ensino implementem os princípios do PRME. Além disso, observou-se que muitas ações contribuem para desenvolver dois ou mais princípios, concomitantemente, o que se mostra benéfico às escolas de negócios, visto que ao realizá-las, conseguem operacionalizar mais de um princípio ao mesmo tempo. Foi possível evidenciar ainda, a importância do comprometimento dos agentes de mudança, bem como conhecimento das possíveis ações e práticas, para operacionalizar os princípios do PRME, além da importância do apoio da alta gestão nesse processo. Evidenciou-se que o comprometimento da alta liderança foi crucial para realizar desde as ações mais simples até as mais complexas e estratégicas - tal qual a transversalidade do ensino da GR e o alinhamento das atividades acadêmicas aos ODS, por exemplo. Os resultados também apontam para a importância das parcerias para melhor desenvolver todos os demais princípios, pois relacionamentos colaborativos com stakeholders de diferentes escolas de negócios, podem vir a otimizar o desenvolvimento dos demais princípios do PRME.

Em termos de contribuições práticas, a pesquisa evidenciou ações que podem ser replicadas em outras universidades, além destas estudadas, caso seus contextos sejam similares às aqui analisadas. Ações como desenvolver parcerias, priorizar atividades voltadas à GR com o apoio da alta gestão, da transversalidade do ensino, da inserção de tais preocupações nos documentos internos às universidades, podem vir a inspirar outras instituições que desejam implementar os princípios do PRME. Assim, sugere-se que outras escolas que se encontram na empreitada de desenvolver os PRME contemplem em seus planejamentos os aprendizados relatados pelas universidades aqui investigadas. Para tanto se faz necessário que essas ações sejam adaptadas às realidades e contextos de cada instituição que almeja implementá-las.

Outro aspecto evidenciado na pesquisa e que pode contribuir praticamente para outras universidades é o fato de que ações para desenvolver o princípio “Metodologia” possuem potencial para serem ampliadas, visto que nas instituições analisadas, cada professor atua de uma forma. Capacitar os docentes sobre abordagens pedagógicas adequadas para a GR que ministrarão disciplinas relacionadas à GR, por exemplo, pode ajudar a melhorar o ensino das mesmas. Isso pode contribuir para que gestores e docentes de instituições que já implantaram o PRME a direcionar esforços para melhor desenvolver ações relacionadas a este princípio do PRME.

No que tange à contribuição teórica desta pesquisa, acredita-se que houve avanço na literatura acerca da importância das parcerias para o desenvolvimento dos demais princípios do PRME destacadas nesse estudo. Também, observou-se que as instituições de ensino, ao operacionalizarem as ações de PRME contribuem para desenvolver não só um princípio, mas dois ou até mais.

Apesar de suas contribuições, como toda pesquisa está também apresenta limitações. Uma delas consiste na quantidade de universidades analisadas o que impossibilita a generalização estatística dos resultados, bem como a representatividade do universo como um todo. Além disso, as ações aqui apresentadas foram aquelas que se mostraram relevantes e evidentes nas fontes de dados utilizadas. Assim, caso outras fontes sejam analisadas, há possibilidade de obtenção de outras ações e práticas relacionadas à GR que não foram comtempladas nessa pesquisa. Além disso, foram analisadas apenas IES públicas.

Nesse sentido, como estudos futuros, recomenda-se a analisar como são desenvolvidos os PRME em IES de natureza privada. Recomenda-se também avaliar como as práticas e ações realizadas por escolas de negócios, com o intuito de desenvolver os princípios da gestão responsável se alteram ao longo do tempo. Estudos longitudinais possibilitariam, assim, verificar a existência de melhorias, bem como as práticas e esforços necessários para manter ações orientadas à GR. Por fim, destaca-se que o modelo apresentado consiste apenas em um esforço teórico, que para fins de comprovação necessita de estudo empíricos futuros que o coloquem em prática.

De todo modo, esse estudo intencionou contribuir com a discussão dos PRME nas universidades brasileiras que, embora ainda em estágio inicial no país, se faz fundamental para a formação dos líderes do futuro.

Referências

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Jul 2022
  • Data do Fascículo
    May-Aug 2022

Histórico

  • Recebido
    02 Out 2021
  • Aceito
    01 Jun 2022
  • Revisado
    26 Jun 2022
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